Quem deu a notícia foi o próprio Bolsonaro, antecipando-se aos fatos, para justificar uma suposta perseguição.
É interessante como Bolsonaro, tão bem informado, antecipa um fato tão grave, mas não teve informantes tão eficazes para alertá-lo que morava no mesmo condomínio e a 50 passos de um miliciano assassino e traficante de armas dos mais perigosos do Rio de Janeiro, Ronnie Lessa, justamente o assassino de Marielle.
Não se sabe quem redigiu a estratégia de Bolsonaro que tenta ocupar a cena antes que ela ganhe dimensão.
Está clara a preocupação de Bolsonaro com as revelações que vem por aí do caso Marielle. Mais claro ainda está a constatação de que ele tem informações privilegiadas das investigações, o que por si só já é uma aberração e, diante de uma atitude como essa em que se mostra preocupado, marcando cada passo do processo, Bolsonaro amplia ainda mais o ambiente de desconfiança que recai sobre ele e seus filhos.
Por isso a necessidade de correr para os microfones e holofotes antes dos fatos. Não se importaria em saber em que pé está a investigação se não tivesse alguma coisa a ver com o que está sendo investigado. Isso é evidente.
Na realidade, não precisa ser um grande desenhista para traçar a estratégia de Bolsonaro, pois ela já vem traçada e colorida em sua fala.
Isso faz lembrar uma conversa que tive com um velho amigo, no último domingo, que acabara de chegar dos EUA. Ele me disse, saiu esse rolo de Bolsonaro e Marielle num jornal americano. Quem me mostrou a matéria foram meus vizinhos quando cheguei do trabalho. Sabendo que sou brasileiro, quando me mostraram a foto do condomínio de Bolsonaro que era o mesmo do assassino de Marielle, perguntaram gargalhando, advinha quem mandou matar a adversária política da família do presidente do seu país?
*Carlos Henrique Machado Freitas