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Silas Malafaia, proprietário de 116 empresas, reclama com Bolsonaro: ‘‘Trabalhador brasileiro tem muito privilégio’

Apoiador do presidente e dono de igrejas e empreendimentos diversos, pastor se queixa da multa sobre o FGTS em caso de demissão sem justa causa. “O cara já tem o fundo de garantia…”

Apoiador de Jair Bolsonaro (sem partido), o pastor evangélico Silas Malafaia, da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, do Rio de Janeiro, está crente que o trabalhador brasileiro tem muitos “privilégios” e que os patrões necessitam de mais “incentivos”. “Acho que no nosso país essa visão esquerdopata, de só pensar em ‘privilégios’, acabou prejudicando os próprios trabalhadores. Por que uma empresa, rapaz… em que lugar do mundo, em que lugar é esse do mundo que você paga uma multa… O cara (trabalhador) tem fundo de garantia… e ainda tem de pagar uma multa para mandar o cara embora. E se a empresa (es)tiver mal?”, questiona, em bate-papo com Bolsonaro – que ele chama de entrevista –, publicado nesta semana em seu canal no Youtube (assista ao vídeo no final desta matéria).

Desprezando o fato de os trabalhadores virem perdendo direitos trabalhistas e previdenciários desde o governo de Michel Temer (MDB-SP), a quem também apoiou abertamente, Malafaia não se comporta como um entrevistador, e sim como integrante da turma de empresários bolsonaristas, a exemplo de Luciano Hang, dono da Havan.

Chega a inflar o número de empregos com carteira assinada criado no governo Bolsonaro, que por sua vez, não corrigiu a informação falsa: em vez dos 644 mil anunciados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o empresário da fé fala em 1 milhão de novos empregos, levantando a bola para o presidente dizer em seguida que “tem de facilitar a vida do patrão”. “Se o patrão não cria emprego, não sou eu que vou criar.”

Teologia e prosperidade

O empresário Malafaia, que defende políticas que facilitem a vida, e principalmente o lucro dos patrões, “puxa a sardinha para o seu lado”, naturalmente. Depois de ter aberto seu primeiro templo, a Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, em 29 de setembro de 1971, no bairro da Penha, no Rio de Janeiro, viu seus negócios prosperarem.

Segundo a Receita Federal, há atualmente 116 empresas das quais ele é sócio, entre as quais algumas inativas. O total do capital social declarado de seus empreendimentos é de R$ 17.040.000,00.

São empresas como a Central Gospel Music, que tem lojas no Rio de Janeiro e em São Paulo, fora o comércio virtual e uma produtora de audiovisuais, onde grava CDs e DVDs e mantém estrelas do milionário filão da música gospel em seu casting. No grupo há também a Editora Central Gospel Ltda, que entrou em recuperação judicial em meados de 2019. Segundo a Justiça do Rio, as dívidas são da ordem de R$ 15.644.138,72, sendo R$ 1.508.955,80 só com credores trabalhistas.

Além de centenas de templos espalhados pelo país, o império da fé da família Malafaia inclui a Talli Eventos e Produções Gospel, cuja atividade econômica é a produção cinematográfica, de vídeos e de programas de televisão, além de organização de feiras, congressos, exposições e festas. E ainda, como exemplo, a Editora Vida Vitoriosa, que comercializa livros.

Chama a atenção uma empresa de participações – tipo de empreendimento que é criado com o objetivo de administrar um grupo de outras empresas, segundo manuais de administração –, a ESM Investimento e Participações Ltda. Sua atividade econômica: outras sociedades de participação, exceto holdings. Pode ser um indicativo que Malafaia esteja se preparando para ampliar seus investimentos.

Em tempo: pesquisa Datafolha publicada em 13 de janeiro no jornal Folha de S.Paulo revela que 48% das famílias evangélicas têm renda familiar de até dois salários mínimos; 21%, de dois a três. Apenas 2% do total de famílias têm rendimento maior que 10 salários. Onde estão os “privilégios” desses irmãos que frequentam os templos?

 

 

*Com informações da Rede Brasil Atual

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Vídeo: Falando de servidores públicos, Bolsonaro fez referência a lugar de desova de mortos na ditadura militar

Bolsonaro chegou a engasgar com a declaração e ressaltou, entre uma tosse e outra, que pode haver casos de animais marinhos que se contaminaram com óleo. “Obviamente, às vezes fica ali uma tartaruga na mancha de óleo, pra não falar que ninguém fica, né? Um peixe, um golfinho pode ficar. Mas, tudo bem”

Jair Bolsonaro sugeriu que servidores de órgãos federais ambientais se destinem à “ponta da praia”, um local de execução da ditadura militar no Rio de Janeiro.

“Eu tenho ascendência, porque os diretores, o presidente têm mandato, porque se não tivessem, eu cortava a cabeça mesmo. Quem quer atrapalhar o progresso vai atrapalhar na ponta da praia, aqui não”, disse o presidente durante transmissão feita em suas redes sociais.

Bolsonaro falava sobre a dificuldade do dono da Havan, Luciano Hang, conseguir uma licença ambiental para construção de uma loja da rede em Rio Grande (RS).

“Ponta da praia” foi uma gíria usada por militares no tempo da ditadura para se referir a uma base da Marinha na Restinga de Marambaia, no Rio de Janeiro. O local era usado para a execução de presos políticos.

 

 

*Com informações da Época