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Tropas de Israel expandem operação terrestre na Faixa de Gaza; tanques chegam ao sul do território

Volta dos ataques terrestres marcam mudança de estratégia das forças israelenses após fim da trégua com Hamas.

O exército israelense anunciou, nesta segunda-feira (04/12), a expansão de sua operação terrestre contra o Hamas para toda a Faixa de Gaza. Dezenas de tanques e escavadeiras entraram no sul do enclave, perto da cidade de Khan Younis, segundo testemunhas.

“As forças israelenses operam em toda a Faixa de Gaza e em qualquer lugar onde o Hamas tenha esconderijos”, disse Daniel Hagari, representante do Exército, na noite deste domingo (03/12). As tropas de Israel iniciaram sua ofensiva terrestre no norte de Gaza em 27 de outubro, onde assumiram o controle de várias áreas.

De acordo com testemunhas ouvidas pela AFP, os veículos militares entraram “a uma profundidade de dois quilômetros” na cidade de al-Qarara, no nordeste de Khan Younis. “Os tanques estão agora na estrada Salaheddine, que percorre a Faixa de Gaza de norte a sul”, disse Moaz Mohammed, de 34 anos, que mora na região.

A volta dos ataques terrestres marcam uma mudança de estratégia das forças israelenses. Desde que os combates foram retomados na sexta-feira (01/12), após o fim da trégua de uma semana com o Hamas, Israel tem privilegiado os bombardeios aéreos.

Israel nega deslocamento forçado de civis
Durante a noite de domingo, um ataque em frente ao hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza, matou várias pessoas, segundo a agência de notícias palestina Wafa.

Em um comunicado, o governo do Hamas acusou o exército israelense de “violar” as normas do Direito Internacional Humanitário (DIH), que visa minimizar os efeitos dos conflitos armados para a população civil.

Israel negou nesta segunda-feira que esteja forçando os palestinos a ir para o Egito. “Não estamos tentando deslocar a população de maneira permanente”, disse Jonathan Conricus, porta-voz do Exército israelense.

“Pedimos aos civis que se retirassem do campo de batalha e designamos uma zona humanitária específica dentro da Faixa de Gaza”, disse ele, referindo-se à área costeira de Al-Mawasi.

“Estamos cientes de que o espaço e o acesso são limitados. Por isso é crucial obter o apoio de organizações humanitárias internacionais para ajudar a estabelecer infraestrutura na área de Al-Mawasi”, declarou.

Israel acusa o Hamas de agir em túneis debaixo dos hospitais e usar civis como escudos humanos.

De acordo com o último balanço do Ministério da Saúde do Hamas, divulgado neste domingo, cerca de 15.523 pessoas morreram desde o início do conflito e dos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, em 7 de outubro. Cerca de 70% das vítimas são mulheres e crianças.

“Nas últimas horas, apenas 316 mortos e 664 feridos foram retirados dos escombros e levados para hospitais, mas muitos ainda estão soterrados”, disse o porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, Ashraf al-Qidreh.

Segundo as forças israelenses, cinco soldados morreram após a retomada dos combates na sexta-feira.

10.000 ataques aéreos
Desde o início da guerra, o exército israelense realizou “cerca de 10.000 ataques aéreos”. No sul da Faixa de Gaza, os ataques têm visado a cidade de Khan Younis e seus arredores.

No domingo, os moradores fugiram da cidade, a pé, amontoados em carrinhos ou em carros, com seus pertences empilhados no teto, de acordo com imagens divulgadas pela AFP.

Os hospitais no sul da Faixa de Gaza estão sobrecarregados de feridos e as reservas de combustível para acionar os geradores estão no fim.

No Hospital Nasser, em Khan Younis, a situação é caótica. “Faltam palavras para descrever os horrores que se abatem sobre as crianças aqui”, disse James Elder, porta-voz do Unicef no local, em um vídeo no domingo. “Vejo muitas crianças chegando entre as vítimas”, disse ele mais cedo no X.

Operações no sul de Gaza
Em visita aos reservistas, Herzi Halevi, o chefe do Estado-Maior israelense disse que o Exército continua com “sucesso” suas operações no sul da Faixa de Gaza.

Na manhã desta segunda-feira, as tropas de Israel também lançaram operações em várias áreas da Cisjordânia ocupada, incluindo Jenin, onde cerca de 30 veículos militares estão mobilizados, de acordo com a agência de notícias palestina Wafa.

Sem questionar o direito de seu aliado de “se defender” contra o Hamas, os Estados Unidos alertaram Israel contra o aumento do número de vítimas civis.

“Muitos palestinos inocentes foram mortos”, insistiu a vice-presidente Kamala Harris no fim de semana, se dizendo preocupada com imagens de Gaza e pedindo a Israel que “faça mais para proteger civis inocentes”.

A guerra entre Israel e o Hamas também tem consequências para os Estados Unidos, que notaram um aumento nos ataques contra seus soldados, bases ou aliados no Oriente Médio, exceto durante a trégua de uma semana, de 24 de novembro a 1º de novembro.

Um contratorpedeiro dos Estados Unidos abateu três drones Mar Vermelho, depois que navios comerciais na região foram alvo de ataques do Iêmen, no domingo. Washington denunciou “uma ameaça direta” à segurança marítima.

*Opera Mundi

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Fepal: Genocídio na Palestina é maior do que o da 2ª Guerra Mundial; são quase 11 mil crianças assassinadas — 230 por dia

Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal)*

Em 50 dias de matança na Palestina, a palavra genocídio saiu da masmorra dos especialistas no assunto ou dos solidários ao povo palestino e ganhou noticiários massivos, esteve nas locuções de líderes mundiais, de presidentes de países relevantes, dentre estes o brasileiro, do secretário-geral da ONU e do Papa Francisco.

Era vetado falar em genocídio quando o tema é a ocupação colonial israelense e sua limpeza étnica sistemática e continuada na Palestina.

No Brasil foram necessários alguns dias até que a menção ao genocídio tomasse corpo. O empurrão final veio do Presidente Lula.

Em 7 de outubro e nos dias seguintes, talvez só a Federação Árabe Palestina do Brasil tenha mencionado o genocídio em curso e, seguramente, até mesmo com a divergência de muitos dos solidários à Palestina.

A dimensão da barbárie israelense, entretanto, não podia mais ser escondida e passamos a ter companhia. Diante disso, os defensores do regime israelense se viram obrigados a lidar com esta nova e inesperada realidade.

Como sempre, EUA e seu tutelado agressor negaram o genocídio e, para variar, acusaram de “antissemitismo” (antijudaísmo) os locutores deste novo “inconveniente” aos “eleitos” e alegadamente herdeiros da “terra prometida”.

A grandiosidade da atual carnificina humana, que não escapa nem mesmo a entendimentos anêmicos sobre o tema, impôs à Comunidade Internacional esta constatação e a ousadia de dizê-lo: é genocídio monumental, equivalente – e até superior – aos grandes da história, dentre eles o havido durante a 2ª Guerra Mundial.

Em Gaza e na Cisjordânia, em menos de 50 dias, foram assassinados mais 15 mil palestinos.

Considerando os 7 mil desaparecidos sob os escombros, temos mais de 22 mil mortos.

Os apressados se aterão à ordem de grandeza dos 22 mil mortos, insignificantes perto dos 70 milhões de mortos para a 2ªGM. Mas a conta é diferente e parte dos 465 mortos ao dia numa população de apenas 2,2 milhões, encarcerada num campo de concentração de 365 km².

Como hoje, 29 de novembro, é o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, instituído pela ONU em 1977 como mea-culpa por ter aprovado, na mesma data, mas em 1947, a recomendação da partilha da Palestina, origem dos crimes de lesa-humanidade que duram até os dias atuais, vale a pena uma comparação entre os dois momentos históricos.

Naquela quadra histórica, em 4 anos de limpeza étnica na Palestina, iniciada em 18 de dezembro de 1947, que levou os colonos euro-judeus a tomarem pela força 78% do território palestino e dele expulsarem mais de 85% da população palestina originária, formam mortos, conforme dados oficiais, 15 mil palestinos. Algo ao redor de 10 mortos ao dia, em média. Agora foram 468 mortos ao dia, isto é, quase 47 vezes mais.

Numa comparação com a 2ª GM, novamente o horror na Palestina é maior.

Durante os 6 anos que durou esta guerra planetária, se na Europa (e apenas na Europa) de hoje, cuja população é de 752 milhões de habitantes, fosse aplicada a escala genocida israelense atual na Palestina, haveria 158 mil mortes ao dia. Nos quase 50 dias de orgia assassina israelense na Palestina, seriam 7,5 milhões os europeus assassinados.

E se a duração desta matança fossem os 6 anos que durou a 2ª GM, os cadáveres europeus seriam contados em 347 milhões, 46% da população europeia atual, ou 5 vezes mais que as vidas eliminadas entre 1939 e 1945.

Naqueles 6 anos, os mortos representaram 3% da população mundial. Em eventual repetição desta guerra em nossos dias, e na escala de mortes havida na Palestina atualmente, teríamos ceifadas 4,5% das vidas do planeta.

GENOCÍDIO DE CRIANÇAS

A atual matança na Palestina já é descrita como o genocídio das crianças, e não sem razão.

Conforme os dados oficiais disponíveis, as crianças assassinadas na Palestina são 6.150, enquanto as desaparecidas sob os escombros, quase nenhuma com vida, somam 4.700. Ou seja: quase 11 mil crianças assassinadas.

São monumentais 230 crianças palestinas assassinadas ao dia! Quase o dobro das 127 mortas ao dia durante a 2ª Guerra Mundial. Ou 81% mais crianças palestinas mortas hoje, por Israel e EUA, do que foram assassinadas na 2ª GM.

Se o genocídio da infância palestina atualmente em curso ocorresse na Europa destes dias, teríamos 70 mil crianças europeias mortas ao dia, que se tornariam 3,3 milhões nos quase 50 dias do genocídio da infância palestina.

Em um ano, passariam a 25 milhões e, em eventual repetição da 2ª GM hoje, teríamos 153 milhões de crianças assassinadas na Europa.

Só para termos um dado comparativo com outro evento bélico em curso, a guerra entre Rússia e Ucrânia, países que que somam quase 200 milhões de habitantes (100 vezes a de Gaza), não morreram ainda 100 crianças em quase 2 anos de conflito armado entre dois grandes exércitos.

Tão assustador quanto são os números da ONG Save the Children, que informa que desde 2019 morreram, anualmente, em todos os conflitos armados em todo o mundo (8 bilhões de habitantes, 3.600 vezes a população de Gaza), menos que 3 mil crianças, em média, anualmente.

ESTERILIZAÇÃO MASSIVA

Além da inédita matança de crianças palestinas, a indústria sionista da morte também mirou as mulheres palestinas: foram 4.500, considerando as desaparecidas sob os escombros, assassinadas, ou 96 ao dia.

Nesta escala, para a Europa, teríamos 33,1 mil mulheres assassinadas ao dia, que alcançaria 1,6 milhão no curso do mesmo período genocida das mulheres palestinas. Em um ano, 12,1 milhões europeias teriam sido eliminadas. E numa eventual reprise dos horrores da 2ª GM nestes dias, os corpos de 72,5 milhões de mulheres inundariam as ruas das metrópoles europeias em ruínas.

A combinação macabra da eliminação em escala industrial das vidas das crianças e das mulheres palestinas, como nunca registrado, indica algo claro: a intenção de Israel e EUA de exterminar o povo palestino.

Esta escala genocida em termos totais, com mais de 22 mil mortes, em poucas semanas, numa população de apenas 2,2 milhões, já é suficiente para, quando pouco, evidenciar um genocídio.

Mas quando falamos dos assassinatos massivos de crianças e mulheres, estamos diante da intencionalidade de atingir esta parte da demografia palestina para que esta sociedade perca sua capacidade reprodutiva.

Ou seja: colapsem suas possibilidades se seguir se reproduzindo e, com isso, entre num processo de declínio populacional. É uma espécie de esterilização coletiva da sociedade palestina.

Ao eliminarem-se os ventres dos quais virão à luz as gerações futuras, bem como a geração já saída deles, estamos diante de uma ação claramente genocida.

Se todas as ações na Palestina são claramente genocidas, desde ao menos dezembro de 1947 – para não falar dos planos sionistas remontados ao menos a 1896, quando do lançamento da obra O Estado Judeu, em que Theodor Herzl, o pai do sionismo político, preconiza um estado exclusivamente judeu em alguma parte do mundo, considerando a Palestina dentre eles, espaço no qual a população originária teria que ser eliminada para ser substituída por nova demografia euro-judaica –, isto ganha novas tonalidades nestes dias.

À luz disso, estamos diante de um regime – e sua elite dirigente, estatal e social – que promove genocídio, o primeiro televisionado da história, ofendendo ainda mais nossas consciências.

Não há lugar para este regime na Comunidade Internacional, razão pela qual Israel deve ser excluído da ONU, bem como deve o mundo civilizado romper todas as relações com este estado, ademais acusado, em relatórios robustos, de promover o Apartheid em toda a Palestina. O mundo civilizado exige isso.

Antes que seja tarde demais para a Palestina e para a humanidade.

 

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Israel lança onda de ataques a Damasco. Mísseis são abatidos por sistemas russos de defesa

Quatro caças F-16 da força aérea israelense atacaram os arredores de Damasco, na Síria, nas primeiras horas deste sábado (2), e os sistemas de defesa aérea da Síria conseguiram abater a maioria das bombas.

A confirmação veio do contra-almirante Vadim Kulit, vice-chefe do Centro de Reconciliação de Lados Opostos na Síria, do Ministério da Defesa da Rússia, acrescentando que não houve vítimas.

Ele especificou que os ataques vieram a partir do espaço aéreo das Colinas de Golã ocupadas, utilizando bombas aéreas guiadas.

“As forças de defesa aérea em serviço das forças armadas sírias derrubaram a maioria das bombas aéreas com os sistemas russos Pantsir-S e Buk-M2E”, disse o contra-almirante, segundo a agência Sputnik.

Houve numerosos ataques israelenses na Síria desde o início da guerra de Israel contra os palestinos, começando em 7 de outubro.

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Venezuelanos vão às urnas em referendo para reivindicar Essequibo, território em disputa com a Guiana

Tensão entre Caracas e Georgetown aumentou nos últimos dias, com participação de militares e acusações mútuas.

Mais de 20 milhões de venezuelanos são esperados em quase 15 mil centros de votação espalhados pelo país neste domingo (03/12) para a realização do referendo que pretende reivindicar a soberania da Venezuela sobre o território do Essequibo, que está em disputa com a Guiana.

A votação, convocada pelo governo do presidente Nicolás Maduro, servirá para perguntar aos venezuelanos se estão de acordo com as decisões de Caracas sobre como lidar com a contenda territorial. Serão apresentadas cinco perguntas às quais os eleitores poderão responder ‘sim’ ou ‘não’.

Com 160 mil km² e cerca de 120 mil habitantes, o território do Essequibo está localizado na fronteira entre a Venezuela e a Guiana e é objeto de disputa desde o século 19. No entanto, os atritos entre Caracas e Georgetown pelo controle da região se acentuaram após a descoberta de grandes poços marítimos de petróleo da costa essequiba.

O governo guianês entregou concessões à empresa norte-americana Exxon Mobil para explorar as reservas, o que levou a um crescimento vertiginoso do PIB da Guiana e à descoberta de novos poços pela companhia dos Estados Unidos. Segundo as projeções da empresa, há 11 bilhões de barris de petróleo sob as águas do Essequibo e a Guiana deve ultrapassar a produção de 1 milhão de barris por dia até 2027.

As operações desagradaram a Venezuela, que alega que as perfurações não poderiam ser realizadas de maneira unilateral pela Guiana em um mar que ainda não está delimitado por se tratar de águas que banham um território em disputa. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, chegou a acusar o governo guianês de trabalhar pelos interesses estadunidenses e da Exxon Mobil.

As tensões entre os países escalaram ainda mais após Caracas anunciar a realização do referendo deste domingo. O engajamento das Forças Armadas venezuelanas na campanha eleitoral pelo “sim” e os exercícios militares realizados pelo exército guianês em parceria com tropas estadunidenses na fronteira elevaram a temperatura e levantaram a possibilidade de confrontações bélicas na região.

Além disso, a legitimidade do referendo é rechaçada pela Guiana, que recorreu à Corte Internacional de Justiça (CIJ) – tribunal da ONU localizado em Haia – para tentar barrar a votação, dizendo se tratar de “uma ameaça existencial” por supostamente ter intenção de anexar o Essequibo, a depender do resultado obtido.

Quais são as perguntas do referendo sobre o Essequibo?
As preocupações do governo guianês dizem respeito, especificamente, à quinta pergunta presente no referendo, que prevê “a criação do estado Guiana Essequiba e que se desenvolva um plano acelerado para a atenção integral à população atual e futura deste território que inclua entre outros o outorgamento de cidadania e cédula de identidade venezuelana, conforme o Acordo de Genebra e o Direito Internacional, incorporando em consequência dito estado ao mapa do território venezuelano”.

Outros pontos presentes na votação são contestados pela Guiana, como o que está presente na primeira pergunta, que visa o rechaço ao chamado “Laudo Arbitrário de Paris”, assinado em 1899. O documento foi elaborado por um grupo independente de cinco juristas que decidiu que os domínios sobre o Essequibo eram do Reino Unido, já que naquele momento a Guiana era uma colônia britânica. 50 anos depois, em 1949, a Venezuela alegou que o laudo deveria ser anulado por conta de um suposto conluio entre advogados britânicos e um dos juízes.

O governo guianês alega, até hoje, que o Laudo de Paris é o único documento válido para resolver a disputa, o que daria todo o controle do Essequibo a Georgetown. Já Caracas se apega ao chamado Acordo de Genebra, documento assinado meses antes da independência da Guiana pelas três partes – venezuelana, britânica e guianesa – no qual o Reino Unido reconhece a reclamação da Venezuela sobre o território e se compromete a negociar diretamente com o país na busca por uma solução.

A negociação direta prevista pelo acordo faz com que a Venezuela mantenha a posição de não reconhecer a jurisdição do CIJ sobre o tema, principalmente após a Guiana levar o caso ao tribunal de Haia em 2018. O tema das legitimidades de documentos e tribunais está presente nas perguntas dois e três, que questionam se o eleitor apoia a decisão do governo venezuelano de apenas reconhecer o Acordo de Genebra e não considerar o Tribunal de Haia apto para julgar a disputa.

Já a quarta pergunta trata da oposição “à pretensão da Guiana de dispor unilateralmente de um mar por delimitar, de maneira ilegal e em violação do direito internacional”.

‘Sim’ é consenso nacional, até entre opositores
O apoio ao referendo sobre o Essequibo se tornou o tema dominante da vida política da Venezuela desde que foi anunciado, no final de outubro. Apesar da proposta partir do governo, diversos partidos da oposição já manifestaram apoio à votação e devem mobilizar suas bases neste domingo para votar.

Organizações civis, sindicatos e movimentos populares também se somaram à campanha “o Essequibo é nosso”, realizando atos nas principais cidades do país semanas antes da votação. Segundo analistas, o resultado deve ser uma esmagadora vitória do ‘sim’ em quase todas as perguntas.

No entanto, a ultraliberal Maria Corina Machado, escolhida para ser a candidata da oposição de direita nas eleições presidenciais de 2024, se mantém contrária ao referendo. A ex-deputada reconhece a soberania venezuelana sobre o território em disputa, mas alega que a CIJ seria o foro ideal para resolver o conflito.

*Brasil de Fato

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ONGs acusam Israel de roubar órgãos de cadáveres palestinos em Gaza

Israel também retém cadáveres de palestinos como moeda de troca, recusando devolução dos corpos às famílias das vítimas para negociações futuras.

Ao negar o direito de enterrar entes queridos, Israel inflige a angústia do luto sem fim. Uma prática de décadas que ONGs de defesa dos direitos humanos descrevem como uma tentativa de controlar e punir as famílias palestinas. Muitos corpos estão enterrados em valas comuns como indigentes e outros estão esquecidos congelados em necrotérios.

As autoridades israelenses afirmam que esta política é necessária para evitar supostos tumultos e protestos durante os funerais de palestinos mortos por Israel. O regime israelense também usa a mesma tática de tratamento com mortos que são suspeitos de terem participado de ataques contra Israel, usando os seus cadáveres como barganha de negociações com líderes palestinos.

Israel é o único país do mundo que tem uma política de confisco e moeda de troca de restos mortais humanos, o que constitui uma grave violação do direito internacional e dos direitos humanos.

O diretor do hospital Al-Shifa, a maior unidade de saúde de Gaza, recentemente atacada e invadida pelo exército israelense, afirma que as IDF sequestraram corpos palestinos.

O número estarrecedor de mortos na Faixa de Gaza devido à invasão militar de Israel colapsou hospitais e cemitérios, fazendo com que palestinos fossem enterrados em valas comuns. À luz desta selvageria, a recusa de Israel em devolver os corpos dos mortos, deu contornos ainda mais sombrios a esta guerra.

Em junho de 1967, durante a Terceira Guerra Árabe-Israelense, Israel ocupou a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza. Neste contexto, militares israelenses enterraram soldados árabes e prisioneiros de guerra em valas comuns. Estes mortos não foram identificados até hoje, e as suas famílias foram condenadas ao luto e à procura incessantes.

Os cemitérios de números são locais dentro de Israel em zonas militares fechadas. Estas sepulturas anônimas, são identificadas por números. Ao longo das décadas, o exército continuou enterrando palestinos nestes cemitérios ou reteve os corpos até que as famílias aceitassem várias restrições para os respectivos funerais. O ‘Estado’ de Israel argumenta que manifestações em funerais representam uma ameaça à segurança nacional.

De 2007 a 2015, Israel interrompeu a prática de reter os corpos. Nesse ínterim, surgiram outras revoltas palestinas, muitas vezes referida como a “intifada das facas”. Durante este período, os palestinos atacaram esporádica e individualmente militares, policiais e colonos com facas e armas artesanais. Centenas de palestinos foram mortos e os seus corpos foram frequentemente confiscados às famílias.

Desde 2015, os corpos destes palestinos assassinados têm sido mantidos em gavetas do necrotério no Instituto Forense Abu Kabir, perto de Tel Aviv. O total é agora de 135, e os corpos que foram devolvidos às famílias foram sujeitos a condições rigorosas.

Em alguns casos, as famílias são informadas de que os seus entes queridos mortos devem ser enterrados longe das suas casas. Em 2018, o governo israelense, pela primeira vez, aprovou uma resolução que afirmava que os corpos dos palestinianos associados ao Hamas e à Jihad Islâmica, ou daqueles envolvidos em ataques particularmente dramáticos contra israelitas, deveriam ser retidos. De acordo com o grupo de direitos humanos israelense B’Tselem, manter os corpos dos palestinos como moeda de troca para futuras negociações é uma prática antiga em Israel.

As famílias dos falecidos também enfrentam uma série de complexidades jurídicas. Sem uma certidão de óbito, as viúvas não conseguem seguir em frente com as suas vidas e casar novamente. Se os seus maridos assassinados eram responsáveis pelo sustento da família, a conta bancária fica congelada, deixando as viúvas sem acesso a fundos, enquanto os direitos de herança também são negados. Esta prisão post mortem de corpos foi entendida pelos palestinos como sendo uma criminalização para além da morte. Os palestinos se referem a estes cadáveres detidos por Israel como “mártires detidos” ou “prisioneiros mártires”.

Colhendo órgãos

Há relatos antigos de corpos palestinos serem devolvidos faltando órgãos das vítimas. Em 2015, numa carta ao embaixador britânico Matthew Rycroft, Ex-representante permanente do Reino Unido na ONU, o principal delegado palestino nas Nações Unidas, Riyad Mansour, descreveu o que disse ser a colheita de partes de corpos de palestinos mortos pelas forças israelenses.

No cemitério dos números, há algo de obscuro, visto que muitos dos corpos que deveriam estar lá, não estão. Em outras covas há partes misturadas de diferentes indivíduos. A ausência destes corpos é mais uma evidência que dá suporte aos relatos de longa data de que os cadáveres palestinos podem ter sido usados para tráfico de órgãos ou doados a universidades de medicina israelenses para que os estudantes treinassem nos corpos.

O ex-chefe do Instituto Forense Abu Kabir, chegou a admitir que o exército havia retirado pele, córneas, válvulas cardíacas e ossos dos corpos de palestinos e trabalhadores estrangeiros durante a década de 1990. A prática muitas vezes ocorria sem o consentimento dos familiares do falecido. Muitos palestinos também alegaram que os corpos de jovens que foram apreendidos na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza foram devolvidos às suas famílias com órgãos desaparecidos.

O EuroMed Human Rights Monitor disse no dia 26 de novembro que tinha “preocupações” sobre o possível roubo de órgãos de cadáveres palestinos, na sequência de relatos de profissionais da saúde em Gaza que examinaram alguns corpos depois de terem sido liberados por Israel. Os médicos teriam encontrado falta de órgãos vitais, como fígado, rins e coração, além de córneas, o que o EuroMed Monitor chamou de evidência de possível roubo de órgãos. Eles também alegaram que Israel exumou e confiscou cadáveres de uma vala comum que foi cavada há mais de 10 dias num pátio em al-Shifa.

No livro Over Their Dead Bodies, da médica israelense Meir Weiss, diz que órgãos foram retirados de palestinos mortos entre 1996 e 2002 e utilizados em investigação médica em universidades israelenses e transplantados para corpos de pacientes israelenses.

Uma polêmica investigação de uma emissora de televisão israelense em 2014 incluiu confissões de autoridades de que a pele foi retirada dos corpos de palestinos e trabalhadores africanos mortos para tratar israelenses, como soldados com queimaduras.

Israel é considerado o maior centro de tráfico global de órgãos humanos, de acordo com uma investigação de 2008 da rede norte-americana CNN. A Quarta Convenção de Genebra de 1949, que Israel não ratificou, exige que os militares respeitem a dignidade dos mortos, incluindo a prevenção da destruição, mutilação ou qualquer tratamento desrespeitoso dos seus corpos. Para os palestinos, os cemitérios são espaços sagrados que não são apenas um lugar para lamentar os mortos, mas também um registro da história e pertencimento geracional e geográfico.

*Gerciane Oliveira/Opera Mundi

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“Extermínio de crianças por Israel é nazista. Repito, NAZISTA”, diz presidente colombiano

Gustavo Petro se referia a um ataque israelense em Deir el-Balah, na Faixa de Gaza.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, voltou a fazer duras críticas a Israel por conta do bombardeio indiscriminado contra a Faixa de Gaza, qalificando as ações do regime como nazistas.

“Eles dizem que isso não é nazista. Mesmo que a consciência ocidental não goste destes fatos, o extermínio de 5.300 meninos e meninas palestinos é nazista, repito NAZISTA”, escreveu Petro na rede social X.

A postagem faz menção a um ataque israelense em Deir el-Balah, no centro de Gaza. Quase 200 pessoas foram mortas em menos de dois dias desde o reinício dos ataques de Israel a Gaza, segundo a emissora Al Jazeera.

 

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Israel mata mais de 200 pessoas em primeiro dia de ofensiva a Gaza após trégua

Meios locais reportam bombardeios israelenses contra bairros das regiões central e oriental do território palestino, nos quais também se registrou cerca de 600 pessoas feridas.

Mais de 200 pessoas morreram na Faixa de Gaza na sequência dos bombardeios israelenses que recomeçaram nesta sexta-feira (01/12) após o fim da trégua entre Israel e o Hamas, relata a Al Arabiya, citando dados fornecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza.

Jornais locais que estão no centro do conflito informaram que um dia após o reinício das hostilidades, cerca de 600 palestinos ficaram feridos.

Segundo a agência de notícias WAFA, as forças israelenses estão atacando bairros de Khan Yunis. A Força Aérea de Israel aviação realizou uma série de ataques em Al-Qarara, a nordeste de Khan Yunis, e destruiu completamente quatro casas. Eles também bombardearam várias mesquitas no sul da Palestina, acrescentou o veículo.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) relataram que num dia atacaram mais de 400 alvos na Faixa de Gaza, acrescentando que os seus caças atingiram mais de 50 alvos em Khan Younis.

Ao mesmo tempo, as tropas israelenses dispararam fogo de artilharia e realizaram ataques aéreos no norte da Palestina. Gaza também foi bombardeada pelas forças navais israelenses.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram nesta sexta-feira que o movimento Hamas “violou a pausa operacional e também disparou contra território israelita” .

“As IDF retomaram o combate contra a organização terrorista Hamas na Faixa de Gaza”, relataram. Neste contexto, aviões de combate do Exército de Israel atacaram os territórios palestinos.

*Opera Mundi

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Assista à íntegra da entrevista do presidente Lula à Al Jazeera, com legendas

Presidente criticou Benjamin Netanyahu, pelo genocídio em Gaza, e Joe Biden pela apatia diante dos crimes de Israel.

247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu uma importante entrevista ao canal Al Jazeera, em que criticou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pelo genocídio que está promovendo contra o povo palestino, na Faixa de Gaza, e o presidente estadunidense Joe Biden pela apatia diante dos crimes de Israel. Assista na íntegra, com legendas:

*Com 247

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Irã abandona negociações da COP28 em protesto contra Israel

Chanceler iraniano já havia alertado que presença de representantes israelenses deveria ser ‘seriamente considerada’ diante dos ‘crimes de guerra cometidos pelos sionistas’ em Gaza.

A delegação do Irã abandonou as negociações da COP28, em Dubai, nesta sexta-feira (01/12) em protesto contra a presença da delegação israelense nas conversações.

O ministro da Energia do Irã, Ali Akbar Mehrabian, mencionou que a presença de representantes de Israel é “contrária aos objetivos e diretrizes” da conferência.

O chefe da delegação de Teerã ainda comentou que o país quer aproveitar a COP28 para lançar luz sobre a situação na Faixa de Gaza, que já soma mais de 16 mil vítimas devido aos ataques israelenses.

Hossein Amirabdollahian, ministro das Relações Exteriores do Irã, já havia dito ao seu homólogo dos Emirados Árabes Unidos, Abdullah bin Zayed Al Nahyan, que era contra a presença da delegação de Israel.

Na conversa, Amirabdollahian disse que “a presença de funcionários do regime de ocupação israelense nesta conferência, no que diz respeito ao recente genocídio e aos crimes de guerra cometidos pelos sionistas, é digna de séria consideração”.

O chanceler iraniano também cobrou que os países islâmicos continuem com os esforços para que os “crimes de guerra do regime sionista” sejam cessados, além de garantir o envio de mais ajuda humanitária para Gaza.

Amirabdollahian ainda instou que o Conselho de Segurança das Nações Unidas, incapaz até o momento de gerar uma solução para o conflito “emita uma resolução eficaz, a fim de cumprir os seus deveres para com o povo palestino”.

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‘Esta é uma guerra contra as crianças’, diz porta-voz da Unicef em Gaza

Em vídeo publicado em suas redes sociais, James Elder mostrou situação dramática de menores refugiados em um hospital durante retomada da ofensiva israelense ao território palestino.

“A humanidade desistiu das crianças de Gaza?”, perguntou o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), nesta sexta-feira (01/12), quando o exército israelense decidiu retomar os ataques na Faixa de Gaza nas primeiras horas do dia, reiniciando novos e intensos bombardeios aéreos contra o povo palestino. Segundo James Elder, a guerra em Gaza é uma “guerra contra as crianças”.

Dentro de um hospital superlotado da região, sem capacidade de receber mais pessoas, o porta-voz do órgão fez duras críticas com relação à impotência da comunidade internacional, ao afirmar que “a falta de ação daqueles que têm influência está permitindo o assassinato de crianças”.

Elder chegou a explicar o drama enfrentado nas instalações hospitalares e pelas equipes de saúde no território, especialmente no que diz respeito ao atendimento de crianças, uma vez que tratar lesões como queimaduras e fraturas está se tornando cada vez mais difícil: “aceitar o sacrifício das crianças em Gaza significa que a humanidade desistiu”.

m outro momento do vídeo, o porta-voz mencionou que um recente ataque aéreo a 50 metros do “maior hospital que ainda está em funcionamento” no território:

“Este hospital simplesmente não pode receber mais crianças feridas de guerra, há crianças por toda parte. Essas crianças estão dormindo. Havia uma bomba literalmente a 50 metros daqui”, desabafou em um vídeo publicado pela plataforma X (ex-Twitter), antes de descrever as feridas sofridas pelas crianças durante o ataque de Israel.

‘Um cemitério para milhares de crianças’
Gaza é um “cemitério de crianças”, afirmou Elder, em comunicado à imprensa, há um mês, quando os ataques israelenses ganharam intensidade sob a prerrogativa de “eliminar o Hamas”. Na ocasião, o funcionário descreveu que “Gaza se tornou um cemitério para milhares de crianças”, acrescentado que o território é “um verdadeiro inferno a todos”.

O bloqueio de direitos básicos à sobrevivência humana como água, por parte de Israel, deixando sob risco a vida de mais de um milhão de crianças palestinas por problemas de desidratação, foi uma das questões abordadas por Elder.

“Nosso maior medo era o número de crianças mortas se tornando dezenas, depois centenas e, finalmente, milhares, foi concretizado em apenas duas semanas”, lamentou o porta-voz da Unicef, que exigiu o fim dos bloqueios israelenses no território.

“Sem cessar-fogo – nem água, nem medicamentos, nem libertação das crianças sequestradas – avançaremos em direção a desastres maiores que vão seguir atingindo crianças inocentes”, declarou o funcionário do fundo ligado à Organização das Nações Unidas (ONU).

As negociações entre o Estado de Israel e o movimento de resistência palestina Hamas sobre a trégua na Faixa de Gaza continuam sendo mediadas pelo Catar e o Egito.

Nesta quinta-feira (30/11), ambas as partes concordaram em estender a pausa humanitária pelo oitavo dia, mas sem nenhuma confirmação oficial. A trégua expirou nesta sexta-feira (01/12). Pouco depois, Israel voltou a atacar Gaza, com uma série de bombardeios.

O porta-voz do Ministério da Saúde em Gaza confirmou que pelo menos 60 pessoas foram atingidas pelo exército comandado por Tel Aviv desde que a trégua expirou.

*Opera Mundi