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Milei não rompe vínculos, mas relações China-Argentina começam a mostrar fissuras nas primeiras semanas de governo

Entre os motivos da suspensão do acordo de US$ 6.5 bilhões com a China há incertezas sobre o rumo da economia argentina.

Quando candidato, o agora presidente argentino, Javier Milei, afirmou que não promoveria a relação com países comunistas, como a China.

Embora tenha moderado o tom nos primeiros dias sobre o gigante asiático, a relação entre os dois países parece ter entrado em terreno movediço.

O governo chinês não confirmou, mas a imprensa argentina repercutiu informações do site REDD sobre uma possível suspensão do acordo de swap cambial no valor de USD 6.5 bilhões (mais de R$ 30 bi) com o banco central chinês. Parte do valor seria destinado ao pagamento da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

No dia 21 de dezembro, o governo argentino pagou a última parcela deste ano, no valor US$ 920 milhões, com um empréstimo extraordinário recentemente concedido pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina.

O mecanismo de swap cambial é um acordo firmado entre duas partes (neste caso, os bancos centrais dos dois países), para troca de moedas, utilizado principalmente para ter acesso a moedas estrangeiras a uma melhor taxa de juros.

A economista argentina e integrante do coletivo Dongsheng Gisela Cernadas explica que, para a Argentina, o swap com a China tem um custo de 4,5% a 6,5% ao ano. Já a taxa de juros que a Argentina paga ao FMI é de 8,2%.

Antes das eleições, a agência Reuters divulgou que em uma reunião interna em outubro, o conselho de diretores executivos do FMI teria criticado como o governo de Alberto Fernández geriu o programa de crédito com a Argentina. A informação foi divulgada a dez dias do segundo turno das eleições presidenciais.

Esse é o 22° programa do FMI com o país sul-americano. Trata-se de um refinanciamento de uma dívida de US$ 44 bilhões contraída pelo governo de Mauricio Macri em 2018. O empréstimo original era no valor de US$ 57 bi, mas a instituição financeira decidiu suspender uma parte desse montante, após o dólar disparar no dia seguinte às eleições primárias de 2019. Nessa votação, Alberto Fernández havia superado Macri com 15 pontos de vantagem, o que teria gerado uma reação do “mercado” à iminente volta do kirchnerismo ao governo.

Mesmo com a redução, essa se tornou a maior dívida da história do FMI, e também tornou a Argentina o maior devedor da instituição.

Agora em dezembro, a porta-voz do FMI, Julie Kozack, disse que a instituição apoia o primeiro pacote de medidas econômicas do governo de Javier Milei, anunciadas pelo ministro de Economia, Luis Caputo. As medidas de austeridade, que geraram protestos no país, incluem a terceira maior desvalorização do peso argentino na história, de 54% frente ao dólar e a eliminação dos investimentos públicos em cerca de 5% do PIB, o equivalente a R$ 100 bilhões.

Cernadas afirma que o Fundo Monetário Internacional “tem uma longa história de imposição de políticas monetárias e fiscais aos nossos países”.

O crescimento destas economias, sob essas políticas condicionadas, acaba sendo orientado ao pagamento dos juros da dívida, afirma a economista.

“Quando estas economias não conseguem pagá-los, contraem mais dívida com o FMI para pagar os juros da dívida com a instituição. Essa é uma armadilha da dívida, e essa armadilha da dívida vem acompanhada por uma armadilha do subdesenvolvimento porque todas estas políticas de austeridade que o fundo impõe são políticas que acabam por desindustrializar os países”, diz Cernadas.

Em comparação, ele diz, as vantagens do swap com a China para a Argentina estão, não só no menor custo de financiamento (mencionado anteriormente), mas no fato de a China “não impor políticas de austeridade, nem condicionar o desenvolvimento das políticas fiscais e monetárias da Argentina”.

O posicionamento da China
Entre os motivos da possível suspensão do instrumento financeiro, estão as incertezas que o governo chinês tem em relação à política econômica de Milei e o que será feito com o Banco Central argentino, instituição com a qual o acordo é feito.

Durante a campanha, Javier Milei chegou a afirmar: “o fechamento do Banco Central não é uma questão negociável”.

Para o professor catedrático da Universidade Soochow, Victor Gao, o swap precisa estar baseado em vários pré-requisitos. “Um deles é a estabilidade geral das moedas envolvidas. Se estamos falando de uma moeda que pode oscilar e flutuar enormemente, isso não é bom, não vai funcionar para o swap de moedas porque destrói a premissa do swap de moedas já logo no começo”, explica Gao, um dos intelectuais chineses muito respeitado dentro e fora de seu país.

“Quando vemos a moeda argentina flutuar em mais de 50%, por exemplo, não só é muito ruim para o governo, a economia e o povo argentino, mas também para os países que precisam negociar com a Argentina e ter acordos de swap cambial com ela”, diz Gao, que também é vice-presidente do laboratório de ideias (think tank) chinês Centro para a China e a Globalização.

Além das incertezas econômicas, a questão de Taiwan também entrou em cena. Durante uma reunião na Casa Rosada justamente para falar sobre o swap, com o enviado especial chinês, Wu Weihua, a chanceler do governo Milei, Diana Mondino, teria feito comentários sobre “direitos soberanos” de Taiwan, segundo o jornal La Nación.

Mondino, economista especializada em “classificação de risco”, não possui experiência diplomática. Se de fato, ela fez um comentário nesse sentido, a delegação chinesa deve ter ficado, no mínimo, perplexa. A mídia argentina especula com que Mondino teria dito que gostaria de comercializar com Taiwan, mas isso de fato já ocorre.

A questão de Taiwan vem sendo reiterada, principalmente aos EUA, como a “primeira linha vermelha” a não ser atravessada. Na recente reunião na Califórnia, Xi Jinping teria dito a Biden que a China se reunificará com Taiwan, mas que não há data definida, ao contrário do que afirmam as agências de inteligência dos EUA, que colocam 2027 como data limite.

O futuro das relações China-Argentina
Victor Gao afirma que a eleição no país sul-americano é “completamente um assunto interno da Argentina e a China não tem nada a ver com isso”, mas que algumas ideias “muito extraordinárias” do novo presidente podem ser prejudiciais para as relações entre os dois países. “Isso é altamente lamentável, mas será uma questão que deverá ser abordada”, diz Gao.

Sobre um possível congelamento permanente do swap, Cernadas afirma que isso significaria uma redução no fluxo de moedas estrangeiras para a Argentina, “que o país poderia posteriormente usar, como mencionei anteriormente, para financiar importações da China usando o yuan, ou fazer novos pagamentos ao FMI”.

A questão é especialmente sensível, afirma, levando em conta dois fatores: que o novo governo acaba de liberalizar o comércio internacional e este ano a Argentina passou por uma seca que deve reduzir as exportações do país.

Em relação ao primeiro ponto, a Argentina tinha até o momento uma política de regular as importações para controlar os preços dos produtos locais. A liberalização das importações pode intensificar ainda mais a saída de moedas estrangeiras. Em segundo lugar, com a possível queda de exportações, a entrada de moedas será menor. “A pressão no mercado de câmbio, portanto, será ainda maior”, conclui a economista.

O professor Gao diz que tem esperança em que o país sul-americano se recomponha e possa “se relacionar com o resto do mundo com dignidade, decência e respeito mútuo”. mas que “ninguém terá paciência suficiente para esperar que milagres aconteçam na Argentina”.

*Opera Mundi

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Palestinos pedem processo rápido movido pela África do Sul contra Israel em tribunal da ONU

Diante de um conflito que deve continuar “por muitos meses”, segundo o próprio primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou neste sábado (30), a Autoridade Nacional Palestina pediu que a Corte Internacional de Justiça (CIJ) acelere o julgamento do processo movido pela África do Sul contra o país.

Na última sexta (29), o país sul-africano acionou o órgão das Nações Unidas acusando Israel de atos genocidas contra a população da Faixa de Gaza. Os bombardeios diários em todo o território, que tem cerca de 2,3 milhões de pessoas, já provocaram a morte de mais de 21,6 mil palestinos em menos de três meses.

O processo na CIJ alega “supostas violações de Israel de suas obrigações nos termos da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio (a ‘Convenção de Genocídio’) em relação aos palestinos na Faixa de Gaza”, conforme comunicado da entidade.

África do Sul e a Autoridade Palestina, que também responde pela Cisjordânia, que tem outros 3,2 milhões de habitantes, são signatários da convenção.

“O que a África do Sul apresentou, baseando-se no Artigo 9 da convenção, e a violação de Israel dos Artigos 2 e 3, está totalmente alinhado com os deveres das nações para evitar a prática desse crime”, disse o ministério palestino, que pediu uma resposta rápida da corte às acusações para evitar ainda mais atos genocidas.

Enquanto isso, o Hamas pediu que mais países apresentem ao tribunal da ONU pedidos de investigação contra Israel, que ameaça a paz e a segurança globais.

As perspectivas para a guerra não são nada boas e não há sinais de que vá parar nas próximas semanas. Mais de 85% dos 2,3 milhões de moradores de Gaza já precisaram abandonar suas casas e, diante dos combates que seguem intensos, a exaustão dos civis é cada vez maior.

*Sputnik

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Expansão da operação de Israel gera deslocamentos e novo alerta para o sul da Faixa de Gaza

Nações Unidas informaram que ao menos 100.000 pessoas deslocadas chegaram a Rafah, a cidade mais ao sul de Gaza, nos últimos três dias.

As Nações Unidas manifestaram alarme face à crescente densidade de pessoas deslocadas internamente em partes da Faixa de Gaza, à medida que os militares israelenses expandem as operações na região.

Na sua última atualização, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês) afirmou que pelo menos 100.000 pessoas deslocadas internamente chegaram a Rafah, a cidade mais ao sul de Gaza, nos últimos dias, após a intensificação das hostilidades em Khan Younis e Deir Al Balah, e as ordens de evacuação do exército israelense, diz a CNN..

As Nações Unidas disseram que Rafah já era a área mais densamente povoada de Gaza, com mais de 12.000 pessoas por quilômetro quadrado.

Há também um fluxo contínuo em partes de Deir Al Balah, no centro de Gaza. O Ocha afirmou que as instruções que acompanham um mapa online publicado pelas autoridades israelenses “pedem aos residentes que se mudem imediatamente para abrigos em Deir Al Balah, que já estão superlotados, acolhendo várias centenas de milhares de deslocados internos. O âmbito do deslocamento resultante desta ordem de evacuação permanece obscuro.”

O Ocha também divulgou números da Organização Mundial da Saúde (OMS) que mostram a propagação de doenças em Gaza, “particularmente devido aos recentes deslocamentos em massa no sul de Gaza. Algumas famílias foram forçadas a se mudar várias vezes.”

Cerca de 180 mil pessoas que vivem em abrigos sofrem de infecções respiratórias superiores; há 136,4 mil casos de diarreia (metade deles em crianças menores de cinco anos); 55,4 mil casos de piolhos e sarna; 42.700 casos de erupções cutâneas, além de surtos de icterícia e meningite.

“A falta de alimentos, de itens básicos de sobrevivência e a falta de higiene agravam ainda mais as já terríveis condições de vida dos deslocados internos, amplificam os problemas de proteção e de saúde mental e aumentam a propagação de doenças”, disse o Ocha.

O Ocha disse que, na sexta-feira (30), vários locais foram alvo dos militares israelenses em Khan Younis e Rafah, no sul de Gaza, com ataques aéreos e mísseis atingindo unidades habitacionais e infraestrutura, supostamente resultando em um grande número de mortes em áreas onde os palestinos têm realocado.

À medida que prossegue a sua campanha, Israel apelou repetidamente aos residentes em diferentes partes de Gaza para saírem, mas a ONU já avisou anteriormente que não têm para onde ir.

A análise da CNN descobriu que Israel atacou pelo menos três locais em Gaza, para os quais ordenou a evacuação de civis desde o início da guerra, em outubro.

FDI instrui pessoas em Gaza a usarem estradas costeiras em meio aos combates em Khan Younis
As Forças de Defesa de Israel (FDI) emitiram o que chamam de “várias instruções urgentes” às pessoas em Gaza sobre o que consideram rotas seguras no meio dos combates intensificados perto da cidade de Khan Younis, no sul de Gaza.

As FDI publicaram instruções em árabe, bem como um mapa em X, dizendo que o combate e o avanço das forças israelenses na área de Khan Younis significavam que os civis não poderiam usar o eixo principal de Salah Al-Din, que vai de norte a sul no meio de Gaza.

Em vez disso, as FDI disseram que permitiriam o movimento humanitário através de uma rota separada para o oeste de Khan Younis, ao longo da estrada costeira, permitindo o acesso a partes do centro de Gaza, incluindo Deir Al-Balah, que a ONU diz estar superlotada com pessoas deslocadas.

As FDI também anunciaram uma “suspensão tática das atividades militares” de quatro horas no campo de Rafah, no sul, para permitir o reabastecimento humanitário.

Dada a falta de comunicações e de Internet em Gaza, não está claro quantas pessoas estão cientes das instruções das FDI.

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Depois de bombas, falta de água e alimentos, Gaza enfrenta surto de doenças infecciosas

Há quase três meses convivendo com os bombardeios diários e bairros inteiros destruídos por Israel, a população de quase 2,3 milhões da Faixa de Gaza enfrenta um surto de doenças infecciosas. A guerra na região já deixou mais de 21,3 mil palestinos mortos, a maioria mulheres e crianças.

Após bombas, falta de água potável e alimentos, a Faixa de Gaza convive com a constante ameaça de um grande surto de doenças infecciosas. O alerta é do chefe da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

“À medida que as pessoas continuam sendo massivamente deslocadas no sul da Faixa de Gaza, com algumas famílias forçadas a se mover várias vezes e muitas se abrigando em instalações de saúde superlotadas, meus colegas da OMS e eu permanecemos muito preocupados com o aumento da ameaça de doenças infecciosas”, disse Tedros no X.

Os números na região já são alarmantes: pelo menos 180 mil pessoas sofrem com doenças respiratórias, enquanto outros 136 mil casos de diarreia também foram registrados, a maioria em crianças menores de cinco anos.

Além disso, houve 55.400 casos de piolhos e sarna; 5.330 casos de catapora; e 42.700 casos de doenças na pele. Por conta dos bloqueios por terra, ar e água promovidos por Israel, a chegada de kits para controle das doenças, medicamentos e testes acontece a conta gotas e não é suficiente para toda a população.

A situação fica ainda pior por conta do colapso em todas as unidades de saúde do território, que também não foram poupadas pelos ataques israelenses. Em toda a Faixa de Gaza, mais de 80% da população estão desabrigadas e vivem em abrigos improvisados.

Cerca de dois milhões de pessoas passam fome no território — ou 90% da população — diante da pouca ajuda humanitária que tem entrado através do posto de controle de Rafah, na fronteira com o Egito. Outros 15% estão em situação de catástrofe, com fome e exaustão.

*Sputnik

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Sindicalistas argentinos anunciam greve geral com marcha para o Congresso

O Comitê Central Confederal da Confederação Geral do Trabalho (CGT) da Argentina declarou uma greve geral nacional a partir das 12h de 24 de janeiro de 2024, que incluirá uma grande mobilização ao Congresso, em rejeição às medidas de desregulação econômica emitidas pelo governo de extrema direita de Javier Milei, informaram fontes sindicais à agência Télam.

O máximo órgão executivo da central sindical se reuniu desde o meio-dia desta quinta-feira (28) para analisar a implementação de um plano de luta e, diante da pressão da maioria das organizações confederadas, convocou uma greve nacional para o dia 24 de janeiro..

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Túneis do Hamas: ‘não acredite no Exército de Israel’, afirma general israelense

Em artigo assinado pelo general da reserva Yitzhak Brik, publicado no Haaretz, uso dos túneis surpreendeu forças de Tel Aviv; ‘destruir esses túneis levará muitos anos e custará muitas baixas’, acrescentou o analista militar.

A ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza estaria encontrando grandes dificuldades em lidar com a estratégia do Hamas de utilizar túneis como guarida dos seus combatentes e base para ataques surpresa contra as tropas que realizam ataque por terra.

Esse cenário descrito no parágrafo acima pode parecer irreal, se comparado com os comunicados publicados por Tel Aviv nas últimas semanas, mas quem o apresentou foi o general da reserva Yitzhak Brik, ex-comandante das Forças Armadas de Israel, em seu artigo publicado nesta quinta-feira (28/12) pelo diário Haaretz.

Conhecido como um dos mais importantes analistas militares da imprensa local, Brik questiona os avanços militares em Gaza que o governo do país vem anunciando recentemente. Já o título do artigo, ele pede ao leitor que “não acredite do Exército de Israel”.

O articulista explica que “com base nas informações que recebi de soldados e oficiais que lutam na Faixa de Gaza desde o início da guerra, cheguei à seguinte conclusão: o porta-voz do governo e os analistas militares dos canais de televisão estão apresentando uma imagem falsa dos milhares de mortos do Hamas e da luta corpo a corpo nas batalhas por terra. O número de membros do Hamas mortos por nossas forças em campo é muito menor”.

“Os terroristas do Hamas saem das aberturas dos túneis para plantar bombas, colocar armadilhas e lançar mísseis antitanque em nossos veículos blindados, e depois desaparecem de volta para os túneis. Atualmente, a forças de Israel não têm mostrado a capacidade de encontrar soluções eficiente para essa luta corpo a corpo contra os combatentes do Hamas que estão escondidos nos túneis”, analisou Brik.

O artigo do general israelense também critica “a criação de imagens de vitória (por parte dos canais de televisão) antes mesmo de chegarmos perto de atingir nossos objetivos”. Segundo ele, “isso pode ser muito prejudicial, se a meta de destruir as capacidades do Hamas e libertar os reféns não forem atingidos em sua totalidade”.

Em outro trecho, Brik prevê que “destruir os túneis do Hamas levará muitos anos e custará a Israel muitas baixas”.

“O próprio governo admite agora que há centenas de quilômetros de túneis, localizados nas profundezas do subsolo, com várias ramificações. Alguns deles têm até mesmo vários andares, com muitos pontos usados pelos terroristas para se preparar para um combate. O Hamas os construiu ao longo de décadas, com a orientação de especialistas renomados. Eles ligam toda a extensão de Gaza e também a Península do Sinai, sob a cidade de Rafah”, analisa o general da reserva.

Brik conclui o texto dizendo que “a ideia de que o Hamas foi dissuadido persistiu por muitos anos e levou as Forças de Israel a descartar planos de combate em Gaza e em seus túneis”. Também afirmou que “muitos oficiais que estão lutando agora em Gaza me disseram que será muito difícil, se não impossível, impedir que o Hamas se reconstrua, mesmo depois de toda a destruição que Israel tem causado em suas bases”.

“Será que os políticos e os altos funcionários da defesa são capazes de lidar com esse cenário? Ou eles são capazes de pensar em outras soluções criativas, nas quais não sairíamos como os grandes vencedores com tudo o que queríamos, mas também não seríamos os grandes perdedores?”, diz o último parágrafo do artigo.

*Opera Mundi

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Presidente do Irã pede que Papa interceda por palestinos

Ebrahim Raisi enviou mensagem ao pontífice por ocasião do Natal.

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, enviou uma mensagem ao papa Francisco por conta do Natal e pediu que ele ajude a “interromper o massacre em Gaza”, onde mais de 20 mil pessoas já morreram desde o início do atual conflito entre Israel e o grupo fundamentalista Hamas, diz o Ópera Mundi.

Segundo o mandatário iraniano, o elevado número de vítimas é resultado da “falta de ação por parte das organizações internacionais”.

“Espero que haja em breve uma iniciativa internacional para acabar com o assassinato de civis inocentes”, disse Raisi para o pontífice.

O presidente do Irã, aliado do Hamas, também desejou “saúde” ao Papa e “prosperidade para todos os seguidores de Jesus Cristo”.

 

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Israel assassina general iraniano na Síria e pode levar a escalada na guerra

Por Laila Bassam (Reuteurs) – Um ataque aéreo israelense nos arredores de Damasco, capital da Síria, nesta segunda-feira, matou um conselheiro sênior da Guarda Revolucionária do Irã, segundo três fontes de segurança e a mídia estatal iraniana.

As fontes disseram à Reuters que o conselheiro, conhecido como Sayyed Razi Mousavi, era responsável pela coordenação da aliança militar entre a Síria e o Irã.

A televisão estatal do Irã interrompeu sua transmissão regular de notícias para anunciar que Mousavi havia sido morto, descrevendo-o como um dos mais antigos conselheiros da Guarda na Síria, diz o 247.

A TV estatal disse que ele estava “entre os que acompanhavam Qassem Soleimani”, o chefe da Força Quds de elite da Guarda, que foi morto em um ataque de drones dos EUA no Iraque em 2020.

Comentando o incidente, a Guarda Revolucionária do Irã disse que Israel pagaria por matar Mousavi, que ocupava o posto de general de brigada na Guarda.

“Sem dúvida, o regime sionista usurpador e selvagem pagará por esse crime”, disse a Guarda em um comunicado lido na TV estatal.

Não houve nenhum comentário imediato dos militares israelenses.

Durante anos, Israel realizou ataques contra o que descreveu como alvos ligados ao Irã na Síria, onde a influência de Teerã cresceu desde que apoiou o presidente Bashar al-Assad na guerra que eclodiu na Síria em 2011.

No início deste mês, o Irã disse que os ataques israelenses mataram dois membros da Guarda Revolucionária na Síria, que serviam como conselheiros militares no país.

 

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‘Os Estados Unidos gostariam de ser donos de Essequibo’, diz prefeito venezuelano em visita ao Brasil

Coordenador nacional da Unión Comunera e prefeito de Simón Planas, município do estado de Lara, com 35 mil habitantes, o venezuelano Angel Prado veio ao Brasil para a formatura da primeira turma internacionalista do Instituto Educacional Josué de Castro, de Viamão (RS), com jovens da Venezuela e da Argentina. Ele também visitou comunidades rurais e urbanas e cozinhas solidárias.

Muito próximo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Prado conta que “andamos por esta terra procurando ideias para implementar em nosso país”. Entre elas, o trabalho junto à agricultura familiar para produzir alimentos sem devastação do meio ambiente. A Unión Comunera representa três mil comunas espalhadas pelo território venezuelano, que, juntas, somam cinco milhões de pessoas. “Minha comuna se lança a partir da revolução. É formada por muitas famílias camponesas sem terra”, explica.

Nesta conversa com Brasil de Fato RS, Prado aborda a disputa com a Guiana pelas terras de Essequibo, o papel central das comunas na defesa da revolução bolivariana, a importância da educação e da consciência de classe, a solidariedade internacional dos movimentos quando a Venezuela ficou isolada e, sobretudo, como declara, seu “grande amor pelo MST”, que ajudou a matar a fome no seu país.

Confira na íntegra a entrevista:

Brasil de Fato RS – Nos explique este conflito agora envolvendo a Venezuela e a Guiana?

Angel Prado – Entendo que o imperialismo norte-americano e as potências europeias buscam desesperadamente controlar a América Latina. Temos visto, nas últimas três décadas, o surgimento de movimentos populares e indígenas fortes que tomaram o poder, geraram mudanças e que conseguiram muita participação popular. Isto representa um perigo para os donos do poder e um grande perigo para a burguesia. E a América Latina tem as maiores reservas minerais do mundo.

Essequibo sempre pertenceu à Venezuela ou, ao menos, como há uma disputa, ninguém deveria estar operando ali. Ninguém poderia estar extraindo recursos dali. Os estadunidenses e os britânicos sempre foram os que lideraram esta luta ou controvérsia entre a Guiana e a Venezuela. Sempre se reservando o direito de opinar sobre o território. Desde 2015, em um momento de extrema debilidade política venezuelana, começaram a extrair petróleo. Instalaram-se ali suas transnacionais e muito perto instalam suas bases militares. Há uma divisão política na Venezuela entre a direita, supostamente nacionalista, e o governo socialista.

Há uma crise política e parece ser o momento preciso para começarem a ocupar o território (de Essequibo) porque lhes pareceu que não teríamos condições. Às portas de uma guerra civil, não teríamos condições para levantar a voz como estamos levantando. Dizendo que historicamente este território nos pertence. E, neste ano, na véspera de eleições, não somente na Venezuela, mas também nos Estados Unidos, os abusadores se atrevem. Celebramos que, em 2020 e 2021, Maduro aprofundou a reclamação sobre Essequibo e, agora, a aprofundou mais ainda.

Parece que a direita ficou entusiasmada na América Latina com a vitória de [Javier] Milei, na Argentina, e [de Daniel Noboa] no Equador. Aumentam o bloqueio contra Cuba e esperam o possível retorno de governos de direita em nossos países. E o governo títere da Guiana se rende ao imperialismo. Chávez o chamaria de cachorro do imperialismo. Vínhamos de boas relações com a Guiana e não havia confrontação. Tememos que os Estados Unidos tomem a área petrolífera do [rio] Orenoco, que é a segunda maior do mundo. Gostariam de ser os donos de Essequibo.

Criticaram a Venezuela por ter anexado o Essequibo. O que estamos fazendo é uma frente de defesa do nosso território e da nossa soberania. Não podemos ser ingênuos e crer que isto é casual. É todo um plano. E, bem, seguramente vamos ver muita confrontação. E nos toca nos defendermos, buscar o apoio internacional.

A Venezuela lutou por este território nos anos de 1960 e 1970. Em 2023, nos cremos em condições de enfrentar a situação. Não podemos deixar que os Estados Unidos se instalem como um estado autônomo para ter o controle total dessa zona com a cumplicidade do governo da Guiana. Dentro de algumas semanas teríamos os gringos na faixa petrolífera do Orenoco controlando todo o sul da Venezuela.

Como funciona as comunas na Venezuela?

Sou um comuneiro, venho de uma comunidade localizada no centro ocidental da Venezuela. É uma organização popular que existe desde 2009. Minha comuna se lança a partir da revolução. É formada por muitas famílias camponesas sem terra. Tem uma estrutura e personalidade jurídica. E tem conta bancária, agenda de trabalho e plano de lutas. Tem um território definido, e as decisões são submetidas à assembleia cidadã. Trabalha-se o político, o social, o econômico, o cultural e também o territorial. Tem um autogoverno num território que funciona sobretudo a partir da visão da comunidade.

Quantas pessoas vivem na tua comuna?

Somos nove mil habitantes. Existem programas que chegam a uma parte da população segundo o interesse das pessoas em participar. Assumem competências da necessidade comum, como a distribuição do gás, dos alimentos e dos serviços. O autogoverno do território assume parte desse trabalho. A comuna nasce como uma nova forma política de se fazer governo.

Angel Prado é coordenador nacional da Unión Comunera e prefeito de Simón Planas, município do estado de Lara, na Venezuela

Como se dá a relação com o governo da cidade?

Há uma disputa entre os dois modelos. O modelo comunal, socialista, contra o modelo liberal burguês. O presidente Hugo Chávez foi o grande promotor que buscou construir uma nova forma de se fazer política.

A comuna começou já no primeiro governo de Chávez?

Em 2006, Chávez propõe criar governos territoriais que se chamam conselhos comunais. E comitês de trabalho tocam a agricultura, o social, a saúde, as finanças. Começou a executar os projetos, planos de moradia, as missões sociais. Chávez não as executava pela via tradicional e conseguiu a participação de muita gente. O povo assumiu o poder, aprendeu a gestionar a partir da sua organização e participação. Passou a executar projetos e a dar resposta às nossas necessidades. Isto para sair do paternalismo e do assistencialismo que sempre se teve com a política representativa da Venezuela.

Em 2009, aprofundou-se o modelo comunal. A produção da comuna. Também se começa a eliminar algumas estruturas do Estado tradicional burguês, como as estruturas legislativas e paroquiais. E estamos na tarefa de construir o Estado comunal. É normal reconhecer que esta não era a nossa tradição. É um fator de vontade política do governo de seguir construindo as comunas.

Percorremos toda a Venezuela e levantamos a situação econômica, a situação do bloqueio, a pandemia, os embargos. A aposta comunal segue em marcha. Hoje, muitas comunas organizadas se vão juntando com outras que estão nascendo. Está surgindo uma poderosa organização nacional de comunas, disputando espaços no campo econômico, político e, agora, disputa no campo eleitoral. O que conta com o reconhecimento e o apoio financeiro do presidente Nicolás Maduro.

Esta conquista não estamos dispostos a perdê-la. Sempre se negou a participação ao povo. A revolução bolivariana permitiu a participação popular, nos convocou a fazer política e, bem, já temos anos nas ruas e já estamos há anos organizados.

Existe uma tarefa clara que temos: disputar o poder ao Estado tradicional burguês. Algumas estruturas não aceitam e pretendem preservar o poder. Porém, há uma consistência entre a revolução bolivariana de Maduro e a base popular. Com a intenção de concretizar nosso projeto primeiro. O que sustenta a revolução bolivariana é um compromisso moral com seu comandante Hugo Chávez. E é a estratégia bolivariana para realizar as mudanças necessárias.

Como se mantém o governo Maduro mesmo com os ataques da extrema direita dentro do país? E dos Estados Unidos? Qual o papel das comunas nisso?

Sim, temos avançado nos campos ideológico, político e cultural. Nós sustentamos a revolução popular na Venezuela. Se não houvesse a organização popular já não teríamos o que temos. Sabemos o que ocorreu em outros países, o que ocorreu no Brasil e também o que se tentou fazer contra Chávez em 2012.

Hoje, visitei o Morro da Cruz, aqui em Porto Alegre, e fiz algumas perguntas. Perguntei sobre as estruturas político-organizativas do bairro. E me falaram de várias. É certo que, no Brasil, o movimento campesino leva muita vantagem. Está muito organizado para disputar a terra, para produzir, para educar-se, para realizar, para distribuir.

Porém, é certo que, na zona urbana, na Venezuela, se avançou antes e é onde está concentrada a população. Esta base popular organizada viveu uma bonança econômica, a era boa do petróleo. Depois, houve as guarimbas (*), os protestos contra Maduro, onde vimos até a prática de queimar pessoas. Tivemos uma debacle econômica. Uma situação muito dura, enfrentar uma migração forçada, logo depois da pandemia, para o Brasil. Superamos tantas coisas graças a esta base social organizada nas grandes cidades e menos nos campos e zonas rurais. É uma base que efetivamente está decidida a preservar o modelo político que hoje temos. Porém, preservar desde a Constituição, resistir dentro da Constituição.

Meu primeiro voto foi para Chávez. Não sabia nada de política. E foi tanta a participação que permitiu à juventude venezuelana formar políticos e dirigentes. Na Venezuela, antes de Chávez, os jovens da periferia chegaram a comer sapatos para suportar a fome, além de muitas outras coisas terríveis que agora não se veem, apesar dos problemas que temos.

Somos cinco milhões de habitantes que estão em comunas e participam da estrutura política. São 42 mil conselhos comunais. Cada conselho pode ter de 100 até mil moradores. Estamos em cerca de três mil comunas pelo país. Algumas com mais avanços e outras com menos.

Trabalham dentro das comunas?

Muitos trabalham dentro das comunas, mas não são necessariamente comuneiros. Podem trabalhar para o governo, para uma empresa privada, mas, na comunidade em que vivem, há um conselho comunal, uma assembleia, um comitê de trabalho e atividades comunitárias. De maneira militante.

São pessoas que nem compartilham ideologicamente a revolução, mas vivem ali e lhes interessa que a comunidade seja organizada e por isso participam. São patriotas que se ocupam que não ocorra uma guerra civil no país. É essa base organizada que mantém o projeto da revolução bolivariana.

Como as comunas trabalham com a formação, a educação e a comunicação?

Há um modelo educativo para conscientizar a partir da informação, do estudo. Conscientizar a população e construir a participação da juventude desde o esporte, a cultura, a comunicação. Creio que as comunas que terão maiores avanços são as que fazem a disputa ideológica. As que têm maior interesse em aprofundar a mudança de modelo e transitar para a nova sociedade.

Se uma comuna não tem dirigentes com propostas conscientes, se não tem clareza da luta de classes, se não tem clareza da luta anti-imperialista, não irá avançar e, facilmente, um partido político irá se apropriar dela. Controlá-la. Há experiências que propõem a comunicação como um meio para transmitir informações. Temos periódicos comunais, existem escolas de comunicação que fazem murais, transmitem mensagens de conscientização.

Procuramos esclarecer sobre quem estamos enfrentando, mostrar quais são as causas da situação da economia do nosso país, alertar sobre a necessidade de adotar novos meios para ter melhores resultados.

Por exemplo, na Venezuela, durante uns três anos, os pequenos agricultores não puderam plantar porque não havia sementes. Não entravam sementes no país. Tivemos que convencer a todos que devíamos produzir sementes. Em um momento ficamos sem a arepa [bolo de milho], a principal comida venezuelana, e ninguém do setor privado fabricava farinha. Fizemos uma mobilização forte de gente do movimento popular que entrou no campo industrial e fabricou a farinha. Não fez falta o setor privado e isso deixou um ensinamento.

Estamos nos reinventando, rompendo esquemas. Não estamos produzindo carros, mas estamos produzindo hortaliças. Nunca se importou hortaliças mesmo na situação mais dura da guerra econômica de 2016 a 2018. Descobrimos que podíamos jogar com a arma que tinha a direita que eram os alimentos. Para nós era impossível fazer os embutidos, processar carne. Agora, podemos.

Isto se dá na parceria com o MST. Vieste aqui no Brasil para a formatura de jovens que estudaram na escola do movimento. Como se dá esta parceria?

Temos um grande amor pelo MST. Ele tem dado muita solidariedade ao nosso povo. Temos comido na Venezuela o arroz agroecológico do MST. Temos conseguido alimentar-nos com vários produtos que foram daqui, sobretudo nos momentos mais duros.

Quando os governos do mundo nos deixaram sozinhos. Quando Nicolás Maduro saía pelo mundo buscando quem se animava a vender comida para a Venezuela, entre os que se atreveram estava o MST. É gente que se organizou como comuna em uma grande nação, uma potência econômica.

Agora tive a oportunidade de conhecer experiências com companheiros e companheiras de minha comuna e da minha organização, a Union Comunera. Somos povos que nos abraçamos, que nos completamos. Somos povos anti-imperialistas. Cremos no socialismo. O que ocorre entre as pessoas de uma comunidade no meu país é como uma prática socialista. Sentir a dor do companheiro, das famílias, dedicar-se voluntariamente, sem remuneração, fazer um trabalho, sobretudo as mulheres.

Foram anos duros, os governos nos deixaram sozinhos, mas os povos sempre creram em nosso futuro. Cubanos, gente da Nicarágua, brasileiros do MST e do MPA [Movimento dos Pequenos Agricultores], argentinos, companheiros da Colômbia, companheiras do País Basco. Estou seguro que a Venezuela sairá dessa, apesar da quantidade de coisas negativas nos meios de comunicação de massa de 150 países.

Sentimos a necessidade de ensinar nossos filhos sobre os programas de educação popular, de educação técnica. Entramos no debate em torno do modelo agrícola, que trata de fazer o possível para afastar-se do modelo tradicional explorador que acaba com o meio ambiente. E isso nos aproxima muito do MST e andamos por esta terra procurando ideias para implementar em nosso país.

(*) Em meio à campanha internacional contra o país, surgiram as “guarimbas”, manifestações violentas de rua promovidas pela oposição de direita que teriam provocado mais de 100 mortes.

Como se mantém o governo Maduro mesmo com os ataques da extrema direita dentro do país? E dos Estados Unidos? Qual o papel das comunas nisso?

Sim, temos avançado nos campos ideológico, político e cultural. Nós sustentamos a revolução popular na Venezuela. Se não houvesse a organização popular já não teríamos o que temos. Sabemos o que ocorreu em outros países, o que ocorreu no Brasil e também o que se tentou fazer contra Chávez em 2012.

Hoje, visitei o Morro da Cruz, aqui em Porto Alegre, e fiz algumas perguntas. Perguntei sobre as estruturas político-organizativas do bairro. E me falaram de várias. É certo que, no Brasil, o movimento campesino leva muita vantagem. Está muito organizado para disputar a terra, para produzir, para educar-se, para realizar, para distribuir.

*Brasil de Fato

 

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Com Milei, combustíveis sobem 60% na Argentina e preços das fraldas dobram

Presidente argentino alertou que as coisas piorariam antes de melhorarem. Agora os argentinos estão vivendo isso.

Nas últimas duas semanas, o dono de um moderno bar de vinhos em Buenos Aires viu o preço da carne bovina subir 73%, e o custo da abobrinha que ele coloca nas saladas aumentou140%. Uma motorista do Uber pagou 60% a mais para encher o tanque. E um pai disse que gastou o dobro do mês passado em fraldas para seu filho.

Na Argentina, país sinônimo de inflação galopante, as pessoas estão acostumadas a pagar mais por quase tudo. Mas sob a liderança do novo presidente do país, Javier Milei, a vida está se tonando rapidamente ainda mais dolorosa.

Quando Milei foi eleito presidente, em 19 de Novembro, o país sofria com a terceira maior taxa de inflação do mundo, com 160% de aumento dos preços em relação ao ano anterior, segundo O Globo.

Mas desde que Milei assumiu o cargo, em 10 de dezembro, e rapidamente desvalorizou a moeda argentina, os preços dispararam a um ritmo tão acelerado que muitos habitantes passaram a fazer novos cálculos sobre como as suas empresas ou famílias podem sobreviver a uma crise econômica ainda mais profunda.

— Desde que Milei venceu, ficamos preocupados o tempo todo — disse o professor de filosofia do Ensino Médio Fernando González Galli, de 36 anos.