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A direita quer que Bolsonaro caia, mas não quer a volta da democracia

Alguém já viu golpista querer democracia? A Globo apoiou as diretas quando os militares quebraram o Brasil levando a um hiperinflação sem precedentes?

Essa gente vai querer sempre uma saída a la Sarney. Isso é a cara da burguesia brasileira, herdeira do velho jeitinho que as classes dominantes sempre dão para não perder o poder.

Claro que eles estão com o mesmo espírito do “tudo, menos o PT”, se não estiver pior.

Esses militares que, inacreditavelmente são monarquistas até hoje, carregam com eles a certeza de que fazerem parte da elite econômica é reproduzir a fórmula da nossa “independência” em que o filho do rei proclama a independência do papai. É a história mais esdrúxula de que se tem notícia no mundo, mas aqui no nosso país, isso é comemorado. Aliás, as Forças Armadas comemoram isso como se a independência de fato tivesse acontecido. Isso em pleno século XXI.

Para um país que bloqueia o debate sobre a escravidão dos negros que varou quatro séculos, ainda tem a pachorra de dizer que isso é racismo ao contrário, não se espera outra coisa. As classes economicamente dominantes do Brasil, seja que status ou brasão ostente, sempre foi a escória da sociedade.

Na verdade, eles nunca se sentiram brasileiros e detestam se parecer com um. Imaginar que essa gente mudou uma vírgula do seu pensamento patriarcal, é querer demais.

Por isso, essa mesma mídia, vendo que colocou um psicopata assassino no poder, não fará nunca o caminho de volta para a democracia.

Os golpes em Dilma e Lula para que o PT, o maior partido do país, não volte ao poder, continua intacto. O que essa gente quer é uma democracia sem os eleitores do PT, ou seja, sem a imensa maioria de pobres que viram pela primeira vez, dois presidentes, Lula e Dilma tratando-os com dignidade.

Não se iludam, nada se moverá contra Bolsonaro enquanto as instituições que “estão funcionando” não arrumarem uma solução cordial, como sempre fizeram. Imaginar que Rodrigo Maia, representante do mercado ou o próprio STF, que é quase uma sucursal da Febraban e Fiesp, vão tomar qualquer atitude que permita que o povo tenha liberdade de escolha, é o mesmo que imaginar que esses generais inúteis, incapazes, fuleiros que jogaram o Brasil numa crise econômica com a mesma balela de combate à corrupção que sempre utilizam para devolver o poder às classes dominantes, vão respeitar democracia, sendo eles doutrinados pelos ditadores de 1964.

O governo Bolsonaro vai apodrecer a céu aberto em praça pública. Sua putrefação vai feder tanto que não haverá máscara que impeça o odor insuportável. Mas os urubus ainda vão arrancar pedaços de carniça desse governo criado por eles para sangrar as costas do povo e aumentar o lucro de uma gente que tem na ganância uma psicopatia ainda maior do que a de Bolsonaro.

Desculpem o termo, mas esse editorial do Globo de hoje, símbolo máximo de golpes no país, em favor da democracia não serve sequer como papel higiênico. Quem usá-lo com esse objetivo, ficará com a bunda ainda mais suja.

Toda essa gente está com as mãos sujas de Bolsonaro, um psicopata sanguinário. E não há álcool gel, cloro, creolina ou ácido que limpe as mãos imundas de quem o colocou no poder para fazer o serviço sujo que, literalmente, o capitão do mato fez.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Depois de estar com Bolsonaro, indicado para a Fundação Palmares quer valorizar a Princesa Isabel

O Presidente afastado da Fundação Palmares defende fim do Dia da Consciência Negra.

Após se encontrar pela primeira vez com o presidente Jair Bolsonaro , no Palácio do Planalto, presidente afastado da Fundação Cultural Palmares , o jornalista Sérgio Camargo , voltou a defender o fim do Dia da Consciência Negra e disse que, por ele, a data não terá qualquer apoio do órgão federal destinado à preservação da cultura afro-brasileira. Militante de direita, ele disse ainda que vai trabalhar pela valorização do dia 13 de Maio de 1888, data em que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, para libertar os últimos 700 mil escravos no Brasil.

Camargo foi nomeado no dia 27 de novembro para a presidência da Fundação Palmares, órgão responsável pela promoção da cultura afro-brasileira. O ato foi suspenso no último dia 4, após o juiz Emanuel Guerra, da 18ª Vara Federal do Ceará , acatar um pedido de uma ação popular que indicava a incompatibilidade do jornalista para o cargo pelos seus posicionamentos em redes sociais, considerados racistas, e por defender o fim do movimento negro. A Advocacia-Geral da União (AGU) já recorreu da decisão.

Ao ser questionado se, na presidência da Palmares, manteria o posicionamento de defender o fim do Dia da Consciência Negra, Camargo respondeu que sim, pois a data propagaria o “vitimismo e o ressentimento racial.” Segundo ele, não “é uma data do negro brasileiro”, mas apenas de “minorias empoderadas pela esquerda.”

“Claro que tem que acabar com o Dia da Consciência Negra que é uma data que a esquerda se apropriou para propagar vitimismo e ressentimento racial. Isso não é data do negro brasileiro, é uma data das minorias empoderadas pela esquerda que propagam ódio, ressentimento e a divisão racial. No que depender de mim, a Fundação Palmares não dará suporte a algum a essa data. Vamos revalorizar o dia 13 de maio e o papel da princesa Isabel na libertação dos negros”, disse Camargo, após se reunir com o presidente Bolsonaro e o secretário especial de Cultura, Roberto Alvim.

Sérgio Camargo diz que está confiante que a AGU vai conseguir mantê-lo como presidente da Palmares. “Se não estivesse confiante, o que eu estaria fazendo aqui? Tenho que confiar que a liminar vai cair porque ela é absurda e política”, respondeu o jornalista, que se recusou a detalhar o teor de sua conversa com o presidente Bolsonaro: “Foi agenda fechada.”

Nas redes sociais, Camargo disse que no Brasil não existe “racismo real” e que a escravidão foi “benéfica para os descendentes”. O jornalista também defendeu que o movimento negro precisa ser “extinto” e criticou manifestações culturais e religiosas ligadas à população negra. Ele ainda atacou diversas personalidades negras, como casal de atores Taís Araújo e Lázaro Ramos, a ex-vereadora Marielle Franco (assassinada em março de 2018) e o sambista Martinho da Vila, entre outros.

“Eu nunca neguei a inexistência do racismo no Brasil. Isso é uma deturpação das minhas postagens em redes sociais. Eu afirmo que há racismo. O racismo, porém, não é estrutural segundo o tese da esquerda, ele é circunstancial”, disse Camargo, que nas redes sociais afirmou existe um “racismo nutella”.

O indicado para a presidência da Fundação Palmares afirmou que ainda que o pior racismo hoje é a da esquerda. Camargo disse ainda que ele é uma vítima de racismo e sinalizou que irá à Justiça, por ter sido chamado de “capitão do mato” após sua nomeação ter se tornado pública.

“Hoje o pior racismo é o racismo da esquerda, tá? Das milhares pessoas que nas redes sociais estão me chamando de capitão do mato, uma ofensa racial, uma injúria racial que deve ser levado à justiça no momento certo. São pessoas racistas e militantes da esquerda que me chamam de capitão do mato, esse sim os piores racistas no Brasil”, disse.

Camargo foi criticado pelo próprio irmão, o músico e produtor cultural Oswaldo de Camargo Filho, conhecido como Wadico Camargo. Nas redes sociais, ele se manifestou contra a nomeação de seu irmão e escreveu: “Tenho vergonha de ser irmão desse capitão do mato. Sérgio Nascimento de Camargo, hoje nomeado presidente da Fundação PALMARES”, escreveu Wadico em seu perfil no Facebook. Após a repercussão, a publicação foi apagada.

 

 

*Da Folha de São Paulo