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Grupo lança manifesto contra cassação de Glauber Braga: “lembra momentos da ditadura militar”

“Estamos diante de um precedente perigosíssimo. Outros parlamentares poderão ser as próximas vítimas”, diz a nota.

Um grupo de políticos e professores lançou na última segunda-feira (9) um manifesto em defesa do deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ), que corre o risco de ter seu mandato cassado por ter expulsado um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) da Câmara dos Deputados. Na última quarta-feira (11), o Conselho de Ética da Câmara decidiu manter o processo disciplinar que pode levar à cassação de Braga.

O texto, publicado na Folha de S. Paulo, é assinado pela deputada federal Luiza Erundina (Psol-SP), pelo ex-deputado federal José Genoíno (PT-SP), pelo vice-governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, e pelo ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral. Também assinam o manifesto o criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira, o advogado Pedro Dallari, professor titular da Faculdade de Direito da USP, e Maria Vitoria Benevides, professora emérita da Faculdade de Educação da USP.

Na publicação, eles exaltam a trajetória política de Glauber Braga e as bandeiras que defende em seu mandato na Câmara dos Deputados. “As bandeiras da atividade parlamentar de Glauber compreendem as dimensões fundamentais da boa política e a preocupação com os trabalhadores, junto dos quais sua voz e sua solidariedade se fazem sempre presentes. Essa preocupação se articula com as grandes questões nacionais e globais, o que enriquece a qualidade de seus mandatos”, diz o texto.

Segundo o manifesto, Glauber está sendo vítima de uma articulação orquestrada por “bolsões do atraso da política brasileira”. Os autores lembram que a atitude do deputado em expulsar o manifestante do MBL veio após o provocador insultar a memória de sua mãe, que viria a falecer poucos dias depois do acontecimento.

O manifesto compara a cassação de Glauber a momentos da ditadura militar, e que abre um precedente perigoso para outros parlamentares. “É a espada de Dâmocles sobre a cabeça do deputado, numa clara ameaça a um mandato exemplar, outorgado pelo voto popular. Caso não seja impedida essa violência inominável, ela roubará de nossa cena política um de seus melhores quadros, num ataque à democracia e aos milhares de eleitores de Glauber Braga. Estamos diante de um precedente perigosíssimo, que lembra momentos da ditadura militar. Se ele for aberto, outros parlamentares poderão ser as próximas vítimas. E, com isso, não só eles: também a democracia”.

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Grupo pede em Israel investigação criminal de software usado pela Abin

Pedido sobre “Abin Paralela” está nas mãos da Procuradoria Geral de Israel.

Um grupo israelense liderado pelo advogado Eitay Mack encaminhou à Procuradoria Geral de Israel um pedido de investigação criminal sobre o uso ilegal do software First Mile no Brasil. O programa – usado para espionar ilegalmente a localização de desafetos e até aliados da família Bolsonaro – foi vendido ao Exército Brasileiro pela empresa israelense Cognyte e está no centro do escândalo de espionagem ilegal dentro da Abin.

No documento protocolado pelo advogado Mack, as operações da Polícia Federal no Brasil são usadas como base na argumentação para que a Cognyte seja investigada em Israel, onde a empresa já tem histórico de escândalos. No ano passado, veio à público que a Cognyte vendeu programas de espionagem ao governo de Myanmar, mesmo depois que Israel baniu esse tipo de negócio com aquele país, que empilha mortos depois que um golpe militar destituiu o governo civil. Foi Eitay Mack o principal denunciante do caso.

Além do advogado, outras 32 pessoas assinam o pedido. entre juristas e acadêmicos, está Avrum Burg, ex-presidente do Parlamento de Israel.

O documento cita as evidências que baseiam o pedido, entre elas a suspeita de que até “30 mil pessoas foram monitoradas sem autorização judicial, entre servidores públicos, jornalistas, juízes, desembargadores do Supremo Tribunal, advogados, políticos, um ex-governador de estado do Partido dos Trabalhadores, de esquerda, e policiais. A vigilância foi feita tanto com o propósito de prejudicar adversários políticos como com o propósito de corrupção e de perturbação de investigações criminais, inclusive em relação à família de Bolsonaro.”

Para justificar o pedido de investigação, o grupo diz que “as informações sobre o paradeiro desses alvos foram armazenadas em datacenters em Israel.”

*Leandro Demori

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Primeiro grupo de reféns israelenses foi entregue à Cruz Vermelha pelo Hamas

RFI – Paris (França) – Liberação dos prisioneiros palestinos em Israel ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha estava prevista para às 16h local, mas ainda não ocorreu.

Um porta-voz da Cruz Vermelha declarou ao canal de tevê francês Franceinfo que 13 reféns israelenses foram entregues à ONG, na sexta-feira (24/11) e que estavam a caminho da fronteira egípcia. Fontes oficiais egípcias confirmaram a informação. Doze tailandeses já haviam sido libertados mais cedo.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) deve entregá-los às forças israelenses no ponto de passagem de Rafah, entre a Faixa de Gaza e o Egito.

Segundo uma fonte próxima dos serviços de segurança egípcios, logo após eles pegarão um avião para o aeroporto de Al-Arich, no Sinai do Norte, para serem repatriados para Israel, o que as autoridades israelenses não confirmaram.

Os reféns devem então se reunir com suas famílias em um hospital israelense, segundo Ziv Agmon, conselheiro encarregado do processo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Fontes próximas ao Hamas confirmaram que os reféns foram entregues à Cruz Vermelha para retornarem a Israel.

Tailandeses libertados
O governo da Tailândia informou que 12 tailandeses mantidos como reféns pelo Hamas na Faixa de Gaza foram libertados nesta sexta-feira pelo movimento islâmico palestino, poucas horas depois do início da trégua concluída com Israel.

“Os serviços de segurança e o Ministério das Relações Exteriores confirmaram que 12 reféns tailandeses já foram libertados”, disse o primeiro-ministro da Tailândia, Srettha Thavisin, no X (antigo Twitter).

De seu lado, Israel prometeu libertar em troca, 24 mulheres e 15 adolescentes, de acordo com um comunicado feito nesta sexta-feira por Qadura Fares, comissário dos prisioneiros palestinos, à agência Reuters.

A entrega dos detidos, todos provenientes da Cisjordânia ocupada ou de Jerusalém, ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha na prisão militar israelita de Ofer estava prevista para as 16h (horário local), anunciou o Qatar.

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Grupo de 32 brasileiros deixa Gaza, chega ao Egito, e será acolhido de volta em Brasília

O grupo de brasileiros que aguardava permissão para a passagem da fronteira entre Gaza e o Egito para serem repatriados ao Brasil cruzaram o Portal de Rafah por volta das 5h (horário de Brasília) deste domingo (12/11), diz o Opera Mundi.

“O grupo de 32 brasileiros e familiares já se encontra em território egípcio, onde foi recebido por equipe da embaixada do Brasil no Cairo, responsável pela etapa final da operação de repatriação”, atualizou sobre a situação o Ministério das Relações Exteriores do Brasil por meio das redes sociais.

O Itamaraty ainda informou que duas pessoas do grupo, formado por 34 cidadãos, que constavam na lista original para repatriação decidiram pela permanência em Gaza, de forma que o avião retornará a Brasília com 32 pessoas.

Antes da passagem no controle migratório em Gaza, a chancelaria brasileira informou que o grupo se encontrava no posto fronteiriço de Rafah 8h da manhã na hora local (3h da madrugada no horário de Brasília).

Após esse procedimento, o Itamaraty atualizou que os brasileiros e seus familiares cruzaram um percurso de 2 quilômetros de ônibus a fim de chegar ao Egito para a verificação deste país.

“Estamos saindo da Palestina e indo para o Egito. Não é muita coisa ]o tempo de trajeto]. Momento muito difícil que a gente passou, mais de 35 dias”, declarou Hasam Rabee, um dos brasileiros que aguardava repatriação de Gaza, e reportou o processo por vídeos divulgados pela chancelaria brasileira e nas suas redes sociais.

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Grupo com 30 mil membros que convocou para atos golpistas de 8/1 segue ativo no Telegram

Bolsonaristas discutiram a tentativa de golpe de 8 de janeiro em Brasília em um grupo com mais de 30 mil membros no Telegram — e que tem entre os administradores o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, foragido da Justiça, segundo informações do Jornal do Brasil.

Segundo apurou a Agência Pública, quatro dias antes da invasão, o perfil do grupo enviou para todos os membros um áudio convocando 2 milhões de pessoas para retomarem o país na capital federal. “Vamos pra frente do Congresso, pra frente do STF […] É lá que retomaremos nosso país […] Você, homem, você que quer lutar pelo único restinho que resta do seu país, Brasília é o local”, diz o áudio. O narrador se identifica como o político Renato Gasparim, candidato a deputado estadual pelo Republicanos no Paraná em 2022.

No áudio, também se avisa que haverá ônibus doados, alugados e emprestados para levar bolsonaristas. O recado foi transmitido junto com a mensagem: “Áudio Importante, Repassem, a Retomada começa agora”.

Gasparim admitiu à reportagem ser o autor do áudio. Ele disse, porém, que o áudio seria de novembro, chamando para a Marcha pela Liberdade, que aconteceria no Congresso. Também disse que, em janeiro, o grupo nem existiria mais. Ao ser confrontado pela reportagem com o print acima, ele reconheceu o envio em janeiro, mas disse que seria apenas uma retransmissão.

Além de chamar para o 8 de janeiro, o grupo também tentou articular manifestações contra a diplomação de Lula, em dezembro. O grupo segue ativo no Telegram.

A história do grupo “Supremo é o Povo”, que passou ileso às determinações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de excluir canais com mensagens golpistas, começa no final de 2022. As mensagens mais antigas que acessamos são do dia 15 de dezembro, uma quinta-feira.

Na data, os autointitulados “patriotas” trocavam frases de motivação frente à derrota de Bolsonaro nas eleições.

A reportagem leu todas as mensagens trocadas desde o início do grupo. É possível perceber que, em menos de um mês de atuação, houve uma escalada que começa com convocações aos quartéis, passa por atos contra a diplomação de Lula, em dezembro, e deságua na convocação para o dia 8 de janeiro.

Desde o início, já circulavam mensagens que chamavam os apoiadores de Bolsonaro a irem para os quartéis do Exército, incluindo o de Brasília. “Ele precisa de nós”, escreveu um membro. “Venham para a frente dos quartéis!!”, completou. Também já eram organizadas no grupo caravanas e ônibus para a capital federal.

Havia, entre os membros, um plano inicial para fazer grandes manifestações em Brasília nos dias 18 e 19 de dezembro. Essa era a data prevista para a diplomação do presidente eleito – foi quando diversos governos estaduais diplomaram seus governadores e deputados. A cerimônia de Lula, contudo, foi adiantada para o dia 12 pelo então presidente do TSE, Alexandre de Moraes.

O apelo dos bolsonaristas era repetir a mobilização dos atos de 7 de setembro, que em 2021 e 2022 foram convocados pelo próprio presidente Bolsonaro. Eles mantiveram o chamado para os atos mesmo após a diplomação de Lula e continuaram convocando apoiadores para os quartéis até o fim do ano, com a justificativa de que era importante manter a mobilização.

No dia de criação do “Supremo é o Povo”, um usuário do grupo compartilhou uma foto dele mesmo e de mais dois homens com a legenda “tá chegando a hora”. Trata-se do político bolsonarista José Renato Gasparim Júnior.

Gasparim atuou como assessor parlamentar do vereador de Curitiba Eder Borges (PP) até o fim de 2021, com salário de R$ 4 mil. Borges foi eleito em 2020.

A reportagem da Agência Pública confirmou que o telefone de Gasparim é o mesmo do usuário chamado “jrgj” — as iniciais de José Renato Gasparim Júnior —, que estava no grupo desde o início.

O número de telefone associado ao usuário é um dos contatos cadastrados no TSE para a candidatura de Gasparim. Ele concorreu pelo Republicanos a deputado estadual no Paraná em 2022 e declarou ter recebido mais de R$ 50 mil pelo partido. Não foi informado, porém, nenhum real em gastos com a campanha. Ele também não declarou ter bens.

Em 4 de janeiro, o administrador do grupo postou um áudio no qual um homem, que se identifica como Gasparim, diz: “o que tínhamos para fazer no Exército foi feito, agora é hora de darmos um passo atrás, se reorganizar e partir pra retomada do nosso país. Onde será feito isso? Em Brasília. Isso será feito em Brasília. É lá que iremos se juntar [sic] com 2 milhões de pessoas. Toda essa mobilização já está sendo feita em todo o país, aqui em Curitiba, aqui no Paraná. Estamos organizando ônibus para ir para Brasília”. Gasparim confirmou à Pública ser o autor do áudio.

Na gravação, ele afirma que as manifestações não podem mais ser realizadas “dentro dos quartéis”. E convoca: “Se preparem, vamos pra frente do Congresso, pra frente do STF […] É lá que retomaremos o nosso país. Daqui teremos ônibus doados, emprestados, ônibus alugados, e é assim que nós ajudaremos nosso país. Quem tá ouvindo, a hora é agora”.

Gasparim aconselha crianças e idosos a ficarem nos quartéis porque “lá é seguro”. Mas reforça: “Você, homem, você que quer lutar pelo único restinho que resta do seu país, Brasília é o local. A data será informada em breve e os ônibus também em breve”.

O áudio termina com um pedido para que seja repassado e finaliza: “Se preparem, em Brasília será a retomada”.

Na resposta à reportagem, Gasparim afirmou que não estava no Brasil em 4 de janeiro e não participou dos atos do dia 8. Contudo, ele publicou um vídeo no dia 5 no qual diz que estará nas manifestações, que ele chama de “pacíficas”, e chama os apoiadores para estarem em Brasília a partir do dia 7. Já no dia 8, ele postou em seu Instagram um outro vídeo dos manifestantes entrando no Congresso, com a mensagem “TOMADA DO CONGRESSO AGORA 08/01/22. TODO PODER EMANA DO POVO”.

Há indícios de que o principal responsável pela criação do “Supremo é o Povo” seja Bismark Flavio Fugazza, um dos sócios do Hipócritas, canal de humoristas que tem mais de 1,5 milhão de inscritos no YouTube.

O criador do grupo é um usuário com o nome de “Hipócritas Bismark”. Ele postava diversos links do Instagram de Fugazza no grupo. Além disso, Fugazza compartilhou no seu Instagram o link de entrada para o grupo no Telegram. Em diversas mensagens, membros agradecem a “Bibi” pela iniciativa e aos “meninos do Hipócritas”.

Além de administrador, o “Hipócritas Bismark” era extremamente ativo nas mensagens. Foi ele quem alterou o nome do grupo para “Grande Família”, em 5 de janeiro, às vésperas da invasão a Brasília e após a circulação do áudio que convocou 2 milhões para “retomar” o país. Há diversos vídeos de Fugazza nas mensagens, incluindo transmissões do seu Instagram pessoal.

Na manhã da invasão em Brasília, ele postou um novo vídeo junto ao chamado: “a hora é agora”. Na gravação publicada no seu Instagram, Fugazza rebate quem questiona se aquele seria o momento de agir. “Ou o povo luta pelo Brasil, ou Brasil nunca mais será do povo”, afirma.

A reportagem procurou Fugazza a partir do número informado e também pelo seu perfil de Instagram, mas também não obteve resposta até a publicação.

Logo na sequência das mensagens de “Hipócritas Bismark”, quem escreve é Allan dos Santos, blogueiro bolsonarista que está foragido da Justiça nos Estados Unidos.

“Manifestantes acabam de invadir o Congresso Nacional”, postou o administrador do “Supremo é o Povo” próximo às 15 horas de 8 de janeiro. O dono do Terça Livre também abriu uma transmissão ao vivo no grupo durante a invasão.

O usuário de Allan no grupo é o mesmo informado pelo Telegram ao Supremo Tribunal Federal (STF) em março de 2022. Na época, o Telegram respondeu ao ministro Alexandre de Moraes que o usuário “@allansantosbr” era responsável por administrar diversos outros perfis relacionados a Allan, que foram bloqueados.

Ele, que também é administrador do “Supremo é o Povo”, postou próximo às 15 horas de 8 de janeiro que “manifestantes acabam de invadir o Congresso Nacional”. O dono do Terça Livre também abriu uma transmissão ao vivo no grupo durante a invasão.

A Pública questionou Allan, que postou no Twitter negando ser administrador do grupo e disse que “eles [os administradores do grupo] permitiram que eu publicasse os artigos do meu site”. Desde dezembro, apenas administradores têm postado no grupo.

Reportagem da Pública mostrou que, na noite de 8 de janeiro, Allan dos Santos participou de uma conversa no Twitter sobre a invasão em Brasília com Matthew Tyrmand, convidado frequente no podcast de Steve Bannon, o ex-estrategista de Donald Trump. Quando questionado sobre quem estaria pagando pela viagem dos manifestantes, Santos disse: “Não é caro, não no Brasil, é só comprar passagem de ônibus”. A sala durou mais de 5 horas e teve 190 mil visualizações.

No dia seguinte, 9 de janeiro, Fugazza parabenizou os invasores e os chamou de heróis. “Quero parabenizar todos os patriotas que deram a cara a tapa e colocaram sua vida a disposição [sic] pela pátria, vocês são heróis […] Essas pessoas com certeza fizeram muito mais do que qualquer um de nós que temos voz ativa na comunicação”, escreveu em seu Instagram.

Fugazza foi preso em março deste ano pela Polícia Federal, após estar foragido desde dezembro. Ele estava no Paraguai junto ao bolsonarista e blogueiro Oswaldo Eustáquio Filho, que também é um dos administradores do “Supremo é o Povo”, usando o nome de Mariana Volf.

Eustáquio, que também teve pedido de prisão em dezembro, refugiou-se no Paraguai. Lá, ele entrou com pedido de asilo, o que impediu que as autoridades paraguaias o entregassem, como fizeram com Fugazza. Eustáquio já foi aliado da senadora Damares Alves e teve uma passagem paga pelo Ministério da Mulher. Sua esposa foi secretária Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da gestão Damares.

O usuário Mariana Volf está ligado a um número de telefone informado no site de Eustáquio. No grupo, Volf compartilhava links do Instagram de Eustáquio.

Procurado pela reportagem, Eustáquio disse inicialmente: “não sou administrador desse grupo, não faço parte desse grupo e desconheço esse grupo”. Depois de ser confrontado com um print do seu próprio telefone entre os administradores, ele admitiu estar no grupo, mas disse ter sido contra os atos de 8 de janeiro, assim como os demais administradores. “Esse grupo não tem nenhuma relação com 8 de janeiro”, disse. Contudo, afirmou que Gasparim esteve em Brasília.

Eustáquio também escreveu: “Eu saí do Brasil no dia 14 de dezembro em direção ao Paraguai. Decidi sair quando percebi que havia pessoas manipulando os patriotas dentro dos quartéis. Eram intervencionistas ligados a Ana Priscila Azevedo. Mantiveram o povo como gado no QG impedindo que eles saíssem manifestar na Esplanada, onde eu achava que deveria ser o manifesto em dezembro. Depois disso, os intervencionistas foram os principais articuladores de 8 de janeiro, movimento que eu publicamente fui contra”.

No mês passado, o ministro Alexandre de Moraes concedeu liberdade provisória a Fugazza, que precisa usar uma tornozeleira.

Grupo é administrado por outros políticos e influenciadores

A lista de administradores do grupo “Supremo é o Povo” inclui outros políticos e influenciadores bolsonaristas.

Um dos membros usa o nome do pastor Ricardo Martins, que se identifica como um “Servo de Cristo” e contra o marxismo na igreja. O nome do usuário no grupo do Telegram é o mesmo que o pastor divulgava antes de criar sua conta secundária. Ele vive nos Estados Unidos.

Outro administrador do grupo é um usuário identificado como Marcelo Guillay — o nome e a foto são de um influencer bolsonarista do Piauí. No grupo, o usuário tem postado recentemente links para o perfil de Twitter de Guillay. No início da tarde de 8 de janeiro, o perfil de Guillay no Twitter fez postagens incentivando os bolsonaristas em Brasília.

Um outro administrador seria Tacimar Hoendel, que foi secretário parlamentar do deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ). Hoendel esteve no gabinete de Jordy até julho de 2022, ganhando cerca de R$ 4 mil. Ele concorreu em 2022 a deputado estadual pelo PL, no Rio de Janeiro.

A reportagem apurou que em dezembro um usuário chamado Tacimar Hoendel era administrador do grupo. Ele chegou a enviar uma mensagem para os membros. O usuário, contudo, foi deletado.

Reportagem da Pública mostrou que Hoendel foi um dos bolsonaristas que visitou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) comandado pelo general da reserva do Exército Augusto Heleno, antes da posse de Lula. No dia da visita, Hoendel gravou um vídeo dizendo que “o ladrão não sobe a rampa”. A suspeita de deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal é que o GSI tenha dado apoio aos golpistas que invadiram os prédios públicos.

A reportagem questionou todos os três citados sobre o envolvimento com o grupo no Telegram, que não responderam até a publicação.

Atualmente, o grupo segue ativo com mais de 29 mil membros (no dia 6 de julho), mas é fechado para postagens apenas dos administradores. A última mensagem, do dia 1º de julho, foi de Allan dos Santos. No texto, ele critica Ana Priscila Silva de Azevedo, presa desde janeiro por participar da invasão aos prédios públicos de Brasília, após reportagem apontar que ela pretende “contar a verdade” sobre a invasão. Há oito requerimentos para ela ser ouvida na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos de 8 de Janeiro do Congresso.

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Com Felipe Neto e Manuela d’Ávila, governo cria grupo para combater discurso de ódio e extremismo

Com Felipe Neto e Manuela d’Ávila, governo cria grupo para combater discurso de ódio e extremismo.

Segundo O Globo, grupo deverá assessorar o ministro Silvio Almeida nas questões associadas ao discurso de ódio e ao extremismo, além de propor políticas públicas na área.

Na esteira dos ataques de 8 de janeiro, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania criou nesta quarta-feira um grupo de trabalho para apresentar estratégias de combate ao discurso de ódio e ao extremismo e para propor políticas públicas em direitos humanos sobre o tema.

O grupo será presidido por Manuela d’Ávila, que foi candidata a vice-presidente da República na chapa de Fernando Haddad (PT) em 2018. Farão parte do grupo cinco representantes do ministério e 24 da sociedade civil, entre eles: o youtuber Felipe Neto, voz de destaque na oposição ao governo de Jair Bolsonaro; a antropóloga Débora Diniz; e a jornalista Patrícia Campos Mello, que sofreu diversos ataques de Bolsonaro e seus simpatizantes.

A portaria assinada pelo ministro Silvio Almeida foi publicada no Diário Oficial da União e estabelece que o grupo terá duração de 180 dias e poderá ser prorrogado. Em sua primeira reunião, os membros definirão um calendário de trabalho e seus objetivos específicos. Ao final, os resultados serão apresentados ao ministro.

O grupo deverá assessorar Silvio Almeida nas questões associadas ao discurso de ódio e ao extremismo, além de realizar estudos para discutir as estratégias de combate e propor políticas públicas na área.

A advocacia-geral da União, e os ministérios da Educação, Igualdade Racial, Justiça, Mulheres, Povos Indígenas e Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República poderão participar do grupo.

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Grupo Economistas defende voto útil para eleger Lula no primeiro turno

Um grupo de economistas ligados a instituições de ensino como Fundação Getúlio Vargas (FGV), Insper, PUC-Rio e universidades dos Estados Unidos e do Reino Unido defende, por meio de uma carta-manifesto, o voto útil em Lula no primeiro turno das eleições de 2022, para que a disputa se encerre já no próximo domingo (2/10) com a vitória do candidato do PT, sem a necessidade de disputar o segundo turno contra o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).

No documento, os economistas atacam a condução da gestão de Bolsonaro em diversas áreas, como a saúde, a educação, o meio ambiente e a segurança pública. Na economia, criticaram a concessão de benefícios a grupos sociais poucos meses antes das eleições e o desmonte da capacidade de combate à corrupção. E, por fim, afirmaram ver o risco de ruptura institucional da democracia no Brasil.

O grupo afirma que, apesar de ter “sérias discordâncias a respeito de políticas implementadas no passado por governos do PT”, vê em Lula a única chance de derrotar o atual governo, “um atraso maior”. A defesa do voto útil seria para garantir uma resposta mais contundente para a defesa da democracia e para que o próximo governo tenha políticas que unifiquem o país. “Votamos em Lula em prol da união de um amplo espectro de forças políticas em defesa da democracia, na esperança de que possamos ter um governo para todas e todos os brasileiros”, finalizam.

Confira abaixo o documento na íntegra e os signatários.

“Neste momento crítico da história brasileira, nós, abaixo-assinados/as, economistas que sempre nos posicionamos em favor da estabilidade econômica, do fortalecimento das instituições e da justiça social, nos manifestamos em apoio à candidatura do ex-presidente Lula, já no primeiro turno.

As ações e a inépcia do atual governo causaram um desastre no processo de desenvolvimento institucional e socioeconômico do país, afetando dramaticamente o bem-estar da população brasileira.

O presidente promoveu o desmonte do aparato de fiscalização de crimes ambientais, incentivando o desmatamento acelerado e causando uma grave deterioração do meio-ambiente e a depreciação de nosso capital natural.

A política de saúde foi calamitosa, o governo federal não coordenou os esforços do SUS e a gestão da pandemia contribuiu para dezenas de milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas. O presidente, ainda nesse contexto, demonstrou total falta de empatia com as pessoas que sofriam com a morte de entes queridos pela Covid-19.

Não houve qualquer avanço na política educacional, que passou a ser pautada por ideologia, ocasionando retrocesso no aprendizado de crianças e adolescentes, em particular durante a pandemia e principalmente entre os mais vulneráveis.

A política de segurança pública se pautou por estimular a resolução de conflitos de forma individual e violenta: o acesso a armas de fogo e munições pela população foi extremamente facilitado e buscou-se estabelecer uma salvaguarda para policiais matarem, com a tentativa de aprovação da excludente de ilicitude.

Na economia, desmontou-se o orçamento federal e foram criados gastos direcionados a grupos de eleitores e interesses específicos meses antes da eleição

– uma afronta às instituições eleitorais. Apesar da retórica, houve um desmonte da capacidade institucional de combate à corrupção, e várias denúncias envolvendo o atual governo, o próprio presidente e seus familiares não foram esclarecidas.

Por fim, e ainda mais importante, o atual presidente fez e continua a fazer reiteradas ameaças à democracia, agredindo o judiciário, afirmando que não respeitará os resultados da eleição e fomentando um clima de profunda instabilidade e o risco real de ruptura institucional.

Em que pesem sérias discordâncias a respeito de políticas implementadas no passado por governos do PT, reconhecemos no ex-presidente Lula a única liderança capaz de derrotar o atraso maior representado pelo atual governo. Viabilizar a sua vitória em primeiro turno nos parece a resposta mais contundente, segura e efetiva de proteção à democracia no Brasil, aumentando assim o compromisso do futuro governo com políticas que unifiquem o país.

Votamos em Lula em prol da união de um amplo espectro de forças políticas em defesa da democracia, na esperança de que possamos ter um governo para todas e todos os brasileiros.”

Amanda Albuquerque, Bernard Herskovic, Bernardo Silveira, Bruno Giovannetti, Carlos Góes, Carolina Grottera, Cláudio Considera, Claudio Ferraz, Daniel Cerqueira, Diana Moreira, Dimitri Szerman, Emanuel Ornelas, Fernanda Estevan, Filipe Campante, Francisco Costa, Gabriel Ulysses, Joana Monteiro, Joana Naritomi, João Ramos, José Tavares de Araújo Jr, Laura Karpuska, Laura Schiavon, Marco Bonomo, Marcos Ross Fernandes, Mayara Felix, Octavio de Barros, Otaviano Canuto, Paula Pereda, Paulo Corrêa,, Paulo Furquim de Azevedo, Rafael Costa Lima, Raphael Corbi, Ricardo Dahis, Rodrigo R. Soares, Rudi Rocha, Sergio Firpo,Thomas Fujiwara, Tiago Cavalcanti.

*Com Estadão

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