Foi preciso Moro escancarar sua subserviência à milícia para que o verniz de herói tomasse uma chuva ácida vinda da mídia que o inventou.
Moro, em última análise, foi reduzido a um covarde por ter miado como um gato, como bem disse Elio Gaspari, quando teve que enfrentar o motim da milícia do Ceará.
Na verdade, Moro apoiou os milicianos, seguindo como gado o caminho de boi feito por Bolsonaro e Eduardo, que declararam abertamente apoio à reivindicação e insubordinação de mascarados que aterrorizaram a população, atacando, inclusive, policiais civis e produzindo um saldo de mais de 200 mortes em decorrência do motim.
Basta aparecer a imagem de Moro em qualquer situação, seja nos jornais, TVs, seja em redes sociais, que a legenda já vem pronta, covarde, capanga da milícia, jagunço do clã Bolsonaro. É daí para baixo.
É uma coleção de adjetivos que, certamente, Moro nunca sonhou que receberia no lugar das glórias, antes, recebidas quando, à margem da lei, mas com proteção da Globo e de outras mídias, ele se lambuzava.
Lula definiu muito bem como Moro construiu seu castelo de areia que, agora, desaba de uma só vez.
Lula: ‘Moro visitou todas as redações para dizer que a Operação Mãos Limpas dele só ia dar certo se a imprensa condenasse as pessoas antes, porque depois que a imprensa condena fica muito fácil qualquer um dar a sentença (com base na pressão negativa da opinião pública)’
Pois bem, essa mesma imprensa a qual Lula se refere, volta-se contra a criatura criada por ela, mostrando a fragilidade de um sujeito inventado com o único propósito de derrubar Dilma e condenar e prender Lula para satisfazer o desejo da burguesia e eleger Bolsonaro e se autoeleger Ministro da Justiça e da Segurança Pública.
O refluxo demorou, mas veio amargo e queimando.
*Carlos Henrique Machado Freitas