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Gás, caminhões hidrantes e balas de borracha: Polícia argentina avança com repressão a aposentados e torcedores

Há detidos e feridos. Manifestantes incendiaram um carro e uma moto da polícia de Buenos Aires. O Ministério da Segurança mobilizou mais de mil agentes.

C5N – Forças de segurança reprimiram com gás lacrimogêneo, cassetetes e empurrões aposentados e torcedores que protestavam nesta quarta-feira nos arredores do Congresso contra o ajuste do governo de Javier Milei. Há registros de detidos e feridos.

O Ministério da Segurança, liderado por Patricia Bullrich, organizou a operação “antipiquete” com cerca de mil agentes de diferentes forças federais fortemente equipados. Também foram mobilizados caminhões hidrantes e a polícia motorizada.

Embora a manifestação estivesse marcada para as 17h, às 15h a Praça do Congresso já estava lotada de aposentados e torcedores de vários clubes do país. Foi nesse momento que começaram os primeiros momentos de tensão, quando os agentes impediram os manifestantes de descerem para a Avenida Entre Ríos.

“Olhem onde estamos. Eles é que estão bloqueando a rua”, disse um torcedor do Independiente, mostrando que os manifestantes estavam na calçada da praça, enquanto a polícia fechava a avenida.

Embora a manifestação estivesse marcada para as 17h, às 15h a Praça do Congresso já estava lotada de aposentados e torcedores de vários clubes do país. Foi nesse momento que começaram os primeiros momentos de tensão, quando os agentes impediram os manifestantes de descerem para a Avenida Entre Ríos.

“Olhem onde estamos. Eles é que estão bloqueando a rua”, disse um torcedor do Independiente, mostrando que os manifestantes estavam na calçada da praça, enquanto a polícia fechava a avenida.

Por volta das 16h, os agentes começaram a empurrar e lançar gás de pimenta sobre um grupo de torcedores e aposentados que tentavam bloquear a Avenida Rivadavia. Com as mesmas táticas, agentes da Gendarmeria liberaram o trânsito na Avenida Callao.

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Trump ameaça fechar ‘permanentemente’ setor automobilístico do Canadá

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta terça-feira (11/03) fechar “permanentemente” o setor automobilístico do Canadá, caso o país vizinho não exclua as tarifas de 25% impostas contra os produtos norte-americanos, uma medida adotada pelo governo canadense em retaliação às taxações do republicano.

“Se o Canadá não eliminar todas as tarifas contra nós, aumentarei, em 2 de abril, as taxas sobre veículos [canadenses] que chegam aos EUA, o que fará fechar permanentemente o setor de produção automobilística do Canadá”, alertou Trump na plataforma Truth Social.

A ameaça do magnata também aconteceu um dia depois que a província de Ontário, a mais populosa do Canadá, anunciou a imposição de uma sobretaxa de 25% sobre as exportações de eletricidade para três estados dos EUA – Nova York, Minnesota e Michigan-, o que irritou o presidente norte-americano.

“Em resposta às taxas de 25% sobre a ‘eletricidade’ imposta por Ontário, ordenei ao meu Secretário de Comércio a acrescentar uma tarifa adicional de 25%, chegando a 50%, sobre todo o aço e alumínio que entra nos EUA vindo do Canadá”, afirmou Trump. “Isso entrará em vigor hoje, 12 de março.

Em comunicado na segunda-feira (10/03), antes de anunciar a sobretaxa da eletricidade aos três estados norte-americanos, o primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, afirmou que as tarifas que foram primeiramente impostas por Trump ao seu país configuram, na realidade, “um desastre” para a própria economia norte-americana.

“Até que a ameaça de tarifas desapareça para sempre, Ontário não recuará. Permaneceremos fortes, usaremos todas as nossas ferramentas e faremos o que for preciso para proteger Ontário”, defendeu.

Segundo Ford, o governo local já orientou o Operador Independente do Sistema Elétrico da província que qualquer gerador que vendesse eletricidade para os EUA passaria a ser obrigado a adicionar uma sobretaxa de 25%.

*Ansa/Opera Mundi

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Brasil quer propor criptomoeda para facilitar comércio entre países do BRICS sem provocar Trump

Tecnologia blockchain pode tornar transações mais eficazes sem pautar desdolarização.

O Brasil quer aproveitar a presidência rotativa do Brics, que ocupa neste ano, para tentar destravar uma pauta histórica de países em desenvolvimento: a facilitação de transações financeiras internacionais para incrementar o comércio exterior.

A ideia não passa pela criação de uma moeda comum — como chegou a ser aventado pela ex-presidente Dilma Rousseff, que dirige o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), chamado de Banco do Brics — nem tem como objetivo buscar uma alternativa ao dólar nos pagamentos transfronteiriços, apesar de declarações do presidente Lula nesse sentido, dizem integrantes do governo.

A aposta é usar a tecnologia blockchain, base das criptomoedas, para aumentar a eficiência dos contratos de importação e exportação e reduzir os custos dos pagamentos entre os países do bloco, que recentemente ganhou novos membros além dos cinco originais, que são Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul. O bloco atualmente conta também com Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Indonésia.

Essa discussão se insere no eixo de facilitação do comércio e investimentos entre os países do Brics, um dos seis temas prioritários da presidência brasileira. Autoridades envolvidas nas discussões afirmam que não é interesse do Brasil ou dos outros integrantes do grupo prejudicar um sistema de trocas internacionais que funciona hoje, ainda que de forma ineficiente e cara.

Garantem também que a proposta não tem ninguém como alvo, tampouco mira antagonizar o presidente dos EUA, Donald Trump.

No seu retorno à Casa Branca, Trump demonstrou irritação com a ideia de o Brics buscar alternativas ao dólar em suas trocas comerciais. E ameaçou com tarifas caso o grupo deixe de lado o dólar, cuja posição como reserva global dá enorme vantagem aos estadunidenses em relação a outros países, inclusive na capacidade de impor sanções financeiras a alguns integrantes do Brics, como Rússia e Irã.

“Vamos exigir um compromisso desses países aparentemente hostis de que eles não criarão uma nova moeda nem apoiarão qualquer outra moeda para substituir o poderoso dólar americano, caso contrário eles enfrentarão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia dos EUA”, escreveu Trump no fim de janeiro na rede Truth Social, declaração parecida à que deu no Salão Oval em resposta a perguntas de jornalistas.

Uma autoridade brasileira envolvida com o tema diz que o foco do Brasil não é enfraquecer o dólar — muito menos provocar Trump a escalar sua já iniciada guerra comercial — e sim a criação de um sistema seguro e eficiente que permita facilitar o comércio e o fluxo de capital no mundo.

O tema se insere em um contexto mais amplo de reforma da governança global para tornar o sistema financeiro mais propício aos países em desenvolvimento. Ainda não há definição se esse modelo ficaria restrito ao Brics, ou limitado a alguns membros do grupo, ou se seria aberto a outros países.

Só se for “palatável”
O governo brasileiro tem consciência de que essa é uma agenda de longo prazo, mas autoridades dizem que nada impede chegar a um consenso sobre o tema na reunião dos chefes de Estado do Brics deste ano, que acontecerá em julho, no Rio de Janeiro. Vai depender, sobretudo, de se encontrar uma via “palatável” e segura em relação aos EUA.

Nesse sentido, a ideia é aproveitar a experiência das criptomoedas e construir uma estrutura com base na tecnologia blockchain que permita reduzir os custos de transação e aumentar a eficiência nas trocas financeiras entre países.

O assunto é tocado pelo Banco Central (BC), mas também tem participação do Ministério da Fazenda. Segundo O Globo, o BC vem testando tecnologias para colocar de pé o Drex, uma versão digital do real que rodaria em uma rede blockchain. Um dos casos de uso é justamente a facilitação de pagamentos internacionais.

O problema é que o BC está enfrentando mais dificuldades do que o previsto para encontrar uma solução tecnológica que atenda a todos os requisitos de segurança e privacidade. “Conclui-se que é necessário maior aprofundamento para garantir a adequação da plataforma aos requisitos de privacidade, proteção de dados e segurança”, informou o BC sobre a primeira fase dos testes do Drex.

Lula defende alternativa
Outra possibilidade discutida no BC para a facilitação de pagamentos transfronteiriços é por meio de integração de sistemas similares ao Pix. Há dificuldades também em relação à governança de cada país e temores sobre aspectos soberanos.

O tema das transações financeiras já fez parte das últimas reuniões do Brics. Em 2023, após a cúpula realizada na África do Sul, Lula disse que o grupo discutia a criação de uma moeda que possibilitasse trocas comerciais entre os países sem precisar passar pelo dólar.

No ano passado, em participação por videoconferência na cúpula do Brics que ocorreu em Kazan, na Rússia, o petista voltou ao tema. Na ocasião, ainda antes da eleição de Trump, Lula afirmou que a escalada protecionista no mundo reforça a importância de medidas para reduzir os entraves à integração econômica do bloco de países emergentes.

Não se trata de substituir nossas moedas, mas é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que almejamos se reflita no sistema financeiro internacional — disse o presidente, defendendo também que os bancos de desenvolvimento do bloco estabeleçam linhas de crédito entre si em moedas locais para cortar custos de transação para pequenas e médias empresas.

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Dimon, Zuckerberg e outros CEOs vendem R$ 5,8 bi em ações antes de mercado desabar, mas juram que não tiveram informação privilegiada

Dimon, Zuckerberg e outros CEOs vendem R$ 5,8 bi em ações antes de mercado desabar, mas juram que não tiveram informação privilegiada. Ah tá!

Líderes do setor bancário e de tecnologia estão se desfazendo de suas ações enquanto o mercado despenca diante das preocupações com uma possível recessão e o impacto das tarifas comerciais.

Entre os executivos que venderam US$ 834 milhões (R$ 5,8 bilhões) em ações estão Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase; Mark Zuckerberg, CEO da Meta; e Nikesh Arora, CEO da Palo Alto

Networks, de acordo com dados da The Washington Service.

Todas as vendas de ações foram realizadas por meio de planos de negociação 10b5-1, mecanismo que permite aos executivos programar suas vendas antecipadamente, protegendo-os de acusações de uso de informações privilegiadas.

Lucro antes da queda

Dimon liderou o grupo em número de ações vendidas, liquidando mais de 866.361 ações avaliadas em aproximadamente US$ 233,7 milhões no final do mês passado. A venda fazia parte de um plano pré-estabelecido para se desfazer de 1 milhão das 8,6 milhões de ações que ele e sua família controlam em 2025, segundo o Infomoney. No entanto, essa transação aconteceu enquanto as ações do JPMorgan estavam em queda no mercado geral.

Desde que Dimon vendeu suas ações em 20 de fevereiro, o preço do papel caiu cerca de 14%. Essa foi a segunda grande venda de Dimon, que no ano passado vendeu ações do banco pela primeira vez na história, começando com uma transação de US$ 150 milhões em fevereiro de 2024.

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Ucrânia realiza maior ataque a Moscou desde início da guerra e mata duas pessoas

Ofensiva ocorre no dia em que Kiev e Washington iniciam discussões sobre cessar-fogo; segundo Kremlin, agressão ucraniana atrapalha acordo de paz.

As forças ucranianas lançaram um ataque massivo de drones em várias regiões da Rússia ao longo da madrugada desta terça-feira (11/03), deixando ao menos duas pessoas mortas e outras 18 feridas, incluindo três crianças. O Ministério da Defesa russo informou ter conseguido abater um total de 337 drones inimigos, no maior ataque registrado em seu território desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.

Do montante, 91 drones foram interceptados na área metropolitana de Moscou, região que geralmente não é visada por Kiev, provocando incêndios, destruição de prédios e fechamento de aeroportos. Na capital russa, uma pessoa foi morta, de acordo com a autoridade local. O presidente russo Vladimir Putin classificou a ofensiva como o “ataque mais significativo” da Ucrânia contra a cidade.

De acordo com Kiev, os bombardeios devem “incentivar” Putin a aceitar uma trégua aérea, cuja proposta será debatida nesta terça-feira entre as delegações ucraniana e norte-americana na Arábia Saudita. Por outro lado, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ressaltou em coletiva que a Ucrânia está “atrapalhando” uma “tendência emergente em direção a um acordo de paz” com a recente ofensiva.

O representante russo também não respondeu se Putin aceitaria um cessar-fogo parcial proposto pela Ucrânia, conforme as informações da agência estatal TASS.

“É impossível falar de posicionamentos agora. Os norte-americanos, segundo eles, estão tentando entender quão pronta está a Ucrânia para as negociações de paz”, declarou Peskov, referindo-se ao encontro entre representantes de Volodymyr Zelensky e Donald Trump no país árabe.

Ainda nesta terça-feira, o alto funcionário ucraniano, Andrii Yermak, manifestou à imprensa em Jeddah que Kiev sinaliza abertura para negociar uma trégua.

*Opera Mundi


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Com Trump, bolsas dos EUA derretem e já somam perdas de US$ 4 trilhões

Mercado financeiro dos EUA já perdeu o equivalente a dois PIBs do Brasil desde janeiro.

O temor de uma recessão nos Estados Unidos, impulsionado pelas políticas econômicas e tarifárias do presidente Donald Trump, provocou um colapso nas principais bolsas americanas, resultando em perdas trilionárias. Somente nesta segunda-feira (10), as empresas listadas no mercado acionário dos EUA perderam, juntas, US$ 1,619 trilhão em valor de mercado, de acordo com cálculo do especialista Einar Rivero, da consultoria Elos Ayta, feito a pedido da CNN. Desde 20 de janeiro, data da posse de Trump, a destruição de riqueza acumulada nas bolsas americanas já chega a US$ 4,328 trilhões.

Entre as chamadas “Sete Magníficas” – as gigantes da tecnologia –, o prejuízo foi ainda mais expressivo, totalizando US$ 2,539 trilhões no mesmo período. Para efeito de comparação, o valor perdido equivale a 6,2 vezes o total de todas as empresas negociadas na B3, a bolsa de valores brasileira.

Segundo levantamento da Elos Ayta, o valor de mercado das companhias listadas na B3 é de US$ 699 bilhões. Se comparado ao PIB do Brasil, que fechou 2024 em US$ 2,1 trilhões, a perda no mercado acionário dos EUA equivale a dois PIBs brasileiros desde que Trump assumiu o governo.

No início do ano, o mercado estadunidense parecia ignorar as declarações de Trump e operava em alta. No entanto, a situação mudou drasticamente na última semana, após o republicano confirmar a imposição de tarifas de 25% sobre produtos do México e do Canadá. Mesmo voltando atrás logo depois, a incerteza se instalou entre os investidores, minando qualquer expectativa de pragmatismo por parte do presidente.

O pânico se intensificou nesta segunda-feira (10), após uma entrevista de Trump à Fox News, na qual ele admitiu que a economia americana pode entrar em recessão devido às suas políticas tarifárias e de imigração. Além disso, o presidente desdenhou da reação dos mercados às suas decisões recentes, reforçando o ambiente de instabilidade.

O gestor Adeodato Netto, ao comentar sobre crises no mercado financeiro, afirmou certa vez que “os mercados não têm medo de crise, têm medo do escuro”. Para os investidores, empresários e consumidores americanos, Trump está apagando as luzes em meio ao temor do mercado acerca de uma possível recessão, de acordo com o 247.

A reação negativa das bolsas é apenas o primeiro sintoma da crescente falta de confiança no governo, que já impacta a tomada de decisões no mundo dos negócios e pode, em breve, atingir o mercado de trabalho e o consumo.

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‘Cemitério dos vivos’: palestinos libertados denunciam tortura, humilhação e fome em prisões de Israel

Ex-prisioneiros pedem urgência na discussão de questões humanitárias por entidades internacionais ao revelarem detenções injustificadas, revistas vexatórias e assassinatos.

Humilhação, espancamentos, tentativas de homicídio, fome, negligência médica e detenções injustificadas: estas são algumas das medidas tomadas pelas autoridades de Israel em suas prisões administrativas, conforme denunciaram nesta segunda-feira (10/03) ex-prisioneiros palestinos recentemente libertados das celas do regime sionista. Os depoimentos foram dados no âmbito de uma coletiva organizada pelo Instituto Palestino para Diplomacia Pública (PIPD, na sigla em inglês).

Shadi Albarghouti, que hoje tem 48 anos, conheceu seu pai dentro de uma prisão israelense aos 27 anos, quando também foi detido, em 2003. Ele foi libertado em 8 de fevereiro, durante a primeira fase do acordo de cessar-fogo e troca de reféns na Faixa de Gaza, que entrou em vigor em 19 de janeiro.

“Meu pai foi detido em 1978. Fui proibido de visitá-lo durante 10 anos. Só conheci ele dentro das prisões israelenses, nunca antes. Ou seja, meu pai conheceu seus filhos, Shadi e Hadi, na prisão. Na hora [que nos vimos], ele não conseguia nos distinguir”, contou, ao defender que a questão humanitária nas celas precisa urgentemente ser discutida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, assim como pela Cruz Vermelha e a mídia.

O palestino também escancarou um crime cometido nas detenções, ao citar o ex-ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, aliado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ao longo do massacre em Gaza. Segundo ele, existe uma “gangue” que atua juntamente com a polícia, com aval do governo, para assassinar os prisioneiros.

“Depois do 7 de outubro, os israelenses decidiram que podem matar os prisioneiros palestinos direta ou indiretamente. E já houve tentativas de nos matar. […] Não é uma decisão da administração prisional. Há uma gangue que comanda as prisões israelenses. É Ben Gvir [ex-ministro da Segurança Nacional de Israel] e a polícia”, revelou.

Política da humilhação
“Cemitérios dos vivos”, foi como descreveu Diala Ayesh, que foi libertada cinco dias antes da implementação da primeira fase do cessar-fogo em Gaza.

Questionada por Opera Mundi se as detentas sabiam que um acordo de libertação de reféns estava prestes a se concretizar, a ex-prisioneira afirmou apenas ter tido conhecimento sobre o assunto quando deixou a cela, por meio de sua família. “Havia muita conversa a respeito, mas não sabíamos que estava muito perto de acontecer”, disse, o que aponta a falta de fornecimento de informações por parte das autoridades israelenses para com os presos.

Além de denunciar a privação de comida e inacessibilidade a medicamentos, Diala enfatizou a política de “humilhação”. Relatou que os israelenses revistavam as detentas e as obrigavam a ficarem nuas, “não por razões de segurança, mas para assediar, intimidar e insultar.

“Eles estavam se divertindo quando nos forçavam a tirar nossas roupas. Nos insultavam, e insultavam nossas famílias. Essa revista nua é muito sensível para nós, como mulheres árabes palestinas, que estamos comprometidas em nos mantermos vestidas. Eles sabem disso. Me sinto até envergonhada de falar sobre isso”, disse.

Diala também relatou sobre as “provocações emocionais”, nas quais as autoridades israelenses propositalmente falavam com seus familiares para despertar sentimentos nostálgicos das prisioneiras palestinas.

“Batiam à nossa porta, e falavam com seus filhos. Sabiam que somos impedidas de ir até nossos filhos, nossas famílias, nossos entes queridos. Na hora, nem sei se a minha família está viva ou não. Então, quando falavam com seus respectivos filhos ou com suas famílias, nesses momentos eu sentia aquela nostalgia. Isso era mais uma provocação para nós”, contou.

Prisões administrativas
Desde 7 de outubro de 2023 até a atualidade, mais de 62 prisioneiros palestinos foram martirizados, mas suas identidades nunca foram reveladas, de acordo com a Addameer Prisoner Support, uma ONG palestina sediada em Ramallah. Tala Naser, advogada da entidade, relatou que as autoridades israelenses abriram uma investigação em cinco dessas dezenas de casos, e que nas apurações observaram que os corpos apresentavam vestígios de hematomas, fraturas e hemorragia interna, o que prova que as vítimas foram submetidas a espancamentos. Entretanto, até agora, nenhum relatório médico foi emitido.

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Embora as evidências de tortura, “99% das queixas que enviamos foram arquivadas”, disse Naser, acrescentando que “isso significa que a ocupação não tem nenhuma intenção ou vontade de responsabilizar os criminosos pela morte dos prisioneiros”.

A advogada palestina informa a necessidade de rever as medidas tomadas por Israel no período pré-julgamento, uma vez que os prisioneiros são barrados de se encontrar com suas equipes de defesa, portanto, não havendo aconselhamento jurídico àqueles em liberdade condicional.

Ainda segundo Naser, a crítica ao sistema prisional israelense também envolve o funcionamento do próprio tribunal, que viola os princípios de um julgamento justo porque não informa os prisioneiros sobre o suposto motivo de sua detenção.

“Eles são detidos sem saber o motivo de sua detenção. Não tem um julgamento público porque os tribunais israelenses são confidenciais, secretos, e não há supervisão ou monitoramento por lá, e também não há defesa eficiente porque os advogados são impedidos de conhecer os prisioneiros”, contou, enquadrando a situação como um “crime de guerra” conforme prevê o estatuto de Roma.

“Precisamos entender como eles obtiveram a confissão [dos palestinos] à força, como eles [palestinos] foram ao julgamento e quais são as medidas que estamos tomando no pré-julgamento”, pontuou.

Por sua vez, a jornalista palestina Lama Ghosheh, libertada das prisões israelenses, relatou ter notado que a detenção administrativa se tornou mais evidente depois do 7 de outubro de 2023.

“Houve um grande número de pessoas presas apenas por motivos de incitação. Essas foram as mesmas acusações contra os palestinos em Jerusalém e nos territórios de 1948, que tinham como objetivo intimidá-los”, indicou.

Lama relatou ter sido encarcerada nas prisões israelenses de Hasharon e de Damon, e logo transferida para prisão domiciliar. Entretanto, não teve a permissão para se comunicar com outras pessoas, mantendo-se longe da esfera pública. Durante um período de 300 dias, a jornalista foi submetida a trabalho forçado em um assentamento israelense, sem receber nenhum pagamento financeiro e sob “circunstâncias intimidadoras” de monitoramento.

“Quando falamos sobre jornalismo sob o estado de intimidação em curso desde 7 de outubro, ou até mesmo desde 2021, é importante ter conscientização para cobrir tudo o que acontece em Jerusalém e tudo o que acontece nos territórios de 1948. Não ser enganado nem subjugado por essa intimidação, e aumentar a conscientização das pessoas”, concluiu.

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O grupo que assumiu o mega-ataque ao X e derrubou a rede no mundo

Grupo criado em 2023 é um dos mais temidos por usar táticas avançadas de guerra cibernética. Lojas da montadora Tesla, de Elon Musk, também dono no X, vêm sendo atacadas.

Pela terceira vez nesta segunda-feira (10), a rede social X (antigo Twitter) está fora do ar em todo o mundo após um mega-ataque cibernético. A plataforma é de propriedade do magnata Elon Musk, que também é dono da Tesla, a montadora de automóveis elétricos que teve lojas atacadas inclusive a tiros, em vários estados dos EUA. Vale lembrar que Musk se alinhou fortemente ao atual presidente dos EUA, Donald Trump, e que assumiu uma espécie de cargo semigovernamental que está “enxugando” os gastos da administração norte-americana, mandando milhares de pessoas embora até em áreas sensíveis e essenciais.

Depois de deixar off-line uma das mais influentes redes do planeta pela terceira vez em um dia, um grupo notório de hackers assumiu a autoria dos ataques. Trata-se do Dark Storm Team, um coletivo temido em todo o mundo pelo emprego de táticas avançadas e devastadoras de guerra cibernética, composto por especialistas capazes de invadir e destruir até os sistemas ultraprotegidos de governos e de órgãos militares como a OTAN. As informações são do canal de notícias indiano Times Now News, publicado na Forum por Henrique Rodrigues.

Autointitulados pró-Palestina e tendo como alvo preferencial países e organismos ligados a Israel e à política dos EUA, o Dark Storm Team emitiu um comunicada em seu canal no aplicativo Telegram informando ser o responsável por tirar o X do ar em todo o planeta, postando ainda prints de tela mostrando milhares de status de conectividade da rede social “rompidos” em vários países.

Na mensagem dos hackers não há qualquer menção sobre os reais motivos do ataque, mas as suspeitas são de que o grupo mirou na plataforma de Musk por conta de suas falas e ações contra palestinos, pelos problemas que ele vem causado ao povo trabalhador dos EUA e por seus recentes gestos nazistas feitos desavergonhadamente em público durante atos oficiais.

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Elon Musk sob ataque: Lojas da Tesla são incendiadas

Desde que assumiu um cargo no governo Trump, as empresas do bilionário têm sido alvo de protestos.

Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram uma loja da Tesla, a montadora de carros elétricos pertencente a Elon Musk, sendo destruída por manifestantes que não concordam com as posições do bilionário.

Além dos EUA, as lojas da Tesla têm sido alvo de ataques na Europa. Na França, revendedoras da montadora foram incendiadas por grupos anarquistas, que assumiram a autoria dos atos.

Os anarquistas criticam o que chamam de “inclinações nazistas” de Elon Musk. Em um comunicado, declararam:
“Enquanto as elites multiplicam as saudações nazistas, decidimos saudar uma concessionária Tesla à nossa maneira […] o antifascismo militante que não acredita no mito da democracia e a ecologia radical que não acredita em soluções tecnológicas”.

Os grupos anarquistas franceses publicaram chamados para novos ataques contra as revendedoras da Tesla e, pelo visto, o apelo surtiu efeito. Nesta segunda-feira (10), manifestantes destruíram uma loja da montadora. Há registros de incidentes semelhantes em outras localidades dos EUA.

Dezenas de carros da Tesla, de Elon Musk, são incendiados na França

Dezenas de carros da Tesla, empresa de Elon Musk, foram incendiados entre domingo (2) e segunda-feira (3) na cidade de Toulouse, no sul da França.

Logo após o incêndio, que destruiu dezenas de carros da Tesla, a polícia local foi categórica e afirmou se tratar de um “ataque organizado”. Eles não estavam enganados: anarquistas assumiram a autoria do ataque.

Nesta terça-feira (4), um grupo anarquista assumiu a autoria do incêndio e publicou uma espécie de manifesto no site lata.info (Informações Antiautoritárias de Toulouse e Arredores) sob o título “Saudação Incendiária à Tesla”. No texto, é informado que os veículos foram incendiados “dentro das instalações com a ajuda de dois galões de gasolina”.

Os anarquistas criticam as inclinações nazistas de Elon Musk. “Enquanto as elites multiplicam as saudações nazistas, decidimos saudar uma concessionária Tesla à nossa maneira […] o antifascismo militante que não acredita no mito da democracia e a ecologia radical que não acredita em soluções tecnológicas”.

“Com esse ato, participamos do chamado ‘Bem-vindo à primavera, queime um Tesla’, da campanha internacional contra a Tesla, da Alemanha aos Estados Unidos e, mais amplamente, do conflito anarquista”, continua o texto dos autores do ataque.

Após a publicação do manifesto, uma série de chamados para incendiar carros da Tesla surgiram nas redes sociais. A polícia francesa revelou que está investigando aqueles que incentivam “atos de vandalismo e contra o patrimônio”.

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Com ações de genocídio de Israel, mais de dois milhões de palestinos em Gaza podem morrer de fome

Crise humanitária se agrava com bloqueio total imposto por Israel, impedindo a entrada de alimentos, remédios e combustível.

A crise humanitária na Faixa de Gaza atinge níveis alarmantes, com mais de dois milhões de palestinos em necessidade extrema de alimentos e produtos essenciais. A denúncia foi feita pela emissora Al Jazeera neste sábado (9), destacando que 2,3 milhões de pessoas enfrentam uma escassez crítica de comida, medicamentos e suprimentos básicos devido ao bloqueio total imposto por Israel às entregas humanitárias na região.

De acordo com a emissora, além da falta de mantimentos, a situação se agrava pela interrupção no fornecimento de combustível, essencial para a geração de energia e o aquecimento das residências. Nos últimos sete dias, não houve qualquer entrega de combustível a Gaza, aprofundando ainda mais as dificuldades enfrentadas pela população.

Sem recursos para reconstrução e sem meios de subsistência, moradores da Faixa de Gaza recorrem a materiais encontrados entre os escombros para tentar erguer abrigos improvisados. “Eles buscam qualquer material disponível nos destroços”, reportou a Al Jazeera, evidenciando a precariedade extrema vivida pelos palestinos sob o cerco israelense.

A crise em Gaza se intensificou nos últimos meses com os ataques israelenses e a total obstrução das rotas humanitárias. Organizações internacionais alertam para o risco iminente de fome em larga escala e para o colapso dos serviços médicos, diante da escassez de insumos básicos e da destruição de hospitais e infraestruturas essenciais.