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Bolsonaro resistia em acreditar que era alvo de delação de Cid

Mesmo com indícios de que era um dos alvos, Bolsonaro resistia em acreditar na delação do ex-subordinado.

Mesmo com todos os indícios de que era um dos alvos de delação de Mauro Cid, Jair Bolsonaro resistia em acreditar que o ex-subordinado teria relatado fatos que o comprometessem ainda mais com a Justiça, segundo Bela Megale, O Globo.

Esse sentimento acabou nesta quinta-feira, após a coluna revelar que Cid detalhou em seu acordo uma reunião entre o ex-presidente e a cúpula militar para discutir uma minuta de golpe.

Os advogados de Bolsonaro viajaram às pressas de São Paulo para Brasília e se reuniram com o ex-presidente para debater a estratégia de defesa.

Até então, a informação que interlocutores do ex-ajudante de ordens vinham dando a emissários de Bolsonaro é de que ele não tinha sido envolvido nos relatos diretamente e que “nada de novo” havia sido apresentado. O ex-presidente mostrava acreditar nessa versão.

Desde ontem, porém, a defesa de Bolsonaro passou a trabalhar com um cenário diferente. Na avaliação de auxiliares do ex-presidente, Cid aproximou Bolsonaro da Marinha e ambos devem atuar na mesma linha de defesa. Na delação, Cid relatou que o ex-chefe da Força, o almirante Almir Garnier, mostrou disposição em aderir ao golpe.

A estratégia, por ora, é tentar trazer mais militares para o lado do ex-presidente na busca de esvaziar o relato de Cid de outras corroborações e deixá-lo isolado.

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Política

Instituto Vladimir Herzog diz que delação de Cid inspira punição para que passado autoritário da ditadura ‘não mais nos assombre’

O Instituto Vladimir Herzog afirma que a delação feita à Polícia Federal (PF) pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, dá ao Estado brasileiro a oportunidade de adotar medidas nunca antes tomadas para responsabilizar militares por ações contra a democracia. A informação é da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.

A organização, que leva em seu nome uma homenagem ao jornalista assassinado pela ditadura militar (1964-1985), afirma que os ataques ocorridos em 8 de janeiro são fruto da inexistência de políticas para condenar “agentes que há muito e livremente” atentam contra o Estado democrático de Direito.

Em sua delação, Cid afirmou à PF que, logo após a disputa do segundo turno do ano passado, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu de um assessor uma minuta de decreto para convocar novas eleições, que incluía a prisão de adversários.

Segundo o relato, Bolsonaro submeteu o teor do documento em conversa com militares de alta patente.

“O trecho da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid que relata reunião do ex-presidente Jair Bolsonaro com oficiais das Forças Armadas para discutir o planejamento de um golpe de Estado no país após o resultado das eleições de 2022 é um indício evidente de que a democracia brasileira, conquistada duramente após 21 anos de regime ditatorial, permanece ameaçada”, afirma o Instituto Vladimir Herzog.

“Conclamamos a sociedade civil para que se mobilize amplamente em defesa da democracia e reivindique medidas firmes contra os atos e intentos golpistas e seus responsáveis. Para que o passado não mais nos assombre e a memória nos sirva de lição para a defesa da democracia e a construção de um futuro de justiça”, segue a organização, sem citar nominalmente a caserna.

Não há informações se Cid entregou algum tipo de prova que confirme ou reforce o seu relato à PF. De acordo com a reportagem do UOL, o assessor responsável pela entrega da minuta seria Filipe Martins.

O delator, segue o UOL em sua reportagem, disse ainda que o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, manifestou-se favoravelmente ao plano golpista durante as conversas de bastidores, mas não houve adesão do Alto Comando das Forças Armadas.

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Opinião

Com a delação de Cid e a iminente prisão de Bolsonaro, a única coisa que sobrará do crepúsculo da direita é a mídia hegemônica

O herói virou pelanca e o mito virou osso.

A direita está em frangalhos, dependendo mais do que nunca da velha mídia para sobreviver.

Todas as buchas do neoliberalismo reacionário, que tinham que ser queimadas, já viraram cinzas. Não há malabarismo engenhoso possível mais para explicar, por exemplo, por que, em tempo recorde, Lula, que recebeu de Bolsonaro o país aos cacos, em oito meses já apresenta resultados extraordinários como, desemprego abaixo de 8%, a menor taxa em 16 anos; PIB acima de 3% e a inflação menor que 5%.

Tudo isso acontece, apesar do bolsonarista Campos Neto usar o Banco Central para sabotar o governo Lula e, consequentemente, o Brasil.

Por isso mesmo o impecável discurso de Lula na Tribuna da ONU ganha cada vez mais intensidade, porque seu governo apresentou tantos resultados positivos por se colocar frontalmente contra o neoliberalismo. Ou seja, não é malabarismo, é uma questão de postura, de reviravolta no pensamento econômico do Estado. Não é aura, nem sorte. Lula é sabedor de uma técnica que faz o bolo crescer por dividir a receita e, com isso, dar um outro sentido à dinâmica econômica.

Como Lula não cansou de cantar em verso e prosa, pobre não é problema, é solução, basta vontade política para incluí-lo no orçamento

Quando Lula puxou a orelha do mundo civilizado, sobretudo das grandes potências, sobre a desigualdade, a fome e a miséria mundial, ele falou com a autoridade de quem conhece como ninguém o caminho das pedras para um mundo mais humanizado.

Tudo isso, somado com a situação de penúria que vivem hoje Bolsonaro e Moro, a direita não tem nada para colocar no lugar para seguir esmagando a população e beneficiando os muito ricos, à exceção da mídia.

O que não é pouca coisa pois, diante das tripas à mostra dos partidos de direita, o pigarro senil dos Mervais e Sardenbergs seguirá com suas balofas teses elaboradas pelo bolsonarista, Paulo Guedes, porque, afinal, foram quatro anos em que o governo Bolsonaro destruiu não só as instituições do Estado, como a própria economia sem que Paulo Guedes recebesse da mídia uma única linha crítica.

Isso significa que não se pode baixar a guarda diante das ondas brejeiras que o colunismo de banco tentará levantar para colocar a faca na nuca de Lula.

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Justiça

Delação de Cid pode implicar Bolsonaro em série de crimes, incluindo potencial de prisão

Investigações sobre assessor do ex-presidente citam possível cometimento de crimes com penas altas.

Considerando os episódios em que Mauro Cid está sob investigação no inquérito das milícias digitais, caso ele forneça elementos em sua delação premiada que impliquem Jair Bolsonaro (PL), o ex-presidente pode ser envolvido em crimes com penas altas e que podem resultar, inclusive, em prisão, segundo a Folha.

O enquadramento das condutas ainda pode ser alterado ao longo da apuração, assim como haver a conclusão de que não houve crime.

Entre as premissas da delação está a de que o investigado confesse as condutas praticadas e aponte quem contribui com as ações, além de apresentar elementos corroborando o que foi dito.

Para que Cid ou Bolsonaro eventualmente se tornem réus, é preciso oferecimento de denúncia pelo Ministério Público —o que não ocorreu— e que a mesma seja recebida pelo Judiciário.

Tramitando em sigilo no STF (Supremo Tribunal Federal) sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, o inquérito 4874, no qual ocorreu o acordo de delação, reúne a investigação sobre a venda de joias presenteadas por autoridades, suposta falsificação de cartão de vacina e as circunstâncias de minuta e diálogos de cunho golpista encontrados no celular de Cid.

Na decisão em que autorizou busca e apreensão contra diferentes agentes, entre eles, o pai de Mauro Cid, relacionada às joias presenteadas por autoridades internacionais ao ex-presidente, Moraes cita a investigação do crime de peculato, com pena de 2 a 12 anos de prisão, e ainda lavagem de dinheiro, que pode levar a punição de 3 a 10 anos de reclusão.

Para que fique configurado o crime de peculato é preciso que os presentes vendidos sejam entendidos como bens públicos, o que a defesa de Bolsonaro contesta. Além disso, uma eventual condenação do ex-presidente deve depender, por exemplo, da comprovação de que ele tenha ordenado as vendas ou que o esquema funcionava em seu benefício.

Rossana Leques, advogada criminalista e mestre em direito penal pela USP, diz que no caso do crime de lavagem de dinheiro não basta dizer que houve a venda do bem e o uso do dinheiro, sendo preciso comprovar que as operações feitas tinham a intenção de afastar a ligação dos valores obtidos de modo criminoso com a prática do crime em si.

Em agosto, Cezar Bitencourt, advogado do tenente-coronel, afirmou que Cid confessaria ter vendido as joias a mando de Bolsonaro, mas apresentou um vaivém de versões em seguida, até a proposta de delação. Segundo a revista Veja, Cid teria dito em delação que entregou o dinheiro obtido da venda de dois relógios a Bolsonaro em mãos.

Em entrevista, Bolsonaro já chegou a dizer que Cid tinha “autonomia” como seu ajudante de ordens e que não mandou ninguém vender nada nem recebeu nada.