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Covid-19

Miguel Nicolelis: A gravíssima COVID-19 Ômicron BQ.1

Apesar do momento não ser o ideal, gostaria de alertar a todos os amigos aqui que é quase certo que estamos entrando numa nova onda da pandemia de COVID-19 que, ao contrário do que muitos acreditam, está longe de acabar.

A nova variante da Ômicron, Chamada BQ.1, que causou sérios problemas na Europa, Ásia e EUA, chegou ao Brasil e está se espalhando rapidamente.

Prova disso é que o fator de replicação já está superior a 1!

É preciso reinstituir o uso de máscaras e evitar aglomerações novamente porque, além de tudo, esta nova variante escapa muito mais da cobertura das vacinas disponíveis no Brasil.

É preciso evitar o crescimento dos casos, porque esta variante também pode levar à COVID crônica.

Se alguém ainda duvida do dano que a COVID19 crônica causa, olhem para o colapso do sistema de saúde do Reino Unido como um exemplo do que pode acontecer com o SUS em 2023.

Apesar de saber que poucas pessoas querem ouvir este alerta, estou tentando disseminá-lo o mais amplamente possível, mesmo porque é urgente que o Brasil adquira a nova geração de vacinas, que protege melhor contra a Ômicron e suas variantes.

Também é urgente vacinar as crianças brasileiras, que permanecem totalmente expostas ao coronavírus!

Se alguém puder transmitir estas mensagens a quem for responsável pelo planejamento do combate a pandemia no novo governo – se é que alguém pensou nisso – eu agradeceria profundamente, porque a situação pode se agravar rapidamente nos próximos 30-60 dias.

Infelizmente é esta a situação atual.

E a grande mídia já começou a tucanar a BQ.1, dizendo que ela causa casos leves.

Na realidade, em quem não tem proteção vacinal, ela mata igual.

Enquanto isso, o pedido feito pela Fiocruz para a compra de insumos e fabricação das vacinas de segunda geração, eficazes no combate a BQ.1, encontra-se, desde setembro, parado esperando autorização da Anvisa, que se mantém até hoje em um silêncio inexplicável.

Infelizmente esse tipo de postagem, que deveria ter milhares de compartilhamentos, curtidas e comentários, passa praticamente despercebida.

Mostrando que as omissões e negligências dos nossos governos são o reflexo também do caráter omisso e indiferente do povo.

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Saúde

Nicolelis: ‘Vamos passar os EUA em mortes por Covid apesar de termos população menor’

Em uma entrevista ao GLOBO em março deste ano, o médico, neurocientista e professor catedrático da Universidade Duke (EUA) Miguel Nicolelis previu que Brasil chegaria ao marco de 500 mil mortos pela Covid-19 em julho. Este número deve ser alcançado neste fim de semana, antes do previsto pelo cientista. Na avaliação de Nicolelis, o país já vive a terceira onda da pandemia do coronavírus que, por ocorrer no inverno, tem grandes chances de ser tão letal quanto a segunda.

O professor alerta ainda que o Brasil tem grandes chances de ultrapassar os EUA em mortos pela Covid-19 e acusa o governo federal de não ter se esforçado para evitar a tragédia causada pela pandemia.

Em uma entrevista ao Globo em março, o senhor fez uma previsão de que o Brasil chegaria a 500 mil mortes em julho. Devemos alcançar essa marca nos próximos dias, antes do prazo estimado pelo senhor. O que aconteceu com o país?

No dia 15 de junho do ano passado, nós tínhamos cerca de 50 mil mortos, e, nos próximos dias, vamos atingir 500 mil. Então, em 12 meses, tivemos um aumento de dez vezes nas mortes, algo explosivo. Isso basicamente mostra que o Brasil não olhou essa pandemia com a seriedade e a gravidade que ela deveria ter sido encarada. A segunda onda produziu a maior mortalidade da História do Brasil para os meses de março e abril. São os dois meses mais letais da nossa História. Tudo isso porque não fizemos o que países que entenderam um pouco melhor a dinâmica desse vírus fizeram. Quando houve uma queda de casos e óbitos nós achamos que era o fim da pandemia, que não era preciso manter tudo aquilo que tínhamos feito (as restrições iniciais).

O Brasil estava com 252 mil mortes em 22 de fevereiro deste ano. Nós dobramos em quatro meses. É algo assustador. E até agora nós não aprendemos as lições. O governo federal conseguiu não fazer nada eficientemente, não tomou as decisões corretas, não criou um comando central, uma mensagem nacional, não fez um lockdown nacional, não fez um bloqueio das estradas nem fechou o espaço aéreo e ainda não conseguiu vacinar nos níveis necessários.

Estamos em um cenário de uma pandemia novamente fora de controle, ocorrendo no meio de um colapso hospitalar que não foi corrigido, nós nunca saímos desse colapso hospitalar de março e abril, fomos empurrando com a barriga. E nós temos múltiplas variantes novas entrando no país, uma vez que nem as fronteiras nem o espaço aéreo foram controlados. E, no meio de tudo isso, o Brasil joga futebol. A Copa América já tem mais de 50 pessoas infectadas, só as diretamente envolvidas. Não temos a menor ideia de pessoas que trabalham em hotéis e outros serviços, que têm contato com essas delegações. É uma marca terrível sem uma luz no fim do túnel.

Qual o risco de enfrentarmos essa nova onda em pleno inverno?

A terceira onda já se iniciou e vai ocorrer novamente no inverno. Ela tem um potencial letal extraordinário, tanto que já voltamos à média de 2 mil mortes por dia. Já somos, de novo, o país com mais mortes por dia, com aproximadamente 25% das mortes (por Covid) do mundo. A pandemia do coronavírus expôs toda a nossa falta de preparo político para lidar com as catástrofes do século XXI, como questões ambientais e de saúde. Os interesses políticos e econômicos parecem ser superiores ao interesse na vida humana.

Vínhamos no último mês com uma queda na média móvel de mortes, ficando mais de um mês abaixo de 2 mil. Mas ontem voltamos ao patamar de 2 mil mortes diárias em média. O que pode explicar essa oscilação?

Essa pequena queda é esperada pela própria dinâmica do vírus e porque algumas pequenas medidas paliativas e o pequeno grau que foi atingido contribuíram para essa pequena queda, que foi mínima. Ficamos em um platô altíssimo. Por algumas semanas a Índia passou o Brasil — é difícil comparar, porque os dados da Índia são subnotificados. Mas em dados oficiais o Brasil reassumiu essa posição terrível de maior número de mortes. Em março chegamos a mais de 4 mil mortes. A expectativa é que, com o inverno, com o relaxamento do isolamento, o não crescimento adequado da aplicação da segunda dose da vacina, a gente possa voltar aos níveis que tivemos em março nas próximas semanas, ou então chegar bem perto disso. É como se o Brasil tivesse desistido de combater a pandemia neste momento.

Temos exemplos como o Chile — que vacinou mais de 60% de sua população — mas que achou que só a vacinação funcionaria. Então reabriram o país e depois tiveram que fechar. Um dos poucos bons exemplos da segunda onda que foi Araraquara, vai ter que fechar de novo, porque a taxa de ocupação das UTIs voltou a explodir e o número de óbitos voltou a aumentar. Chamo isso de estratégia sanfona: vocês espera cruzar de 80 a 90% de ocupação dos leitos de UTI — que não deveria ser assim, porque isso não é um critério epidemiológico — para começar a fazer medidas paliativas, fechar algumas coisas e interromper alguns fluxos. Por isso, você tem uma queda temporária, e depois de algumas semanas você experimenta outras subidas. E as taxas de ocupação nunca caem sensivelmente. Estamos com equipes de saúde totalmente esgotadas e sem insumos médicos suficientes. E essa terceira onda, se vier na magnitude da segunda, vai pegar o país numa situação muito pior, do ponto de vista hospitalar.

Por que o sistema de saúde estaria em uma situação pior?

Insumos e equipes médicas depauperadas, não temos mais como criar leitos porque já estamos no limite, e com um sistema hospitalar que colapsou, com várias capitais com ocupação de UTI acima de 90%. Só precisamos olhar o que aconteceu na Índia para ver o que podemos experimentar sem um sistema hospitalar funcionando.

O quanto essas novas variantes são preocupantes para o Brasil?

Vimos no Reino Unido que a variante indiana representa 90% dos casos lá e ela afetou crianças. Estamos vendo nos EUA, na Índia, em países do sudeste asiático e agora no Brasil o número muito maior de jovens e crianças sendo afetadas. Por exemplo, no Mato Grosso do Sul, não são só as UTIs adultas que estão cheias, as UTIs pediátricas também estão. Ainda lá em março eu vi as UTIs neonatais e as obstétricas lotadas. Isso mostra que estamos tendo um número muito grande de gestantes infectadas, o que já é recorde. A faixa etária indicada está sendo modificada e, com a variante indiana, esse risco ainda é maior.

Não era o momento da vacinação no Brasil estar surtindo mais efeito?

Olhando a curva de vacinação atual mostra que o ritmo de aplicação da primeira dose está crescendo muito mais rápido do que a curva da segunda dose, que está achatada. Ela mal cresce no dia a dia. Temos apenas 11% da população vacinada com as duas doses, e isso é muito pouco. Já vimos que a eficácia da vacina é comprovada quando a média de vacinação completa é alta, mas a nossa ainda está muito baixa. E a imunização com uma dose só também é muito baixa. Então, para garantir a eficácia real, é preciso ter as duas doses.

Esse é o momento do Brasil implementar um isolamento mais severo?

Sem dúvida. Nós nunca fizemos isso. Quando você começa a subir muito os casos e os óbitos, nos níveis que eles já estão, o mundo inteiro recomenda que o Brasil faça isso. Em janeiro eu alertei que se não fizéssemos um lockdown nacional, nós teríamos dificuldade de enterrar nossos mortos. E olha o que aconteceu, fomos de 250 mil para 500 mil em quatro meses. Essa métrica é algo que não dá para ser ignorada. E vamos passar os EUA e ser o país com o maior número de mortes por Covid no mundo, apesar de termos uma população menor. Só que lá, a campanha de vacinação em massa que está sendo feita desde janeiro deu resultado, eles já conseguiram alcançar cerca de 44% da população com as duas doses, e tiveram uma queda abrupta de 4 mil mortes por dia para 350, reduziram dez vezes, e reduziram mais de vinte vezes o número de casos por dia.

O que o Brasil precisa fazer para combatermos o coronavírus?

Aumentar a nossa vacinação, passando a vacinar de dois a três milhões de pessoas por dia, reduzir o fluxo de pessoas pelas rodovias, fechar o espaço aéreo para voos internacionais, principalmente de países onde novas variantes estão ocorrendo. E temos que achar uma solução política para remover um governo que se negou a fazer tudo o que era preciso ser feito. A sociedade brasileira está vivendo totalmente desprotegida, a “Deus dará”. Dezesseis meses de pandemia, 500 mil mortos, e ainda não temos um comando central criando diretrizes nacionais de como combater a pandemia. É inacreditável. Daqui a 50 anos, quando a pandemia for contada na História do Brasil, ninguém vai acreditar.

*Evelin Azevedo/O Globo

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Política

Miguel Nicolelis: Copa América pode ser gota d’água para 3ª onda estourar no Brasil

A realização da Copa América no Brasil pode ser a “gota d’água” para a terceira onda de casos e mortes por covid-19 estourar no país.

A avaliação é do médico Miguel Nicolelis, professor de Neurociência da Universidade de Duke, nos Estados Unidos.

Nicolelis coordenou por dez meses o comitê científico de combate ao vírus do consórcio de governos do Nordeste, mas, desde fevereiro, atua de forma independente.

Ele defende em entrevista à BBC News Brasil que alguma medida legal seja tomada para impedir a realização da competição aqui e, caso ela venha ocorrer mesmo assim, que a população boicote o evento.

‘Viramos o escoadouro do lixo do planeta’

Nicolelis diz que, ao saber no domingo (30/05) que a Argentina não seria mais a sede do torneio de futebol por causa da piora da pandemia no país, chegou a comentar para amigos que “o Brasil seria a bola da vez”.

“Eu estava brincando… mal sabia eu”, afirma Nicolelis.

Na manhã de segunda-feira, a Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol) anunciou a transferência da Copa América para o Brasil.

“Isso é um chute na boca dos brasileiros que perderam familiares, de todos nós que estamos há 14 meses em quarentena em casa. Mas era previsível.”, diz Nicolelis.

“Nós viramos o escoadouro do lixo do planeta. Tudo que não deve ser feito em questão de pandemia está sendo feito aqui. Essa notícia já correu o mundo, e ninguém consegue acreditar que o segundo país em número de mortes vai sediar um evento continental.”

‘Governo quer esconder a pandemia’

Originalmente, a Copa América teria duas sedes – Argentina e Colômbia. Mas a Conmebol anunciou em 20 de maio que não haveria mais jogos na Colômbia por causa da série de protestos contra o governo do país, que têm sido violentamente reprimidos.

A segunda sede, a Argentina, enfrenta “o pior momento da pandemia”, segundo palavras do próprio presidente Alberto Fernández. Pesquisas apontavam que a maioria da população era contra a realização da Copa América.

A Conmebol disse que, após ser tomada a decisão de que o país não sediaria mais o torneio, procurou o governo brasileiro por meio do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “imediatamente apoiou a iniciativa, com a aprovação dos Ministérios da Casa Civil, da Saúde, das Relações Exteriores e da Secretaria Nacional do Esporte”, disse a Conmebol.

“E o Brasil aceitou o pepino instantaneamente. Para responder à Pfizer, precisa de vários emails. Para responder à Conmebol, basta um telefonema”, ironiza Nicolelis, fazendo referência à postura do governo Bolsonaro diante das várias ofertas de vacinas contra a covid-19 feitas pela farmacêutica.

“É uma tentativa de esconder a pandemia, de mostrar que está tudo normal o suficiente para fazer um evento como esse”, avalia o neurocientista.

‘A situação do Brasil é desesperadora’

No comunicado, o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, justificou-se dizendo que o Brasil “vive um momento de estabilidade” na pandemia.

É uma avaliação oposta da que é feita por Nicolelis. O pesquisador afirma que o país já entrou na terceira onda de casos e mortes e que a gravidade desta nova fase vai depender da forma como o país vai agir.

“A situação brasileira é desesperadora. Temos só 10% da população vacinada, os casos estão crescendo de novo, a ocupação das UTIs aumenta há dez dias, a taxa de transmissão voltou a ficar acima de um”, diz o pesquisador.

“Já estamos na subida da terceira onda, e um evento como esse pode ser a gota d’água que fará ela estourar.”

Nicolelis diz que as mesmas críticas podem ser feitas às manifestações de sábado (29/5) contra o governo federal.

“Precisa ter coerência. Não é momento para isso”, afirma ele.

Ele também critica a manutenção das Olimpíadas de Tóquio, apesar dos protestos de cidadãos, médicos e cientistas.

“O esporte, que deveria promover a saúde, se transformou em um negócio sem o mínimo respeito pela vida humana. Os gregos devem estar se revirando no túmulo com o monstro que eles criaram”, diz Nicolelis.

‘Futebol não aglomera só no estádio’

O pesquisador avalia que o regime de bolha em torno da competição, que começaria em 13 de junho, com medidas de isolamento e testagem dos envolvidos para evitar o contágio, não vai surtir efeito.

Ele dá como exemplo a disputa com precauções semelhantes da fase final da Superliga, o principal campeonato de vôlei do país.

“O técnico da seleção masculina pegou covid e quase morreu. Não funcionou. E não dá tempo de organizar uma bolha pra Copa América. Como vai fazer isso em menos de duas semanas?”, questiona o cientista.

Da mesma forma, ele não acredita que o fato de as partidas não terem público nos estádios será suficiente

“Futebol não aglomera só dentro do estádio. Aglomeraram do lado de fora do estádio, nos bares, em festas, nas casas dos torcedores, em vários lugares.”

‘Temos que boicotar a Copa América’

Por isso, Miguel Nicolelis defende que seja acionado o Supremo Tribunal Federal para impedir a realização da competição por causa do risco sanitário que ela gera.

Tanto para o Brasil, diz o pesquisador, com a vinda e circulação no país de várias delegações estrangeiras, quanto para o resto do mundo, diante da possibilidade de levar variantes do novo coronavírus que circulam por aqui para outros países e continentes.

Mesmo sendo um fã de futebol, o cientista diz que está cada vez mais decepcionado com a forma como o negócio por trás do esporte é gerido nesta crise.

“Parece que o futebol está acima de tudo. Eu e milhões de torcedores temos perdido a conexão emocional com o futebol por causa disso”, diz.

“Temos que boicotar a Copa América. A população tinha que pressionar o STF e o Congresso para impedir essa competição. E olha que eu sempre parei o que estava fazendo, onde estivesse no mundo, para ver a seleção. Acabou. Não vou assistir nada.”

*BBC Brasil

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Política

Urgente: Brasil ultrapassa a trágica marca de 4 mil mortes em 24 horas

“Quando vamos nos dar conta do tamanho desta hecatombe?”, questionou o respeitado cientista Miguel Nicolelis ao repercutir o novo recorde macabro da pandemia no Brasil.

O Brasil registrou nesta terça-feira (6) um novo recorde relacionado à pandemia do coronavírus. Segundo balanço do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), 4.195 pessoas morreram em decorrência da Covid-19 nas últimas 24 horas. Trata-se da primeira vez que o número de óbitos supera a marca de 4 mil de um dia para o outro.

Desde o início da pandemia, já foram contabilizados 336.947 óbitos causados pela doença.

O número de infectados pelo vírus também segue crescendo de maneira descontrolada. Foram, segundo o Conass, 86.979 casos confirmados de Covid-19 nas últimas 24h, o que faz o acumulado desde o início da crise sanitária saltar para 13.100.580.

Pelas redes sociais, o respeitado cientista Miguel Nicolelis, que desde o início do ano vem pregando um lockdown nacional para cessar a escalada de mortes, reagiu aos novos números. “Segundo CONASS atingimos 4195 mortos por COVID19 nas últimas 24 horas no Brasil! Quando vamos nos dar conta do tamanho desta hecatombe?”, questionou.

*Com informações da Forum

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Política

O louco não vai parar se não for parado à força

No Brasil, 5.470 pessoas morreram de covid nos últimos três dias e Bolsonaro segue com a campanha de proliferação do coronavírus.

Bolsonaro não parou um minuto sequer de estimular uma convulsão bélica na sua guerra biológica e associação à covid.

Só que o grave problema brasileiro já atravessou as fronteiras e o mundo já entendeu que, muito mais que um negacionista, Bolsonaro é um militante alucinado que trabalha pela contaminação em massa no Brasil e, consequentemente, no mundo, já que as variantes criadas aqui já partiram para diversos países.

Mais que isso, Bolsonaro patrocina programas na Jovem Pan, Record e outros de meios de comunicação para espalhar mentiras ou fake news, como queiram chamar. Ou seja, usa o dinheiro da população para promover uma guerra biológica contra o próprio povo.

E o que não falta são mercenários na mídia contratada por ele para cumprir esse papel criminoso sem sequer ser incomodada pela justiça.

Nos últimos três dias, os registros dão conta da morte de 5.470 pessoas por covid. O próprio ministério da Saúde, ou pelo menos o que resta dele, já que se encontra em total desmonte, já admite que o Brasil passará de 3 mil mortes diárias ainda em março.

Cientistas como Miguel Nicolelis e Natalia Pasternak dizem que, se não tiver lockdown e vacinação em massa, a tragédia tomará dimensões incalculáveis.

Por outro lado, Bolsonaro dobra a aposta na carnificina pagando a peso de ouro gente da grande mídia para convocar brasileiros a protestarem contra qualquer medida de restrição, no mesmo momento em que cria factoides sobre compra de vacinas sem comprovar nada do que diz.

Na verdade, parece que Bolsonaro se nutre de energia com cada feição de pavor e de tristeza que a covid está provocando no Brasil, porque ele é um louco, um alucinado que a vida inteira se nutriu de sangue alheio. Ele não vai parar se não for parado à força.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Saúde

Miguel Nicolelis: Brasil vai se transformar no maior reservatório biológico do coronavírus no mundo

Segundo Miguel Nicolelis, um dos mais renomados neurocientistas, a falha do governo Bolsonaro em conter a pandemia da Covid-19 transforma o Brasil em um “laboratório a céu aberto” para o coronavírus se proliferar e eventualmente mutar em novas variantes, ameaçando a volta à normalidade ao redor do mundo.

“O Brasil é um laboratório a céu aberto para o vírus se proliferar e eventualmente criar mutações mais letais”, disse, em entrevista ao jornal britânico The Guardian. “Isso é sobre o mundo. É global”, acrescentou.

Segundo o especialista, a situação brasileira irá chocar o mundo, que se prepara para voltar à normalidade: “Minha previsão é que se o mundo ficou chocado com o que aconteceu em Bérgamo, na Itália, e com o que aconteceu em Manaus há algumas semanas, ficará ainda mais chocado com o resto do Brasil se nada for feito”.

Nicolelis instou a comunidade internacional a tomar medidas efetivas contra o governo Bolsonaro, descrito por ele como um “líder tão obtuso, tão atrasado”: “O mundo deve se manifestar com veemência sobre os riscos que o Brasil representa para o combate à pandemia”, completou.

*Com informações do 247

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Saúde

Miguel Nicolelis: ‘Há grande chance de um colapso nacional. A população precisa acordar para a dimensão da nossa tragédia’

Efeitos ‘sincronizadores’, como o carnaval, fizeram com que a alta de contágio abalasse todas as regiões, num efeito dominó, diz especialista.

Desde dezembro, o médico, neurocientista e professor catedrático da Universidade de Duke (EUA) Miguel Nicolelis vê o colapso se aproximar no horizonte da pandemia. Alertou autoridades e orientou as medidas a serem tomadas, em especial um necessário lockdown. Na semana passada, deixou a coordenação do Comitê Científico do Consórcio Nordeste para a Covid-19.

O agravamento da pandemia da Covid-19 vem levando os sistemas hospitalares de diversos estados ao colapso, de Norte a Sul do país.

No dia em que o país registrou o pior número de mortos em 24 horas de toda a pandemia (foram 1.582 óbitos registrados em apenas um dia, com recorde também na média móvel de mortes, que ficou em 1.150), Nicolelis conversou com O GLOBO e defendeu a necessidade de um lockdown nacional por 21 dias.

Só isso, diz, pode evitar o colapso simultâneo da saúde (e depois funerário) em praticamente todo o país: “A população precisa acordar para a dimensão da nossa tragédia”.

O senhor deixou o Comitê Científico do Nordeste. A principal razão apontada pela imprensa foi a relutância dos governos em adotar o lockdown. É isso?

Saí porque fiz o que tinha que fazer, criei estrutura, implementei procedimentos, elaboramos todas as recomendações possíveis da ciência, e agora está tudo lá na mesa dos gestores. Avisamos em 18 de dezembro que a situação ia ficar crítica. Tudo o que foi pedido foi realizado, e o resultado foi melhor do que eu esperava, mas a gente quando é cientista sabe que chega a hora que fez o que podia fazer. Minha missão foi cumprida, deixei minha vida de lado para achar as melhores formas de combater a pandemia no Brasil.

O senhor disse que São Paulo é a próxima peça no dominó a cair. Como avalia as situações dos estados brasileiros?

Santa Catarina anunciou que colapsou, o Rio Grande do Sul está dramático, o triângulo mineiro colapsou. Belo Horizonte teve dois lockdowns que provocaram queda importante nas internações e mortes, mas o sul do estado, não. Sabe aquele jogo de dominó em quem uma peça cai depois da outra? Foi a metáfora que usei.

Existem preocupações na região Norte, Rondônia já foi, Mato Grosso, o próprio Distrito Federal, São Paulo tem menos de três semanas de reservas de leitos de UTI — o que, para a cidade que é a capital de medicina brasileira, é assustador. Ultrapassamos o recorde de internações. No Estado do Rio, a letalidade é recorde no Brasil. O Nordeste ficou com o menor índice de óbitos por 100 mil nos primeiros 11 meses, mesmo assim o crescimento ainda é o menor, numa região com menos médicos do que a média nacional, menos infraestrutura. Esperava-se que o colapso ficasse restrito à região Norte. É surpreendente que o Sudeste tenha se saído tão mal.

Ou seja, o colapso está ocorrendo de Norte a Sul. Como chegamos a essa situação?

Diferentemente da primeira onda, quando foi cada estado num tempo, surgiram efeitos sincronizadores como eleição, festas de fim de ano, carnaval. Agora, tudo está explodindo ao mesmo tempo. Isso significa que não não tem medicação, não tem como intubar, não vai dar para transferir de uma cidade para outra, não vai ter como transferir para lugar nenhum. A consequência do colapso de saúde é o colapso funerário. Cientistas não olham só o presente, mas olham o futuro, enquanto o político está pensando no hoje, em como resistir à pressão do setor X para não fechar, a despeito das mortes.

Como vê esse futuro?

Eu estou vendo a grande chance de um colapso nacional. Não é que todo canto vá colapsar, mas boa parte das capitais pode colapsar ao mesmo tempo, nunca estivemos perto disso. Se eliminar o genocídio indígena e a escravidão, é a maior tragédia do Brasil. A ausência de comando do governo federal é danosa. Isso é uma guerra. Em outros países essa é a mensagem que foi dada, veja a China. É curioso ver que no mundo ocidental exista dificuldade de transmitir essa mensagem da gravidade. Em Israel, metade da população foi vacinada no meio de um lockdown, e Israel é um país que entende o que é uma guerra. Adotaram discurso de salvação nacional, a mobilização foi total.

Além da falta de gestão, a população também deixou de se mobilizar?

Eu tenho me perguntado muito: qual é o valor da vida no Brasil? Que valor os políticos dão para a vida do cidadão se não fecham as atividades num lugar com 100% de ocupação dos leitos? Ter que preservar a economia é não só uma falsidade econômica como demonstra completa falta de empatia com a vida das pessoas. O que mais me assusta é o pouco valor à vida. Os políticos são o primeiro componente, mas a sociedade também. Porque, quando alguém vai a uma festa clandestina de fim de ano, de carnaval, se aglomera numa balada ou à beira do campo de futebol, não compromete só sua saúde, mas a vida dos seus familiares, seus vizinhos e das pessoas que nem conhece. Nossa sociedade em algum momento perdeu a conexão com o quão irreparável é a vida.

O pessoal fala que daqui a um ano vai estar tudo certo, em 2022 vai ter carnaval. Do jeito que a carruagem está andando, a perda de vidas pode chegar ao dobro daqui a um ano. E tudo isso num país que tem um sistema de saúde conhecido no mundo, capilarizado, que tem tradição de campanhas de vacinação. Ninguém esperava que o Brasil fosse ter uma performance tão baixa. Poderíamos estar vacinando 10 milhões, mais do que qualquer país. É como uma tragédia grega, mas é brasileira, que alguém vai contar um dia. Porque ela é épica, como a derrota dos troianos.

O lockdown é a resposta?

O Brasil precisaria de um lockdown nacional, com uma campanha de comunicação, porque a gente precisa da colaboração da população. A população precisa acordar para a dimensão da nossa tragédia. Nessa altura, essas medidas de restrição de horário não têm efeito, porque o grau de espalhamento é tão enorme que se compensa durante o dia, quando as pessoas vão aos restaurantes, shoppings, pegam transporte lotado, não funciona.

A consequência da perda de meio milhão de pessoas não dá nem para imaginar. Sem gente não tem economia, ninguém produz, ninguém consome. É inconcebível.

É possível impedir essa catástrofe?

Tem saída, mas tem que mudar tudo. Ainda dá tempo de reverter. Estou propondo a criação de uma comissão de salvação nacional, sem Ministério da Saúde, organizado pelos governadores, para resolver a logística. É uma guerra, quando vamos bater de frente com o inimigo de verdade? O Brasil é o maior laboratório a céu aberto para ver o que acontece com o vírus correndo solto. Em segundo lugar, um lockdown imediato, nacional, de 21 dias, com barreiras sanitárias nas estradas, aeroportos fechados. E depois ampliar a cobertura, usando múltiplas vacinas. Não dá para ficar discutindo, assina o contrato e vai em frente, deixa para depois, estamos falando da vida de 1.500 pessoas por dia, são 5 boeings caindo. Vacinação, vacinação, vacinação, testagem e isolamento social. Não tem jeitinho numa guerra. Estamos diante de um prejuízo épico, incalculável, bíblico.

*Do Globo

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Política

Nicolelis: Ou Brasil segue Inglaterra e decreta lockdown já ou economia irá colapsar e haverá pilhas de mortos

Professor da Universidade Duke, nos Estados Unidos, Miguel Nicolelis é considerado um dos maiores cientistas do mundo. Um tweet do cientista, na última segunda (4), teve enorme repercussão. Ele advertiu:

“ou o país entra num lockdown nacional imediatamente, ou não daremos conta de enterrar os nossos mortos em 2021”. Numa entrevista à BBC Brasil, ele falou sobre o tweet e explicou: “ O Brasil precisa fazer algo muito parecido ao que aconteceu na Grã-Bretanha nos últimos dias. Isso, aliás, veio a partir do comitê científico britânico, que pressionou o primeiro-ministro e o governo para fazer um lockdown mesmo com o início da campanha de vacinação por lá. Era óbvio que não dava pra esperar pra vacina fazer seu efeito populacional. É preciso conter a escalada para o sistema de saúde não colapsar”

Na entrevista, Nicolelis apresentou um panorama da evolução da pandemia e dos impasses e desafios colocados para o Brasil. Leia os principais trechos:

A pressão não é mais só dos casos agudos de coronavírus. Nós temos agora todos os casos acumulados do ano passado, que não puderam ter atendimento por causa dos hospitais lotados. E temos também um número enorme de pacientes com sequelas da covid-19 que vão precisar de atendimento médico. Estamos falando de duas enormes demandas por serviços médicos, internações e unidades de terapia intensiva. E ainda há um terceiro grupo, que são de todas as doenças que estão represadas. Pacientes que estão sofrendo de doenças crônicas e agudas e precisam de cuidados médicos.

Nós vemos algumas particularidades muito específicas dessa segunda onda. Nós temos uma cepa que é mais transmissível, o que significa que vamos ter mais pessoas infectadas. Além disso, há um número de jovens e crianças afetados que está aumentando proporcionalmente. Até hospitais pediátricos em São Paulo estão com problemas de demandas de vagas para atender casos.

Um exemplo dramático disso é Manaus. A cidade colapsou muito mais rapidamente do que na primeira onda. E colapsou a um ponto que o prefeito veio dizer que o sistema de saúde não foi o único afetado. Ele teme um colapso do sistema funerário neste momento. Essa é uma preocupação que existe desde a primeira onda e ficou por debaixo do tapete, sem ninguém falar sobre isso. Mas foi algo que aconteceu em Nova York, no Texas e está acontecendo na Califórnia neste momento. Essa é uma grande preocupação, porque se você começa a perder a mão do sistema de manejo das vítimas, dos corpos, você começa a gerar problemas de saúde pública secundários gravíssimos.

A gente ainda não tem os dados completos da letalidade das novas cepas. A cepa da África do Sul é muito preocupante. Há mortes acontecendo na Austrália por causa da cepa britânica. Ela também já foi detectada no Japão. Isso significa que ela correu o mundo, como era de se esperar.

Com o espaço aéreo brasileiro aberto, nós estamos repetindo todos os erros da primeira onda. Com o agravante de que o país inteiro está tendo curvas de crescimento, algumas mais rápidas do que lá no início. Então essa é uma situação muito assustadora.

É evidente que sou sensível a todo o debate sobre a questão econômica. Mas essa dicotomia é falsa. Se o número de mortes começar a disparar, o sistema de saúde colapsa e nós não temos condições de manejar a pandemia da maneira correta. O que vai então acontecer com a economia? Ela também vai colapsar. As pessoas vão começar a morrer em números altíssimos por outras doenças e não vamos ter nem gente para fazer a economia girar. Não vamos ter pessoas para trabalhar, produzir e consumir bens.

*Com informações do 247

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Nordeste aumenta o tom contra Bolsonaro e, em parceria com a China, cria Comitê Científico

O Consórcio Nordeste, que reúne os nove estados da região, divulgou nova carta elevando o tom das críticas ao governo federal e ainda anunciaram parceria com a China, alvo de críticas e teorias conspiratórias disseminadas por familiares do presidente.

Os governadores já haviam divulgado uma carta, em tom mais brando, assim como os secretários estaduais de saúde. Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro fez falas públicas criticando a quarentena e atacando as medidas de isolamento social adotadas pelos governos estaduais.

Bolsonaro acredita que, se a sociedade brasileira mantiver sua vida “normal”, a economia não será tão prejudicada – apesar de os cientistas e organismos internacionais alertarem que isso trará muito mais mortes.

No documento mais recente, o Consórcio Nordeste sobe o tom em relação à omissão federal e afirma que “na ausência efetiva de coordenação nacional (…), buscaremos avançar na integração regional e com as demais regiões”, aponta o texto.

Os governadores ressaltam ainda que o Congresso Nacional (Câmara e Senado Federal) devem assumir papel decisivo neste momento. Eles também rebateram as falas de Jair Bolsonaro contra o isolamento social, reforçada pela campanha do Governo Federal intitulada “o Brasil não pode parar”.

A carta, intitulada A favor da vida, afirma “profunda indignação com a postura do governo federal, que contraria orientação de entidades de reconhecida respeitabilidade, como a OMS”.

Sobre as críticas de Jair Bolsonaro aos governadores e prefeitos, a carta é dura.

“Exigimos respeito por parte da Presidência da República, esperando que cessem imediatamente as agressões contra os governadores, assumindo um posicionamento institucional com seriedade sobre medidas preventivas”, ressalta.

O documento aponta ainda que a omissão por parte do governo federal em cumprir seu papel de coordenador e a insistência em criar conflitos acaba dificultando a padronização de medidas unitárias nos estados e prejudicando a vida da população.

Os gestores também garantem manter “bom senso e equilíbrio” e seguir “orientados pela ciência e experiência mundial” para que ações preventivas e protetivas tenham intensidade gradual de acordo com cada região do estado.

Os governadores nordestinos anunciaram que buscarão apoio de entidades representantes de médicos, infectologistas e também do Ministério Público para fortalecer politicamente as medidas governamentais, criticadas por Bolsonaro.

Nesta segunda-feira (30) foi oficializado um comitê científico do Consórcio Nordeste para subsidiar os governos estaduais no enfrentamento à pandemia da covid-19.

Integram o grupo médicos, cientistas e pesquisadores, que têm a tarefa de manter reuniões periódicas com seus pares a nível internacional (prioritariamente da Itália, Alemanha e China) para pensar soluções para frear o contágio nos estados nordestinos.

O comitê científico também divulgará boletins com os números da região e orientações para a população. Por enquanto são apenas 13 membros, sendo um indicado por cada um dos nove estados e quatro convidados, entre os quais o neurocientista paulista Miguel Nicolelis e o físico fluminense Sérgio Machado Rezende, ex-ministro da Ciência e Tecnologia.

Negócio da China

Sem confiança no governo federal, diversos governadores – entre os quais os nove estados do Nordeste, por meio do Consórcio – têm solicitado informações à Embaixada da China sobre o enfrentamento ao coronavírus, assim como possibilidades de ajuda material.

Na última sexta-feira (27) o Consórcio Nordeste anunciou a compra de 350 mil testes rápidos para ajudar no mapeamento e controle do coronavírus.

No estado de Pernambuco os testes têm sido produzidos pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen), do governo estadual; e pelo laboratório privado Genomika, através de parceria com o Laboratório de Imunopatologia Keiko Asami (Lika/UFPE).

Nacionalmente, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que no estado tem parceria com a Universidade de Pernambuco (UPE), tem produzido os testes.

 

 

*Com informações do Brasil de Fato

 

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Miguel Nicolelis: “O mundo está perplexo com o desmonte da educação no Brasil”

O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis vive há três décadas no exterior e roda o mundo para divulgar sua pesquisa científica. Por isso, não tem dúvidas ao sentenciar: a comunidade internacional está perplexa com os desmontes e cortes na educação pública anunciados pelo governo brasileiro, chefiado por Jair Bolsonaro (PSL).

“O mundo inteiro está pasmo. Revistas internacionais de ciência dedicaram espaços que o Brasil nunca ganha, como por exemplo na Nature, para falar do total espanto e choque que é qualquer governo de um país como o nosso tentar criminalizar e afogar as universidades, ao invés de promover, defender e ampliar seus horizontes”, diz.

Em maio, estudantes e professores protagonizaram protestos massivos por todo o país após o anúncio do cortes de bolsas e da redução do orçamento das instituições federais, que respondem por mais de 90% da pesquisa científica no país.

Nicolelis é um dos principais nomes da ciência brasileira. O engenheiro biomédico foi considerado, em 2009, um dos 20 maiores cientistas da atualidade pela revista Scientific American.

Professor da Duke University, nos Estados Unidos, ele lidera o Projeto Andar de Novo. O trabalho já logrou que dois paraplégicos voltassem a caminhar por meio do desenvolvimento de um dispositivo de estimulação muscular e de uma interface cérebro-máquina.

De passagem por São Paulo (SP), o cientista conversou com o Brasil de Fato antes de uma palestra no Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.

Na entrevista, ele lembra que o extinto programa Ciência Sem Fronteiras levou o Brasil para outro patamar no mercado científico internacional. “Foi um dos maiores programas de fellowships científicas do mundo”, defende.

Ele afirma que o asfixiamento das universidades públicas, a perseguição das ciências humanas e a redução científica impactam em perda de soberania do país. “Nenhum país distribui colaboração ou know-how espacial. O Brasil teve que construir tudo na força da sua própria competência científica, no CTA [Centro Técnico Aeroespacial] de São José dos Campos e aplicando na base de Alcântara. E nós estamos dando de mão beijada isso.”

O pensamento crítico, lembra o cientista, é o antídoto para conter o avanço de pensamentos anticientíficos como o terraplanismo e teorias que negam as mudanças climáticas – que cada vez mais ganham espaço internacionalmente.

A entrevista é de Rute Pina, publicada originalmente no Brasil de Fato,

A pauta da educação movimentou, neste semestre, os maiores protestos no país. E o tema também esteve no centro de algumas crises do governo, que culminou em queda, por exemplo, do primeiro ministro nomeado para pasta. Qual sua avaliação da gestão da educação pelo governo federal nestes seis meses?

O fato que a educação mobilizou tanta gente no Brasil mostra que ela é central no discurso e no pensamento da sociedade brasileira. O grande drama, que sinto, é a falta de aprofundamento dessa questão. Falar que é a favor da educação, todo mundo é a favor. E a gente viu que o tema foi capaz de mobilizar talvez o maior número de pessoas [nas ruas] desde a eleição. O que é surpreendente, por um lado. Mas, por outro, não é porque todas as famílias e camadas sociais brasileiras sabem que a esperança de seus filhos, netos e todos os jovens têm — e o país tem — de um futuro melhor reside nas oportunidades educacionais.

Eu acho que o que mobilizou mais ainda, que é muito diferente de qualquer outra coisa que a gente viu em muito tempo — eu não me lembro nem no governo militar de ter visto nada semelhante — é a perspectiva de asfixiamento das universidades e institutos federais. Eles correspondem a mais de 90% da produção científica do Brasil. E o almejo da grande maioria dos jovens brasileiros de cursar um ensino superior de alto nível, que se transformou em uma das maiores malhas educacionais de ensino superior público do mundo.

Então, eu acho que no momento em que a sociedade brasileira começou a ver declarações, medidas e decretos que claramente apontavam para um estrangulamento das universidades federais, gerou-se um fator catalisador. Essas expressões, curiosamente, se desenvolveram a partir da perspectiva de se perder esse grande patrimônio nacional, que é a rede universitária federal. E, evidentemente, que até agora a gente não viu qual é a proposta do governo para os ensinos superior, básico nem ensino nenhum. O que a gente viu foi uma crise atrás da outra.

Não só eu, mas o mundo inteiro está pasmo. Revistas internacionais de ciência dedicaram espaços que o Brasil nunca ganha, como por exemplo na Nature, para falar do total espanto e choque que é qualquer governo de um país como o nosso tentar que criminalizar e afogar as universidades, ao invés de promover, defender e ampliar seus horizontes. Basicamente usar o corte de verbas como a grande estratégia para calar o pensamento intelectual, o pensamento dos jovens, dos professores e dos funcionários. É uma grande calamidade.

O governo tem como alvo prioritário as ciências humanas, fala muito da ideologização da sociologia e filosofia, mas a extensão desses cortes também afeta a totalidade da produção científica…

Em nenhuma das duas bandeiras faz nenhum sentido, né. Eu sou um cientista biomédico. E não existiria ciência biomédica sem a filosofia. A ciência humana é a ciência do homem, por definição. O estudo do homem, das suas relações sociais, antropológicas, as suas ambições e anseios. Então, não se pode criar essa separação. Essa separação não faz o menor sentido. E evidentemente ela não contribui em absolutamente nada para o avanço da educação dos nossos jovens. Você remover o ensino de filosofia, sociologia do Ensino Médio, por exemplo, é um descalabro tão grande do ponto de vista intelectual que fica até difícil comentar. Você não vê qual o parâmetro que pode levar esse tipo de proposta.

E não é só aqui [que isso é visto com preocupação], mas fora do Brasil também. Eu estava dando uma palestra na Universidade de Lisboa há quase dois meses. Era o dia da primeira manifestação dos estudantes no Brasil. Quando eu contei aos estudantes e professores da universidade o que estava acontecendo no Brasil e pedi o apoio deles, foi um choque. O Brasil forneceu estudantes para Portugal, por exemplo, com o Ciência Sem Fronteiras, que Portugal nunca teve. Os EUA tiveram um fluxo de 25 mil estudantes brasileiros. E, pela primeira vez na minha vida, eu vi universidades americanas como o MIT [Instituto de Tecnologia de Massachusetts] e [Universidade de] Harvard abrirem escritórios em São Paulo e Rio de Janeiro para recrutar os melhores estudantes brasileiros. Eles viram não só que o talento humano era muito grande, mas eles recebiam o dinheiro do governo brasileiro para receber cada um desses alunos.

[O Ciências Sem Fronteiras] foi um dos maiores programas de fellowships científicas do mundo. Quando eu fui para a China, os chineses estavam falando desse programa e da admiração do fato de que 108 mil brasileiros foram para o exterior estudar, no limite do conhecimento humano, para ver o que existia e voltar para cá, né. Então, na realidade, o que choca é a própria falta de lógica e noção da proposta. Você iniciar o governo tratando como inimigo a universidade pública brasileira, você está pedindo para ter problemas de grande porte.

É preciso dar continuidade a essa manifestação de desagravo. Não adianta se ela for pontual, apenas. Claro que passa a emoção daquele dia de manifestações, que foram muito parecidas com as manifestações das Diretas Já, quando eu era aluno aqui no Brasil. Mas você precisa dar continuidade a isso porque é óbvio que é uma estratégia que não vai ser posta de lado. Ela vai continuar. E existem universidades que daqui a alguns meses não tem como funcionar. Elas não têm como desempenhar suas funções.

E como todo esse contexto reposiciona o país, geopoliticamente, e em relação à soberania?

O Brasil estava tendo uma ascendência meteórica com os investimentos que foram feitos tanto pelo Ministério da Educação quanto pelo Ministério da Saúde e [Ministério da] Ciência e Tecnologia. Essa ascendência foi notada em número de publicações, na qualidade das publicações, na qualidade de alunos brasileiros, na penetração dos cientistas brasileiros no mercado internacional de ciência… Isso era tudo muito claro. Era tangível. Você podia medir, ver.

O mercado internacional de ciência não é fácil de se penetrar. Existem uma série de preconceitos. Eu vivo há 31 anos nos EUA, conheço de cor e salteado como você faz para impedir que certas áreas da ciência de ponta tenha a participação de países como Brasil. Na pesquisa aeroespacial, por exemplo. Na minha visita à Alcântara [no Maranhão] uns anos atrás, eu descobri que nenhum país distribui colaboração ou know-how espacial. O Brasil teve que construir tudo na força da sua própria competência científica, no CTA [Centro Técnico Aeroespacial]de São José dos Campos e aplicando na base de Alcântara. E nós estamos dando de mão beijada isso. Nem sabemos o que vamos acontecer ali dentro.

Então, esse momento, que já vem desde 2015, quando o Brasil deixou de ser governável, com a preparação do impeachment e do golpe, e depois, no governo [de Michel] Temer, a curva, eu chamo, é de ascensão e o crash da ciência brasileira. De repente, se puxou o tapete. Então imagina, você foi para fora do Brasil com uma bolsa do governo brasileiro para fazer uma pesquisa em astrofísica na Harvard e, agora, você é um doutor em astrofísica e quer voltar para o Brasil… Você vai para onde? Você vai trabalhar onde? Você vai reposicionar o Brasil nessa área como? A conclusão é essa: é uma grande tragédia que compromete drasticamente a soberania do Brasil. Não agora, somente, mas em várias décadas que estão por vir ainda.

Uma pesquisa do INCT, divulgada nesta semana, mostra que 67% dos jovens brasileiros têm interesse por ciência, o que é um dado…

Maravilha!

…muito positivo. Mas, em contrapartida, um a cada quatro, acredita que vacinas fazem mal. E 54% afirmam que os cientistas exageram, por exemplo, com relação a mudanças climáticas. Teorias terraplanistas, por exemplo, estão ganhando espaço em todo o mundo… Como o sr. enxerga o avanço dessas teorias anti-científicas?

É um fenômeno histórico da humanidade, né. O que é mais assustador no momento atual é que, com a interconectividade global que existe, você consegue espalhar esse tipo de absurdo muito rapidamente. Você consegue criar movimentos, por exemplo, teve um congresso de terraplanistas nos EUA, perto de onde moro. Quer dizer, os caras foram no espaço, fotografaram a terra… Se você tinha qualquer dúvida, teve gente lá em cima que fotografou. A evidência é óbvia. Circunavegaram a terra antes de sair para o espaço. Não dá nem para entrar em um debate como esse…

Sobre a questão climática, toda a evidência disponível e experimental de gente séria que trabalha na área evidente que demonstra o impacto humano…

Então o que explica essa negação de evidências?

A falta da formação do pensamento crítico. Os sistemas educacionais ao longo do mundo não estão conseguindo dar conta de formar pessoas que conseguem pensar criticamente. E isso não é um fenômeno nacional. Nos EUA, eu moro em uma região do país onde isso é muito frequente. E os cientistas são atacados até mesmo fisicamente.

Então, é quase curioso que depois de todo o desenvolvimento que nós experimentados cientificamente nós estejamos voltando para uma época, com toda a tecnologia que foi desenvolvida, toda a hiperconectividade… Eu falo isso no meu livro, inclusive: estamos voltando para uma época em que parece que voltamos 800 anos atrás. Estamos negando princípios básicos da descoberta científica que são clássicas. E isso é muito preocupante.

Para mim, isso é um reflexo claro do momento em que o mundo vive de como as tecnologias digitais estão reprogramando nossos cérebros, como elas estão alterando nossa percepção da realidade e como é tão fácil uma pessoa criar uma realidade paralela e conseguir administrar ela para milhões de outras pessoas. Na minha opinião, esse é um dos problemas mais sérios que nossa espécie enfrenta nesse instante: como não transformar o ser humano em um robô, num autômato, que não tem mais a capacidade de pensar por si só e de ser crítico.

É um bombardeio, se você for parar para pensar. Se você olha para o que sai hoje nas redes sociais, é um contínuo bombardeio de teorias da realidade. E se você não tiver o mínimo de formação, o mínimo de capacidade de discernir o que é real e o que não é, fica muito difícil. Às vezes, quase impossível com as manipulações de imagens e de vídeo que são feitas hoje.

 

*Do Instituto Humanitas Unisinos