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Matéria Opinião

Por que essa turma da Lava Jato se agarra tanto ao cargo na Força Tarefa.

Quanto vale a compra de uma facilidade? Obviamente, essa resposta depende da dimensão da dificuldade criada. A operação Lava Jato, além de ter criado dificuldades monumentais para o país, destruindo o tecido político e propiciando o surgimento do fascismo bananeiro religioso, criou problemas enormes para diversos setores.

Qual seria o sentido de pessoas como Deltan Dallagnol, que se diz tão desapegado do poder e da notoriedade, se agarrarem fortemente a um cargo e a liderança de uma força tarefa e se julgarem tão insubstituíveis? Ou essas pessoas são tão arrogantes e vaidosas, a ponto de considerarem que são fundamentais para a execução da força tarefa, julgando serem insubstituíveis, ou tem coelho nesse mato. Afinal, ninguém quer sair do cargo que ocupa, nem para ascender na escala do Ministério Público Federal.

Deltan apresentou hoje um recurso ao STF para permanecer à frente da Lava Jato, mesmo que os processos no Conselho Federal do Ministério Público (CNMP) o afaste. Em outras palavras, Deltan Dallagnol está disposto a morrer junto com o barco da Lava Jato, naufragando, mas, abraçado nos mais de 180 terabytes de dados que resiste em compartilhar com a PGR.

O Brasil entrou numa espiral ridícula em que os de menor patente não respeitam os órgãos superiores. Por exemplo. Quem monta e decide a liderança, ou a continuidade de uma força tarefa, é o Procurador-geral da República, hoje, Augusto Aras. Mesmo que o atual PGR seja um pau-mandado de Bolsonaro, quem decide pela continuidade ou a remoção de um procurador em uma força tarefa é o PGR, pau-mandado ou não.

O recurso ao STF em si, já demonstra que a decisão do CNMP tende a ser pelo afastamento. Lembrando que somente o CNMP pode afastar um procurador da liderança de uma Força Tarefa ainda em vigor e fora da data de renovação. Deltan, quer ficar na marra.

Porém, esse desejo tão grande de ficar na marra não é por acaso. Acho que ninguém esqueceu da Fundação Lava Jato, que Deltan e seus os demais “filhos de Januário” tentaram criar, roubando bilhões da Petrobras, com permissão da justiça americana?

Estar na Lava Jato, além de ser lucrativo diretamente, cria um grande mercado de possibilidades, como palestras milionárias e o prestígio que, aos poucos, vai acabando.

Com tudo isso, não se deve esquecer que Dallagnol tem a aspiração de se tornar pastor. Nesse sentido, existe um outro fator perigoso, o sentimento de predestinação divina e aqui, Dallagnol abraça Bolsonaro, tanto quanto os bispos abraçam o “capeta”.

É óbvio que não podemos afirmar que o pastor Dallagnol está criando dificuldade para vender bem cara a facilidade, até por que, isso seria corrupção e da grossa. Ironicamente, um predestinado divino não pode trair seus princípios de moralidade religiosa. Talvez esse último parágrafo seja tão cínico quanto o autor dessa matéria.

Por Celeste Silveira

Produtora cultural