Mês: agosto 2023

Câmara pode votar esta semana PL que privilegia com verbas Globo e grupos tradicionais já superados pela internet

Na contramão da tendência mundial de reconhecimento do predominio avassalador da audiência das notícias via internet, em detrimento de jornais impressos e emissoras de TV abertas, a Câmara dos Deputados pode votar esta semana um projeto de Lei, conduzido pelo presidente da Casa, Arthur Lira que manobra para que as verbas publicitárias sejam concentradas na esmagadora maior com os veículos tradicionais de comunicação, sobretudo a Globo.

O critério afronta uma promessa de campanha de Lula, que prometeu democratizar a distribuição dos recursos para veículação de anúncios, embora em mais de seis meses de governo ainda não tenha feito nada neste sentido. Pelo contrário, concedeu a maior parte da verba publicitária para TV e para as seis empresas familiares que dominam a mídia brasileira.

A Câmara dos Deputados se prepara para votar nesta semana um projeto de lei desenhado para fortalecer economicamente a Globo e outros grupos de comunicação, que perderam relevância e influência diante da ascensão da internet. Neste último sábado, dia 12 de agosto, o deputado federal Elmar Nascimento, representante da União Brasil-BA, apresentou um relatório decisivo para o projeto de lei que visa estabelecer o pagamento de direitos autorais e remuneração a veículos de imprensa e artistas pela reprodução de conteúdos em ambiente digital, incluindo nas redes sociais. Também conhecido pelo PL da Globo, o projeto foi desenhado pela Abert (Associação Brasileira das Empresas de Radiodifusão), e visa capturar recursos da publicidade digital para os grandes grupos de comunicação, em especial a Globo, o que vai contra a promessa do governo Lula de democratização da mídia.

Além disso, para facilitar sua aprovação, o texto propõe a inclusão de “sermões” e pregações religiosas no escopo das obras protegidas por direitos autorais, e busca regular a transparência dos anúncios veiculados em plataformas digitais durante os períodos eleitorais.

O projeto atual, que transfere recursos da publicidade digital para as empresas de jornalismo, vai contra a lógica do modelo atual, em que as empresas de comunicação são remuneradas pela publicidade digital, a partir da audiência que alcançam, e não a partir de acordos construídos com base em seu poder de influência e barganha na sociedade.

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Cúpulas fardadas são responsáveis pela bandalheira sistêmica de Bolsonaro

Jeferson Miola*

Julgar, condenar e prender Bolsonaro e seus comparsas operacionais não é só um ato de justiça, mas também uma demanda da democracia.

A condenação do bando criminoso flagrado no roubo, interceptação ilegal e venda de jóias, relógios e objetos de ouro pertencentes ao Estado brasileiro é uma providência essencial.

Mas esta será apenas uma medida parcial e incompleta enquanto o foco não for posicionado nos reais responsáveis por esta bandalheira sistêmica, que são as cúpulas partidarizadas das Forças Armadas.

Afinal, como justificou o Comando do Exército ao mandar o tenente-coronel apresentar-se fardado na CPMI dos atos golpistas, os delinquentes fardados “cumpriam missão militar”.

Numa notável síntese, o jornalista Otávio Guedes disse: “hoje a gente vai ver uma notícia interessante: uma joia trazida por um almirante, transportada por um avião da FAB e negociada por um general. Ou seja, almirante, general e FAB. Provavelmente a maior operação militar desde a guerra cisplatina”.

A essas alturas, com tudo o que vem sendo revelado sobre o envolvimento central de altos oficiais em crimes de distintas naturezas – de corrupção, genocídio a tentativas de golpe de Estado –, é inaceitável se restringir a responsabilidade criminal a Bolsonaro e seu entorno.

O omisso ministro da Defesa José Múcio Monteiro, representante das cúpulas partidarizadas perante o poder civil, mais uma vez confirma a máxima do Barão do Itararé – de onde menos se espera, é daí que não sai nada mesmo.

Até hoje Múcio não cobrou dos comandantes sequer a abertura de investigação dos oficiais flagrados nos ataques às instituições no 8 de janeiro. Pior: por lobby dele, o governo contemplou as Forças Armadas com 52,8 bilhões no PAC.

Contando com a camaradagem de Múcio, o comando do Exército mais uma vez prevarica para proteger os seus. Em nota, diz que “vem acompanhando as diligências”. Acompanhando …

E cinicamente afirma que “A Força não se manifesta sobre processos apuratórios conduzidos por outros órgãos”. Considerando-se como um Poder de Estado autônomo, justifica que “esse é o procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República”.

O comando afirma ainda que “não compactua com eventuais desvios de conduta de quaisquer de seus integrantes”, mas na vida real nada faz em relação ao tenente-coronel, ao coronel, ao almirante e ao general implicados no esquema de roubo e venda de joias da União.

A solidariedade no crime não se restringe aos comandos militares da ativa. É também consignada aos bandidos fardados tanto pela família militar como por dirigentes do partido dos generais já na reserva. O general conspirador Sérgio Etchegoyen, por exemplo, saiu em defesa de Lorena Cid, pai do multi-delinquente Mauro Cid.

A despeito da imagem do colega de farda refletida na fotografia de uma escultura roubada, Etchegoyen declarou: “acredito e confio no general Cid. Conheço-o há muitos anos”.

Nunca antes como atualmente estas Forças Armadas que mais uma vez jogaram o país no precipício estiveram tão desmoralizadas e desacreditadas. E nunca antes a sociedade civil, as instituições da República e o poder político [Executivo e Legislativo] tiveram uma oportunidade tão favorável para enfrentar decididamente a questão militar no Brasil.

O desaproveitamento desta oportunidade histórica poderá cobrar um preço altíssimo, e não só do governo do presidente Lula, mas da democracia, pois as cúpulas partidarizadas das Forças Armadas continuam acalentando seu projeto próprio de poder militar.

* O Cafezinho

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PF apura se urso de pelúcia foi usado para ocultar joias recebidas por Bolsonaro

Suspeita foi levantada com interceptação de e-mail de militar que era ajudante de ordens de Bolsonaro e continua trabalhando com o ex-presidente.

O suposto esquema para enviar para os Estados Unidos joias recebidas por Jair Bolsonaro (PL) quando era presidente da República teria envolvido um urso de pelúcia para esconder peças preciosas. É o que aponta um e-mail enviado pelo tenente do Exército Osmar Crivelatti ao departamento de marketing da empresa catarinense Black Entertainment, em 25 de abril do ano passado. O militar, que foi um dos alvos de mandados de busca e apreensão em operação deflagrada pela Polícia Federal na sexta-feira (11) contra suposto desvio de patrimônio da União, continua trabalhando com o ex-presidente, na cota de assessores prevista em lei.

Na mensagem interceptada pela PF, Crivelatti se apresentou como ajudante de ordens de Bolsonaro e disse que esteve com o então presidente na ExpoLondrina, onde ele recebeu um urso de pelúcia da empresa. “Eu tenho que seguir um protocolo e registrar os presentes recebidos pelo Presidente. Para isso, preciso de alguns dados de quem presenteou”, escreveu o militar do Exército.

“Já tentei contato pelo Messenger, mas não tive uma recepção muito amigável. Inclusive, creio que fui bloqueado. No fim das contas, se não receber resposta dos senhores (as), tratarei o presente como se fosse de algum popular e não restará registro de sua pessoa/empresa”, acrescentou Crivelatti. O assessor de Bolsonaro recebeu uma resposta da empresa horas depois. “O presente (urso de pelúcia) foi entregue ao presidente por uma de nossas diretoras”, dizia o funcionário da Black Entertainment.

A informação sobre o urso de pelúcia foi publicada neste sábado (12) pelo portal Metrópoles. A PF suspeita que Crivelatti cometeu os crimes de peculato e lavagem de dinheiro ao participar do esquema para recuperar joias vendidas ilegalmente nos EUA. Os acessórios foram presentes que Bolsonaro ganhou de governos estrangeiros durante o exercício da Presidência. Crivelatti também teria atuado para ocultar e vender presentes de alto valor no exterior. O tenente era considerado o braço-direito de Mauro Cid na ajudância de ordens da Presidência.

*Com O Tempo

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Joias revelam o que significava diplomacia para Bolsonaro

Jamil Chade*

As recentes descobertas da Polícia Federal sobre as manobras dos assessores de Jair Bolsonaro (PL) para permitir que joias entregues ao país fossem supostamente desviadas para enriquecer o grupo no poder são confirmações de que a diplomacia e a politica externa tinham outros significados para o ex-presidente.

Em quatro anos, ele e seus ministros destruíram a reputação do Brasil no exterior, retiraram o país da mesa das grandes negociações e transformaram-se em párias.

Se de um lado o bolsonarismo usou a estrutura profissional do Itamaraty para atender ao movimento de extrema direita no mundo e promover uma guinada na política externa, sem qualquer base no interesse nacional, as revelações sobre o destino dado por presentes oficiais de outros governos mostram que a percepção do clã Bolsonaro era que o interesse privado prevalecia sobre o país.

Presentes dados por potências estrangeiras jamais têm como destino a pessoa que ocupa o cargo de presidente. Salvo, claro, se o objetivo não for nada republicano.

Ao se apropriar de joias que iriam para os cofres públicos, Bolsonaro confundiu seu papel como chefe de Estado. Ele não estava recebendo por ser Jair. Mas por ser Brasil.

Ao montar um esquema para desviar as joias, mostrou como simplesmente sequestrou a diplomacia. Depois, voltou a comprovar esse sequestro ao criar um sistema para revender e lucrar, inclusive no exterior.

Ao longo da história, emissários eram enviados para levar presentes de um reinado a outro, como um símbolo da amizade entre aqueles países.

Alguns ficaram famosos. A Estátua da Liberdade, enviada pelos franceses para os americanos, foi uma delas. Em 2011, a China construiu um estádio e deu de presente para a Costa Rica.

Em 1943, Winston Churchill entregou a espada para Stalin, como sinal do reconhecimento do esforço soviético pela batalha de Stalingrado.

*Uol

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Avião e dinheiro trazem principais digitais de Bolsonaro em investigação sobre joias

Ex-presidente surge na ‘cena do crime’, para PF, e provas são vistas como as mais contundentes até agora.

A investigação sobre as joias e presentes dados por autoridades de outros países a Jair Bolsonaro (PL) aponta as digitais do ex-presidente na suspeita de desvio de bens públicos para enriquecimento pessoal.

A ação deflagrada pela Polícia Federal na sexta-feira (11), batizada de Lucas 12:2, dá início à reta final das apurações que podem resultar na acusação de Bolsonaro como líder de uma organização criminosa.

Embora não tenha sido alvo das diligências, como foi o general Mauro Lourena Cid, pai do ajudante de ordens Mauro Cid, Bolsonaro teve pedido de quebra de seus sigilos e deve ser ouvido em breve pela PF.

Para os investigadores envolvidos desde o início dos inquéritos relatados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, dois pontos colocam o ex-presidente pela primeira vez na cena do crime de desvio de dinheiro público e enriquecimento ilícito no caso das milícias digitais.

O primeiro é o uso da aeronave da Força Aérea Brasileira para levar as joias e presentes aos Estados Unidos. O segundo, as mensagens indicando o retorno do dinheiro oriundo de vendas, em espécie, para o bolso do ex-presidente.

O segundo ponto ainda deve ser aprofundado, mas investigadores dizem não restar dúvida de como Bolsonaro participou de todo o estratagema.

A apuração partiu do inquérito das milícias digitais, que tem origem na investigação dos atos antidemocráticos de 2020. Após Augusto Aras —o procurador-geral indicado por Bolsonaro— pedir em 2021 o arquivamento do caso, Moraes ordenou a abertura de outra investigação, com o material angariado na apuração anterior.

Nesse cenário, a então delegada titular do caso, Denisse Ribeiro, passou a organizar na investigação sobre milícias digitais toda a apuração sobre o entorno de Bolsonaro e seus aliados, iniciada anteriormente no inquérito das fake news.

No entendimento da delegada, a organização criminosa alvo da apuração era responsável por todos os eventos da escalada golpista, que tinham começado em 2020, passado pela campanha de desinformação durante a pandemia, e chegado a ataques ao sistema eleitoral.

Denisse saiu da apuração no início de 2022 por causa de uma licença e deixou em seu lugar o delegado Fabio Shor.

O delegado deu prosseguimento à linha de investigação traçada por ela e, com as provas colhidas pela PF no caso das joias, em especial o uso da aeronave presidencial e o suposto recebimento dos valores provenientes da venda dos presentes, indica confirmar a tese da colega, de que Bolsonaro é líder de uma organização criminosa, segundo a Folha.

Ao pedir as buscas contra o pai de Mauro Cid e outros alvos, o delegado lembrou da estrutura do inquérito das milícias digitais e das frentes reunidas ao longo do tempo.

São cinco linhas de apuração: ataques virtuais a opositores, ataques às instituições e às urnas eletrônicas, tentativa de golpe de Estado, ataques às vacinas e medidas na pandemia e, por último, o uso de estruturas do Estado para obtenção de vantagens.

A PF já havia encontrado provas que levavam Bolsonaro ao centro de 3 das 5 linhas de investigação. Sobre a tentativa de golpe, falta à PF encerrar o inquérito sobre o 8 de janeiro, para apontar a sua participação no episódio.

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Bolsonaro transformou a presidência da República na feira de Acari

Certamente, a feira de muambeiros mais famosa do Brasil por vender de tudo, de forma lícita ou ilícita, é a feira de Acari.

É possível estar sendo até hiperbólico para definir a feira carioca se comparar com a fuleiragem praticada pelo bando de Bolsonaro na presidência da República.

Surpresa, não há. Bolsonaro sempre foi isso e sempre operou assim, utilizando parentes, milicianos e outros bichos soltos, como Queiroz e cia. para, através dos seus 28 anos de legislativo no baixo clero, não produzir e aprovar um único projeto. o que ele fez foi simplesmente levar seu modus operandi para a presidência da República, fazendo negócios vultuosos, tanto que o clã comprou quatro mansões hollywoodianas.

Ou seja, Bolsonaro tem um nível de mesquinhez que faz com que ele se torne, possivelmente, o bandido mais inescrupuloso do país por operar, desde grandes lobbys para a indústria armamentista, certamente, pagos de forma bilionária ao seu clã, ao mesmo tempo que rouba até cinzeiro, como se viu na lista de quinquilharias roubadas e vendidas junto com o rolex.

O interessante dessa história é a ligação direta entre os operadores do seus esquemas iniciados com Queiroz, como o escândalo revelado agora.

Se, de um lado, Mauro Cid e seu pai, o general Cid, estão diretamente ligados à venda de quinquilharias e joias como o rolex, e Wassef, advogado da família, usou sua residência como refúgio de Queiroz, é quem teve que correr recomprar o mesmo relógio após o TCU cobrar a devolução do roubo.

Ou seja, no entorno de Bolsonaro e de muitos empresários que o apoiaram, há uma lama podre, uma escória de tudo o que não presta nesse país, seja civil ou militar, não há distinção.

Por isso será comemorada e muito e todos os responsáveis por levar esse bandido ao poder serão expostos para que nunca mais sejam esquecidos na hora de narrar, aí sim, o maior esquema de corrupção da história do Brasil, levado ao Palácio do Planalto por Sergio Moro, o falso juiz, transformado em falso herói pela grande mídia.

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Aliados de Bolsonaro identificam em decisão de Moraes risco de prisão de ex-presidente

Jair Bolsonaro não foi alvo da operação desta sexta-feira (11), mas o teor da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes que autorizou as buscas deixou em alerta aliados e auxiliares do ex-presidente, segundo Malu Gaspar, O Globo.

A decisão de Moraes, tornada pública ontem, é recheada de menções que indicam a gravidade da situação de Bolsonaro – sugerindo, por exemplo, que o ex-presidente determinou ou autorizou as transações com as joias sauditas sob investigação.

Depois de passar o dia estudando o despacho, em que Bolsonaro é citado nominalmente 93 vezes ao longo de 105 páginas, esses auxiliares se preocuparam não apenas com o que Moraes disse – mas principalmente com o que ele não disse.

“A decisão menciona Bolsonaro do começo ao fim. É o prenúncio de uma decisão mais drástica no futuro”, disse reservadamente à equipe da coluna um interlocutor do ex-presidente.

O maior temor é de uma ordem de prisão. O fato de a PF ter pedido a Moraes a quebra de sigilo fiscal e bancário de Bolsonaro também piorou os cenários projetados por seus estrategistas.

A PF também quer que o ex-presidente seja ouvido na investigação, que apura um esquema de desvio de joias e outros itens de luxo do acervo da Presidência da República para o patrimônio privado do ex-presidente.

Ao longo da decisão, Moraes lembrou que, segundo as informações já reunidas, há indícios de que o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal da Presidência da República – órgão responsável pela análise e definição do destino (acervo público ou privado) de presentes oferecidos por uma autoridade estrangeira ao Presidente da República – foi “utilizado para desviar, para o acervo privado do ex-presidente da República, presentes de alto valor, mediante determinação de Jair Bolsonaro”.

“Os elementos de prova colhidos demonstraram que na gestão do ex-presidente foi criada uma estrutura para desviar os bens de alto valor presenteados por autoridades estrangeiras ao ex-Presidente da República, para serem posteriormente evadidos do Brasil, por meio de aeronaves da Força Aérea brasileira e vendidos nos Estados Unidos”, aponta o relatório da PF.

Líderes do PL avaliam que, mesmo inelegível, Bolsonaro deve ser um cabo eleitoral de peso em 2024, podendo subir em palanques e alavancar candidatos em disputas pelas prefeituras – especialmente nas regiões Sul e Sudeste, onde derrotou Lula em 2022.

Os mais pessimistas já não discutem mais se Bolsonaro será ou não preso, mas quando a medida será decretada.

A avaliação no partido do ex-presidente é a de que, virada a página da questão eleitoral – Bolsonaro foi declarado inelegível até 2030 por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) –, o foco do Judiciário passou a ser uma condenação criminal.

Nessa seara, diversas investigações sob a relatoria de Alexandre de Moraes atormentam o ex-presidente e seus aliados e podem trazer implicações ainda mais graves para sua carreira política.

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A mando de Bolsonaro, Cid e turma fizeram um ‘Família Vende Tudo’ em Miami

Acusado de desviar grana pública via rachadinha de salários dos funcionários fantasmas de seu gabinete na Câmara dos Deputados por anos, Bolsonaro levou o mesmo comportamento trambiqueiro que opera nas sombras para a Presidência da República, usando amigos e assessores no desvio e venda de joias dadas ao Estado.

Mas o que os diálogos entre o tenente-coronel Mauro Cid e sua turma estão revelando é que, a mando de Jair, servidores públicos fizeram um verdadeiro “Família Vende Tudo” para transformar patrimônio público em cascalho a fim de tilintar o bolso do presidente.

Em um áudio, o coronel Marcelo Câmara, assessor de Bolsonaro, explica para o ajudante de ordens Mauro Cid que Marcelo da Silva Vieira, chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica, disse que era necessário aviso prévio para a venda de bens destinados ao acervo privado do ex-presidente.

Cid aceita, mas indaga: “Só dá pena pq estamos falando de 120 mil dólares / Hahaaahaahah”. Câmara concorda e ironiza: “O problema é depois justificar e para onde foi. De eu informar para a comissão da verdade. Rapidamente vai vazar”.

Para o ministro Alexandre de Moraes, “as mensagens evidenciam que, além da existência de um esquema de peculato para desviar ao acervo privado do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, os presentes de alto valor recebidos de autoridades estrangeiras, para posterior venda e enriquecimento ilícito do ex-presidente, Marcelo Câmara e Mauro Cid tinham plena ciência das restrições legais da venda dos bens no exterior”.

Em outra situação, que mostra o clima de feirão, o tenente-coronel Mauro Cid enviou para outro investigado no caso, o seu próprio pai, o general Mauro Lourena Cid, endereços de lojinhas de ouro na Flórida para ele cotar a muamba, quer dizer, os presentes dados pela ditadura saudita ao Brasil.

As fotos, que estão na decisão do ministro Alexandre de Moraes que autorizou uma operação de busca e apreensão nos endereços do general Cid, do tenente Osmar Crivelatti e do advogado Frederick Wasseff, são semelhantes a duvidosos comércios “Compro Ouro” presentes em grandes cidades brasileiras. Faltou apenas o homem-placa.

E por que a Flórida? O general, amigo de Bolsonaro e seu colega na Academia Militar das Agulhas Negras, morava no Estado norte-americano por ter ganho do ex-presidente a chefia do escritório brasileiro da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami. Sim, o Brasil estava pagando o salário de um graduado militar agora investigado em um caso de lavagem de dinheiro.

Aliás, em uma troca de mensagens de 18 de janeiro deste ano, Cidinho disse a outro auxiliar de Jair que Cidão estava com cascalho para entregar ao presidente. E que seguindo a melhor tradição de Bolsonaro, que tem horror ao sistema bancário, o melhor era evitar contas.

“Tem 25 mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ (dinheiro vivo) aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente (…) E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (…). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor né? (…)”, disse Cid.

Vale lembrar que Bolsonaro estava passando uma temporada em Orlando nessa época. Viajou preventivamente para evitar evitar ser envolvido nos atos golpistas que ocorreriam sete dias após a posse de Lula.

O ministro Alexandre de Moraes, na decisão que autorizou busca e apreensão em endereços de suspeitos de intermediar a venda de joias surrupiadas do patrimônio do povo brasileiro, afirmou que há evidência de que o esquema tenha partido de “determinação de Jair Bolsonaro”.

O trambique da venda de joias surrupiadas não complica apenas a vida de Cidinho, que segue preso acusado de hackear cartões de vacina, de Cidão, um renomado general reduzido a muambeiro por causa de Jair, e do Exército, que prefere fazer cara de paisagem do que depurar suas fileiras (shame… shame… shame…), entre outros envolvidos no Família Vende Tudo. Põe também Bolsonaro na antessala do xilindró.

Pois, ao contrário de apoiar garimpeiro e desmatador ilegais, atuar para armar a população, dar declarações xenófobas, racistas e machistas e agir em nome do negacionismo científico permitindo 700 mil mortes na pandemia, surrupiar joias do Brasil e vendê-las para enriquecimento próprio, fazendo para si um “bezerro de ouro” (lembra do Êxodo, capítulo 32?), pega mal com uma parte do seu eleitorado.

Aquela que acha que toda família pode vender muita coisa, menos os seus princípios.

*Sakamoto/Uol

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PF pede quebra de sigilo fiscal e bancário de Bolsonaro e quer ouvir depoimento de ex-presidente

Investigação apura suposto esquema de desvio de joias e outros itens de luxo para o patrimônio privado do antigo mandatário.

A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra de sigilo fiscal e bancário de Jair Bolsonaro na investigação que apura um suposto esquema de desvio de joias e outros itens de luxo para o patrimônio privado do ex-presidente. A investigação também solicitou que ele seja ouvido no inquérito.

Nesta sexta-feira, os agentes da corporação cumpriram mandados de busca e apreensão contra o general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens; o advogado Frederick Wassef, que atua na defesa do ex-presidente; e Osmar Crivelatti, que ainda integra a equipe de assessores do presidente, diz O Globo.

De acordo com a PF, a ofensiva para incorporar bens públicos ao acervo privado driblou inclusive o setor do Planalto responsável por catalogar os presentes dados ao presidente da República.

Os policiais apuram a existência de uma organização criminosa no entorno de Jair Bolsonaro. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a operação, afirmou na decisão que há indícios de que o plano ocorreu por “determinação” de Bolsonaro, que não foi alvo da ação policial e nega irregularidades.

Os investigadores agora vão se debruçar sobre os detalhes da participação do ex-presidente no esquema, que incluiu uma viagem às pressas de aliados para os Estados Unidos para recomprar presentes que, após terem sido entregues a Bolsonaro por países árabes, foram vendidos a joalherias.

Fora dos registros oficiais
Um relógio Patek Philippe, entregue a Bolsonaro em 2021 pelo regime do Bahrein, não aparece nos registros oficiais, segundo a PF. Na chefia do Executivo à época, ele recebeu de Cid, em 16 de novembro daquele ano, via WhatsApp, o certificado de autenticidade do modelo, avaliado em US$ 51 mil (cerca de R$ 250 mil, na cotação atual).

A investigação colheu no celular do ex-ajudante de ordens documentos que comprovam a venda da peça, em 13 de junho de 2022, para uma loja na Pensilvânia. Cid recebeu US$ 68 mil.

Segundo a PF, que investiga a suposta transação envolvendo esse relógio, além do Rolex que já era conhecido, “não foi identificado nenhum registro do relógio Patek Philippe (no acervo presidencial), fato que indica a possibilidade de o referido bem sequer ter passado pelo então Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (…), sendo desviado diretamente para a posse do ex-presidente Jair Bolsonaro”.

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Esculhambação: Jair Renan, o filho 04 de Bolsonaro, também retirou presentes do arquivo da Presidência da República

O filho homem mais novo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Jair Renan, o 04, retirou presentes do arquivo da Presidência da República, segundo troca de e-mails dos ajudantes de ordem de Bolsonaro. As mensagens foram enviadas para a CPI dos atos golpistas e obtidas pelo Metrópoles e divulgadas por Guilherme Amado.

De acordo com os e-mails, Jair Renan retirou presentes do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) em 12 de julho do ano passado com autorização do pai. O ex-presidente Bolsonaro.

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