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Depois de estar com Bolsonaro, indicado para a Fundação Palmares quer valorizar a Princesa Isabel

O Presidente afastado da Fundação Palmares defende fim do Dia da Consciência Negra.

Após se encontrar pela primeira vez com o presidente Jair Bolsonaro , no Palácio do Planalto, presidente afastado da Fundação Cultural Palmares , o jornalista Sérgio Camargo , voltou a defender o fim do Dia da Consciência Negra e disse que, por ele, a data não terá qualquer apoio do órgão federal destinado à preservação da cultura afro-brasileira. Militante de direita, ele disse ainda que vai trabalhar pela valorização do dia 13 de Maio de 1888, data em que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, para libertar os últimos 700 mil escravos no Brasil.

Camargo foi nomeado no dia 27 de novembro para a presidência da Fundação Palmares, órgão responsável pela promoção da cultura afro-brasileira. O ato foi suspenso no último dia 4, após o juiz Emanuel Guerra, da 18ª Vara Federal do Ceará , acatar um pedido de uma ação popular que indicava a incompatibilidade do jornalista para o cargo pelos seus posicionamentos em redes sociais, considerados racistas, e por defender o fim do movimento negro. A Advocacia-Geral da União (AGU) já recorreu da decisão.

Ao ser questionado se, na presidência da Palmares, manteria o posicionamento de defender o fim do Dia da Consciência Negra, Camargo respondeu que sim, pois a data propagaria o “vitimismo e o ressentimento racial.” Segundo ele, não “é uma data do negro brasileiro”, mas apenas de “minorias empoderadas pela esquerda.”

“Claro que tem que acabar com o Dia da Consciência Negra que é uma data que a esquerda se apropriou para propagar vitimismo e ressentimento racial. Isso não é data do negro brasileiro, é uma data das minorias empoderadas pela esquerda que propagam ódio, ressentimento e a divisão racial. No que depender de mim, a Fundação Palmares não dará suporte a algum a essa data. Vamos revalorizar o dia 13 de maio e o papel da princesa Isabel na libertação dos negros”, disse Camargo, após se reunir com o presidente Bolsonaro e o secretário especial de Cultura, Roberto Alvim.

Sérgio Camargo diz que está confiante que a AGU vai conseguir mantê-lo como presidente da Palmares. “Se não estivesse confiante, o que eu estaria fazendo aqui? Tenho que confiar que a liminar vai cair porque ela é absurda e política”, respondeu o jornalista, que se recusou a detalhar o teor de sua conversa com o presidente Bolsonaro: “Foi agenda fechada.”

Nas redes sociais, Camargo disse que no Brasil não existe “racismo real” e que a escravidão foi “benéfica para os descendentes”. O jornalista também defendeu que o movimento negro precisa ser “extinto” e criticou manifestações culturais e religiosas ligadas à população negra. Ele ainda atacou diversas personalidades negras, como casal de atores Taís Araújo e Lázaro Ramos, a ex-vereadora Marielle Franco (assassinada em março de 2018) e o sambista Martinho da Vila, entre outros.

“Eu nunca neguei a inexistência do racismo no Brasil. Isso é uma deturpação das minhas postagens em redes sociais. Eu afirmo que há racismo. O racismo, porém, não é estrutural segundo o tese da esquerda, ele é circunstancial”, disse Camargo, que nas redes sociais afirmou existe um “racismo nutella”.

O indicado para a presidência da Fundação Palmares afirmou que ainda que o pior racismo hoje é a da esquerda. Camargo disse ainda que ele é uma vítima de racismo e sinalizou que irá à Justiça, por ter sido chamado de “capitão do mato” após sua nomeação ter se tornado pública.

“Hoje o pior racismo é o racismo da esquerda, tá? Das milhares pessoas que nas redes sociais estão me chamando de capitão do mato, uma ofensa racial, uma injúria racial que deve ser levado à justiça no momento certo. São pessoas racistas e militantes da esquerda que me chamam de capitão do mato, esse sim os piores racistas no Brasil”, disse.

Camargo foi criticado pelo próprio irmão, o músico e produtor cultural Oswaldo de Camargo Filho, conhecido como Wadico Camargo. Nas redes sociais, ele se manifestou contra a nomeação de seu irmão e escreveu: “Tenho vergonha de ser irmão desse capitão do mato. Sérgio Nascimento de Camargo, hoje nomeado presidente da Fundação PALMARES”, escreveu Wadico em seu perfil no Facebook. Após a repercussão, a publicação foi apagada.

 

 

*Da Folha de São Paulo

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O racismo oficial do governo Bolsonaro na boca de Sérgio Nascimento de Camargo

Usar um negro como escudo dos racistas a favor do racismo, não é novidade no Brasil.

Sérgio Nascimento de Camargo, que Bolsonaro colocou para presidir a Fundação Palmares, é um negro como Fernando Holiday e Helio Negão.

Os três gozam da simpatia de todos os racistas brasileiros, por negarem que exista preconceito contra os negros no Brasil.

Mas Sérgio Nascimento de Camargo aumentou o tom racista para ser o representante oficial de Bolsonaro na Fundação Palmares, como ele mesmo faz questão de frisar.

Militante de direita já defendeu o fim do feriado da Consciência Negra e atacou Taís Araújo e Marielle Franco, assim como Martinho da Vila e Lázaro Ramos, como não poderia ser diferente, como é comum no racista, atacou também o principal alvo dos racistas, Zumbi dos Palmares.

Isso, sem falar no maior de todos os disparates dessa figura que afirmou, que a escravidão no Brasil fez bem aos negros.

Sergio é filho do jornalista, escritor, poeta, Oswaldo de Camargo que tem uma obra vasta sobre a importância dos negros na construção da sociedade brasileira.

Filho de colhedores de café analfabetos, Oswaldo de Camargo, aos 83 anos é coordenador de literatura do Museu Afro Brasil. Ou seja, Bolsonaro teve a clara intenção de afrontar militantes negros como o próprio pai Sergio, Oswaldo de Camargo.

Poderíamos traçar aqui a lista das cidadanias mutiladas nesse país através das oportunidades de ingresso negadas aos negros na remuneração do seu trabalho, nas oportunidades e promoções, na localização da maioria da moradia dos negros e, agora, mais do que nunca, a mutilação da circulação, o direito de ir e vir sem que seja, pelo simples fato de ser negro, abordado pela polícia, quando não morto por uma bala de fuzil de um agente do Estado, como aconteceu com a menina Ágatha de oito anos e tantos jovens negros, fatos que fazem do atual governo do estado do Rio de Janeiro o mais assassino da história.

Mas o que dá para entender no preconceito, racismo e discriminação propostos por Bolsonaro, através da nomeação de Sergio Nascimento de Camargo para a Fundação Palmares, é que nem a suposta cordialidade deve ser assegurada aos negros no Brasil, que fará individualidade e cidadania.

O negro tem que estar resumido à corporalidade como dado objetivo do racismo do governo Bolsonaro. O corpo do homem negro passa, a partir desse conceito, a ser considerado um inimigo oficial do Estado, sem direito à consciência e, muito menos a reivindicar alguma coisa.

A instrução superior não deve ser garantida, menos ainda a personalidade forte, ou seja, Bolsonaro quer um Estado de exceção aos negros, um apartheid tropical e, no máximo, a eles é permitida uma integração casual na sociedade. Tudo tem que ser visto, a partir de então, pelos olhos, pelo pensamento racista do Presidente da República.

O cálculo de colocar um negro para vocalizar o racismo doentio do psicopata que preside esse país, é simples, sendo ele um negro, pode usar os espaços e microfones oficiais para dizer à sociedade que o que se passa com os negros no Brasil não é racismo, não é preconceito, não é nada do que o movimento negro diz, mas sim uma vitimização, por que, aos olhos de Bolsonaro, tudo o que acontece de ruim aos negros é culpa dos próprios negros que, por sua vez, querem ser diferentes para viver de privilégios.

Com isso, não há dúvida de que a situação do racismo no Brasil vai piorar, e muito, porque Bolsonaro usa elementos característicos do nazismo para condenar os negros a uma condição inferior e afirmar, através de um projeto de imposição pró racista, a superioridade de uma minoria ínfima de brancos num país de maioria de negros.

Por isso Bolsonaro colocou Sergio Nascimento de Camargo na Fundação Palmares para lhe servir de boneco de ventríloquo.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas