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Economia

Como o maior escritório de advocacia dos EUA cria offshores para Apple, fabricante de armas e políticos

Baker McKenzie, pioneiro na evasão fiscal de empresas, trabalha para magnatas, fabricantes de armas e regimes autoritários.

Metrópoles – Quando bilionários, multinacionais e pessoas ligadas à política querem esconder bens ou evadir impostos, é comum que procurem o Baker McKenzie, um grande e poderoso escritório sediado em Chicago que se tornou o maior dos Estados Unidos. Com 4.700 advogados em 46 países e receita de US$ 2,9 bilhões, o Baker McKenzie se autodescreve como “o verdadeiro escritório global de advocacia”. Ele está entre uma dúzia de escritórios dos EUA e do Reino Unido que estabeleceram grandes redes internacionais e transformaram a advocacia.

Os documentos do Pandora Papers, investigação global conduzida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos e que o Metrópoles integra e publica desde domingo (3/10), o Baker McKenzie é arquiteto e pilar de uma economia clandestina, frequentemente chamada de “offshore”, que beneficia os ricos à custa de tesouros nacionais e do bolso dos cidadãos comuns.

Os papéis mostram que o Baker McKenzie ajudou multinacionais e ricos a evitar impostos e o escrutínio público pelo uso de empresas de fachada, fundos fiduciários e estruturas complexas em paraísos fiscais. Esses meios, cobertos de sigilo, escondem vastas riquezas — imóveis, iates, ações e dinheiro, às vezes de origem obscura.

Entre seus clientes: pessoas e companhias ligadas à corrupção política, práticas comerciais fraudulentas e regimes autoritários.

Jho Low, um assessor de Najib Razak, então primeiro-ministro da Malásia, fez uso extensivo de filiais do Baker McKenzie. Low atualmente está foragido, acusado de ser o cérebro de um esquema de desvio de bilhões de dólares de um fundo de investimento público. Ele é procurado na Malásia, nos Estados Unidos e em Cingapura.

A Rostec, a fabricante russa de armas que vendeu suas ações de uma mina na Mongólia, está entre uma dúzia de empresas controladas pelo Estado russo que fez contratos com o Baker McKenzie enquanto enfrentava sanções internacionais.

Já a Apple, que buscou ajuda do Baker McKenzie para encontrar um paraíso fiscal, se tornou o retrato internacional da evasão fiscal offshore por empresas.

O ICIJ descobriu que o Baker McKenzie participou do registro de mais de 440 companhias offshore em paraísos fiscais, conectando clientes com provedores de serviços offshore. Ele aconselhou dezenas de gigantes corporativos em manobras fiscais e offshore. O escritório faz lobby por eles em Washington e outras capitais e os defende se questionados pelas autoridades.
Os documentos vazados revelam que o escritório de advocacia ajudou a organizar empresas de fachada no Chipre para a gigante de alimentos e tabaco RJR Nabisco. Para a Nike, ajudou a criar um abrigo fiscal holandês. De acordo com uma ação judicial do governo dos Estados Unidos, seus advogados ajudaram o Facebook a levar bilhões de dólares em lucros para a Irlanda, onde a tributação é baixa.

Em uma série de declarações escritas ao ICIJ, o Baker McKenzie afirmou que procura oferecer os melhores conselhos legais e fiscais para ajudar seus clientes a navegar um conjunto de regras globais “altamente complexas, em constante evolução e frequentemente conflitantes”.

“Transparência e prestação de contas são elementos essenciais nesse assessoramento”, afirma o porta-voz do escritório, John McGuinness. “Nós nos esforçamos para garantir que nossos clientes sigam tanto a lei quanto as melhores práticas.”

O Baker McKenzie não respondeu diretamente a diversas perguntas sobre seu papel na economia offshore ou por que seu nome aparece com tanta frequência em documentos de prestadores de serviços offshore. O porta-voz McGuiness disse que o escritório costuma encaminhar clientes ou questões legais para outros escritórios de advocacia e prestadores de serviço em jurisdições onde não possuem escritórios.

Pouco tempo depois da abertura do escritório de Hong Kong, em 1974, diversos advogados seniores do Baker McKenzie criaram duas subsidiárias que alimentaram o então recente mercado de evasão fiscal e ocultação de bens na ilha. Os sócios John Connor e Robert Pick formaram a B. & McK. Custodians Ltd., cuja missão era ajudar a criar e administrar empresas dentro e fora de Hong Kong. Dois anos e meio depois, George Forrai, um colega, ajudou a criar a B. & McK. Nominees Ltd., instalada na sede do escritório de advocacia em Hong Kong. Os afiliados providenciaram substitutos, conhecidos em inglês como nominees, o equivalente em português a testa de ferro, para atuar como diretores e acionistas da empresa.

A B. & McK. Nominees forneceu diretores, acionistas e secretários para centenas de companhias e empresários em Hong Kong, incluindo o sócio de Zeman na indústria do vestuário, Bruce Rockowitz, e gigantes do mundo corporativo como Nike e Apple.

Nem a Nike nem a Apple responderam às perguntas sobre o porquê de terem usado os serviços os serviços de “nominees” do Baker McKenzie em Hong Kong. A Nike disse em um pronunciamento que segue todas as regras locais. A Apple declarou ser “a maior pagadora de impostos do mundo”. Rockowitz não respondeu aos pedidos de comentário.

O Baker McKenzie afirmou que “às vezes” fornece acionistas indicados para multinacionais que não têm equipe jurídica local.

Como chefe da divisão norte-americana de gestão de fortunas do Baker McKenzie, Simon P. Beck é um palestrante muito procurado.

Advogado, consultor tributário e especialista em trusts, Beck costuma dar palestras em conferências e eventos de treinamento, alguns em hotéis cinco estrelas. Entre os assuntos que aborda, estão o uso de trustes e instrumentos offshore para proteger clientes de credores e maneiras de manter ativos fora do alcance de familiares e ex-cônjuges “perdulários ou hostis”.

Embora viva em Nova York, Beck também integra a equipe de especialistas em impostos e trustes do Baker Mckenzie, que orienta algumas das pessoas mais ricas do mundo sobre como proteger suas fortunas. Conforme revelam os Pandora Papers, frequentemente a solução é escondê-los em uma empresa de fachada ou truste estabelecido em um paraíso fiscal.

De suas salas no 17º andar, a uma quadra da baía de Biscayne, o escritório de Miami administrou dezenas de empresas anônimas e fundos para clientes estrangeiros.
Os clientes usavam entidades offshore para manter artigos de luxo, imóveis e investimentos, apontam os documentos vazados. O Baker McKenzie apresentou clientes a provedores de serviços offshore, aconselhou-os sobre questões fiscais, manteve registros no exterior, forneceu atendimento em due diligence, escreveu cartas de referência e muito mais, de acordo com a análise dos documentos confidenciais feita pelo ICIJ.

Frequentemente, eles delegavam trabalho a prestadores de serviços especializados em criar empresas de fachada, como a Trident Trust.

O coproprietário do Ottawa Redblacks, time da Liga Canadense de Futebol, foi um dos clientes – ele buscava “proteção” dos impostos imobiliários dos EUA. Outro foi um executivo peruano investigado por corrupção no escândalo da Odebrecht. Há ainda a mãe de 100 anos de um sonegador de impostos condenado por fraude fiscal e lavagem de dinheiro.

próprio Beck cuidou do caso de Thais Neves Birmann, ex-esposa de Daniel Birmann, um ex-investidor, banqueiro e acionista de uma das maiores empresas de munição da América Latina.

Em 2005, as autoridades brasileiras multaram Daniel Birmann em cerca de US$ 90 milhões por lucrar indevidamente com a reestruturação da fabricante de eletrônicos SAM Indústrias S.A. À época, havia sido a maior multa já aplicada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) do Brasil. Birmann declarou falência e supostamente ocultou bens ao transferi-los para familiares, entre eles Thais.

Uma década depois, com o processo de falência ainda em andamento, as autoridades brasileiras apreenderam um iate de US$ 20 milhões que, de acordo com elas, Birmann possuía secretamente por meio de uma empresa de fachada constituída na Ilha de Man. A CVM pediu à Justiça permissão para penhorar o iate e receber a multa de US$ 90 milhões. Em abril de 2016, solicitou autorização para confiscar outros ativos não revelados, incluindo quase US$ 4,6 milhões em empréstimos não pagos que Birmann tomou para sua ex-mulher e outros parentes.

Meses depois, em julho de 2017, o Baker McKenzie e a Trident Trust criaram uma empresa chamada Waymoore Partners, que tinha Thais Neves Birmann como proprietária. A companhia era dona de uma casa de cinco quartos em Miami Beach, avaliada em US$ 1,87 milhão.

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Política e Poder

Mídia não dá um pio sobre as offshores de Guedes e Roberto Campos; fosse Lula, as manchetes seriam garrafais

O raciocínio da mídia de banco é aquela velha máxima do Paulo Preto, “não se abandona um líder ferido na estrada”.

A mídia, que até hoje não teve sequer coragem de estampar um editorial sobre Bolsonaro, que causou um genocídio e que arrasta o Brasil para um abismo sem fundo, só chegou ao poder pelas mãos de um ex-juiz corrupto chamado Sergio Moro, não teria mesmo coragem de estampar o nome de um velho aliado dos neoliberais de sempre.

Não é só uma questão de simpatia, mas de ordem da oligarquia que tem nomes de peso nessa lista que mostra a farra que essa turma de sanguessugas da nação ostenta entre os maiores sonegadores do planeta que mantêm offshores em paraísos fiscais .

Não que a mídia não fale sobre o escândalo da Pandora Papers, ela simplesmente não dá o espaço que o escândalo merece e, quando cisca na notícia, é para falar de celebridades internacionais, jamais os brasileiros.

Para ser até justo, Vera Magalhães, no Globo, cobrou uma explicação de Paulo Guedes e de Roberto Campos Neto. De resto, a mídia se faz de morta, porque, afinal, quem paga a orquestra, escolhe o repertório.

Então, aquela mídia que fez um carnaval com a horta da D. Marisa e os pedalinhos dos netos dela e de Lula, quando o juiz vigarista de Curitiba, Sergio Moro, fez o anúncio como prova de crime. Essas duas acusações ridículas deixaram claro que jamais teve qualquer prova contra Lula, mas a mídia não só comprou a história da horta e dos pedalinhos como provas inconteste de um grande esquema  de corrupção interplanetária, como alguns colunistas que operam como office boys de bancos, listaram as hortaliças plantadas por D. Marisa como prova cabal do maior escândalo de corrupção assistido pelo planeta terra.

E se a coisa chegou a esse ridículo, essa gente não seria menos patética na hora de proteger aliados estratégicos para seguir vendendo a gororoba do neoliberalismo que joga o Brasil numa crise sem precedentes, tendo justamente Paulo Guedes e Roberto Campos Neto como as grandes estrelas dessa seleção que está tomando de 7 a 1 da realidade. Realidade esta que faz com que Guedes e Campos tenham fortunas com lucros de rios de dinheiro com a decadência econômica do país, como bem pontuou Marcio Pochmann.

Mas a coisa não para aí, outros abutres tropicais como 6 presidentes de bancos que sangram o Brasil têm offshores em paraísos fiscais e, lógico, são parte da lista do escândalo da Pandora Papers.

Aí é que essa turma do jornalismo que faz panfleto para agiotas, não dá mesmo um pio.

O fato é que nisso não há qualquer surpresa, apenas uma constatação, a de que o Brasil não tem grande imprensa, mas sim grandes empresas de comunicação que fazem do jornalismo negócios e das redações um grande balcão.

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Cotidiano

Abutres tropicais tipo exportação: Seis banqueiros que sangram o Brasil têm offshores em paraísos fiscais

Dados são da série Pandora Papers e revelam opção de profissionais do mercado financeiro.

Poder 360 – Luiz Carlos Trabuco Cappi, hoje presidente do Conselho de Administração do Bradesco, foi presidente por 9 anos do 2º maior banco brasileiro. Na hora de organizar as suas próprias finanças, porém, ele é um banqueiro globalizado: guarda parte das suas economias em uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe. Não há qualquer ilegalidade com a offshore de Trabuco. Ela foi declarada à Receita Federal, como manda a lei brasileira.

Na cúpula do sistema bancário brasileiro, o uso de offshores para investimentos e pagar menos impostos é comum. É uma prática que vai das instituições tradicionais –como Bradesco ou Santander– aos novos bancos, caso do Inter ou Agibank. E passa pelas instituições públicas, como o BRB (do governo do Distrito Federal).

Trabuco Cappi, que presidiu o Bradesco por 9 anos, é dono da Capvel Overseas Investments Limited. Junto com os filhos, ele tem ao menos US$ 5 milhões na conta dessa offshore, aberta nas Ilhas Virgens Britânicas.

A herdeira do Bradesco e presidente da fundação do banco, Denise Aguiar, também tem 3 offshores nesse mesmo paraíso fiscal. Outros 4 executivos ou ex-dirigentes do banco são donos de empresas nas Ilhas Virgens Britânicas. São eles:

  • Cassiano Ricardo Scarpelli, vice-presidente do banco, criou a Monte Gennaro International para investir em títulos internacionais, como “time deposit”, “bonds” e “bills”, como declarou na ficha que enviou para as autoridades das Ilhas Virgens Britânicas;
  • Eurico Ramos Fabri, diretor de Crédito do Bradesco, abriu no Caribe a Vincenza Inc. com a mulher e uma filha;
  • Samuel Monteiro dos Santos Junior, foi vice-presidente da holding Bradesco Seguro e Previdência e hoje integra o Conselho de Administração do banco e o do grupo Fleury. É dono da Idaho Holding Company com a mulher e 2 filhos;
  • Antonio Bornia, que presidiu o Bradesco na Argentina e integrou o Conselho de Administração até 2015, tem a Anfamar & Sons Limited com 2 filhos.

    Todas as offshores dos executivos do Bradesco foram declaradas às autoridades brasileiras, segundo a assessoria do banco.

Do Santander, 3º banco privado no ranking brasileiro, Sérgio Rial, diretor-executivo, também é usuário antigo de offshores. Ele trabalhou no exterior por mais de 20 anos. É dessa época a abertura da Celtic Associates Ltd nas Ilhas Virgens Britânicas. O patrimônio da empresa é de pelo menos US$ 10 milhões. Rial diz que a sua offshore foi declarada à Receita Federal.

O Brasil só cobra impostos de offshore em situações pontuais: quando há distribuição de lucros, empréstimos ou a repatriação dos recursos. As alíquotas nesses casos variam de 15% a 27,5%.

Nenhum dos banqueiros aqui citados respondeu a uma pergunta enviada pelo Poder360: por que eles preferem investir fora do Brasil se são donos de bancos ou dirigentes no país.

Os documentos desta reportagem foram obtidos pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, na sigla em inglês), uma entidade sem fins lucrativos com base em Washington D.C., nos Estados Unidos.

Participaram da investigação 615 jornalistas de 149 veículos em 117 países. O material está sendo analisado há cerca de 1 ano para a preparação da série. No Brasil, fazem parte da apuração jornalistas do Poder360, da revista Piauí, da Agência Pública e do site Metrópoles.

O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos realizou algumas das maiores investigações de impacto dos últimos anos, como Panama Papers e Swiss Leaks, revelando o lado mais sombrio das finanças e da corrupção.

Esses banqueiros fazem parte de um dos clubes mais fechados do Brasil: o daqueles que usam empresas offshore para pagar menos impostos e fugir da montanha-russa da economia brasileira.

Novos bancos

Na hora de investir fora do Brasil, ou evitar o pagamento de impostos, os sócios e fundadores dos novos bancos seguem a receita dos banqueiros tradicionais.

Rubens Menin, dono do banco Inter, da MRV e da CNN Brasil, teve ao menos 4 offshores nas Ilhas Virgens Britânicas: Costellis International, Remo Invest, Stormrider Investments e Sherkhoya Enterprises Ltd.

A Costellis foi criada com uma finalidade comum entre milionários: ela é dona de uma embarcação, no valor de até US$ 75 milhões, como consta de sua ficha de constituição, de setembro de 2016. Menin diz que todas elas foram registradas e as duas últimas, encerradas.

Marciano Testa, dono do Agibank, foi um jovem prodígio. Em 1999, aos 23 anos, fundou a Agiplan, startup que daria origem ao grupo.

Em 2018, a empresa adotou o nome atual. Seu banco inovou ao usar o número de celular de uma pessoa como número da conta. O discurso era a simplicidade: qualquer um com um smartphone pode se bancarizar.

Com seus investimentos, ele não é nem inovador nem simples. Foi até as Ilhas Virgens Britânicas abrir a Yepidale International Ventures Limited….

Segundo a sua assessoria de imprensa, a empresa está declarada à Receita Federal.

Nos seus investimentos, o presidente do Conselho de Administração do Banco Original, Marcio Antonio Teixeira Linares, foi até as Ilhas Virgens Britânicas abrir a Bravar Developments Limited.

O objetivo da empresa, segundo informou na ficha de abertura, era investir em imóveis nos Estados Unidos. O valor estimado era de US$ 1 milhão. As movimentações que ocorreram depois de 2018 não constam da base de dados.

Teixeira Linares disse que a sua empresa foi declarada a todas as autoridades.

Banco público

Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, um banco do Distrito Federal, também é dono de empresas nas Ilhas Virgens Britânicas.

Há duas offshores ligadas ao executivo: Oakwood Investments Ltd e a Equinox Investments LLC. Ele não informou se elas foram declaradas ao Fisco.

Em 2009, a Oakwood tinha 100.000 ações no valor de US$ 1 cada uma. De acordo com Paulo Henrique Costa, as empresas foram abertas quando ele era estudante no exterior e pretendia seguir carreira internacional, o que não aconteceu.

Ele diz que não houve movimentação nas empresas e que teria interrompido o pagamento das taxas anuais. “Nenhuma transação financeira foi realizada por meio das empresas, que se encontram inativas”, disse.

Documentos da Equinox mostram que, em 2015, ele estava há 4 anos sem pagar as taxas de manutenção.

Interesse Público

Como está registrado em diversos textos da série Pandora Papers, ter uma empresa offshore ou conta bancária no exterior não é crime para brasileiros que declaram essas atividades à Receita Federal e ao Banco Central, conforme o caso.

Se não é crime, por que divulgar informações de pessoas cujo empreendimento no exterior está em conformidade com a regras brasileiras? A resposta a essa pergunta é simples: o Poder360 e o ICIJ se guiam pelo princípio da relevância jornalística e do interesse público.

Como se sabe, há uma diferença sobre como brasileiros devem registrar suas empresas.

Para a imensa maioria dos cidadãos com negócios registrados dentro do Brasil, os dados são públicos. Basta ir a um cartório ou a uma Junta Comercial para saber quem são os donos de uma determinada empresa. Já no caso de quem tem uma offshore, ainda que declarada, a informação não é pública.

Existem, portanto, 2 tipos de brasileiros empreendedores: 1) os que têm suas empresas no país e que ficam expostos ao escrutínio de qualquer outro cidadão; 2) os que têm condições de abrir o negócio fora do país e cujos dados estarão protegidos por sigilo.

Essas são as regras. Neste espaço não será analisado se são iníquas ou não. A lei é essa. Deve ser cumprida. Cabe ao Congresso, se desejar, aperfeiçoar as normas. Ao jornalismo resta a missão de relatar os fatos.

É função, portanto, do jornalismo profissional descrever à sociedade o que se passa no país. Há cidadãos que ocupam posição de destaque e que devem sempre ser submetidos a um escrutínio maior. Encaixam-se nessa categoria, entre outras, as celebridades (que vivem de sua exposição pública e muitas vezes recebem subsídio estatal); as empresas de mídia jornalística e os jornalistas (pois uma de suas funções é justamente a de investigar o que está certo ou errado no cotidiano do país); grandes empresários; quem faz doações para campanhas políticas; funcionários públicos; políticos em geral. E há os casos ainda mais explícitos: empreiteiros citados em grandes escândalos, doleiros, bicheiros e traficantes.

Todas as apurações devem ser criteriosas e jamais expor alguém de maneira indevida. Um grande empresário que opta por abrir uma offshore, declarada devidamente, tem todo o direito de proceder dessa forma. Mas a obrigação do jornalismo profissional é averiguar também os grandes negócios e dizer como determinada empresa cuida de seus recursos –sempre ressalvando, quando for o caso, que tudo está em conformidade com a leis vigentes.

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Política

Dólar alto: Dessa fruta que Paulo Guedes gosta, eu como até o caroço

Provavelmente, a explicação para o dólar alto esteja nas empresas offshore em paraísos fiscais do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos.

“Dolarizaram a R$3,70 e agora está R$5,40. Se não investiram em nada, o que eu duvido, já ganharam 46% de lucro. Um investimento que nada oferece isso em tão pouco tempo. E sem riscos”. Os dois podem ter obtido vantagens em operações cambiais e terão de explicar se movimentaram as contas, disse o deputado Luis Miranda.

Guedes e Campos, já em seus cargos, mantiveram as offshores nas Ilhas Virgens Britânicas. Roberto Campos fechou em agosto de 2020 e Guedes mantém a sua aberta o que desrespeita normas do serviço público e da Lei de Conflito de Interesses.

Assim, sobrou para o povo brasileiro amargar o dólar alto, hiperinflação, principalmente dos alimentos e o preço absurdamente do combustível.

De acordo com a reportagem publicada na Revista Piauí, é “legítimo ter uma offshore no Brasil, desde que ela seja declarada à Receita Federal e ao Banco Central, e o dinheiro tenha origem lícita”. “Quem tem cargo público, no entanto, está sujeito a regras para impedir o autofavorecimento.”.

Segundo o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello, contas em paraísos fiscais não são compatíveis com o serviço público porque os paraísos fiscais oferecem um grau de sigilo muito mais elevado do que outros países. Na visão de Mello, isso seria “uma afronta ao cargo público, que exige publicidade”.

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