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Opinião

Aos palestinos só resta a voz

A jornalista Hildegard Angel lamenta o ‘desprezo pela vida humana’ na Faixa de Gaza.

Nada mais pungente e devastador do que essa imagem e essa súplica, feita por megafone na torre da Mesquita, na escuridão de uma cidade sem eletricidade, sem água, sem remédios, sem defesa, sem proteção, anunciando aos seus infelizes habitantes, que ainda restam vivos, que a comunicação com o mundo foi cortada, que agora só lhes sobra, única e exclusivamente, a proteção de Deus, de seu Deus, Alah, e faz a súplica aos que ainda vivem que se reúnam para juntos orar, implorando ao seu Deus que os guardem, que os salvem, que os socorram. Pior do que as milhares de imagens que circulam de braços e pernas de crianças resgatados sob os destroços dos bombardeios, das quais sabemos os nomes pois estão escritos a caneta na pele dos trucidados, pior do que ver cabeças de bebês explodidas como lagoas de sangue, pior do que ver meninos abraçados aos cadáveres de suas mães chorando compulsivamente, pior do que todas as visões de horrores inconcebíveis, das covas coletivas cobertas com a areia daquele deserto pelas pás dos tratores, imagens coloridas que só nos evocam as terríveis fotos em preto e branco daquele outro holocausto, o do nazismo, que marcaram a ferro quente, e para sempre, nossas consciências, a consciência das gerações posteriores à Segunda Guerra Mundial, e agora vemos se repetir o mesmo desprezo pela vida humana, a mesma frieza, os mesmos rituais macabros, e em poucas horas, após o ataque por terra desta madrugada, leio que já foram exterminadas mais três mil crianças e mais duas mil mulheres e o que lhes resta como defesa agora é somente a voz, esse grito na torre da Mesquita, na escuridão. Sobraram a voz, o grito, o choro.

Segue aqui minha indignação sem revisão sem vírgula sem ponto e vírgula sem fazer parágrafo. O desespero não tem pontuação. Ah, dor!

*Hildegard Angel/247

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Justiça

Perícia conclui que voz da gravação que Moro entregou ao TRF4 não é de Eduardo Appio

A voz que aparece na gravação entregue pelo ex-juiz suspeito e senador, Sérgio Moro, ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) não pode ser atribuída à do juiz federal Eduardo Appio. É o que atesta um parecer técnico do professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Pablo Arantes.

A gravação foi utilizada pelo TRF-4 para afastar Appio da 13ª Vara Federal de Curitiba, que julga os processos da Lava Jato. O estudo do professor e pesquisador em fonética forense foi feito a pedido da defesa do magistrado.

“A razão para essa conclusão são a inespecificidade e baixo poder discriminatório das características linguísticas identificadas e analisadas no Laudo”, afirma o professor da UFSCar.

Leia a íntegra do parecer do professor Pablo Arantes sobre a gravação entregue por Sérgio Moro ao TRF-4 e utilizada como prova para afastar Eduardo Appio:

Parecer técnico desmente voz de Eduardo Appio from Aquiles Lins

*Com 247

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Demissões na Jovem Pan não mudam nada e emissora segue dando voz ao bolsonarismo

Desligamento de figurões antipetistas é cortina de fumaça. Jovem Pan determina cobertura especial dos protestos contra as eleições.

A demissão de figurões da Jovem Pan apenas um dia após a derrota de Jair Bolsonaro nas urnas repercutiu em setores da imprensa como um possível sinal de mudança na linha-editoral da emissora. Mas trata-se apenas de uma cortina de fumaça. A Jovem Pan ainda mantém em cargos de decisão profissionais alinhados à extrema-direita.

O GGN recebeu a informação de que a ordem interna neste feriado de 2 de novembro é dar espaço total aos bloqueios em estradas e protestos em frente a quartéis e outras unidades militares, atos antidemocráticos realizados pelos bolsonaristas indignados com a vitória de Lula.

A cobertura legitimando os questionamentos sobre o resultado das urnas funciona como uma espécie de chamamento às ruas – à semelhança do que ocorreu, em outras emissoras de TV, na época dos protestos em apoio à Lava Jato e a favor do impeachment de Dilma Rousseff.

Entre os demitidos da Jovem Pan estão Augusto Nunes, Caio Coppola e Guilherme Fiuza, que fizeram carreira como comentaristas antipetistas. O jornalista Guga Noblat, crítico ao governo Bolsonaro, e o repórter Maicon Mendes também foram desligados nesta semana. Mendes, inclusive, deixou uma carta com críticas à postura da emissora, na qual afirmou: “caráter e ética, ou você tem ou você não tem.”

Ao assumir uma das cadeiras deixadas pelos demissionários do programa Os pingos nos Is, Paulo Figueiredo Filho avisou à audiência: “Não há mudança editorial nenhuma na Jovem Pan e vou provar isso a vocês NO AR.”

Durante as eleições, sobretudo no segundo turno, as análises enviesadas divulgadas na Jovem Pan pautaram a campanha de Bolsonaro nas redes sociais. Às vésperas do segundo turno, o GGN recebeu a informação de que a emissora ajudou o candidato à reeleição deslocando ao menos 10 funcionários para cooperar com a live de Jair Bolsonaro com apoiadores famosos, entre eles, o jogador Neymar.

Bolsonaristas protestam neste feriado

Os bloqueios e intervenções nas rodovias, em objeção à vitória de Lula, começaram na segunda-feira, 31, após o resultado das eleições, e contaram com a conivência da Polícia Rodoviária Federal, que só passou a agir por ordem do Tribunal Superior Eleitoral.

Jair Bolsonaro também fomentou indiretamente as manifestações, ao se recusar a reconhecer imediatamente a vitória de Lula. O presidente em fim de mandato levou 48 horas para fazer o primeiro pronunciamento. Suas palavras serviram como um “apito de cachorro” para a militância de verde e amarelo, que entendeu o recado: a ordem é para encerrar os bloqueios de rodovias e protestar em frente a espaços militares.

Os manifestantes agora estão empunhando placas e bandeiras pedindo “intervenção federal”.

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