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Covid-19

Covid: crônica de uma morte anunciada, por Luis Nassif

Em entrevista ontem, na TV GGN, Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, traçou um quadro sombrio sobre os desdobramentos da nova onda da Covid no país, e a repetição do mesmo descaso da primeira onda.

Em suma, a Covid explodiu definitivamente na China, depois que o governo acabou com a política de Covid-zero, pressionado pela opinião pública. Há previsões tenebrosas, de que a doença pode atingir 60% da população chinesa. Os crematórios estão lotados, e teme-se uma paralisação da economia chinesa, maior do que nos tempos de políticas restritivas. O país não se preparou para a explosão, não há vacinas em quantidade suficiente.

Os desdobramentos sobre o Brasil são tenebrosos.

A nova onda exige um tipo novo de vacina, produzido apenas pela Moderna e pela Pfizer. O país já tem um contrato com a Pfizer. Mesmo assim, o Ministério da Saúde não providenciou compras a tempo. Só recentemente a Pfizer enviou vacinas, em quantidade infinitamente inferior às necessidades brasileiras.

Os dados diários da Covid mostram plena expansão.

Margareth diz que o país está longe do platô da doença – significando que a contaminação continuará crescente.

Apenas em dezembro, o número de contaminados foi superior a 778 mil.

Esse aumento de casos ainda não impactou de forma mais forte o de óbitos.

E aí se entra no segundo drama brasileiro. A produção de vacinas e medicamentos brasileiros depende, fundamentalmente, de produtos de química fina importados da China. Uma desestruturação da economia chinesa afetará um insumo básico de um país que deixou de pensar suas questões estratégicas.

Nos 12 meses até novembro a importação de produtos químicos ficou em US$ 8,2 bilhões, sendo o maior produto da pauta de importações da China.

No total, em 12 meses até novembro, o país importou US $20,5 bilhões em produtos químicos básicos. A China respondeu por quase metade. Qualquer impacto na produção chinesa provocará uma alta nos preços internacionais e uma provável escassez.

Por tudo isso, a dra. Dalcolmo defende cada vez mais uma política de saúde destinada a garantir a segurança interna, com a reativação da política nacional de incentivo à cadeia produtiva da saúde. Esta semana, a Fiocruz divulgou um documento, defendendo a tese da saúde como ferramenta de crescimento econômico.

A provável indicação da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, para Ministra da Saúde poderá ser a afirmação definitiva de uma nova forma de política industrial, já ensaiada no Programa de Desenvolvimento Produtivo, concepção de Carlos Gadelha.

Nela se usa o poder de compra do estado para transferência de tecnologia para laboratórios públicos, e licenciamento para laboratórios privados.

É uma política sistêmica que poderá ter desdobramentos nas políticas de cidades, de mobilidade e outras, casando as necessidades da população com a produção interna.

*Com GGN

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Política

Reconhecimento de recusa de oferta da Pfizer amplia críticas à atuação de Bolsonaro na pandemia

Ministério da Saúde afirma que acordo com o laboratório ‘causaria frustração em todos os brasileiros’.

Após o Ministério da Saúde reconhecer ter recusado tentativas iniciais da Pfizer para vender vacinas ao país, as críticas à gestão do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) na pandemia aumentaram. Partidos de oposição voltaram a pedir o impeachment do presidente.

Apesar de a americana Pfizer ter chegado a enviar uma carta de intenção para a venda de 70 milhões de doses ao Brasil, a pasta de Eduardo Pazuello (Saúde) afirmou, em nota neste sábado (23), que um acordo com a empresa “causaria frustração em todos os brasileiros”.

A companhia procurou o governo, mas não houve avanços. Em dezembro, o presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo, disse que seria possível começar a vacinação quase imediatamente após um registro emergencial da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Dependendo da celeridade do órgão, as doses poderiam ser aplicadas já em janeiro.

Em reunião virtual com deputados, ele chegou a se comprometer com a entrega das doses até os pontos de vacinação a serem definidos pelo governo, não só o desembarque em um aeroporto brasileiro.

Ao reconhecer que as negociações foram rejeitadas, o Ministério da Saúde afirmou que doses da Pfizer “seriam mais uma conquista de marketing, branding e growth [jargões do mundo corporativo relativos ao incremento da marca] para a produtora de vacina, como já vem acontecendo em outros países”.

“Já para o Brasil, causaria frustração em todos os brasileiros, pois teríamos, com poucas doses, que escolher, num país continental com mais de 212 milhões de habitantes, quem seriam os eleitos a receberem a vacina”, afirmou, em nota, o governo, alegando que empresa, que desenvolveu uma vacina em conjunto com a BioNTech, previa entrega de 2 milhões de doses no primeiro trimestre, “número considerado insuficiente pelo Brasil.”

A importação do mesmo montante (2 milhões) da vacina de Oxford pela Fiocruz na sexta-feira (22), por outro lado, foi celebrada pelo Ministério da Saúde, em meio a críticas e falhas que colocam em risco o cronograma de vacinação no Brasil, como a falta de insumos.

Além disso, ao justificar a recusa às negociações com a empresa americana, o Ministério da Saúde e Palácio do Planalto não mencionaram o total que era negociado, previsto em 70 milhões de doses.

Para a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), a nota divulgada pelo governo “é pura confissão de culpa”. “Perdemos 70 milhões de doses nessa brincadeira!”.

“É a confissão de um crime: a sabotagem da vacinação no Brasil”, escreveu o deputado Marcelo Freixo (PSOL) numa rede social.

Partidos de esquerda usam as críticas à atuação de Bolsonaro na pandemia para sustentar pedidos pela abertura de um processo de impeachment.

O Ministério da Saúde ficou pressionado após a “CNN Brasil” divulgar uma carta encaminhada pelo CEO mundial da Pfizer, Albert Bourla, ao presidente Jair Bolsonaro e alguns ministros em 12 de setembro.

O documento mostra que a empresa fez um apelo para que o governo fosse célere em fechar um acordo com a empresa devido à alta demanda mundial pela vacina.

“Quero fazer todos os esforços possíveis para garantir que doses de nossa futura vacina sejam reservadas para a população brasileira, porém celeridade é crucial devido à alta demanda de outros países e ao número limitado de doses em 2020”, dizia o documento, segundo divulgado pela emissora.

Em resposta, o governo confirma ter recebido a carta e ter feito reuniões com a empresa, mas diz que “cláusulas leoninas e abusivas que foram estabelecidas pelo laboratório criam uma barreira de negociação e compra”.

Entre as cláusulas, estão que o Brasil fizesse um fundo garantidor em conta no exterior e que fosse assinado um termo que isentasse a empresa de responsabilidade por eventuais efeitos da vacina.

Para o governo, “representantes da Pfizer tentam desconstruir um trabalho de imunização que já está acontecendo em todo o país, criando situações constrangedoras para o governo brasileiro, que não aceitarão (sic) imposições de mercado”.

Como argumento, o governo cita o total de contratos já obtidos de vacinas, que envolvem 354 milhões de doses –destes, no entanto, boa parte ainda são dependentes da liberação de insumos da China para que possa haver produção no Brasil.

Em meio às críticas, a nota diz ainda que “em nenhum momento fechou as portas para a Pfizer”, mas que aguarda “posicionamento diferente do laboratório”.

O governo também argumenta que a vacina da Pfizer precisa ser armazenada e transportada entre -70°C e -80°C, mas não cita que a empresa apresentou uma solução para isso. O Ministério da Saúde ressaltou ainda que o laboratório não disponibiliza o diluente para cada dose, que ficaria a cargo do comprador; não apresentou sequer a minuta do seu contrato e tampouco tem uma data de previsão de protocolo da solicitação de autorização para uso emergencial ou mesmo o registro junto à Anvisa.

Nos últimos dias, a Pfizer tem informado que as cláusulas seguem o modelo de contratos com outros países.

Nos bastidores, a empresa tem apontado ainda que só deve pedir aval para uso emergencial de doses de vacinas no Brasil caso tenha um contrato fechado com o governo.

Até agora o Brasil tem duas vacinas: a de Oxford e a Coronavac. Ambas tiveram seu uso emergencial aprovado pela Anvisa no último dia 17.

Os primeiros vacinados com o imunizante de Oxford/Astrazeneca no Brasil foram médicos da Fiocruz. A fundação aplicou as doses em um evento neste sábado (22) no Rio de Janeiro, enquanto as remessas que chegaram da Índia eram entregues ao Ministério da Saúde.

A fila começou com três médicos, e depois mais sete trabalhadores da saúde da linha de frente contra a COVID-19. A pesquisadora Margareth Dalcolmo, que tem se destacado na defesa da vacina durante a pandemia, foi um deles.

“Vai chegar o dia em que nós realmente vamos poder comemorar”, disse ela. “Hoje é um dia simbólico, mas nós vamos comemorar de verdade quando tivermos 70% da população brasileira vacinada, com as duas boas vacinas produzidas pelos dois grandes laboratórios brasileiros, Fiocruz e Butantan.”

*Com informações da Folha

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Dra. Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, chora e diz que falta de vacinas é ‘absoluta incompetência’ do governo Bolsonaro

Discurso da pneumologista Margareth Dalcolmo está sendo divulgado nas redes sociais e em grupos de WhatsApp; veja vídeo.

A pneumologista e pesquisadora da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Margareth Dalcolmo, uma das profissionais de saúde mais atuantes durante a pandemia, ​criticou a atuação do governo federal na aquisição das vacinas contra a Covid-19, classificando o atraso no envio das vacinas como “absoluta incompetência diplomática do Brasil”.

“É absolutamente inaceitável que, nesse momento, a gente tenha acabado de receber a notícia de que as vacinas não virão da China e da Índia (…) O que é que pode justificar nesse momento que o Brasil não tenha as vacinas disponíveis para a sua população? Isso é absolutamente injustificado, não há nada, nenhuma explicação, que pode justificar isso”, afirmou Margareth, bastante emocionada, durante seu discurso no Prêmio São Sebastião, homenagem oferecida pela Arquidiocese do Rio de Janeiro, em evento realizado na terça (19).

Um vídeo com o discurso da pesquisadora está sendo divulgado nas redes sociais e em grupos de WhatsApp (veja abaixo).

“Eu lhes digo não há nada neste momento que justifique, a não ser a desídia absoluta, a incompetência diplomática do Brasil que não permita que cada um dos senhores aqui presentes, as suas famílias e aqueles que vocês amam estejam amanhã ou nos próximos meses, de acordo com o cronograma elaborado, recebendo a única solução que há para uma doença como a Covid-19”, segue Margareth.

“Nós que acompanhamos pacientes desde o primeiro momento, quantas coisas nós vivemos, quantos testamentos vimos ser trocados, quantos casamentos ajudamos a ser feitos, quantas pessoas ajudamos a morrer, quantas notícias tristes nós demos as famílias”, continua Margareth em seu discurso.

“Quando aquela porta se fecha e nunca mais aquela pessoa verá ninguém, a não ser os nossos olhos atrás de óculos e máscaras. Essa vivência nos tornou não mais poderosos, não mais sábios. Nos tornou mais humildes, mais atentos com o outro”, disse.

O atraso na operação de envio de um avião para recolher vacinas na Índia e o risco de adiamento da produção de imunizantes no Brasil diante de travas impostas pela China para a exportação de insumos desencadearam um bombardeio de críticas ao chanceler Ernesto Araújo, que tem sido apontado por auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como corresponsável por episódios considerados vexames diplomáticos para o Brasil.​

Com a repercussão de seu discurso, a pesquisadora divulgou, na tarde de quarta (20), vídeo para explicar que “as vacinas chegarão”. “Numa cerimônia privada, no qual recebi uma bela homenagem da Arquidiocese do Rio de Janeiro, me manifestei com veemência sobre a questão das vacinas. E talvez tenha passado uma impressão negativa, que não é fato, de que as vacinas não fossem chegar, como se fosse uma definição absoluta sobre isso. E na verdade as vacinas chegarão, com um atraso que gera em nós uma enorme expectativa. E é com essa expectativa que nós todos continuamos comprometidos pessoal e institucionalmente para fazer materializar essa ânsia de toda a população brasileira”, afirmou.

Assista:

*Mônica Bergamo/Folha

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Saúde

Margareth Dalcolmo: ‘Ser vacinado não nos isenta de andar de máscara pelos próximos dois anos’

Para a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, país perdeu o ‘timing’ na organização da vacinação contra a Covid-19.

Uma das profissionais de saúde mais atuantes durante a pandemia, Margareth Dalcolmo, pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, é categórica ao afirmar que o país está atrasado na organização da vacinação, o que vai estender o prazo para imunização da população brasileira.

Em entrevista à Folha, ela critica o obscurantismo do discurso oficial a respeito da gravidade da pandemia, destaca o trabalho dos pesquisadores e diz que é obrigação de toda a comunidade acadêmica vir a público para esclarecer as dúvidas da população, inclusive em relação às vacinas.

A pesquisadora ainda alerta que os cuidados como uso de máscara de proteção, distanciamento social e evitar locais fechados deverão permanecer pelos próximos dois anos, mesmo após a chegada da vacina.

“São medidas civilizatórias.”

Muitos pesquisadores afirmam que o Brasil está atrasado no plano de vacinação. Qual impacto que a demora nessa organização da imunização terá sobre o controle da pandemia?

Nós temos um atraso no “timing” das providências. Há oito meses, assim que a epidemia eclodiu, as vacinas começaram a ser produzidas. Isso é uma coisa inédita. Nunca se produziu tanto em tão pouco tempo. Foram usadas plataformas de vacinas completamente novas.

O Brasil fez uma coisa muito boa, que foi investir em um processo de transferência de tecnologia e de nacionalização da vacina junto à AstraZeneca através da Fiocruz, que é, sem dúvida, louvável.

Por outro lado, deixamos de prestar atenção nas outras vacinas que estavam em produção no mundo. E, hoje, há vacinas que já estão sendo aprovadas e nós não temos cronograma nem acordos de cooperação para sua compra.

Então, hoje, quando nós vemos o nosso ministro adiantar que vai ter uma compra de 70 milhões de doses junto à Pfizer, é estranho. Porque, até onde sabemos, o que temos assegurado são 8,5 milhões de doses.

Por outro lado, há a vacina da Sinovac, junto ao Instituto Butantan. As vacinas não podem ser para um estado só. Elas têm de ser incorporadas ao PNI [Programa Nacional de Imunização].

Estamos vivendo um momento de grande paradoxo. Se por um lado o Brasil tem grande tradição, reconhecida internacionalmente, de saber vacinar, pois o PNI é muito estruturado e organizado, por outro temos a preocupação com a logística e a aquisição de insumos.

Haverá várias vacinas, e a logística é diferente para cada uma delas.

Já a questão dos insumos é preocupante. Não porque não consigamos comprar 300 mil seringas e agulhas —se a produção brasileira não der conta, há condições de adquirir no mercado externo, mas o mundo inteiro está atrás da mesma coisa, o que deve aumentar os custos.

Isso poderia ter sido tratado antes.

E há uma desigualdade evidente em relação às vacinas. O Canadá, por exemplo, já está com cinco doses de vacina para cada habitante, por exemplo. Eles vão doar as doses excedentes para o consórcio Covax Facility, que deve destina-las aos países mais pobres — o que, certamente, não é o caso do Brasil.

​A sra. previu o janeiro mais triste da história. O que ainda é possível fazer para evitar um desastre?

Estamos num momento epidemiológico muito grave, esse recrudescimento que houve do mês de outubro para cá vai resultar realmente em uma segunda onda no Brasil. Vamos ter um fim e um começo de ano muito tristes no país, com uma segunda onda estabelecida.

A doença se rejuvenesceu. Temos visto muito mais jovens ficarem doentes.

Os jovens se acham invulneráveis, se aglomeram, estão trazendo a doença para dentro de casa. Entendo que esteja todo mundo muito cansado. Mas é uma epidemia longa, grave, desigual, que desnudou a desigualdade social obscena do Brasil.

Quando você vê a fila de pessoas esperando um leito para serem operadas, escândalos havidos em hospitais de campanha, corrupção em compras emergenciais, a gente se constrange muito.

E temo que se não resolvermos essa questão de insumos de uma maneira harmônica, mesmo sendo de responsabilidade dos municípios, isso vai dar margem a outro tipo de irregularidade, para não dar outro nome.

Se somarmos o que tem previsto de compra de insumo federal, estadual e municipal, ultrapassa os 300 milhões ao que o ministro está se referindo. Para quê? Nós somos 200 milhões de habitantes. Não vamos conseguir vacinar todo mundo. Não há vacina para todo mundo.

Aliás, não haverá vacina para todo mundo em todo lugar do mundo, porque se nós somarmos tudo o que vai ser produzido, vamos ter aproximadamente 2,7 bilhões de doses em 2021. Nós somos quase 8 bilhões de habitantes no planeta. A disputa por doses também é muito desigual.

Sabemos que os países ricos vêm na frente e compram.

Se o país tivesse se antecipado nesses processos, seria possível ampliar a quantidade de vacinados em 2021?

Acho que sim, pelo menos em questão de prazos.

O que está previsto no cronograma do Ministério da Saúde é um período contínuo de 16 meses. Isso é muito tempo, porque precisaríamos ter uma taxa de população vacinada no ano de 2021 perto de 60%, para alcançarmos a célebre imunidade de rebanho, de que todo mundo fala, mas que é um termo que só se aplica à vacinação.

Se nós tivéssemos nos adiantado na aquisição de doses e insumos, e tivéssemos investido pesadamente na logística da vacinação, poderíamos alcançar isso. Entendo que o Brasil é complexo, mas temos tradição e expertise em vacinação. O Brasil sabe vacinar.

Pesquisa Datafolha de dezembro mostra que 22% dos brasileiros não pretendem se vacinar contra a Covid-19, e esse índice chega a 50% se a vacina for chinesa. A que a sra. atribui esse descrédito da vacina?

A duas coisas. Primeiro, a um discurso muito equivocado por parte de algumas autoridades. Um discurso que é um desserviço ao Brasil e à opinião pública, que desacredita as vacinas.

Segundo, à ignorância. Ignorância no sentido de não saber. E é aí que entra o nosso papel de médicos, cientistas e pesquisadores de alertar e informar a população. As pessoas têm de entender que tudo vem da China. Não é que a vacina da Coronavac é chinesa. A vacina da AstraZeneca, cuja fábrica foi visitada recentemente pela Anvisa, fica na China. O insumo farmacêutico ativo, chamado de IFA, que nós vamos receber agora para produzir a vacina, vem da China.

A China é o maior produtor do mundo de matéria-prima da indústria farmacêutica e da indústria de biotecnologia. Por isso é uma questão de alertar a população. Vejo pessoas que ingenuamente dizem que só querem tomar a vacina inglesa. A vacina inglesa também vem da China.

Esse preconceito não é arraigado. É um preconceito ingênuo alimentado por um discurso oficial obscurantista.

 

*Com informações da Folha

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Saúde

Enquanto diversos países seguem vacinando seu povo, Brasil não deverá vacinar antes de fevereiro

É o que afirma a pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo.

E Bolsonaro tem a coragem de dizer, “não estou nem aí pra isso”.

Embora vários países no mundo já estejam vacinando contra a Covid-19, o Brasil não deve fazer parte dessa lista tão cedo. A avaliação é da Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em entrevista à CNN nesta sexta-feira (25).

Para Margareth, o Brasil não fez negociações no timing adequado, quando outros países já estavam tendo conversas com os fabricantes das vacinas.

“A Anvisa só pode registrar um produto que tenha registro em seu país de origem e nenhuma das duas avançadas no Brasil, que são a da Sinovac e da AstraZeneca, têm”, afirma. “Então, elas não poderiam ser utilizadas para vacinar a população brasileira, explica.

Segundo ela, há seis meses, que foi a época em que os estudos de fase 3 começaram, era necessário uma coordenação mais harmônica e centralizada do governo federal, mas com a anuência e parceria da comunidade acadêmica.

“Isso não aconteceu realisticamente, a impressão que nós temos é que antes de fevereiro ninguém deve ser vacinado no Brasil”, prevê.

Com isso, o contágio no Brasil pode levar mais tempo para ser freado, analisa a pesquisadora

 

*Com informações da CNN

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Foto flagra momento em que o clã Bolsonaro grava vídeo anunciando o aumento da produção do cloroquina

Esta imagem diz tudo sobre o governo Bolsonaro. Um improviso imprudente dele e de seus filhos tão dementes quanto o pai.

É nas mãos desses quatro idiotas que o destino do Brasil se encontra.

Uma pandemia está matando milhares de pessoas no mundo todo e esses psicopatas fazendo a coisa na base da orelhada, um vídeo institucional com esse nível de bagunça.

Bolsonaro anuncia o aumento da produção do medicamento cloroquina que deverá ser usado no combate ao coronavírus, porém, o produto ainda está em fase de testes.

Outras entidades brasileiras não recomendam o uso da cloroquina enquanto os estudos em andamento não forem concluídos.

Mas Bolsonaro e seus filhos retardados resolveram fazer um videozinho escolar, no jardim de casa, para os coleguinhas da escola, anunciando o aumento da produção de um medicamento com resultados ainda inconclusivos.

O produto ainda está em fase de testes e cientistas alertam para os efeitos colaterais provocados.

Além disso, depois da disseminação de informações inconclusivas, a compra do produto nas farmácias aumentou.

A pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, alerta que a medicação não pode ser utilizada como prevenção da Covid-19 e orienta a quem fez a aquisição para que devolva o medicamento à farmácia.

Agora a noite Bolsonaro voltou ao Twitter para dizer que não fará demagogia.

“Também é meu dever impedir que o pânico tome conta do país, o que complicaria ainda mais a situação. É com este objetivo, de mostrar que superaremos este obstáculo, que tenho tratado a questão com coragem e tranquilidade. De forma alguma usarei do momento para fazer demagogia”

Uma pergunta inevitável: quem vai interditar esse animal e sua ninhada?

 

*Da redação