Esse diálogo, que demorou 17 segundos, reflete bem a conduta de Trump perante Bolsonaro. Aquele ser inferior por natureza, destinado a passar vergonha no corredor da ONU, além do que passou na tribuna, buscando um relacionamento de mão única, focalizando em Trump uma boia salva-vidas que lhe foi negada em tempo recorde.
O recado foi claro, a relação de Bolsonaro com Trump não é recíproca, no máximo, Bolsonaro pode servir e obedecer ao seu senhor, considerado por ele um ser superior de cunho patriarcal.
O que vimos foi um servo buscando sincronicidade com o senhor num diálogo sem nexo, tanto que Trump sequer sabe a língua falada por Bolsonaro dentro de um quadro tragicômico determinado pelo poder político que Trump tem e que Bolsonaro não tem.
Por isso, aquele momento ficará para a história, pois focaliza o diálogo entre o provinciano e o imperador, acontecendo em pleno corredor da ONU.
Há nesse comportamento preconizado por Bolsonaro o espelho da própria elite brasileira, que sempre teve ânsia em tratar as autoridades norte-americanas como senhores, num suplício rastejante.
Na realidade, Trump condenou Bolsonaro à sua insignificância, jogando-o à margem das relações com chefes de Estado, na tentativa artificial de Bolsonaro afirmar-se politicamente usando a tribuna, depois o corredor da ONU para uma aproximação não correspondida por Trump, traduzida num seco, curto e grosso adeus em italiano.
Uma das cenas mais patéticas da história da ONU: Bolsonaro ficou 1 hora no corredor esperando Trump passar para conversar, como um fã esperando um ídolo na porta do camarim.
Quando Trump apareceu, deu 17 segundos a Bolsonaro, um aperto de mão e uma foto. pic.twitter.com/KkEzciBWU8
— i love you, but you are not serious people (@jeferson) September 24, 2019
*Por Carlos Henrique Machado Freitas