Ana Cristina Valle movimentou mais de R$ 9 milhões nos últimos quatro anos.
Ana Cristina Valle, candidata a deputada distrital pelo PP (Partido Progressista) no Distrito Federal e ex-esposa do presidente Jair Bolsonaro (PL), movimentou mais de R$ 9 milhões de 2019 até 2022 e fez transações “atípicas” e “incompatíveis” com seu salário, segundo análise da Polícia Federal revelada pelo jornal O Globo.
As afirmações da PF se baseiam em um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), elaborado para ser utilizado como base para pedir à Justiça Federal uma investigação contra a ex-esposa de Bolsonaro após ela comprar uma mansão em um bairro nobre de Brasília, avaliada em R$ 3 milhões.
No espaço temporal em que moveu R$ 9,3 milhões, a candidata a deputada distrital atuou como assessora do vereador Renan Marassi (PL), ainda em Resende, no Rio de Janeiro, e depois como auxiliar parlamentar da deputada federal Celina Leão (PP-DF), dessa vez em Brasília, e com salário líquido de R$ 6.200. Ana Cristina deixou esse último emprego para concorrer nas eleições deste ano.
Durante esse período, Ana Cristina recebeu R$ 4,2 milhões em suas contas bancárias e removeu delas R$ 4,3 milhões. A maioria das transações teria ocorrido entre junho de 2019 e junho de 2021, de acordo com relatório do Coaf.
O UOL tenta contato com Ana Cristina e irá atualizar caso haja resposta. Ao Globo, ela negou a movimentação financeira e disse que abrirá uma investigação contra o Coaf, que “mentiu e praticou fraude”.
PF JÁ PEDIU INVESTIGAÇÃO SOBRE COMPRA DE MANSÃO
No fim de agosto, a PF solicitou a abertura de uma investigação para apurar a movimentação financeira da ex-esposa de Bolsonaro na compra da mansão em Brasília.
Segundo fontes da PF, o pedido foi feito durante a apuração que analisava as relações de Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente e de Ana Cristina, com empresários em reuniões com o governo. O delegado do caso quer apurar a legalidade da compra da casa.
A existência do imóvel foi revelada pelo UOL há um ano, ocasião em que Ana Cristina negou ser a dona do imóvel. “Claro que não”, disse Cristina à reportagem, em 26 de agosto de 2021. Na época, um corretor informou que a casa era alugada. Neste ano, porém, ela declarou à Justiça Eleitoral ser a proprietária da casa.
*Com Folha
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Ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (PL), Ana Cristina Valle usou as redes sociais, nesta quarta-feira (14/9), para rebater as críticas que têm recebido por não esclarecer a compra de mansão avaliada em R$ 2,9 milhões localizada no Lago Sul, área nobre de Brasília.
Em gravação, a candidata a deputada distrital pelo PP afirmou que “não deve satisfações” e alega ter “fonte de renda” compatível com o padrão de vida.
“Eu tenho 30 anos de trabalho na política, sou advogada, tenho meu meio, minha fonte de renda, que eu não devo satisfação a ninguém… Eu não tenho que dar satisfação pra ninguém do que eu faço”, disse Cristina, que tem anunciado sua candidatura como Cristina Bolsonaro.
Ainda no vídeo, ela defende que é vítima de perseguição da imprensa.
“Hoje, eu estou aqui para falar para vocês por que eu não dou entrevista porque eu não falo nada sobre a casa, sobre os bens, sobre os imóveis. É porque eu não tenho o que falar. Se eu falar pra mídia, ela vai escrever exatamente o que ela quer, não a verdade. Eles só querem nos prejudicar, me prejudicar, prejudicar o governo Bolsonaro, a família. A perseguição vem desde 2018”, prosseguiu, criticando a imprensa.
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Testemunhas denunciam o envolvimento das empresas de Ana Cristina Vale também em fraudes do seguro obrigatório de veículos, o DPVAT, como mostrou o Jornal Nacional.
Documentos obtidos pelo Jornal Nacional mostram novos indícios de da participação da ex-mulher de Jair Bolsonaro Ana Cristina Valle na lavagem de dinheiro de rachadinha no gabinete de Carlos Bolsonaro. Testemunhas denunciam o envolvimento das empresas de Ana Cristina também em fraudes do DPVAT, com o não pagamento dos valores para vítimas.
O Jornal Nacional encontrou dezenas de processos em que Ana, que também é ex-madastra de Carlos Bolsonaro trabalhou como advogada em indenizações de acidente de trânsito – o seguro DPVAT. O Ministério Público estadual suspeita que o negócio tem relação com a rachadinha que teria ocorrido no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro
Uma consulta ao site do Tribunal de Justiça do RJ mostra que Ana Cristina atuou em 56 processos cíveis de 2007 a 2010. Desses, 54 envolvem o DPVAT, o seguro obrigatório de veículos. Apesar do escritório dela ficar no Rio, 37 casos eram de moradores do Rio Grande do Sul.
Ana Cristina Valle era casada com Jair Bolsonaro quando foi trabalhar com o enteado, o vereador Carlos Bolsonaro.
Ela foi a primeira chefe de gabinete de Carlos, em 2001, no primeiro mandato, e ficou até abril de 2008, meses depois de se separar do presidente da República.
Os registros no Tribunal de Justiça do Rio mostram que, nos últimos três anos, em que esteve no gabinete, Ana Cristina também atuava como advogada.
Ela teve um escritório de advocacia e duas empresas de seguro. As empresas funcionavam em um prédio, no Centro do Rio, a poucos metros da Câmara de Vereadores.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) registrou que as contas bancárias de quatro empresas vinculadas a Ana Cristina realizaram movimentações financeiras suspeitas.
O Ministério Público do Rio de Janeiro acredita que a escolha do endereço tão próximo não foi uma coincidência e quer saber se as duas atividades desempenhadas por Ana Cristina Valle estavam ligadas.
Os investigadores dizem que a elevada movimentação de dinheiro vivo ( recursos em espécie) por Ana Cristina sugere que ela era a real destinatária dos recursos públicos desembolsados em nome dos parentes.
Os promotores suspeitam que esses funcionários continuaram a pagar a rachadinha mesmo depois que ela deixou o gabinete e que Ana Cristina usava as próprias empresas pra lavar o dinheiro.
A rachadinha é o esquema em que o político se apropria ilegalmente de parte do salário dos funcionários. Muitos servidores do gabinete de Carlos foram indicados por Ana Cristina e eram parentes dela.
De acordo com os registros da Câmara dos Vereadores, as pessoas ligadas a Ana ganharam, ao todo, R$ 7,5 milhões só no período em que Ana Cristina não era mais chefe de gabinete de Carlos.
Quatro empresas com movimentações suspeitas
Carlos, Ana Cristina Valle e as empresas dela já tiveram os sigilos bancário e fiscal quebrado pela justiça nessa investigação.
O Jornal Nacional conversou com um cliente de Ana que sofreu um acidente na lavoura com um trator e teria direito ao seguro.
“Machucou uma mão. O cara me procurou. Até veio uma parcelinha, depois não veio mais nada”, disse Lídio.
Outro morador do Rio Grande, Clauber contou que foi procurado por um advogado na cidade dele e nunca recebeu dinheiro algum.
Ligações com investigados
No escritório de advocacia no Rio, a Valle Advogados, Ana Cristina tinha como sócia Lidiane Castro Morgado. Lidiane é mulher de Marcelo Morgado, que pertence a uma família que era dona de duas funerárias e de duas floriculturas que ficam em frente ao cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio.
Uma das funerárias é investigada por suposto pagamento de propina a funcionários públicos de hospitais para ter prioridade em fazer sepultamentos.
Marcelo Morgado foi investigado pela Polícia Civil do Rio por fraude no pagamento do seguro DPVAT.
Uma mulher, que pede para não ser identificada, se diz vítima do advogado. Ela é analfabeta e mora no subúrbio do Rio, numa área dominada pela milícia.
Ela diz que sofreu um calote do advogado na hora de receber o seguro pela morte do filho num acidente de moto em 2006. Segundo ela, recebeu menos do que os 30% do que tinha direito e o pagamento foi em dinheiro vivo.
“Pagaram o enterro e os R$ 3 mil deram na minha mão. O Marcelo Morgado que apareceu para dar o dinheiro. Para mim, eu deixei pra lá. Era R$13.800. Fizeram o enterro. Aí a mulher falou: pelo menos R$ 3 mil tem que dar pra ela na mão. Daí, deu”
Ex-assessor de Ana Cristina
Durante 14 anos, Marcelo Luís, ex-assessor, trabalhou com Ana Cristina Vale.
Por telefone, ele afirmou que o calote na família das vítimas fazia parte de um esquema de lavagem de dinheiro que tinha a participação de Ana Cristina Valle.
Segundo ele, Marcelo Morgado era um dos operadores.
“Ele que pegava, ele que acionava as famílias, né, quando tinha, havia o acidente. Ele chegava no ato, acionava as famílias, oferecia todo o custo, né, para o funeral, todo o traslado, né. Mas só que isso aí tudo era superfaturado, entendeu? Era floricultura, para funerária, inclusive porque tudo pertencia ao pai dele”
Segundo Marcelo Luís, Morgado tirava um percentual para ele.
“Esse percentual era revertido para a Valle Advogados, na época, porque era a Valle Advogados que dava esse dinheiro, né, para poder fazer, oferecer à família todo o processo”.
Relatório de Inteligência Financeira do Coaf registra que de agosto de 2007 a julho de 2015, mais da metade dos débitos da conta bancária de uma das empresas de Ana Cristina foram saques em dinheiro vivo que totalizaram R$ 1,1 milhão.
Marcelo Luís diz diz que Ana Cristina dava o dinheiro para as primeiras despesas da família da vítima e adiantava o pagamento de uma parte do seguro.
Os parentes davam uma procuração autorizando dar entrada no pedido do DPVAT. A mãe de uma das vítimas disse que deixou o caso de lado.
“Eu nem mexi porque quero minha família toda inteira e tá falando que isso é uma máfia danada”, disse uma das vítimas.
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Juliana Dal Piva – A separação entre o presidente Jair Bolsonaro e a advogada Ana Cristina Valle continua representando um dos episódios mais complicados da história do candidato do PL, que tenta mais um mandato na Presidência da República do Brasil.
Cristina, como é conhecida, também se lançou como deputada distrital pelo PP, no Distrito Federal. Novos dados da separação vêm agora à tona no episódio bônus do podcast “UOL Investiga.
Seria apenas um divórcio se o processo não tivesse trazido à luz, desde a eleição de 2018, em uma reportagem da revista Veja, que Bolsonaro ocultou parte de seu patrimônio declarado à Justiça Eleitoral na disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados em 2006. Além disso, foi acusado pela ex-mulher de ser violento.
No novo episódio do podcast, estão cartas inéditas de Cristina, escritas em 2007, com detalhes sobre as disputas por dinheiro e o tom grave da separação entre os dois.
Cópias manuscritas foram entregues, com exclusividade, à coluna por uma fonte que pediu anonimato. A coluna submeteu as cartas a duas pessoas que conhecem Cristina há vários anos e elas confirmaram a autenticidade da grafia. Além disso, as cartas também passaram pela análise de três peritos grafotécnicos, que constataram a compatibilidade da escrita.
Peça-chave das investigações Desde 2018
— e a partir das investigações do Ministério Público do Rio e da imprensa—, ficou evidente o papel de Cristina como peça-chave do esquema de entrega ilegal de salários, conhecido como “rachadinha”, que ocorreu nos gabinetes de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados e de seus filhos.
Em especial de Flávio e Carlos, que são oficialmente investigados. Cristina foi chefe de gabinete de Carlos entre 2001 e 2008. É a partir desse período que vários integrantes de sua família foram indicados para cargos públicos durante os mandatos dos enteados e do, agora, ex-marido. Ao todo, 18 parentes dela estiveram nomeados em algum momento.
No ano passado, a coluna revelou gravações de Andrea Siqueira Valle, irmã de Cristina e ex-funcionária fantasma do clã Bolsonaro. Esteve nomeada por 20 anos entre os gabinetes de Jair, Carlos e Flávio. Nos áudios, ela admitiu que entregava até 90% de seu salário. Também contou que um de seus irmãos foi exonerado por Bolsonaro por “não devolver o dinheiro certo”. Essas gravações se somam aos dados da quebra de sigilo de Andrea que corroboram o que ela disse nos áudios.
É o processo de separação entre Cristina e Bolsonaro que mostra os primeiros indícios de irregularidades nos bens dele. No processo, Cristina disse que Bolsonaro tinha uma renda de mais de R$ 100 mil por mês, sem dizer de onde vinha todo esse dinheiro. Primeiro trecho da carta de Cristina para Bolsonaro A separação de Bolsonaro e Cristina ocorreu em julho de 2007. Na carta para Bolsonaro, ela menciona as expectativas de lucro junto às empresas que ela havia criado naquela época: um escritório de advocacia e uma seguradora.
Primeiro trecho da carta de Cristina para Bolsonaro
A separação de Bolsonaro e Cristina ocorreu em julho de 2007. Na carta para Bolsonaro, ela menciona as expectativas de lucro junto às empresas que ela havia criado naquela época: um escritório de advocacia e uma seguradora.
Na carta, Cristina escreveu ao então marido que “sabia que ele ia voltar” para que se casassem como nos “sonhos” dela. Depois acrescentou: “Valle Reguladora vai se legalizar e se livrar daquela pessoa. Vamos ter muitos e muitos processos chegando. A minha meta até o fim do ano é de mil processos/mês. Vou ganhar R$ 50 mil por mês. Vou vender esta casa muito bem. Vou comprar a casa dos meus sonhos. A Valle Advogados vai dar muito dinheiro. O meu corpo e saúde vão estar sempre assim: lindos e com saúde. O DPVAT vai dar muito dinheiro”.
Em dezembro de 2021, o Jornal Nacional fez uma reportagem revelando que as empresas dela estavam envolvidas em negociações suspeitas e fraudes do seguro obrigatório, o DPVAT.
Ao pedir a quebra de sigilo de Cristina, nas investigações sobre rachadinha no gabinete de Carlos Bolsonaro, o MP apresentou relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que indicavam negociações suspeitas nas contas dessas firmas.
De agosto de 2007 a julho de 2015, mais da metade do que saiu da conta bancária de uma das empresas foram saques em dinheiro vivo, um total de R$ 1,1 milhão.
Segundo trecho da carta
Em outro trecho, já na página seguinte, Cristina faz reclamações. Diz que o marido era ingrato e aponta brigas entre os dois por causa do Carlos, com quem ela trabalhava. Bolsonaro mantinha enorme desconfiança em relação à ex-mulher.
Cristina escreveu: “Foram muitas as injustiças e ingratidões de sua parte. Nunca fiz nada que pudesse desabonar a minha conduta com você e nossa família. O primeiro ponto onde tudo começou: Carlos. Por 2 anos, eu o amei, amparei e socorri todos os seus medos e em troca tive o título de sedutora de menor. Ah, como dói, dói muito, fala para ele que meu amor era sincero e puro. Não pornográfico e nunca foi e, se eu desabafei, foi porque ele me passou confiança para me ajudar com você, Jair. Mas nada adiantou”.
Ao falar do patrimônio do casal, a advogada escreveu que “nunca foi a minha intenção lesar ninguém e sim crescer o patrimônio da família”. “Presto conta de tudo, pois não tirei nada de vocês. Sou honesta e tenho orgulho disso”, completou.
Ela finalizou o trecho dizendo: “Terceiro, o bendito flat. Comprei sem sua autorização e fiquei com muito medo e tinha razão. Mas você tinha mudado, não queria mais investir mais nada. Errei. Perdão”.
Quando Cristina e Bolsonaro foram viver juntos, em 1998, ele só tinha um apartamento no Maracanã e uma casa em Mambucaba, em Angra dos Reis (RJ). Em 2007, na separação, o patrimônio do casal incluía 17 itens, entre casas, terrenos, apartamentos e automóveis, e chegava a um total de R$ 4 milhões.
A coluna apurou que o tom melancólico de Cristina tinha intenção de mexer com Bolsonaro, mas não funcionou. Apesar de os dois estarem juntos desde 1998, eles nunca formalizaram a união e Cristina teve que ir ao Tribunal de Justiça para garantir a divisão dos bens.
Além da carta para Bolsonaro, ela escreveu uma para Jair Renan, seu filho, e outra para uma amiga chamada Mariana Motta, que foi chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro (PL) na Alerj. Em ambas, também feitas em 2007, ela desabafa sobre a tristeza após a separação de Bolsonaro. A íntegra das cartas está no episódio bônus do podcast.
Cristina nega cartas, mas ex-funcionários e peritos confirmam grafia
Duas pessoas que conviveram com Cristina durante muitos anos confirmaram à coluna que a grafia das cartas é dela. Uma das pessoas pediu anonimato. A outra é Marcelo Nogueira, ex-funcionário de Cristina desde 2002.
Ele disse à coluna, após ver as cartas, que já tinha ouvido falar delas e reconheceu a letra de Cristina. “Eu reconheci a letra, sim. Não, com certeza essa letra aí é dela. Isso aí eu conheço de anos, né? E sobre essas cartas aí, alguma vez eu tinha ouvido alguém falar. Só não me lembro quem, mas também a coisa ficou por esquecida e eu nunca mais tomei conhecimento, não. Eu não me lembro se foi uma das empregadas que me falou, comentou alguma coisa comigo, entendeu?”
Cristina foi procurada durante duas semanas para falar das cartas e dos episódios. Inicialmente, não retornou aos contatos. Depois, ao ser localizada em uma atividade de campanha no Distrito Federal, ela disse que nunca havia escrito cartas e que não reconhecia sua letra nas imagens mostradas pela reportagem.
A coluna consultou três peritos grafotécnicos, sob a condição de anonimato, para análise e confronto entre as cartas e assinaturas de documentos manuscritos por Cristina referentes a suas empresas e à rescisão de um ex-funcionário.
O primeiro perito, com mais de 30 anos de atuação em casos cíveis e criminais no Rio de Janeiro, disse que, após análise, encontrou compatibilidade entre as escritas dos documentos e das cartas. Citou coincidências nas letras “s”, “t” e “d”, devido à mesma inclinação para a escrita das letras.
Outros dois peritos em São Paulo, com experiência em diversos casos por todo o país, também encontraram compatibilidade. Estes escreveram um parecer de 19 páginas.
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A tragédia política apertou ainda mais o passo contra Bolsonaro. A blindagem da Abin com o filho Jair Renan, a compra da mansão de sua ex mulher, Ana Cristina Valle e, agora, a compra de 107 imóveis em 51 deles foram pagos com dinheiro vivo, já deixa Bolsonaro completamente sem discurso de corrupção para atacar Lula.
Assista:
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Parcela do financiamento da casa custa o dobro do salário de Ana Cristina Valle como assessora parlamentar.
Segundo O Globo, Polícia Federal diz que há indícios de que Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, usou um laranja para contratar um financiamento bancário de R$ 2,3 milhões para a compra de uma mansão no Lago Sul, área nobre de Brasília. Por isso, a PF pediu abertura de investigação sob suspeita de crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro, conforme revelou O GLOBO ontem. Procurada, a defesa de Ana Cristina Valle diz que não tem conhecimento do fato.
“A casa avaliada em R$ 3,2 milhões no Lago Sul, ao que indicam os elementos de provas disponíveis, foi supostamente adquirida e financiada pela investigada Cristina Valle por meio de pessoa interposta sem ser possível identificar a origem de valores”, afirma relatório da PF, ao solicitar à Justiça abertura de inquérito. “Há indícios de utilização de terceira pessoa interposta para obtenção de financiamento imobiliário. Tal conduta possui alcance típico de delito contra o sistema financeiro”, aponta o documento.
O contrato de financiamento da mansão, assinado pelo corretor Geraldo Antonio Moreira Júnior Machado com o Banco de Brasília (BRB), estabeleceu parcelas que variam entre R$ 14 mil e R$ 16 mil, a depender da taxa de juros aplicada. Uma das linhas de investigação que a PF quer aprofundar é quem está pagando esse empréstimo no valor total de R$ 2,3 milhões. O custo da dívida, segundo os investigadores, é “aparentemente incompatível com o exercício da função pública de assessora parlamentar”.
As parcelas do financiamento custam o dobro do salário de Ana Cristina como assessora parlamentar na Câmara dos Deputados, emprego que manteve de março do ano passado até junho deste ano. Na função, a ex-mulher de Bolsonaro ganhava salário bruto de R$ 8 mil, que correspondia a cerca de R$ 6 mil líquidos.
A transação imobiliária entrou na mira da PF depois que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro, detectou “transações atípicas” feitas por Ana Cristina. De acordo com o documento, a ex-mulher de Bolsonaro transferiu R$ 867 mil para uma empresa de transporte de cargas do Distrito Federal. A firma pertence a Geraldo Antonio Moreira Junior Machado, que teria usado uma parte desse valor, R$ 580 mil, para pagar a entrada da compra da mansão, registrada em R$ 2,9 milhões, em junho do ano passado. De acordo com corretores que atuam na região, o imóvel valeria R$ 3,2 milhões.
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O que já estava ruim para Bolsonaro, agora ficou pior com a sua ex-mulher, Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan, que comprou a mansão onde mora pelo valor de R$ 2.900 milhões, sem declarar a origem do valor.
Isso dará uma enorme munição à campanha de Lula que, claro, fará uso em sua propaganda eleitoral desses fatos escabrosos.
Assista:
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Ana Cristina Valle informou ao TSE que mansão vale R$ 829 mil; no ano passado, imóvel foi comprado por R$ 2,9 milhões.
Segundo Daniel Gullino, O Globo, a advogada Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ser proprietária de uma mansão que, até no ano passado, ela dizia alugar. Não há registro oficial em cartório, no entanto, que ela tenha comprado o imóvel desde então.
Ana Cristina é candidata a deputada distrital pelo PP, em Brasília. Em sua declaração de bens apresentada ao TSE, ela informou ser dona de uma casa no Lago Sul, área nobre de Brasília. Ela se mudou para o imóvel no ano passado. Na época, no entanto, dizia que pagava para morar no local. A alteração foi revelada pelo portal Metrópoles e confirmada pelo Globo.
Em agosto do ano passado, o portal Uol e a revista Veja revelaram que Ana Cristina e Jair Renan Bolsonaro, filho dela e do presidente, haviam se mudado para a casa. De acordo com a escritura, a mansão foi comprada em maio de 2021, por R$ 2,9 milhões, pelo corretor de imóveis Geraldo Antônio Machado. Ao TSE, a candidata informou que a casa vale R$ 829 mil. Até o momento, não há registro de que ela tenha comprado o imóvel, de acordo com dados do 1º Ofício de Registro de Imóveis do Distrito Federal, onde a casa está registrada.
Ana Cristina é investigada em um inquérito aberto para apurar a possível existência de um esquema de recolhimento de parte dos salários de servidores do gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) na Câmara de Vereadores do Rio. A ex-mulher do presidente foi chefe de gabinete de Carlos no período em que ocorreria a suposta ilegalidade, conhecida como “rachadinha”.
Como o Globo mostrou em setembro do ano passado, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviado ao Ministério Público do Rio (MP-RJ) revelou que uma empresa aberta em 2007 por Ana Cristina registrou na conta bancária um total de 1.185 saques, que somaram R$ 1,15 milhão em espécie.
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Documentos do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) mostram novos indícios de participação da ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (PL), Ana Cristina Valle, em casos de lavagem de dinheiro para prática de “rachadinha” no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos). Os registros foram obtidos pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
De acordo com a reportagem, foram encontrados diversos processos nos quais ela trabalhou como advogada em indenizações de acidentes de trânsito. Entre 2007 e 2010 teriam sido 56 casos, segundo consulta feita ao site do TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), sendo 54 relacionados ao seguro DPVAT. A maioria deles, no Rio Grande do Sul, apesar de o escritório dela ter sede no Rio.
Testemunhas denunciaram o envolvimento de Ana Cristina em fraudes que incluem o não pagamento de valores a vítimas.
A suspeita do MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) é que a atuação das empresas dela tenham relação com a suposta “rachadinha” no gabinete do filho do presidente da República. Em outubro, uma investigação mostrou que as empresas de Ana Cristina acumulam dívidas de R$ 325,5 mil com a União.
A prática de “rachadinha” acontece quando um político desvia parte ou inteiramente os salários e benefícios de assessores parlamentares para si. No começo de setembro, uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) criou jurisprudência para futuras decisões da Justiça Eleitoral sobre o tema.
Ana Cristina foi a primeira chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro, em 2001. Ela ainda era casada com Bolsonaro quando foi trabalhar com o enteado e deixou o cargo meses após a separação, em 2008. Nos últimos três anos, além de trabalhar com o vereador, Ana teve um escritório de advocacia e duas empresas de seguro, que ficavam no centro da capital fluminense, nas proximidades da Câmara – fato visto como suspeito pelo MP.
Além disso, o Ministério Público Estadual suspeita de que a ex-chefe de gabinete de Carlos seguiu recebendo os valores dos funcionários mesmo após deixar o cargo. Um levantamento a partir de registros da Câmara Municipal mostrou que essas pessoas ganharam R$ 7,5 milhões após ela sair do posto. As empresas seriam, então, segundo investigações do MP, usadas para lavar o dinheiro.
*Com informações do Uol
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Segundo reportagem de Juliana Dal Piva, do Uol, na decisão em que autorizou a quebra de sigilos bancário e fiscal do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o juiz Marcello Rubioli, da 1ª Vara Criminal Especializada do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio), avaliou os dados apresentados pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio) e escreveu ao longo de 79 páginas que verificou “indícios rotundos de atividade criminosa em regime organizado” e que “Carlos Nantes [Bolsonaro] é citado diretamente como o chefe da organização”.
A 3ª PIP (Promotoria de Investigação Penal) investiga a existência da prática de rachadinha, entrega ilegal de salários dos assessores, e da nomeação de pessoas que eram “funcionários fantasmas” no gabinete de Carlos Bolsonaro.
O MP-RJ pediu a quebra de sigilo no dia 5 de maio e o juiz autorizou, no dia 24 de maio, o afastamento dos sigilos de Carlos Bolsonaro, Ana Cristina Valle, segunda mulher do presidente Jair Bolsonaro, e outros 25 investigados. O MP-RJ tinha pedido a quebra de sigilo de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, mas o magistrado não autorizou.
Procurada pela coluna, a defesa de Carlos Bolsonaro não se manifestou até o momento. Em declarações anteriores sobre a investigação, Carlos Bolsonaro negou que tenha cometido qualquer ilegalidade: “Na falta de fatos novos, requentam os velhos que obviamente não chegaram a lugar nenhum e trocam a embalagem para empurrar adiante a narrativa. Aos perdedores, frustrados por não ser o que sempre foram, restou apenas manipular e mentir. É o que mais acusam e o que mais fazem”.
“Fortes indícios”
Após analisar os dados apresentados pelo MP, o juiz Marcello Rubioli escreveu que “os elementos de informação coligidos aos autos – mais notadamente quando se atenta ao vasto acervo de documentos que acompanham o expediente investigatório – apontam para a existência de fortes indícios da prática de crime de lavagem de capitais”.
Rubioli escreveu ainda que “da leitura dos autos do procedimento declinado, apura-se, facilmente, que se encontram presentes indícios rotundos de atividade criminosa em regime organizado para prática de crimes”. O juiz afirma ainda que “Carlos Nantes é citado diretamente como o chefe da organização, até porque o mesmo efetua as nomeações dos cargos e funções comissionadas do gabinete”.
O MP informou no pedido de quebra de sigilo que “na presente investigação, pelos elementos de provas colhidos já é possível vislumbrar indícios da existência de uma organização criminosa caracterizada pela permanência e estabilidade, formada desde o ano de 2001 por diversos assessores nomeados pelo parlamentar (Carlos Bolsonaro) para cargos na Câmara Municipal.
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