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Política

Ex-diretora do Ministério da Justiça cita “pressão” de Torres para vincular PT a facções criminosas no 2º turno em 2022

Uma anotação encontrada no celular da delegada da Polícia Federal Marília Ferreira, que trabalhou em estreita colaboração com o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) Anderson Torres, sugere que após o primeiro turno das eleições, houve uma pressão para que ela indicasse uma suposta relação entre o PT e facções criminosas, relata a Folha de S. Paulo.

O texto, redigido em primeira pessoa, detalha a mobilização do Ministério da Justiça em resposta à “preocupação” manifestada por Torres em relação ao Nordeste, em particular à Bahia, estado onde o presidente Lula (PT) obteve mais de 72% dos votos válidos, o segundo maior percentual do país.

Essa nota estava armazenada no aplicativo de bloco de notas do celular de Marília, e foi entregue pela Apple à CPMI do 8 de janeiro. Não é possível determinar a data exata em que o texto foi escrito, mas o relatório da Apple indica que as cinco notas do celular estão datadas entre 31 de dezembro de 2021 e 18 de agosto deste ano.

“Havia uma preocupação do ministro com o Nordeste e ele falava muito na Bahia, pois havia visto no mapa com o planejamento do primeiro turno que havia muito pouca distribuição de equipes no interior da Bahia. Desde antes do primeiro turno a DINT [Diretoria de Inteligência] recebia dezenas de vídeos e postagens de pessoas, a maioria delas fake news, sobre compra de votos e ligação do PT com facções criminosas. Toda notícia ou informe que chegava, tentávamos fazer a confirmação, pedindo o BO [boletim de ocorrência] ou consultando o centro de inteligência respectivo. Então, algo que estava arraigado ali na SEOPI [Secretaria de Operações Integradas do ministério] era essa relação do PT com compra de votos, e sempre comentávamos sobre isso”, diz o texto, que na sequência revela: “havia uma certa pressão para que eu fizesse um relatório que indicasse a relação do PT com facções criminosas, pois havia alguns indicativos disso, mas não fizemos porque não havia comprovação”.

Marília e Torres estão no centro das investigações que visam esclarecer se a Polícia Rodoviária Federal (PRF) organizou numerosas blitze durante o segundo turno das eleições com o intuito de prejudicar eleitores do PT e favorecer Jair Bolsonaro (PL). A Polícia Federal (PF) suspeita que a operação tenha sido concebida a partir de um levantamento realizado por Marília, identificando os locais onde Lula obteve mais de 75% dos votos no primeiro turno. Desde agosto, Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, encontra-se detido preventivamente.

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Opinião

Por que Moro tem medo de Marielle?

Hoje seria um ótimo dia para Moro explicar por que coagiu o porteiro do Vivendas da Barra a mando de Bolsonaro.

Um sujeito que se presta a esse papel de capanga, presta?
Aplicar a força uma conduta criminosa pra obrigar testemunhas a mudar versão de fatos criminosos é legal ou moral?

Lógico que, depois de cinco anos, o assassinato de Marielle está mais intrigante.
Afinal estamos falando de um crime praticado por um miliciano, traficante de armas pesadas e que era vizinho de Jair e Carlos Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra, e que, mesmo morando a 50 passos de sua casa, Bolsonaro disse desconhecer Ronnie Lessa, o contratado para executar Marielle.

Já Ronnie Lessa, este detonou a mentira de Bolsonaro ao afirmar que já foi ajudado por ele.

Ou seja, a história “oficial” não bate e Moro, mais do que ninguém, sabe disso.

E o fato de se calar quando o assunto é a pressão que fez sobre do porteiro que, em depoimento à Polícia do Rio, comprometeu Bolsonaro e deixou Moro mal nessa história macabra e sem solução.

Até porque tudo leva a crer que o porteiro do Vivendas da Barra cedeu à pressão de Moro e mudou sua versão dos fatos.

Um ministro da justiça forçar alguém, por meio de tirania, já é em si um crime. É violar um direito constitucional.

Lógico que sabem que, para Moro, isso não tem qualquer importância. O sujeito se fez “herói nacional” praticando todo tipo de ameaça, cerceamento, imposição, coerção, coibição, constrangimento, força, intimidação, opressão, repressão e tirania com sua famigerada Lava Jato.

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Política

Receita confirma investigação sobre pressão para abafar devassa a desafetos de Bolsonaro

Órgão diz que eventos relatados no encontro podem configurar ilícito e confirma investigação pela Fazenda.

Segundo a Folha, a Receita Federal divulgou nota nesta quarta-feira (1º) afirmando que no dia 3 de janeiro, ou seja, o terceiro dia da gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT), houve “relato de fatos e eventos que podem, em tese, configurar ilícito a ser devidamente apurado”.

A nota foi divulgada em resposta a reportagem da Folha publicada nesta quarta relatando que o corregedor do órgão, João José Tafner, afirma ter sofrido no ano passado pressão do antigo comando do Fisco para arquivar processo disciplinar aberto contra o servidor que acessou sem justificativa legal dados fiscais sigilosos de desafetos do clã Bolsonaro.

“Em relação à matéria da Folha de São Paulo intitulada ‘Corregedor diz que foi pressionado a absolver chefe de inteligência da Receita sob Bolsonaro’, a Receita Federal esclarece que, em reunião realizada em 03/01/2023, houve relato de fatos e eventos que podem, em tese, configurar ilícito a ser devidamente apurado”, diz a nota.

A Receita acrescenta que “o relato foi registrado em ata subscrita pelo secretário especial [da Receita] Robinson Barreirinhas juntamente com três servidores da Receita Federal e da Corregedoria do Ministério da Fazenda, que participaram da reunião”.

De acordo com relatos internos extraoficiais, Barreirinhas enxergou possível ato de prevaricação, uma vez que Tafner não teria denunciado o caso ou tomado providências à época das supostas pressões.

Como a Folha revelou nesta segunda-feira (27), o chefe da inteligência da Receita Federal no início da gestão Jair Bolsonaro, Ricardo Feitosa, acessou e copiou em julho de 2019 dados fiscais sigilosos do chefe do Ministério Público do Rio e de desafetos do então presidente.

São eles o coordenador das investigações sobre o suposto esquema das “rachadinhas” —o então procurador-geral de Justiça do Rio Eduardo Gussem— e dois políticos que haviam rompido com a família presidencial, o empresário Paulo Marinho e o ex-ministro Gustavo Bebianno.

Não havia nenhuma investigação formal na Receita contra essas pessoas que justificasse essas consultas. O caso resultou em investigação interna na Receita, que recomendou a suspensão de Feitosa.

Tafner entregou a conclusão da investigação com a recomendação de uma punição maior, de demissão do servidor, e, nesse encontro, acusou o então secretário da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes e o então subsecretário-geral, José de Assis Ferraz Neto, de pressioná-lo no ano passado a arquivar o caso e não punir Feitosa.

Os dois ex-dirigentes da Receita negam ter havido qualquer tipo de pressão sobre Tafner.

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Matéria

Cinegrafista relata pressão de equipe de Tarcísio e diz que filmou pessoas à paisana atirando

Repórter-cinematográfico afirma que emissora pediu que ele gravasse vídeo para candidato.

Com 30 anos de profissão, o repórter-cinematográfico Marcos Andrade, 49, se viu envolto em uma crise após um integrante da campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) mandar que ele apagasse imagens de um tiroteio em Paraisópolis.

O caso aconteceu no dia 17, momentos depois de os tiros interromperem uma agenda do candidato ao Governo de São Paulo.

Profissional a serviço da Jovem Pan, com experiência em coberturas difíceis e em áreas de conflito, Andrade foi o único a flagrar os momentos mais tensos do episódio, o que inclui pessoas à paisana atirando após rajadas supostamente disparadas por criminosos.

Ao chegar na base de campanha do candidato, relata ter sido abordado com a ordem para apagar imagens que flagrariam membros da equipe. Desconfiado, gravou a conversa.

O assunto ganhou repercussão e virou munição para o adversário de Tarcísio, Fernando Haddad (PT). A polícia pedirá as imagens para investigação, e o grupo Prerrogativas, formado por juristas e advogados que apoiam a campanha do PT nestas eleições, apresentou nesta quarta (26) uma notícia-crime ao Ministério Público de São Paulo pedindo apuração.

Após o caso ser revelado pela Folha, Andrade diz que seu desligamento foi pedido pela equipe de Tarcísio e que a emissora teria sugerido que ele gravasse um vídeo para o candidato.

Na terça, Tarcísio disse que o “momento de tensão” pode ter levado um integrante da equipe a pedir ao cinegrafista para apagar as imagens para “preservar a identidade de pessoas que fazem parte da nossa segurança” e que “a imprensa passa a ser sensacionalista com isso”.

A campanha de Tarcísio negou qualquer pressão para que o cinegrafista fosse demitido.

“No dia do ocorrido, inclusive, ele fez um vídeo emocionado dentro da van, agradecendo o Tarcísio por tê-lo tirado do local do tiroteio. No dia seguinte, na chegada a uma sabatina da Jovem Pan, o próprio cinegrafista fez questão de receber e agradecer Tarcísio mais uma vez, além de tirar fotos e dizer que toda a família estava muita agradecida pelo que havia sido feito por ele”, diz a equipe do candidato em nota.

A Jovem Pan, por meio de nota, afirmou que exibiu todas as imagens feitas durante o tiroteio. “O trabalho do cinegrafista permitiu que a emissora fosse a primeira a noticiar o ocorrido no local. Não houve contato da campanha do candidato Tarcísio com a direção da emissora com o intuito de restringir a exibição das imagens e, por consequência, o trabalho jornalístico.”

Tarcísio de Freitas na campanha eleitoral de 2022

O profissional, agora, diz que pretende se desligar da empresa e que teme as consequências do episódio para sua família. Leia trechos de entrevista à Folha:

TIROTEIO

“Eu começo a escutar uns disparos de arma de fogo, a impressão que eu tinha era umas rajadas de metralhadora. Eu fui para a janela, e olhando para o lado direito eu vi umas motos passando.

Coisa de dez minutos depois as motos deram a volta pelo quarteirão, foram para a rua de cima, e começa o novo tiroteio. Aí eu pego a câmera e vou para janela. Inclusive, todo mundo falava ‘se abaixa’, e houve um pânico generalizado. E eu fui para a janela.

Só que aí eu vejo umas pessoas à paisana na parte de baixo, na porta da escola, disparando arma de fogo no sentido da rua de cima.

Eu vejo o Tarcísio com o pessoal saindo do prédio e indo para o estacionamento. Eu fiz essas imagens, tanto essas como das pessoas embaixo atirando.

Desci. Chego na calçada e vejo lá na esquina, na parte de cima no meio da rua, uma pessoa caída e uma moto no chão.

Eu me abrigo até uma coluna. Quando eu chego para gravar esse corpo e a moto que está no chão, chega uma pessoa falando para eu não gravar.

Na hora que eu vou para a parte de cima, onde o corpo e a moto está caída, eu vejo o rapaz que eu tinha conversado a respeito de pedir reforço. Eu vejo ele armado e com distintivo da Abin [Agência Brasileira de Inteligência]. E outro rapaz que tenta me impedir também está com distintivo, mas eu não consigo ver bem o que era o distintivo dele.

ORDEM

Vi a minha colega [de trabalho] saindo da escola com uma assessora do Tarcísio e indo para van, e elas me chamam: ‘Vamos para van’.

Estou pensado que estão tirando a gente do perigo ali, e, no primeiro momento, fôssemos desembarcar, mas em nenhum momento parou a van, e fomos embora.

Chegando lá [na base da campanha], nós fomos colocados para dentro, para não ter muito a movimentação, porque acho que nem vizinho sabia que aquilo ali era um escritório da base da campanha.

Chega alguém e fala assim: ‘Vamos lá em cima [que querem falar com você]’.

Eu achei esquisito. Ficou uma dúvida, e na dúvida grava. Eu não estou com a câmera na mão. Peguei meu celular e fui gravando áudio com celular na mão.

O cara se apresenta [o homem foi identificado pelo site Intercept Brasil como Fabrício Cardoso de Paiva, um agente licenciado da Abin que foi reconhecido também por Andrade por meio de fotografias]. Aí tem a gravação [em que a voz pergunta sobre o tiroteio e sobre o que havia sido filmado, e manda Andrade apagar as imagens].

Eu achei muito estranho, eu não faria em momento algum por questão da profissão mesmo. Eu não apaguei isso [as imagens já haviam sido enviadas à emissora].

Pode ser que [Tarcísio] estivesse no ambiente, mas não na conversa. A conversa foi de pé de orelha.

Minha opinião [sobre o motivo da ordem] é que alguém que estava lá que não devia estar. É isso.

SEGURANÇAS

Tem muita polícia. Só que você não consegue distinguir quem é quem. Quando você olha para o lado e fala assim: tem um federal aqui, um cara da Abin, um militar. Isso é normal?

Eu já fiz várias campanhas. [Candidato ao governo do] estado, praxe, [é ter] policial militar. Você está acompanhando um candidato à Presidência da República, você vê policiais federais. Agora, um candidato ao governo com esse estafe eu nunca vi. Foge da normalidade.

IMAGENS

Essas imagens ficaram na câmera, no cartão da câmera. Esse é o procedimento nosso.

Não tenho esse controle [se tudo foi ao ar], né? Porque nós somos captação. Decisão do que vai ao ar, o que vai ficar armazenado, já não compete a nós.

PRESSÃO

Ontem [terça, quando o áudio foi divulgado pela Folha] foi um dia muito difícil, né? Porque houve comunicação da equipe [do Tarcísio] com a empresa [Jovem Pan] cobrando uma postura da empresa de desligamento.

Até ontem, a hora que eu saí de lá, eles bateram o pé e desligamento zero. Não falaram o que iam fazer, entendeu? Mas me pediram para eu gravar um vídeo para o Tarcísio. Não sei se para usar para campanha, mas é de um jeito para eles ficarem bem com esse pessoal.

Aquela conversa de que seria legal. Em nenhum momento eles me coagiram a gravar nada, a sugestão era essa.

Não me deram o conteúdo [do vídeo pedido].

*Artur Rodrigues/Folha

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Sob pressão, XP cancela divulgação de pesquisa que dá vantagem de Lula sobre Bolsonaro

Ataques como os de Flávio Bolsonaro cresceram depois de resultado que mostrou que mais eleitores enxergam a honestidade como um atributo do petista em comparação com o atual presidente, segundo Mônica Bergamo, Folha.

A XP Investimentos cancelou a divulgação da pesquisa do Instituto Ipespe que estava sendo divulgada semanalmente e que vinha mostrando o ex-presidente Lula (PT) na frente de Jair Bolsonaro (PL).

Na sondagem divulgada na semana passada, Lula aparecia com 45%, contra 34% do atual presidente da República.

A pesquisa que seria divulgada na próxima sexta chegou a ser registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no sábado (4), sob o número BR-06295/2022. Nesta quarta (8), ela foi retirada do site por determinação da própria corretora.

A coluna apurou que a pressão sobre a XP já vinha crescendo paulatinamente e explodiu na semana passada, quando o instituto mostrou que 35% dos eleitores consideram que a honestidade é um atributo de Lula, contra 30% que dizem o mesmo sobre Bolsonaro.

Bolsonaristas passaram a atacar a corretora nas redes sociais –um dos mais notórios deles foi o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) que ironizou os resultados em seu perfil no Telegram. “O mesmo instituto deu Lula com 45% e Bolsonaro com 34% kkkkk”, escreveu Flávio.

O deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) comentou que “é o mesmo que dizer que o diabo é mais honesto que Jesus. Delírio total! Kkkkkkkk…”.

Ministros de Bolsonaro também já telefonaram para a XP para reclamar dos resultados –que coincidem com os de outros institutos, dentro da margem de erro.

Na esteira dos ataques, clientes, em especial os ligados ao agronegócio, passaram a fechar contas e a retirar investimentos da corretora, segundo apurou a coluna.

Diretores e acionistas minoritários passaram a fazer questionamentos internos sobre o movimento.

A XP tomou então a decisão de transferir o contrato do Ipespe para uma outra empresa do grupo, menos visada, a Infomoney, que registrou no TSE a pesquisa que seria divulgada nesta semana.

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