Sem a capa de super-homem que a Globo lhe emprestou, Moro não dispõe mais da força nos braços para esmurrar a constituição e promover todos os absurdos que cometeu como juiz da Lava Jato. O mesmo pode ser dito de Dallagnol, que, da noite para o dia, anda vendo o mundo de cabeça para baixo, depois de construir uma carreira primorosa de palestrante, com ganhos extraordinários, parece que a fecundíssima fonte secou em consequência dos vazamentos do Intercept.
É que os Marinho, diante da realidade escancarada pelo Intercept, deram uma forte guinada no leme, norteando o Jornal Nacional a transformar Bonner em Pilatos em busca de um remanso em meio ao tormento provocado pelos vazamentos, até porque, pelo que disse Glenn em entrevista na TVT, o que certamente alarma a Globo, ele tem um vasto material das relações nada republicanas da Globo com os procuradores da Lava Jato, avalizados por Moro.
Sem esse sistema de lentes que a Globo usava para ampliar a musculatura da Lava Jato, as respostas que Dallagnol, Moro e cia. dão a cada vazamento se transformaram em balas perdidas, pior, eles agora é que não têm blindagem nenhuma e se encontram em recinto nada adequado a céu aberto no momento em que estão sendo bombardeados, quase diariamente, com as revelações cirúrgicas que estão explodindo na cabeça dos procuradores e de Moro.
Não há nenhum espetáculo em vista no Jornal Nacional protagonizado pela Lava Jato, com o japonês da Federal, por exemplo. Moro hoje está tão fora de moda na Globo quanto o Capitão Furacão, Nacional Kid e o Vigilante Rodoviário. Sim, Moro para a Globo agora é coisa do passado. O que ela quer é ficar bem longe do espelho para ter o mínimo possível de contaminação com a cascalheira que cai sobre a cabeça dos procuradores e de Moro.
A Globo não quer fazer ondinha, não quer se enlamear publicamente mais do que já se enlameou, ela já farejou no ar que o sangue de suas vítimas em parceria com a Lava jato já não é mais delas, mas deles próprios e desistiu de tentar blindar os ex-inatingíveis procuradores e juiz da Lava Jato.
*Por Carlos Henrique Machado Freitas