Presidente da República recebe, no Palácio do Planalto, visita de viúva do coronel que chefiou DOI-CODI.
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) chamou de “herói nacional” o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que chefiou o Destacamento de Operações de Informações (DOI-CODI) em São Paulo e ficou conhecido como um dos maiores torturadores da ditadura. A declaração ocorreu nesta quinta-feira 8.
Enquanto saía do Palácio da Alvorada, Bolsonaro explicou à imprensa sobre a visita de Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra ao Palácio do Planalto. Ela é viúva do coronel, que morreu em 15 de outubro de 2015, por falência múltipla dos órgãos.
“Tem um coração enorme. Eu sou apaixonado por ela. Não tive muito contato, mas tive alguns contatos com o marido dela enquanto estava vivo. Um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer”, afirmou.
Ustra foi o primeiro militar brasileiro a responder por um processo de tortura durante a ditadura. Enquanto o coronel comandou o DOI-CODI, foram registradas 45 mortes e desaparecimentos forçados, entre 29 de setembro de 1970 e 23 de janeiro de 1974, segundo relatório da Comissão Nacional da Verdade.
Bolsonaro é seguidor declarado do coronel do exército. Já no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o então deputado federal fez homenagem a Ustra ao declarar seu voto a favor da cassação: “pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra”.
Durante sua campanha eleitoral, Bolsonaro afirmou, em entrevista ao programa Roda Viva, que mantinha em sua cabeceira o livro “Verdade Sufocada”, de autoria do torturador.
Recentemente, o presidente voltou a citar o livro do coronel para embasar sua tese de que Fernando Santa Cruz, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, foi assassinado por militantes de esquerda, e não por agentes do Estado durante a ditadura.
A declaração de Bolsonaro repercutiu nas redes sociais.
Bolsonaro volta a elogiar Ustra, um torturador, um criminoso de lesa-humanidade e o classifica como “herói nacional”.
Os vedadeiros heróis e heroínas são:
– Zumbi
– Chico Mendes
– Margarida Alves
– Dandara
– Tirandentes
– Marielle Franco
– Lula
– Brizola
Complete a lista— Erika Kokay (@erikakokay) August 8, 2019
Vindos de um deputado inexpressivo e performático já eram graves os elogios à tortura política. Vindos do Presidente da República, são absolutamente inaceitáveis. Bolsonaro comete crime ao se referir publicamente a Ustra como herói nacional. Herói de quem? Chega de Bolsonaro!
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) August 8, 2019
República dos Absurdos:
– Bolsonaro chama Brilhante Ustra de "herói nacional"
– Ernesto Araújo iguala o Brasil a ditaduras como da Arábia Saudita ao debater direitos das mulheres
– Moro fala que homens agridem mulheres porque se sentem intimidados
Tudo em menos de 24 horas.
— PSOL 50 (@psol50) August 8, 2019
*com informações da Carta Capital