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Arthur Lira, que juntou Bolsonaro, Aécio, Cunha, ACM Neto e o Centrão, vence com 302 votos

Com o derrame de dinheiro que deixa no chinelo qualquer gasto superfaturado do Palácio do Planalto em supermercado, a república do leite condensado emplacou Arthur Lira na presidência da Câmara, com 302 votos contra 145 de Baleia Rossi.

Mas está longe de ser só esse o mais puro e desavergonhado fisiologismo que imperou na votação.

Com uma escumalha formada por, além de Bolsonaro, Aécio Neves, Eduardo Cunha, ACM Neto e os tubarões do Centrão, foi proclamado o vale tudo que abalou Brasília.

Tudo isso se deu para Bolsonaro executar seu programa de massacre das instituições e promulgar a inocência do clã a partir do próprio genocida.

Na verdade, essa gente toda operou como simples escriturários da milícia numa autarquia do crime de latitude e longitude nunca vistas na história da picaretagem política.

Bolsonaro entupiu a Câmara de ratos fazendo com que qualquer um que chegasse perto do Congresso, tivesse que tapar o nariz.

Na realidade, foi a reedição do escândalo daquela votação que golpeou uma mulher honrada como Dilma para colocar Temer, um dos maiores ratos da história política.

Hoje foi pior, porque todos sabiam que estariam ali votando para salvar da cadeia o maior genocida da história do Brasil e seus filhos tão delinquentes quanto ele, num desprezo absoluto pelas mais de 225 mil vítimas fatais da Covid que Bolsonaro produziu até aqui e também o desprezo total com o sofrimento das famílias que perderam seus entes queridos pela política assassina e negacionista de quem vai controlar as duas casas do Congresso.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Ministério da Educação, a moeda de troca de Bolsonaro para eleição de Lira

Com a negociata, ACM Neto poderá aparelhar toda a estrutura do MEC. A única exceção é o FNDE, presidido por Marcelo Lopes da Ponte, ex-chefe de gabinete de Ciro Nogueira, presidente do PP, que comanda o setor.

Apoiadores de Jair Bolsonaro, que chamaram ACM Neto (DEM-BA) de “comunista” no aeroporto de Brasília neste domingo (31), mal sabiam que estavam se referindo ao mais novo aliado do presidente, que, em breve, estará no comando do Ministério da Educação (MEC), disputado a unhas e dentes pela chamada ala ideológica desde o início do governo.

A vitória da fisiologia e da velha política foi tramada, como sempre, nos bastidores de Brasília. ACM Neto já havia indicado o deputado federal João Roma (Republicanos-BA), um aliado de primeira linha, para o Ministério da Cidadania, com a promessa de alinhar o DEM às pautas do governo no Congresso.

No entanto, a disputa na Câmara e uma possível vitória de Baleia Rossi (DEM-SP), com a promessa ao campo progressista e ao próprio Rodrigo Maia (DEM-RJ) de colocar em tramitação um dos mais de 60 processos de impeachment, cobraria um preço mais alto.

Dessa forma, Bolsonaro teria oferecido o esvaziado Ministério da Educação (MEC), comandado parcamente pelo pastor Milton Ribeiro, ao herdeiro do carlismo, que aceitou em troca de, ao menos, liberar o voto dos deputados que, em grande parte, já haviam sido comprados com verbas extras do Ministério do Desenvolvimento Regional. A fatura, no entanto, já cobra um apoio explícito a Lira.

Com a negociata, ACM Neto poderá aparelhar toda a estrutura do MEC com aliados. A única exceção é no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), presidido por Marcelo Lopes da Ponte, ex-chefe de gabinete de Ciro Nogueira, presidente do PP, que comanda o setor.

Ministro
Nesse contexto, João Roma, ligado ao carlismo, perambulava pelo governo. Ao receber o sinal positivo de Bolsonaro, ACM Neto mandou o comandado para uma visita in loco ao futuro local de trabalho.

Na última sexta-feira (29), o deputado publicou em suas redes uma foto da visita ao MEC “para tratar sobre investimentos para qualificar a educação pública na Bahia”.

Roma agradeceu a receptividade do ministro, que mal sabia que estava diante daquele que em breve deve assumir a sua cadeira.

*Com informações da Forum

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Maia ameaça com impeachment de Bolsonaro

Ao ser informado pelo presidente do DEM, ACM Neto, de que a maioria dos deputados do partido apoiaria a candidatura de Lira para o comando da Câmara, Maia cogitou até mesmo deixar a sigla.

A decisão da Executiva do DEM de desembarcar do bloco de apoio à candidatura do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) e a disposição do PSDB e do Solidariedade de seguir o mesmo caminho levaram o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a ameaçar aceitar um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. A eleição que vai escolher a nova cúpula da Câmara e do Senado está marcada para esta segunda-feira, 1º.

Ao ser informado pelo presidente do DEM, ACM Neto, na noite deste domingo, 31, de que a maioria dos deputados do partido apoiaria a candidatura de Arthur Lira (Progressistas-AL) para o comando da Câmara, e não Baleia, Maia ficou irritado. O presidente da Câmara ameaçou até mesmo deixar o DEM. A reunião ocorreu na casa dele, onde também estavam líderes e dirigentes de partidos de oposição, como o PT, o PC do B e o PSB, além do próprio MDB.

Maia encerra o mandato à frente da Câmara nesta segunda-feira, 1º, e, segundo apurou o Estadão, afirmou que, se o DEM lhe impusesse uma derrota, poderia, sim, sair do partido e autorizar um dos 59 pedidos de afastamento de Bolsonaro. Integrantes da oposição que estavam na reunião apoiaram o presidente da Câmara e chegaram a dizer que ele deveria aceitar até mais de um pedido contra Bolsonaro.

ACM Neto passou na casa de Maia antes da reunião da Executiva do DEM justamente para informar que, dos 31 deputados da legenda, mais da metade apoiava Lira. Pelos cálculos da ala dissidente, 22 integrantes da bancada estão com Lira, que é líder do Centrão.

O PSDB e o Solidariedade têm reuniões marcadas para esta segunda-feira, 1º e, diante da fragilidade da candidatura de Baleia, também ameaçam rifá-lo. “Ou mostramos força e independência apoiando claramente o Baleia ou adeus às expectativas de sermos capazes de obter alianças e ganhar as próximas eleições. Se há algo que ainda marca o PSDB é a confiança que ele é capaz de manter e expressar. Quem segue a vida política estará olhando, que ninguém se iluda”, disse recentemente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em um grupo de WhatsApp da bancada tucana.

O ex-senador José Aníbal foi na mesma linha. “O PSDB assumiu compromisso com Baleia. Espero que cumpra. De outro modo, é adesão ao genocida”, afirmou Aníbal neste domingo, 31.

Maia lançou a candidatura de Baleia à sua sucessão em dezembro, com o respaldo de uma frente ampla, que incluiu partidos de esquerda. Na ocasião, o líder do DEM, Efraim Filho (PB), assinou um documento no qual o partido avalizava o nome do MDB.

Diante do racha, ACM Neto atuou para amenizar a crise. Saiu da casa de Maia e foi direto para a sede do partido. Conduziu a reunião da Executiva pedindo para que o DEM ficasse oficialmente neutro. Além das ameaças de Maia, partidos de oposição afirmaram que, com o abandono de Baleia por parte do DEM, também a esquerda poderia desembarcar da candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) ao comando do Senado. Até agora, Pacheco é o favorito para a cadeira de Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Ao final da reunião, a cúpula do DEM decidiu não aderir mais ao bloco de Baleia nem ao de Lira, ao menos oficialmente, assumindo posição de “independência” e abrindo caminho para traições, uma vez que o voto é secreto. O candidato do Progressistas, no entanto, divulgou em sua agenda que nesta segunda, 1.º, às 9h30, receberá o apoio do DEM.

Nos bastidores, deputados comentavam neste domingo que o racha pode afastar o apresentador Luciano Huck do DEM. Huck planeja entrar na política para disputar a eleição para a Presidência, em 2022, e tem flertado tanto com o DEM como com o Cidadania ao defender uma frente de centro para derrotar Bolsonaro.

*Do Estadão

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Em homenagem a Bolsonaro, o livro de Eduardo Cunha deveria se chamar “fica, querido”

Até o mais tolo dos tolos já entendeu que a entrada forçada de Baleia Rossi nas “memórias” de Cunha, é missa pra lá de encomendada pelo Palácio do Planalto.

Essa ideia de jerico deve ter vindo da cabeça de algum general senil, já que há uma fartura deles lá dentro caçando comunistas ainda na guerra fria.

Dizem as más línguas que as pessoas ficam com medo de acordar esses sonâmbulos da ditadura e terem um piripaque e empacotarem de vez. Mas isso, deixamos para uma outra hora, pois o assunto aqui é Cunha.

Estou longe de achar que Baleia Rossi vale alguma coisa, mas também não quero assinar recibo de otário para Cunha que, num desses tratados às escuras, comuns no baixo clero em que ele e Bolsonaro eram figurinhas carimbadas, sempre fizeram.

É uma política de troco miúdo sim, mas que pode render ou não a manutenção da cabeça de Bolsonaro no corpo.

Cunha é um sujeito grosseiro e, como tal, deslumbrou-se com o poder de presidente da Câmara. Assim como Bolsonaro, caminhou bem no esgoto da política aonde não bate sol, nas tocas escuras e fedorentas.

Bastou o rato botar a cara pra fora, achando que era o máximo, que foi direto da presidência da Câmara para a cadeia.

Ao que parece, Bolsonaro vai seguir a mesma rota do amigo de baixo clero, com a diferença que este sairá da presidência da República, mas com o mesmo destino.

Bolsonaro cometeu o assassinato de mais de duas centenas de milhares de brasileiros e tem que pagar por isso, pois, do contrário, o país acabará de vez e todos vão achar que podem sair por aí matando.

Se ele não cair e for preso, a sensação de impunidade e de terra de Malboro vai tomar conta do Brasil.

A intenção de Cunha em salvar Bolsonaro via Arthur Lira, enfiando Baleia Rossi em sua fantasia quando diz que são bastidores do golpe contra Dilma, não tem nada de nobre, é um rato tentando salvar o outro, só não tem a confissão do vigarista que está preso de quanto seu sócio vai lhe pagar com depósito efetuado por um Queiroz qualquer do clã.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Como Maia, Rossi não quer saber de combater a pandemia ou teria que pedir o impeachment de Bolsonaro

No Brasil, combate à pandemia é sinônimo de impeachment do genocida que conduz o país para o matadouro.

Não há como bancar o bom moço e separar uma coisa da outra ou esse combate de Rossi à pandemia é como o de Maia, de araque.

Então, dizer que seu compromisso é com a pandemia e não o de colocar para fora da presidência o principal responsável pela promoção do segundo maior desastre humanitário do mundo, com mais de 200 mil mortos até agora, é de uma hipocrisia que beira ao sarcasmo.

A esquerda tem que esquecer esse sujeito.

A sociedade cobra do presidente da câmara, e consequentemente da esquerda, coragem para impedir que essa escalada macabra, estimulada pelo maníaco do planalto, encontre um fim.

Gleisi Hoffmann já contesta e dá sinais de que o PT pode abandonar o bloco de Baleia Rossi:

“Dar resposta a crimes do Executivo é o item 3.6 do compromisso de Baleia Rossi c/ oposição. Inclui analisar denúncias de crimes do presidente da República, mesmo q ñ haja acordo p/ aprovar impeachment. Ao negar o q tratamos e fechar essa possibilidade, Baleia perderá votos no PT”, disse Gleisi.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Leandro Fortes: Fé na escória

Acordo feito pelo PT ao bloco de Rodrigo Maia “pode ser explicado e compreendido, mas, nem por isso, precisa ser aceito”, afirma Leandro Fortes, do Jornalistas pela Democracia. “O maior risco, no entanto, como sempre ocorre ao se aliar à escória, é o de se entrar com tudo e sair com nada”.

O dilema petista – e da oposição de esquerda, em geral – sobre aderir ou não à trupe de liberais de condomínio liderada pelo deputado Rodrigo Maia, do DEM, pode ser explicado e compreendido, mas, nem por isso, precisa ser aceito.

Longe de ser um partido revolucionário, o PT é uma agremiação de centro-esquerda viciada em saídas conciliatórias, mas, ainda assim, ideologicamente superestimada. Isso porque, dentro do espectro político nacional, basta ter alguma sensibilidade social para ser considerado herdeiro do bolchevismo.

Em uma sociedade estupidamente conservadora e violenta, qualquer reformismo, mesmo que periférico, torna-se uma revolução em si. Não por outra razão, a reação das classes dominantes, mesmo a mudanças estruturais mínimas, é sempre brutal e disruptiva.

Vide a forma como a burguesia nacional interrompeu o ciclo petista, em 2016, apoiando um impeachment ilegal e, em seguida, usando o aparato do Judiciário para perseguir, prender e assassinar a reputação de adversários políticos.

Derrotada, a esquerda se vê, agora, na contingência de apoiar um arrivista de quinta categoria para a presidência da Câmara dos Deputados, o deputado Baleia Rossi, do MDB, para tentar evitar a possibilidade de, com Arthur Lira, do PP, Jair Bolsonaro passar a dominar a pauta da Câmara dos Deputados.

Não é, portanto, um dilema qualquer.

É certo que Baleia irá dar continuidade ao trabalho dos tubarões neoliberais que, a partir do Congresso Nacional, estão fatiando as riquezas do País e as entregando, quase de graça, aos países centrais do capitalismo, notadamente, aos Estados Unidos – padrinhos do golpe contra Dilma Rousseff.

O argumento nada desprezível da nomenclatura petista é o de que, com Lira, abrir-se-á espaço ilimitado para as aspirações autoritárias de Bolsonaro e uma brecha perigosa para o recrudescimento das pautas ultraconservadoras, como “escola sem partido” e quejandos.

É possível.

O maior risco, no entanto, como sempre ocorre ao se aliar à escória, é o de se entrar com tudo e sair com nada.

É sempre bom lembrar que essa direita que, envergonhadamente, se autodenomina “centrão”, forma uma espécie de “oposição republicana oficial”, na definição de Karl Marx, na obra “O 18 de brumário de Luís Bonaparte”.

Marx se referia à “corja de burgueses” que, em maio de 1848, organizou um golpe contra o rei Luis Felipe, a fim de estabelecer a chamada Segunda República da França. O fez por antipatia pessoal ao monarca e para ampliar os poderes da burguesia sobre os recursos e cargos do Estado.

Não havia, portanto, nenhum interesse público envolvido, muito menos desejos de mudanças estruturais do sistema. Tanto que, um mês depois do golpe, diante das reivindicações da esquerda proletária, essa mesma corja matou três mil adversários e exilou outros 15 mil.

Dali a menos de três anos, a fim de garantir seus privilégios, aquele centrão francês iria apoiar a aventura golpista de um autocrata idiota e repugnante, Luís Bonaparte. Sobrinho de Napoleão, tratava-se de uma espécie de Bolsonaro, também eleito presidente pelo voto popular, que viria a se autoproclamar imperador e, com mão de ferro, governar a França por vinte anos.

Exatamente no livro que trata do golpe de Luís Bonaparte, Marx, citando uma passagem de Hegel sobre todos os grandes fatos e todas as grandes personagens da História serem encenados duas vezes, acrescenta: a primeira, como tragédia, a segunda, como farsa.

É de se pensar a respeito.

*Leandro Fortes/247

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