Uma das passagens mais desprezíveis de toda a história eleitoral do país, a interferência do judiciário, na figura do juiz Sérgio Moro, ao liberar a delação do ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, nas vésperas das eleições de 2018, encontra mais um episódio importante nos vazamentos dos diálogos entre procuradores e ex-super-juiz Moro. Os novos diálogos coletados pela parceria The Intercept Brasil e Folha de São Paulo dão conta de que o Ministério Público e o próprio juiz consideravam a delação de Palocci um verdadeiro “lixo” mas, não impediu sua liberação inútil e sem provas, para emplacar a vitória de Jair Bolsonaro, nas urnas.
O acordo e a delação eram tão fracos que Laura Tessler considerou um absurdo que se reduzissem a pena de ex-ministro.
Outro ponto importante é que a única consideração relevante feita sobre a delação em questão, é que Palocci representava a quebra do que eles chamavam de Omertá “petista”. Omertá é o código de honra entre mafiosos italianos.
Dallagnol demonstrou interesse no acordo, mesmo que considerado um lixo pela procuradora Laura Tessler, ainda que beneficiasse o ex-ministro da Fazenda. Disse:
A Lava Jato deixou bem claro um método infalível para frear qualquer reação do ex-presidente Lula em sua popularidade. Sempre que o ex-presidente crescia em apoio popular, a operação desenterrava qualquer parte da delação premiada de Palocci ou prendia o José Dirceu, novamente. Essa lógica permaneceu, inclusive nas eleições de 2018, quando essa mesma delação foi totalmente liberada para a mídia, poucas horas antes da pleito.
A interferência apresentada pelos novos diálogos mostra que os procuradores têm a consciência de que a delação era fraca e que o acordo era péssimo. Porém, seu uso político independia de qualquer aspecto legal ou de validade processual. Como o interesse era de apenas construir um ambiente para que Lula fosse preso, ou permanecesse, isso incluía as intenções de votos nas eleições que elegeu Bolsonaro presidente.
*Do A Postagem