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Afinal, quem foi jogado ao mar pelo centrão, Guedes, Bolsonaro ou os dois?

Há uma quase unanimidade de que a derrota acachapante de Guedes no Congresso significou a morte do “sábio” da economia e o nascimento da política, o que daria a Bolsonaro uma cara mais palatável para 2022 com políticas menos neoliberais e mais voltadas à recuperação de um quadro social drástico com o povo brasileiro empobrecendo a olhos vistos que, de tão grave a situação, chega a preocupar até os endinheirados da Faria Lima.

Como Bolsonaro venderá seu nacionalismo para tolos se Guedes mantém R$ 50 milhões em paraíso fiscal em que fatura ainda mais a cada dia que o dólar sobe e nossa moeda se desvaloriza?

A coisa chegou a tal ponto que até Kim Kataguiri faz chacota com o mago dos bons negocios. Imagina isso!

O fato é que toda essa ambição se tornou algo perigoso. A precarização do trabalho refletida no Brasil real já chegou ao menor nível de renda média dos últimos 10 anos, o consumo de carne é o menor em 26 anos.

O quadro de terra arrasada é bem mais vasto, sobretudo mais perigoso para a maioria do povo brasileiro, enquanto o clero abastado, opulento está num paralelo nunca antes visto, vivendo um mundo magnífico de Alice num oceano de iniquidade.

E tudo isso foi pitorescamente delineado por Guedes, o último romântico dos Chicago Boys, mas ainda é tratado com todos os mimos pela mídia industrial no Brasil, tanto que, se não fossem os blogs progressistas, a incumbência de mostrar o tamanho desse escândalo e cobrar uma posição do Congresso, talvez as contas que Guedes usa em paraísos fiscais para lucrar com a desgraça da povo brasileiro e, ao mesmo tempo, sonegar impostos, passassem batidas.

Talvez, porque o centrão, que votou em massa favorável a sua convocação, há muito tem pressionado Bolsonaro para uma mudança radical na agenda econômica ou o pragmatismo desse, que é o mais forte e também o mais fisiológico agrupamento de interesses no Congresso, pularia fora do apoio a Bolsonaro para não tomar um abraço de afogado.

O fato é que Guedes se transformou numa espécie de Midas Berro D’água, um morto vivo, mas se ele cair, é preciso considerar que Bolsonaro perderá de vez seu chão para aqueles que ainda carregam seu andor, mesmo a duras penas.

Isso é sabido por todos. Botar Guedes no corredor para virar uma rainha da Inglaterra na pasta da economia, significaria transformar Bolsonaro no príncipe Philip, marido da rainha, aquela múmia que vivia da sombra de Elisabeth.

Para piorar, seu substituto natural, Roberto Campos Neto está enfiado no mesmo lamaçal de sonegação em paraísos fiscais, o que não traria em hipótese nenhuma um ambiente novo para o governo.

Então, fica muito difícil afirmar que foi uma derrota isolada de Guedes, pois há muitos pontos concatenados nesse imbróglio todo, ainda mais agora que se sabe que Allan dos Santos, um dos generais do gabinete do ódio, comandado por Carlos e Eduardo Bolsonaro, plantou uma estagiária dentro do STF, no gabinete de Lewandowski, para espionar não só um, mas todos os ministros do Supremo.

Ou seja, a coisa é um pouquinho mais complexa e, sobretudo mais profunda do que tratar apenas Guedes como o único que já está no cadafalso e com a corda no pescoço.

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Por Carlos Henrique Machado

Compositor, bandolinista e pesquisador da música brasileira

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