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Demissões na Jovem Pan não mudam nada e emissora segue dando voz ao bolsonarismo

Desligamento de figurões antipetistas é cortina de fumaça. Jovem Pan determina cobertura especial dos protestos contra as eleições.

A demissão de figurões da Jovem Pan apenas um dia após a derrota de Jair Bolsonaro nas urnas repercutiu em setores da imprensa como um possível sinal de mudança na linha-editoral da emissora. Mas trata-se apenas de uma cortina de fumaça. A Jovem Pan ainda mantém em cargos de decisão profissionais alinhados à extrema-direita.

O GGN recebeu a informação de que a ordem interna neste feriado de 2 de novembro é dar espaço total aos bloqueios em estradas e protestos em frente a quartéis e outras unidades militares, atos antidemocráticos realizados pelos bolsonaristas indignados com a vitória de Lula.

A cobertura legitimando os questionamentos sobre o resultado das urnas funciona como uma espécie de chamamento às ruas – à semelhança do que ocorreu, em outras emissoras de TV, na época dos protestos em apoio à Lava Jato e a favor do impeachment de Dilma Rousseff.

Entre os demitidos da Jovem Pan estão Augusto Nunes, Caio Coppola e Guilherme Fiuza, que fizeram carreira como comentaristas antipetistas. O jornalista Guga Noblat, crítico ao governo Bolsonaro, e o repórter Maicon Mendes também foram desligados nesta semana. Mendes, inclusive, deixou uma carta com críticas à postura da emissora, na qual afirmou: “caráter e ética, ou você tem ou você não tem.”

Ao assumir uma das cadeiras deixadas pelos demissionários do programa Os pingos nos Is, Paulo Figueiredo Filho avisou à audiência: “Não há mudança editorial nenhuma na Jovem Pan e vou provar isso a vocês NO AR.”

Durante as eleições, sobretudo no segundo turno, as análises enviesadas divulgadas na Jovem Pan pautaram a campanha de Bolsonaro nas redes sociais. Às vésperas do segundo turno, o GGN recebeu a informação de que a emissora ajudou o candidato à reeleição deslocando ao menos 10 funcionários para cooperar com a live de Jair Bolsonaro com apoiadores famosos, entre eles, o jogador Neymar.

Bolsonaristas protestam neste feriado

Os bloqueios e intervenções nas rodovias, em objeção à vitória de Lula, começaram na segunda-feira, 31, após o resultado das eleições, e contaram com a conivência da Polícia Rodoviária Federal, que só passou a agir por ordem do Tribunal Superior Eleitoral.

Jair Bolsonaro também fomentou indiretamente as manifestações, ao se recusar a reconhecer imediatamente a vitória de Lula. O presidente em fim de mandato levou 48 horas para fazer o primeiro pronunciamento. Suas palavras serviram como um “apito de cachorro” para a militância de verde e amarelo, que entendeu o recado: a ordem é para encerrar os bloqueios de rodovias e protestar em frente a espaços militares.

Os manifestantes agora estão empunhando placas e bandeiras pedindo “intervenção federal”.

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Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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