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Jair de Souza: A insuperável podridão das classes dominantes ocidentais

Desde que a história dos seres humanos começou a ser retratada com base em estudos amparados em dados confiáveis, as classes dominantes de origem europeia vêm despontando como o que de mais sórdido e nefasto a humanidade já gerou.

Não pretendo de modo algum dar a entender que as elites de poder dos povos não ocidentais se caracterizam por sua pureza e bondade. Esta, absolutamente, não é minha intenção.

O que estou procurando destacar é o insuperável nível de crueldade e insensibilidade daqueles que têm estado no comando das rédeas das nações de extração europeia, em contraposição ao que ocorre em todos os demais grupos humanos.

Inegavelmente, em todas as oportunidades em que forças vindas de outras partes avançaram sobre regiões já habitadas por outros grupos humanos, os resultados sempre foram de fortes sofrimentos para os povos subjugados.

Contudo, as desgraças provocadas pela expansão ocidental ao redor do planeta ultrapassam em muito toda a perversidade que temos conhecimento de ter sido praticada ao longo da história.

Tão somente com um breve repasso da presença usurpadora das forças do Império Romano naquele lugar que hoje denominamos de Oriente Médio, ficam evidentes as marcas deste desrespeito ao direito de os povos continuarem vivendo nos territórios que tradicionalmente já ocupam há muito tempo.

Estamos nos referindo exatamente àquela região associada à figura de Jesus, cujos nome e simbolismo costumamos respeitar e valorizar.

Por que as legiões de um Império sediado na Europa Ocidental deveriam comandar os destinos de terras localizadas em outro continente e habitadas por povos que nada tinham de europeus?

A resposta a esta indagação nos remete aos primórdios do conceito que atualmente designamos como colonialismo. Assim, a grosso modo, podemos estabelecer nesta etapa os marcos iniciais do expansionismo europeu, que nos afeta negativamente até os dias atuais.

Convém recordar que, para exercer seu domínio sobre aquelas pessoas que nada tinham a ver com a etnia e a cultura romanas, as forças colonialistas se aliaram aos setores das classes dominantes locais. Estas, por sua vez, recorriam à manipulação da religião para garantir a manutenção de seus privilégios.

Devemos ter sempre em conta que as práticas de Jesus representavam uma luta ferrenha em favor das classes mais humildes, com o propósito de ajudá-las a sair do estado de penúria em que eram forçadas a viver.

Assim, é também de muita relevância que não nos esqueçamos do fato de que ele foi preso e executado por soldados ocupantes romanos por orientação dos líderes religiosos locais de então.

Isto explica a razão pela qual a adesão a suas pregações tenha surgido e se desenvolvido inicialmente entre as massas de gente humilde, e não entre as camadas ricas e poderosas.

Por então, seus seguidores tinham de se reunir às escondidas, para fugir das perseguições das autoridades romanas e dos líderes do judaísmo oficial.

A partir das experiências desenvolvidas nessa etapa inicial, as classes dominantes romanas aprimoraram sua destreza em manipular os conceitos e as palavras para, desta maneira, usá-los em favor de suas ambições e seu egoísmo.

Tanto assim que foram capazes de se apoderar do legado de Jesus, de modo a atribuir-lhe um significado diametralmente oposto ao de seus propósitos originais.

Como já expusemos mais acima, a pregação do Nazareno se caracterizava por seu desejo de defender as causas dos setores sociais mais carentes e explorados.

Entretanto, os representantes dos interesses imperiais e colonialistas das classes dominantes ocidentais se dedicaram a falsificá-lo e deturpá-lo com o objetivo de torná-lo um poderoso instrumento para reforçar sua hegemonia sobre as massas populares e para facilitar sua devastadora expansão sobre todas as demais nações de todos os outros continentes.

Foi assim que, apesar de que seu intuito original era atender e socorrer os mais necessitados, a figura de Jesus foi alvo de um monstruoso processo de manipulação.

Com isto, produziu-se uma completa metamorfose, da qual surgiu uma ideologia político-religiosa que desempenharia um papel fundamental na expansão do colonialismo europeu: o cristianismo.

Desta forma, o cristianismo se tornou uma portentosa arma destinada a subjugar e exterminar povos e nações ao redor do mundo, com vista a fazer prevalecer os interesses materiais do colonialismo ocidental.

Portanto, é muito importante que tenhamos em mente que essa religião, criada e impulsionada pelas classes dominantes ocidentais, nada tem a ver com aquele de cujo nome ela se aproveita.

Na verdade, o que se consolidou desde sua elevação à categoria de religião oficial do Império não foram as pregações e os ensinamentos daquele que perambulava entre os setores populares da Palestina de seu tempo, senão que sua desvirtuação completa, com a perda das bases humanitárias que lhe serviam de sustentação.

Foi com base nesta ideologia inteiramente contrária ao legado de Jesus, mas recorrendo fraudulentamente a seu nome, que as classes dominantes ocidentais se lançaram à empreitada que veio a representar o maior morticínio já causado entre os seres humanos por outros seres humanos.

Em decorrência, nas Américas, na África, na Ásia e na Oceania, as classes dominantes da Europa Ocidental assassinaram milhões e milhões de pessoas, exterminando quase que por completo inúmeros povos, nações e culturas, em genocídios de proporções inimagináveis.

Embora a presença do flagelo da escravidão possa ser detectada em várias situações há muito tempo, tão somente as classes dominantes europeias a transformaram num modo de produção aplicado de forma generalizada para fins de obtenção regular de lucros comerciais.

Decididamente, a estruturação da economia com base no trabalho escravo é mais uma das criações desses que gostam de se apresentar como o símbolo do melhor da humanidade.

No entanto, a perversidade das classes dominantes do chamado mundo ocidental estava longe de se haver esgotado após a consecução dos abomináveis crimes de genocídio levados a cabo nessa fase em que predominaram o colonialismo e a escravidão. Ainda havia muito ódio e ignomínia a demonstrar.

E as classes dominantes de extração europeia se esmeraram para provar que eram capazes de se superarem, como de fato o fizeram. Entre as outras obras primas das classes dominantes ocidentais de origem europeia podemos citar o apartheid, o nazismo e o sionismo.

O apartheid, que desgraçou a vida de milhões de africanos, foi levado à África por iniciativa das classes dominantes holandesas. Em seu afã de se apropriar das riquezas do continente africano e abusar da exploração da mão de obra de seus habitantes autóctones, os colonizadores europeus edificaram um dos sistemas mais horripilantes de discriminação de cunho racial.

Foram necessárias várias décadas de luta e sofrimento para que esse produto da maldade pudesse ser derrubado. Mesmo assim, seus efeitos maléficos se estendem até nossos dias.

Já o nazismo é um genuíno fruto dos que gostam de ser tomados como o suprassumo da civilização europeia e, devido a isto, de toda a humanidade: as classes dominantes germânicas.

Com o nazismo, os grandes capitalistas alemães e de várias outras nações europeias deixaram evidente que não há limites para a prática de atrocidades contra outros seres humanos.

No intuito de combater os possíveis riscos para a manutenção de seu domínio social, os paladinos da defesa dos interesses do grande capital na Alemanha e em outros países da Europa não hesitaram em desenvolver as técnicas para causar a morte e o sofrimento em escala industrial.

Os campos de concentração e os fornos da morte do nazismo também foram gerados por mentores das classes dominantes ocidentais de pura cepa europeia.

E, quase que como uma síntese cumulativa de todas as perversões gestadas por iniciativa das classes dominantes europeias, temos atualmente o sionismo. Esta ideologia a serviço do grande capital também é cem por cento de origem europeia, sem ter absolutamente nada a ver com os antigos povos hebraicos que habitavam a região do Oriente Médio no passado.

O sionismo é algo equivalente ao nazismo, com a diferença básica de ter sido propulsionado por ideólogos europeus com vinculações pretéritas a gente que professava o judaísmo.

O sionismo incorpora em sua essência o espírito do colonialismo, do apartheid e, em consequência, do nazismo.

Suas maiores vítimas diretas são os povos que já habitavam a região da Palestina há milênios, os quais têm sofrido um intenso processo de perseguição, usurpação e extermínio, que visa instalar em suas terras os colonos europeus e seus descendentes, que foram para lá conduzidos pelos movimentos sionistas formados na Europa.

A crueldade praticada contra a indefesa população palestina pelas forças militares e paramilitares a serviço do sionismo europeu não deixa margem para dúvidas de que os sionistas assimilaram à plenitude a podridão produzida pelas classes dominantes ocidentais ao longo dos séculos.

Porém, é muito importante que não nos deixemos levar por uma falsa percepção. Os grandes inimigos da humanidade não são os povos europeus, e sim suas classes dominantes.

As massas populares dos países da Europa são, na verdade, importantes aliados de suas contrapartes dos países periféricos. Os movimentos e partidos dos trabalhadores europeus, assim como seus teóricos, deram contribuições inestimáveis em favor dos processos de emancipação das classes trabalhadoras do mundo inteiro. Com eles, aprendemos a valorizar o sentimento do internacionalismo proletário e a busca pela unidade dos povos.

Por isso, é muito gratificante constatar que as lutas dos povos vítimas do colonialismo e imperialismo originados nos centros oligarcas do Ocidente têm contado com o apoio resoluto de movimentos de massas populares nos países europeus, assim como nos Estados Unidos. Isto se mostra ainda mais evidente nos cruciais momentos que estamos atravessando.

Em protesto contra o genocídio que as forças armadas do sionista Estado de Israel estão cometendo contra o povo palestino, estão ocorrendo amplas mobilizações de massas nas principais cidades da Europa.

E ainda mais reconfortante é constatar uma nutrida e intensa participação nas mesmas de pessoas de ascendência judaica, o que ajuda a corroborar a compreensão de que judaísmo e sionismo não são para nada equivalentes.

Para que não subsista nenhuma incompreensão, ser judeu e ser sionista são coisas muito diferentes.

Assim como não podemos estender a pecha de nazista ao conjunto dos alemães, o termo sionista não pode de maneira nenhuma ser empregado para designar a todos os que se identificam como judeus.

Em resumo, tudo o que expusemos nas linhas anteriores tem por objetivo ressaltar a compreensão de que todos os povos do mundo podem e devem viver em solidariedade e harmonia.

Os verdadeiros responsáveis pelas guerras e outras desavenças entre os grupos humanos costumam ser suas classes dominantes, ou seja, aqueles setores que vivem à custa da exploração do trabalho dos restantes.

Dentre os exploradores, os que mais têm se destacado negativamente ao longo do tempo são as oligarquias formadas nas nações ocidentais.

Embora estas pretendam atribuir-se a qualificação de modelo exemplar a ser seguido por todas as demais, representam de fato a podridão maior já atingida pela humanidade.

*Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.

*Viomundo

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Altman aponta confluência entre nazismo e sionismo após gesto de Musk

Jornalista judeu criticou o silêncio das entidades judaicas após o gesto nazista do bilionário.

Breno Altman usou as redes sociais nesta terça-feira (21) para criticar o silêncio generalizado de entidades judaicas, que se recusaram a condenar de maneira enfática o gesto nazista feito pelo bilionário de extrema-direita Elon Musk durante um evento realizado após a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.

Nesta segunda-feira, ao discursar, Musk bateu com a mão direita sobre o coração, com os dedos bem abertos, depois estendeu o braço direito para fora, enfaticamente, em um ângulo ascendente, com a palma para baixo e os dedos juntos. Em seguida, ele se virou e fez o mesmo gesto com a mão para a multidão atrás dele. Musk foi acusado de promover o nazismo, mas algumas entidades judaicas, como a Liga Anti-Difamação, discordou. Ele rejeitou as críticas ao gesto com a mão como um ataque “desgastado”.

Segundo Altman, o silêncio das entidades sionistas evidencia o que ele chama de “confluências” com a ideologia nazista. Para ele, judaísmo e nazismo não são necessariamente opostos, mas compartilham, na sua visão, o objetivo de estabelecer um Estado baseado em princípios racistas.

“O silêncio de entidades sionistas acerca da saudação hitleriana de Elon Musk simboliza confluência entre nazismo e sionismo. Essas doutrinas nunca foram efetivamente contrapostas. Sionismo não é sobre enfrentar nazismo ou antissemitismo, mas sobre criar um Estado racista judaico”, escreveu Altman na plataforma X.

Disse Altman:

“O silêncio de entidades sionistas acerca da saudação hitleriana de Elon Musk simboliza confluência entre nazismo e sionismo. Essas doutrinas nunca foram efetivamente contrapostas. Sionismo não é sobre enfrentar nazismo ou antissemitismo, mas sobre criar um Estado racista judaico.”

Após tomar posse, Trump assinou um decreto para criar um grupo consultivo chamado Departamento de Eficiência Governamental com o objetivo de realizar cortes drásticos no governo dos EUA, atraindo ações judiciais imediatas que contestam suas operações.

O grupo — apelidado de “DOGE” — está sendo dirigido por Elon Musk e tem metas grandiosas de eliminar agências federais inteiras e cortar três quartos dos empregos do governo federal.

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Sionismo prolifera literatura sobre Holocausto enquanto massacra palestinos em Gaza

O Holocausto é indústria bem azeitada do sionismo que adquire especial relevância quando as ações bélicas de Israel contra palestinos são mais atrozes e evidentes.

Renán Vega Cantor – Rebelión, Bogotá

“Israel [é] uma nação necrófila, obcecada e possuída pela morte e, particularmente, pelos campos de extermínio do Holocausto, incapaz de compreender a atrocidade e, no entanto, suficientemente capaz de usar e abusar de suas lembranças em nome de seus objetivos políticos” – Ilan Pappé, A ideia de Israel. Uma história de poder e conhecimento, Akal, Madri, 2014, p. 214.

Estou na frente de uma livraria, das poucas que restam em Bogotá, e como costumo há anos, me detenho para olhar as novidades oferecidas nas vitrines de frente para a rua. Algo me chama a atenção de imediato: aparecem dezenas de livros sobre o Holocausto nazista contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Me causa certa suspeita o fato, porque estamos em 2024, em pleno genocídio do Estado de Israel contra os palestinos. Olho com mais cuidado para ver se encontro algum livro sobre esse genocídio em curso. Não há nenhum.

Essa proliferação de literatura sobre os nazistas, a Segunda Guerra Mundial e os judeus desperta minha curiosidade. Entro na livraria e nas primeiras estantes que vejo, onde se exibem os livros mais recentes, figuram dezenas de textos sobre o Holocausto. Há de tudo: história, memórias, romances, crônicas, testemunhos, ensaios, análises historiográficas, estudos sociológicos… Os livros versam sobre crianças, mulheres, homossexuais, velhos… que foram perseguidos pelos nazistas; o epicentro espacial se circunscreve ao que sucedeu nos territórios europeus ocupados pelos exércitos hitlerianos na Polônia, Checoslováquia e outros países da Europa Central e do Leste. Um tema que se destaca é o dos campos de concentração, especialmente Auschwitz. Não há nenhum livro, que pelo menos se veja à primeira vista, sobre a invasão alemã à União Soviética nem sobre os crimes ali cometidos.

Uma característica desta exibição e propaganda bibliográfica está em que os livros foram escritos e publicados recentemente, grande parte deles entre 2022 e 2024. Claro, veem-se alguns títulos muito conhecidos, tais como as obras de Primo Levi e o Diário de Anne Frank.

Aqui alguns títulos desses livros que pude ver: O fotógrafo de Auschwitz; O Holocausto rosa; As 999 mulheres de Auschwitz; A garota que escapou de Auschwitz; Minha avó esteve em Auschwitz; O pintor de Auschwitz; Sobrevivi ao Holocausto; Para entender o Holocausto; Fugindo do Holocausto; Breve história do Holocausto; O mistério do Holocausto revelado; Representar o Holocausto; O menino com pijama listado; O diário de Helga. Testemunho de uma menina no campo de concentração; Sorte. Escapei do Holocausto; Perguntas que me fizeram sobre o Holocausto; Memórias de um historiador do Holocausto…

E esta é apenas uma pequena amostra, mas representativa da profusão bibliográfica que se nota nestes dias sobre os judeus e o Holocausto. Dentro da livraria não se observam livros sobre os palestinos, que estejam pelo menos exibidos à luz pública, e se se pergunta aos livreiros sobre a Palestina e o genocídio em curso, dizem que não há muito o que mostrar.

Holocausto: indústria para o Sionismo
A partir desta segmentação bibliográfica, a gente se faz uma pergunta: É pura casualidade que, enquanto o estado sionista de Israel assassina brutal e massivamente os palestinos (incluindo crianças, mulheres e anciãos) abunde a literatura sobre o Holocausto dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial? Eis a questão central, que não pode passar desapercebida, porque revela muito do poder do lobby sionista em nível mundial, incluindo seu controle sobre a indústria editorial, a imprensa e os meios de propaganda escritos e visuais.

O Holocausto é uma indústria bem azeitada do lobby sionista que funciona diariamente e adquire especial relevância pública nos momentos em que as ações bélicas de Israel são mais atrozes e evidentes, como acontece hoje
Ao ver essa avalanche de livros sobre o tema mencionado — uma quantidade espantosa se se comparar com o genocídio dos palestinos, sobre o qual não há livros que apareçam nas prateleiras da livraria —, não é preciso ter uma atitude conspirativa ou paranoica para entender que isso não é casual, mas corresponde a uma campanha de propaganda bem orquestrada. Dessa campanha participam conscientemente autores, pesquisadores, escritores, editoras, jornais, que têm como objetivo principal mostrar os judeus como as eternas vítimas e expor, de forma mórbida e quase pornográfica, o que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial como um caso único e que não se repetirá.

O Holocausto é uma indústria bem azeitada do lobby sionista que funciona diariamente e adquire especial relevância pública nos momentos em que as ações bélicas de Israel são mais atrozes e evidentes, como acontece hoje. Da mesma maneira que a máquina assassina de Israel bombardeia e mata à esquerda e à direita, a indústria cultural e bibliográfica do Holocausto dispara rajadas de autovitimização e tergiversação histórica, para ocultar e justificar os crimes contra os palestinos.

Nesse terreno não se pode ser ingênuo e supor que seja pura casualidade cronológica que no mesmo instante em que Israel massacra os palestinos haja uma explosão bibliográfica sobre o Holocausto e o sofrimento dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Pelo contrário, esta é outra ação genocida do lobby sionista do mundo ocidental, que se leva a cabo de forma complementar às ações criminosas que sobre o território palestino praticam os nazisionistas. Neste caso, abusa-se da história e da memória para perpetrar um crime similar no presente ao que se pretende, de forma unilateral e manipulada, denunciar no passado.

Nesse terreno não se pode ser ingênuo e supor que é pura casualidade cronológica que no mesmo instante em que Israel massacra os palestinos haja uma explosão bibliográfica sobre o Holocausto e o sofrimento dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial

Se os judeus são apresentados como as vítimas por excelência, o que deve gerar empatia e compaixão para com eles, o Estado sionista de Israel ‒ que se autoproclama abusivamente representante de todos os judeus do mundo ‒ aparece também como uma vítima que é assediado e atacado pelos “antissemitas” do mundo inteiro, os gentios que são os inimigos eternos dos judeus. Nestas condições, o genocídio atual se apresenta como um direito de Israel de defender-se dos terroristas árabes e evitar que os sionistas sejam expulsos da Palestina que invadiram brutalmente há um século.

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Vídeo: Judeu, que viveu o holocausto em Auschwitz, fala contra Israel e o sionismo

Ao contrário do que afirmou o apresentador Luciano Huck, o genocídio palestino sob apartheid se assemelha de modo escancarado ao holocausto. Podemos citar várias leis de segregação racial, a condição apátrida de 5 milhões de habitantes, os pogroms apoiados pelo governo

O genocídio que já deixou mais de 30 mil mortos, 90% da população de Gaza vivendo em tendas improvisadas, com falta de água e comida e sem coleta de lixo ou esgoto. A ONU estima que mais de 4 mil crianças de etnia árabe estão órfãs em Gaza.

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Astrojildo Pereira e o sionismo

Marcos Del Roio

Em novembro de 1940 a guerra já campeava na Europa, a Alemanha colhia vitória após vitória, mas ainda não havia atacado a URSS, tampouco a guerra havia alcançado os Estados Unidos na região do Pacífico. O horror de uma possível e acachapante vitória nazista no Velho continente tirava o sono de todos que prezassem a vida civilizada.

Nessa circunstância foi que Astrojildo Pereira, fundador do Partido Comunista Brasileiro, crítico literário de renome, resolveu tecer alguns estudo sobre a Bíblia, mais especificamente, sobre a guerra no Antigo Testamento. De início fez uso de um livro que acabava de aparecer, La guerra et la Bible, de Madeleine Chesles.

Seguindo a autora, Astrojildo Pereira se surpreende ao saber que Moisés, dois anos depois de iniciada a migração em direção Canaã, tinha sob seu comando um exercito de 600 mil homens, todos os machos adultos do povo escolhido por Deus. Moisés foi o último dos profetas a falar diretamente com Deus. Antes de morrer, às margens do rio Jordão, Moisés passou o comando do povo / exército para Josué, que seria então o encarregado de conquistar a terra prometida, a qual, obviamente, era habitada por outros povos que deveriam ser eliminados da face da terra.

A conquista começou com a tomada da cidade de Jericó (uma das mais antigas do mundo). Depois de alguns dias de cerco a cidade foi tomada, quando “caíram de repente os muros, e cada um [dos atacantes] subiu pelo lugar que lhe ficava defronte: e tomaram a cidade e mataram a todos os que nela encontraram, desde os homens até as mulheres; e desde as crianças até os velhos. Passaram também ao fio bois e ovelhas e jumentos” (Bíblia, Josué, VI, 20-21).

Ainda mais: “E puseram fogo à cidade, e a tudo que se achou nela, à exceção do ouro e da prata, dos vasos de bronze e de ferro, que consagraram para o tesouro do Senhor” (Bíblia, Josué, Vi, 24). A narrativa bíblica continua mostrando como Josué foi capaz de derrotar todas as 31 tribos que habitavam a terra prometida.

Na medida em que lia o livro de Madeleine Chesles, ocorreu uma ideia a Astrojildo Pereira que o fez ir diretamente ao livro sagrado. A hipótese que lhe ocorreu foi que o nazismo tem origem mosaica, que Hitler de alguma maneira tinha a pretensão de ser o Moisés do povo alemão. Aqui já poderíamos dizer que o nazismo e o sionismo têm uma mesma origem. Em 1940, o sionismo já existia como movimento e como ideologia, mas a conquista da “terra prometida” estava ainda em seus inícios, de maneira que Astrojildo Pereira não chegou ao ponto.

Ciente de quão chocante pode ser essa hipótese, sente-se desafiado a mostrar os indícios, mesmo não sendo o primeiro a notar essa analogia entre Hitler e Moisés. A mais óbvia aproximação está na ideia de “povo eleito”, que não deveria se misturar com outros povos. Astrojildo Pereira sugere que essa determinação era tão dura que poluir o sangue de Israel caberia uma punição inimaginável como conta os Números, XXV, 9, que “foram mortos 24 mil homens”.

Outra aproximação entre o hitlerismo e o mosaismo seria a ideia do “espaço vital” de um e “a terra prometida” de outro. Em ambos os casos a conquista do objetivo deveria ser alcançada a ferro e fogo. Tanto que daí vem uma terceira analogia, que é a da guerra total, essa onde não se distingue combatente e não combatente. Astrojildo Pereira lembra então, mais uma vez, que Josué jamais poupou os povos derrotados, o genocídio era a regra.

Entre outras passagens bíblicas que falam de massacres perpetrados pelo “povo escolhido”, Astrojildo Pereira transcreve mais essa sobre a tomada de Asor: “e passou à espada toda gente que ali morava: não deixou nela coisa com vida; mas destruiu tudo até às últimas, e reduziu a mesma cidade a cinzas. E tomou, feriu e devastou todas as cidades circunvizinhas, e os seus reis, com lho havia ordenado Moisés servo do Senhor” (Bíblia, Josué, XI, 11-12).

Astrojildo encontra a síntese de sua conjectura na seguinte passagem: “Quando o Senhor teu Deus te tiver introduzido na terra, que vai a possuir, e tiver exterminado à tua vista muita nações, (…), que são sete povos, muito mais numerosos do que tu és, e muito mais fortes do que tu, e o Senhor teu Deus tas tiver entregado, tu as passará a cutelo sem que fique nem um só. Não celebrarás concerto algum com elas, nem as tratará com compaixão. Nem contrairás com elas matrimonio. Não darás tua filha a seu filho, nem tomarás sua filha para teu filho” (Bíblia, Deuteronômio, VII, 1-3).

Evidente que Astrojildo Pereira, em 1940, não poderia ter antecipado o que faria o movimento sionista em todas as décadas subsequentes. Se a conquista de Canaã ocorreu aos poucos e não com o vendaval genocida perpetrado por Josué não é de grande importância; se a mitologia histórica contada no Antigo Testamento inspirou o nazismo é uma possibilidade real e é também uma imensa e chocante realidade que a inspiração genocida do “povo eleito” contra o povo, ou povos, que habitavam antes o território da “terra prometida” é um fato presente.

Assim que a analogia do nazismo com o sionismo não é mera manifestação de indignação diante do massacre que os sionistas desencadearam contra o povo palestino. As analogias são muito fortes e ambas as ideologias nascem nos albores da época imperialista, são vertentes do nacionalismo chauvinista e do racismo, são inimigos da humanidade.

(*) Marcos Del Roio é professor titular de ciência política na Unesp-Marília. Autor, entre outros livros, de Os prismas de Gramsci (Boitempo).

*Opera Mundi

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Breno Altman: a grande arma do sionismo é a mentira

Artigo de Cláudio Lottenberg é tosca manipulação para justificar o massacre contra os palestinos da Faixa de Gaza.

Espantoso o artigo mais recente de Cláudio Lottenberg, presidente da CONIB (Confederação Israelita do Brasil), publicada pelo UOL. Algum desavisado que se contentasse em bater os olhos somente no título, “A verdade sobre o genocídio”, poderia chegar à conclusão que o representante sionista estava pronto para uma análise crítica dos crimes contra a humanidade cometidos por Israel. Trata-se, no entanto, de tosca manipulação para justificar o massacre contra os palestinos da Faixa de Gaza.

O autor sequer cita as quase vinte mil mortes provocadas pelos ataques israelenses em apenas sessenta dias, na imensa maioria civis, especialmente crianças e mulheres. Quase um por cento da população local foi liquidada pelo Estado sionista, a sangue frio, mas esse fato é simplesmente ignorado no texto desse senhor.

Tudo o que está acontecendo seria responsabilidade do Hamas, como se o conflito tivesse emergido subitamente no dia 7 de outubro.

Nenhuma palavra sobre a ocupação ilegal de todos territórios palestinos, submetidos a um regime colonial desde 1967, em aberta violação ao direito internacional e a resoluções das Nações Unidas.

Nada sobre a burla dos Acordos de Oslo, com a expansão de assentamentos judaicos, com mais de 700 mil colonos, em áreas da Cisjordânia e de Jerusalém supostamente destinadas a um futuro Estado palestino.

Silêncio absoluto sobre a Faixa de Gaza estar bloqueada e cercada desde 2007, com seu povo submetido a ondas incessantes de repressão e brutalidade, com milhares de inocentes assassinados antes dos acontecimentos de outubro. Apenas entre julho e agosto de 2014, a título ilustrativo, mais de dois mil civis palestinos perderam a vida graças a bombardeios israelenses sobre o maior campo de concentração a céu aberto do planeta.

Até mesmo historiadores israelenses – como Illan Pappé e Schlomo Sand – admitem que o recurso à limpeza étnica contra palestinos, uma típica prática vinculada ao genocídio, está na origem e no desenvolvimento de Israel, estendendo-se à atualidade. Para esses estudiosos, o objetivo do sionismo sempre foi dominar a Palestina do rio ao mar, por etapas, consolidando um regime de supremacia judaica.

*Opera Mundi

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Não tendo mais como negar, Netanyahu admite genocídio de civis em Gaza e diz que não tem como controlar

Para uma coisa servirá a declaração cínica de Netanyahu, admitindo a carnificina em Gaza, promovida pelo exército terrorista de Israel, para calar a boca de quem chama de antissemita quem denuncia o exército assassino dos sionistas de praticar o massacre cruel, sobretudo contra crianças.

A declaração de Netanyahu não muda absolutamente nada. O sionismo seguirá apostando que, tendo a mídia industrial comendo em suas mãos, como acontece, por exemplo, com a Globo e afins aqui no Brasil, Israel reduzirá o repúdio universal dos povos e que, logo depois, a coisa cairá no esquecimento e que as pessoas não lembrem que o Estado de Israel foi imposto aos palestinos debaixo de um genocídio idêntico aos piores da história da humanidade.

 

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Por que o sionismo segue impune massacrando a população de Gaza?

Não há uma resposta definitiva que justifique a continuação da barbárie cometida pelos sionistas contra a população civil de Gaza, sobretudo crianças e mulheres.

Mesmo diante dos olhos da comunidade internacional, as autoridades mundiais parecem totalmente paralisadas diante de uma calamidade ainda longe de saber qual é de fato a sua dimensão que, certamente, é muito maior e pior do que veem os olhos, porque essa é a especialidade dos sionistas.

Na verdade, o que isso revela, de maneira clara, é que a barbárie vale a pena, que a institucionalidade é puro teatro e que as leis internacionais são meras purpurinas para enfeitar e dar brilho a um conceito de civilização concreta em que a força da grana e das armas é o que, efetivamente, importa.

Somente isso para explicar como o mundo chegou a tal ponto em que as população mundial mostram-se cada vez mais numerosas, repudiando a selvageria do Estado terrorista de Israel, comandado pelos sionistas contra civis para lhes roubar as terras, as casas, a vida, por interesses comerciais de certa cúpula que comanda o planeta.

O que esse fato revela é que os braços do sionismo, que têm sua principal sede na Casa Branca, são muito maiores, mais fortes do que muitos imaginavam.

Pior, tudo indica que, no mundo, não há forças contrárias a eles capazes de impedir que a carnificina na Palestina tenha fim, menos ainda o neonazismo sionista corre risco de sofrer qualquer arranhão, porque tudo indica que as raízes satânicas desse mal têm força muito mais robusta do que imaginavam até os que já denunciavam essa espécie de elite global.

Na realidade, o que isso mostra é que o sionismo rompeu com qualquer falta de vergonha na cara e, para conseguir seus intentos, não mede esforços para moer populações inteiras, ao vivo e a cores, em tempo real, para os olhos do mundo.

É difícil prever como os cidadãos do mundo que, até aqui, acreditavam num modelo de civilização minimamente organizada por leis e comportamentos, lidarão com isso de maneira desarticulada, porque somente uma massa humana de milhões de seres humanos. numa só pulsação, seria capaz de parar e punir o comando dessa máquina de guerra que pode sim avançar sobre outros territórios e povos se nada efetivamente for feito.

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Uso de estrelas amarelas por delegação israelense na ONU gera críticas do próprio sionismo

Símbolo faz referência a perseguição nazista aos judeus, não à soberania de Israel, defende aliado de Netanyahu, presidente do Centro de Memória do Holocausto Yad Vashem.

O Centro de Memória do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, criticou nesta terça-feira (31/10) a delegação israelense nas Nações Unidas por usar estrelas amarelas, um símbolo da perseguição nazista aos judeus, durante uma reunião do Conselho de Segurança.

Na reunião do Conselho de Segurança da ONU para a discussão da guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas desta segunda-feira (30/10), o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, e outros delegados colocaram as estrelas amarelas em suas roupas com as palavras “nunca mais” escritas.

“Lamentamos ver os membros da delegação israelense na ONU usando um distintivo amarelo. Este ato desonra tanto as vítimas do Holocausto como o Estado de Israel. A mancha amarela simboliza o desamparo do povo judeu e o fato de estar à mercê dos outros. Hoje temos um país independente e um Exército forte. Somos donos do nosso destino. Hoje colocamos uma bandeira azul e branca na lapela, não uma mancha amarela”, afirmou Dani Dayan, presidente da organização, por meio das redes sociais.

*Opera Mundi

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Bolívia, Palestina e Irã: sionismo e imperialismo são palavras com o mesmo conteúdo

Pelo mundo ecoa a voz de muitos milhões de iranianos e árabes feridos na sua dignidade: “Yankees, go home!” é o grito de guerra da hora.

A palavra sionismo perdeu o sentido original que qualificava o movimento de judeus em direção a Sion, ou Monte Sião. O local seria a terra de seus ancestrais, território em Jerusalém, onde floresceu a Palestina e que também é berço de outros povos e civilizações.

Israel surgiu no pós-Segunda Guerra pelas mãos dos países vencedores, que redesenharam a geopolítica em todo o Oriente do Mediterrâneo e na Ásia Central. Se consolidou como uma cabeça de praia (ponta avançada) do capitalismo global e se tornou potência bélica e nuclear.

A partir da gestão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (2009-atual), Israel passou a ser um Estado teocrático sionista e se tornou uma ameaça permanente à paz no mundo. O país se nega a cumprir a resolução da ONU, que prevê a criação de dois Estados — o israelense e o palestino — e segue ocupando áreas palestinas, promovendo um genocídio contra essa população.

Com a evolução do capitalismo global e a consolidação da hegemonia estadunidense, o sionismo passou a atuar como uma inteligência do novo imperialismo em expansão. A grande nação norte-americana parece guiada pelos sionistas.

Por exemplo, o mais poderoso lobby no Congresso dos EUA é o sionista e que se confunde com o poderoso lobby da indústria armamentista. Wall Street, a meca do capital financeiro, é controlada por judeus, sionistas, claro. Lá estão os maiores e poderosos banqueiros planetários, como Lehman Brothers, Rothschild, Mellon, etc…

Influência religiosa

Mesmo a religião nos Estados Unidos, que histórica e hegemonicamente era protestante e anglicana, cedeu lugar ao neopentecostalismo. A antiga ética sofreu uma reviravolta sob a égide da teologia da prosperidade, que nada mais é do que a adoração ao deus dinheiro e está, portanto, intimamente vinculada ao sionismo.

Os fatos comprovam que muito além da coincidência bíblica (os neopentecostais veem Jerusalém como a Terra Santa e os sionistas como Terra Prometida), há confluência de ideologia, negócios bilionários e ocupação de espaço em favor da hegemonia do capital financeiro e dos interesses dos Estados Unidos. Deixa de ser coincidência ao fator religioso quando o objetivo é político e de poder.

Na prática, os templos denominados neopentecostais espalhadas pelo mundo nasceram nos Estados Unidos e atuam como braços desse sionismo de novo tipo, que se confunde com o nazismo naquilo de mais trágico da saga hitlerista: supremacismo racial e genocídio em massa dos desiguais.
Sionismo fora de Israel

Maurício Macri assumiu o poder na Argentina em 2015 para executar um projeto neoliberal a serviço do capital financeiro transnacional. A primeira atitude ao chegar ao governo foi privilegiar as relações com Israel. Visitas recíprocas e amplos acordos de cooperação na área de defesa, principalmente, foram realizados.

Paralelamente, houve, da parte argentina, um alinhamento da política externa aos interesses dos Estados Unidos, o que fez com que o país passasse a condenar governos progressistas, como os de Bolívia e Venezuela.

Na sequência, a Argentina descobre petróleo no sul da Patagônia; os Estados Unidos instalam uma base militar na província de Neuquén; Israel passa a patrulhar a fronteira hídrica entre Argentina, Uruguai, Brasil e Paraguai com barcos fortemente armados, soldados e assessores sionistas.

Interessante que, coincidentemente, a Argentina tem a maior colônia judaica na América do Sul e também é sede de uma poderosa máfia judia. Na prática, com o governo macrista, os interesses do país passaram a ser o mesmo do Estado Sionista.

 

*Paulo Cannabrava Filho/Diálogos do Sul