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Demorou, mas a hora de Bretas chegou

Gilmar decide municiar CNJ com provas contra Bretas.

Isso não é pouca coisa.

Ministro Gilmar é relator de uma das três delações premiadas que enredam o magistrado do Rio em supostas irregularidades.

Gilmar Mendes decidiu compartilhar com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) um conjunto de provas e acusações contra o juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro Marcelo Bretas.

No conjunto de provas do acervo em poder de Gilmar estão relatos de episódios presenciados por José Antonio Fichtner, delator da Lava-Jato que acusa Bretas e os procuradores da força-tarefa do Rio de “tortura psicológica”

Mas está longe de serem estas as denúncias mais graves.

O que foi mandado para o o CNJ, é algo bem mais revelador porque mostraria uma parceria ilegal entre Bretas e o advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho, responsável pela defesa de figurões, e se gabava de que, por ter amplo acesso ao juiz, garantiria a seus clientes penas brandas e até a absolvição.

Entre documentos que Gilmar vai encaminhar à corregedora nacional de Justiça, Maria Thereza de Assis Moura, estão relatos de Fichtner de que Nythalmar teve acesso antecipado à quebra de seus sigilo.

Em um dos casos, o delator disse que Nythalmar listou a ele, dentro de um carro, todas as aplicações financeiras e contas bancárias de Fichtner e valores administrados por uma empresa de gestão de investimentos da família.

Como os dados eram confidenciais e haviam sido alvo de quebra de sigilo pedida pelos procuradores e autorizada por Bretas, o colaborador interpretou como um sinal de que Nythalmar falava a verdade ao afirmar ter trânsito junto à vara do juiz.

Para piorar, além de Gilmar Mendes, os ministros Herman Benjamin e Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), também foram instados pelo CNJ a fornecer provas que possam embasar o processo disciplinar.

Ou seja, tem muito caroço nesse angu de Bretas para ser revelado.

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Ex-governador Pezão denuncia esquema entre Bretas e advogado

De acordo com ex-governador, o advogado Nythalmar Ferreira Dias ofereceu seus serviços anunciando que ele seria preso 15 dias depois, em 2018, por decisão de Bretas – o que aconteceu.

O ex-governador do Rio Luiz Fernando Pezão disse, em entrevista ao DIA, que o advogado criminalista Nythalmar Ferreira Dias, acusado pelo Ministério Público Federal por tráfico de influência, lhe informou com 15 dias de antecedência que ele seria preso em 2018.

De acordo com ex-governador, o advogado ofereceu seus serviços e garantiu a ele que o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, já tinha convicção da prisão e que ela aconteceria dentro de 15 dias.

A revelação é mais um elemento a evidenciar que Bretas e Nythalmar mantinham relações promíscuas e inadequadas para um magistrado. Pelo depoimento de Pezão, Nythalmar usava informações privilegiadas junto ao juiz Marcelo Bretas para turbinar seus negócios no escritório de advocacia.

O ex-governador afirmou que vai recorrer da decisão de Bretas que o condenou, na última sexta, a quase 99 anos de prisão.

“Ele me falou quinze dias antes de eu ser preso que eu seria preso. Não dei importância nenhuma porque achei que ele estava vendendo ideia, como uma função que aparecia no Palácio (Guanabara) lá e falando que tinha esse contato, que fazia e acontecia. Era a coisa que mais aparecia e ele falou: ‘Você vai ser preso dentro de 15 dias. E o doutor Bretas não tem dúvida, ele tem certeza que você é sócio de uma empresa de pavimentação em Piraí’. Eu dei uma risada e falei assim: ‘se o motivo é esse, eu não vou ser preso, porque eu não sou sócio, tenho certeza da minha vida e de tudo’. Fiquei tranquilo e quinze dias depois fui preso. Eu não dei importância e agora vejo que ele tinha contato”, revelou o também ex-prefeito de Piraí.

Pela declaração de Pezão, a conversa com o advogado teria acontecido no dia 14 de novembro de 2018, no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na Zona Sul. No dia 29 do mesmo mês, o ex-governador foi preso pela força-tarefa da Lava Jato.

A revelação do ex-governador surge após o vazamento da delação premiada de Nythalmar envolvendo Bretas. Em sua fala à PGR, o advogado cita a existência de uma articulação entre o magistrado da 7ª Vara e a força-tarefa da Lava Jato no Rio para derrubar o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

De acordo com Pezão, Nythalmar o procurou dizendo que poderia ajudar no processo e pediu para ser contratado como seu advogado de defesa. “Ele só falou que tinha como me ajudar e pediu que eu contratasse os serviços dele. Eu falei que já tinha advogado, meu advogado é até uma pessoa que virou meu amigo, porque eu não tinha dinheiro para pagar grandes escritórios e que eu não ia mudar de advogado, ainda mais por um motivo daquele, que eu tinha certeza que não tinha cometido (o crime). Eu jamais tive qualquer empresa”, garantiu.

Sobre as acusações feitas no âmbito da operação Boca de Lobo, que resultaram na condenação de Bretas, o ex-governador do Rio disse que desconhece os valores mencionados pelo juiz e que suas finanças não apontam para a quantia milionária citada na condenação.

“Eu estou totalmente perplexo com tudo isso. Ele coloca que eu recebi quatro mesadas de R$ 150 mil, mas como é que eu vou responder a um negócio desses? Quando fui prestar depoimento, falei que nunca recebi. Eram palavras de delatores do grupo do Sérgio (Cabral) e o Sérgio falando de mim. Só tem a minha vida, o COAF a Receita Federal. Como você esconde mais de R$ 10 milhões? Eu não sei como, eu não conheço doleiro. Você pode pegar o processo inteiro, pode pegar minha vida, o meu telefone e não tem nenhuma ligação de dinheiro algum para mim. Será que eu sou o cara mais esperto do mundo, que consegue esconder o que eles falam, R$ 39 milhões, e ninguém consegue achar nenhum centavo?”, questionou Pezão.

Ainda sobre as acusações, o ex-governador reforçou a informação de um depoimento à 7ª Vara Criminal Federal em 2020, de que no período citado pelo delator para a suposta entrega da “mesada” em um apartamento no Leblon, ele estava em viagem à Itália.

“Eu pego e provo que nesse dia que meu apartamento foi assaltado, eu estava na Itália. Entreguei meu passaporte, entreguei passagens e entreguei o hotel que eu estava. Mesmo assim eles não consideram esse cara (delator) como suspeito. Eles não acharam nada, eu provei e provo que o delator está mentindo, é um negócio muito estranho. Ainda por cima recebi a maior pena do Brasil, a maior do país. Ninguém recebeu uma pena assim de uma vez só. Tenho certeza que as pessoas vão ver a minha defesa em algum momento”, concluiu Pezão.

*Do 247

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Delação contra Bretas é apenas a ponta do iceberg da Lava Jato do Rio, diz advogado Fernando Fernandes

O advogado Fernando Augusto Fernandes comentou nesse sábado (4) as acusações de que o juiz federal Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio de Janeiro, negociou penas, combinou estratégias com o Ministério Público e direcionou acordos, feitas em delação premiada pelo advogado Nythalmar Dias Ferreira.

Fernandes é advogado do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, que foi condenado por Bretas a 43 anos de prisão, em 2016, para apavorar outros investigados na Lava Jato. “Esta matéria de hoje, me parece que é a ponta de um iceberg. Temos muitas coisas, provavelmente, para vir à tona. O principal relator da Lava Jato carioca, Abel Gomes, pediu aposentadoria. Isso logo após o segundo desembargador, Fausto de Sanctis, ter se declarado suspeito para julgar todos os casos da Lava Jato. Isso já é decorrência destas revelações do Nythalmar, e do que está por vir ainda”, afirmou.

Fernandes defendeu ainda que Bretas fez política utilizando o cargo de juiz e irá pedir à Justiça Federal a suspeição do magistrado, nos moldes do que fez a defesa do ex-presidente Lula contra o ex-juiz Sérgio Moro. “Não é mais possível admitir juiz utilizar processo para fazer política. Não é só o general Pazuello que não pode ir para o palanque”, acrescentou.

O jornalista Ricardo Bruno afirmou que o juiz Bretas interferiu nas eleições estaduais de 2018 no Rio de Janeiro, beneficiando o ex-juiz e então candidato apoiado por Jair Bolsonaro, Wilson Witzel.

“Bretas convocou um ex-assessor de Eduardo Paes para um quarto depoimento, às vésperas das eleições de 2018, e divulgou depois este conteúdo, com acusações a Paes. Naquele momento, todo mundo suspeitou daquela atitude. Mas agora, o Nythalmar disse, de maneira clara, que tudo foi calculado para interferir no processo eleitoral”, afirmou Ricardo Bruno, editor do site Agenda do Poder.

*Do 247

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