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Vídeo – Itália: Ao som de Bella Ciao, Manifestantes se mobilizam contra ex-premiê de ultradireita Matteo Salvini

‘Sardinhas’, como manifestantes se autointitulam, reuniram mais gente do que comício de Salvini nas eleições do Estado da Emilia-Romagna.

Um movimento espontâneo e organizado pelas redes sociais virou a pedra no sapato do ex-ministro Matteo Salvini, em um dos bastiões da esquerda na Itália, o Estado da Emilia-Romagna.

Autodenominado como “sardinhas”, o grupo assumiu a linha de frente para evitar que o popular secretário da Liga conquiste o governo da Emilia-Romagna, no norte do país, nas eleições regionais de 26 de janeiro.

A mobilização surgiu na última quinta-feira (14/11), quando Salvini abriu a campanha eleitoral de sua candidata a governadora, Lucia Borgonzoni, com um comício em uma arena de Bolonha com capacidade para 5,6 mil pessoas.

No Facebook, quatro internautas convocaram uma manifestação chamado “6 mil sardinhas contra Salvini”, que tinha como objetivo reunir mais pessoas do que o comício do ex-ministro do Interior. Os organizadores pediram que os participantes não levassem bandeiras de partidos, apenas cartazes representando sardinhas.

A manifestação ocorreu na Piazza Maggiore, a 1,5 quilômetro do evento de Salvini, e durou cerca de 20 minutos, reunindo entre 12 mil e 13 mil pessoas, o dobro do esperado.

A manifestação se repetiu nesta segunda-feira (18/111), mas em Modena, onde 7.000 indivíduos ignoraram o mau tempo para se espremer “como sardinhas em lata” em uma praça do centro da cidade.

Assim como em Bolonha, o ato desta segunda foi realizado paralelamente a um comício do ex-ministro e embalado pelo som de “Bella ciao!”, música símbolo da resistência italiana contra o nazifascismo, e do slogan “Modena não se liga”, em referência ao partido de extrema direita.

“Queríamos tocar um despertador coletivo, e isso aconteceu”, disse Mattia Santori, um dos organizadores do flash mob, na última sexta-feira (15/11). Segundo ele, o objetivo era acordar a esquerda, “que dormiu por tempo demais”. “Não queríamos chegar ao dia seguinte às eleições com todos se perguntando ‘como foi possível?'”, acrescentou.

Assista à manifestação em Modena:

 

 

*Com informações do Ópera Mundi

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No governo Bolsonaro, Brasil já perdeu R$ 3,5 bilhões no comércio com EUA e Israel

Balança comercial brasileira em 2019 é negativa com países de fora do continente alinhados ao governo de Jair Bolsonaro.

Os dois países mais alinhados ao governo de Jair Bolsonaro e com maior influência no xadrez da geopolítica mundial deram prejuízo no comércio ao Brasil até agora em 2019.

De janeiro e agosto deste ano, a balança comercial brasileira teve saldo negativo de 352 milhões de dólares e de 519 milhões de dólares, respectivamente, com Estados Unidos e Israel. No total das transações com os dois, o Brasil perdeu 871 milhões de dólares (cerca de R$ 3,5 bilhões).

Com relação a países europeus com governos nacionalistas e de extrema-direita, como Itália, Hungria, Polônia e República Checa, a diferença entre exportações e importações também é desfavorável ao Brasil. Apenas os sul-americanos “amigos” contribuem positivamente.

O país que mais se beneficiou do comércio com o Brasil foi Israel, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de quem Bolsonaro é aliado no Oriente Médio.

A diferença entre exportações e importações nos oito primeiros meses do ano foi de US$ 519 milhões negativos na balança brasileira. O “rombo” foi maior que o do mesmo período de 2018, quando o saldo foi de US$ 446 milhões negativos.

Em abril deste ano, o presidente esteve em Israel e, demonstrando seu apoio internacional ao país, visitou o Muro das Lamentações – um dos símbolos mais sagrados do judaísmo – ao lado de Netanyahu, algo inédito para um chefe de estado brasileiro, já que o local também é reivindicado pela Palestina.

Nesta terça-feira (17), ocorreram eleições legislativas em Israel. Até o momento, Netanyahu, do campo da extrema-direita, e seu adversário Benny Gantz, de centro-direita, estão empatados na apuração dos votos e nenhum dos dois teria capacidade para formar um novo governo.

Já os Estados Unidos, um dos principais aliados do governo brasileiro na geopolítica mundial, “lucrou” US$ 352 milhões com o Brasil até agosto. A balança comercial com os norte-americanos tem variado bastante nos últimos anos. Em 2018, nos oito primeiros meses, o valor das importações brasileiras superaram ainda mais as exportações, e o País perdeu US$ 839 milhões.

No ano anterior, em 2017, o saldo foi positivo para o Brasil: US$ 922 milhões. Já em 2015 e 2016, foram os americanos que receberam mais dólares: US$ 2,1 bilhões e US$ 543 milhões, respectivamente.

Após mais de uma década com uma política externa alinhada a países emergentes, como os do bloco BRICS (designação para se referir à Rússia, Índia, China, África do Sul, além do Brasil), o País voltou a se aproximar dos EUA com Bolsonaro no poder.

O presidente dos EUA, Donald Trump, já prometeu, por exemplo, o apoio à entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico). Em troca, o Brasil renunciaria ao status de nação em desenvolvimento na OMC (Organização Mundial do comércio)

Todos os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e foram verificados no portal Comex Stat, site oficial do órgão para estatísticas de comércio exterior do Brasil.

Europeus alinhados ao Brasil

Na Europa, os números também mostram perdas na balança comercial com Itália, Hungria e República Checa. Respectivamente, entre janeiro e agosto, o Brasil teve “prejuízo” de US$ 503 milhões, US$ 158 milhões e US$ 226 milhões.

A Polônia é a exceção. O país do leste europeu exportou mais do que importou do Brasil, que neste caso ficou com saldo positivo de US$ 146 milhões. Apesar disso, o valor foi menor que os US$ 171 milhões de 2018. O presidente da Polônia, Andrzej Duda, se reuniu com Bolsonaro em Brasília, em janeiro deste ano, e disse que o País compartilha os “mesmos valores” de seu governo.

Saldo positivo na América do Sul

Com os países vizinhos alinhados ao governo Bolsonaro, o Brasil tem uma balança comercial favorável. Colômbia, Paraguai e Chile renderam ao País, respectivamente, US$ 1,1 bilhão, US$ 721 milhões e US$ 1,3 bilhão.

Nos últimos anos, o Brasil têm sempre exportado mais que importado para os três. Porém, com relação a Paraguai e Chile, os valores foram maiores no mesmo período do ano passado. Enquanto o saldo positivo do primeiro caiu de US$ 1,2 bilhões para US$ 721 milhões, a do segundo foi de US$ 1,7 bi para US$ 1,3 bi.

A Colômbia foi a única que passou a exportar mais do que importar neste ano, beneficiando a balança comercial brasileira. Em 2018 o “lucro” brasileiro entre janeiro e agosto havia sido de US$ 603 milhões. O salto no período foi de US$ 480 milhões.

A Colômbia, governada por Iván Duque, tem sido uma das principais aliadas do governo de Bolsonaro na América do Sul, principalmente no que diz respeito à crise político-econômica na Venezuela. Nenhum dos dois países reconhecem o governo de Nicolás Maduro e consideram o líder da oposição Juan Guaidó como o presidente interino venezuelano.

 

Lucas Baldez/terra

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O extremismo por trás do governo Bolsonaro é um projeto global

Que Bolsonaro é um trapalhão despreparado todo mundo sabe. Mas o que muita gente ainda não aceita é que existe um projeto global por trás de seu governo, extremamente bem organizado, do qual ele é só a ferramenta útil. Querem ver o exemplo da semana passada? Se liguem no que rolou na Itália.

Pano de fundo: Matteo Salvini, ministro do Interior (espécie de Casa Civil do país), é o premier de fato. Ele faz parte da Lega Nord, um partido que faz populismo com racismo e xenofobia, demonizando “comunistas” e minorias em geral. Seu principal projeto: uma lei chamada “Decreto Sicurezza”, espécie de “lei anticrime” do Moro. Basicamente uma lei jogando pra torcida, com ações inócuas e midiáticas. Soa familiar, não?

Antes de ser aprovada, a lei já fez uma vítima. Uma professora foi suspensa e teve salário cortado pela metade depois de uma batida do governo em seu colégio. Crime: “permitir” que alunos fizessem um vídeo que compara o decreto de segurança às leis raciais do fascismo.

Perseguição a professores. Soa familiar? Salvini, depois, voltou atrás, e disse que a punição era “exagero”. Sim, soa familiar.

Quem mais vem perseguindo professores e alunos, chegando ao ponto de expelir uma universidade para fora do país? Viktor Orbán, o Bolsonaro da Hungria.

Salvini, Bolsonaro e Orbán são políticos da nova onda de populismo de extrema direita. Não é coincidência que seus inimigos sejam os mesmos: professores (e jornalistas, “o comunismo”, George Soros etc). Todos estão seguindo um manual extremamente previsível de anti-iluminismo.

O projeto é criar novas oligarquias, destruir as instituições públicas e privadas e substituí-las por suas próprias instituições e amigos. Na Hungria, Orbán dá o caminho.

Seus familiares e amigos fazem negócios com o governo (Hol van Queiroz?) enquanto ele busca apoio público mirando em inimigos comuns, jogando sobretudo com o medo das pessoas em relação à segurança). Cria os fantasmas que depois diz combater. Em meio a isso, toma controle do Judiciário e sufoca a mídia usando a tática do “eles estão contra mim e só produzem fake news”. Soa familiar? Porque é.

Salvini, nesta semana, levou a Lega Nord ao topo da Europa.

A extrema -direita fez 34% dos votos nas eleições do Parlamento Europeu, resultado só alcançado por cinco partidos nos 70 anos da democracia italiana pós-guerra.

Ironicamente, entre eles, está o Movimento 5 Stelle, que venceu as eleições nacionais do ano passado esmagando os partidos tradicionais empunhando a bandeira da antipolítica. O M5S abraçou a extrema -direita Lega para formar seu governo. Salvini foi colocado no cargo de ministro do Interior pelo M5S. Do topo ao chão, o M5S fez apenas 17% nas europeias, metade do ano passado, chegando atrás também do Partido Democrático, de esquerda.

O movimento-fenômeno liderado por um comediante e que sonhava derrotar o establishment criou cuervos.

 

 

 

 

*Com informações do Intercept