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Quem se importará quando pouco ou nada mais restar de Gaza?

O calvário dos palestinos e a indiferença dos supremos sacerdotes.

Uma vez, no final dos anos 1980, em Hamburgo, durante uma entrevista coletiva, perguntei ao presidente do Banco Central da Alemanha sobre as chances dos países africanos se desenvolverem. Não lembro por quê, mas a África estava na moda naquela ocasião.

Ele me olhou surpreso, e respondeu? “África? A África não tem a menor importância. Próxima pergunta”. Tinha pressa, e dali a duas horas uma reunião com diretores do banco em Berlim. Não perderia tempo a conversar sobre o continente mais pobre do mundo.

Esta é uma das vantagens do mundo globalizado e digital: há mais de 60 dias conversamos sem cessar sobre a carnificina promovida por Israel na miserável e superpovoada Faixa de Gaza. O legítimo direito de Israel à defesa escalou para o ilegítimo direito ao massacre.

O show de cinismo dos líderes das principais potências mundiais é vergonhoso e dá asco. Ante o crescente número de palestinos mortos, cerca de 18 mil a essa altura, 70% deles mulheres e crianças, renovam a todo instante seu apoio a Israel, mas sugerem moderação.

Israel agradece o apoio e continua a matar inocentes onde quer que estejam a pretexto de que os terroristas do Hamas se escondem por trás deles. É como se dissesse: sinto muito, mas vou matá-lo porque na sua cidade, no seu bairro, no seu prédio pode haver terroristas.

No mesmo dia que orientou o embaixador do seu país no Conselho de Segurança da ONU a vetar mais uma resolução que pedia um novo cessar-fogo em Gaza, o presidente americano Joe Biden voltou a pedir a Israel que proteja os civis palestinos.

Como seus apelos repetidos dia sim e outro também esbarram em ouvidos moucos, porque Biden não suspende a venda de armas de destruição em massa a Israel? Não: Biden briga com o Congresso para que libere mais uma ajuda de 14 bilhões de dólares a Israel.

Assim caminha a desumanidade.

*Blog do Noblat

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A crença desesperada de Bolsonaro de que o centrão pode salvá-lo do calvário rumo ao cadafalso

A luta gigantesca empenhada em tirar Bolsonaro do atoleiro político é de fato intensa, porém, o capítulo que, segundo Bolsonaro, fará com que adquira musculatura política, entregando basicamente seu destino nas mãos do centrão, pode lhe criar muito mais embaraços.

Estamos falando de um grupo, uma frente ou seja lá o que for que caracteriza o centrão que é, antes de qualquer coisa, pragmaticamente fisiológica, é a mais clara tradução do toma lá dá cá, aqui e acolá.

Mas Bolsonaro, no desespero de se salvar, parece ignorar isso, ou pelo menos finge ignorar, pois é isso ou isso. Hoje, não há margem de manobra para mais nada.

Bolsonaro carrega nas costas a culpa pelo morticínio provocado pelo governo claramente genocida que até a chegada da CPI a sociedade imaginava que se limitava à ideia absurda e cômoda de Bolsonaro e os asseclas que o cercam que bastaria 70% da população se contaminar com o coronavírus, não importando quantos morressem, que se chegaria à imunidade de rebanho, tese que já foi repudiado pelo mundo inteiro,  que chegou à conclusão de que o grau de letalidade seria gigantesco, além de um número inimaginável de reinfecção.

Mas o mais grave foi descoberto pela CPI que revelou uma teia de corrupção instalada dentro do ministério da Saúde com a compra de vacinas envolvendo muitos militares da alta patente.

Mas não só isso, os militares deixam de ser os protagonistas do governo a partir do momento em  que foram obrigados a passar o bastão para o centrão.

O fato é que não há qualquer sinal de recuperação econômica que possa, até a eleição de 2022, trazer benefícios para a população com o desemprego que não para de bater recorde. É possível que o aumento de 50% do Bolsa Família, anunciado pelo governo, traga algum cisco de popularidade. Talvez, com isso, compense um pouco a perda de muitos seguidores do ex-mito, por conta da sua aliança com o centrão.

Há também a possibilidade de fazer uso político eleitoral de uma nova rodada de auxílio emergencial, mas há o risco do enfurecimento do mercado, que é, em última análise, quem está segurando Bolsonaro pelos fundilhos.

A inoperância do governo, a incapacidade dos militares de governar é assombrosa. E se Bolsonaro, em dois anos e meio, não apresentou rigorosamente nada, como é tradição do clã metido na política, não será em um ano e meio, mesmo jogando pesadamente com a máquina do governo nas mãos, que Bolsonaro vai recuperar alguma coisa que dê a ele a reeleição. Não dá para esquecer que ele só cresceu em 2018 porque Lula foi impedido de se candidatar.

Dois detalhes, em 2022 Lula estará no páreo e, como mostram as pesquisas, tem uma invejável vantagem sobre Bolsonaro, além de lembrar que um dos pontos mais fortes do pragmatismo do centrão, assim como Bolsonaro, é a traição que ele exerce sem corar.

Isso que foi aqui narrado ainda prima pelo otimismo, porque a CPI ainda pode trazer revelações que, muito mais que tirá-lo da cadeira da presidência, poderá levá-lo direto para a prisão.

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Vídeo: Vaccari, um homem digno que pagou um custo alto por ter princípios, coisa que Moro não tem

Uma das maiores vítimas do trabalho sujo da Lava Jato foi, sem dúvida, João Vaccari Neto. Sequestrado pela gangue de Curitiba, em momento algum ele, ao contrário de Palocci, assinou delação escrita pelos próprios procuradores para criminalizar petistas, sobretudo Lula.

Esse sempre foi o plano de Moro, sequestrar o ex-tesoureiro do PT e, no cativeiro, forçá-lo a delatar, sob tortura psicológica, quem Moro apontasse o dedo. No caso de Vaccari, o juiz quis explorá-lo ao máximo, mas sem sucesso. Vaccari pagou uma pena de 4 anos e 4 meses por ter cumprido um papel digno sem jamais rabiscar a sua biografia, definindo, com isso, seu próprio calvário, mesmo certo de sua inocência, o que Moro também sabia.

Há certos homens públicos que desaparecem da história por conta de um perfil dúbio, principalmente na ordem moral, este definitivamente, não é o caso de Vaccari que jamais se dobrou à covardia que lhe foi imposta nos porões da Lava Jato.

Palmas e vivas para esse grande brasileiro que, sem dizer uma palavra, tornou-se um dos maiores símbolos de dignidade da história política do Brasil.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas