Categorias
Uncategorized

Tratoraço: Os mandachuvas do bolsolão

Nove parlamentares se destacam no comando de superintendências e diretorias da empresa turbinada no governo Bolsonaro.

Segundo matéria de Breno Pires, publicada no Estadão, sob a guarda do presidente Jair Bolsonaro, nove parlamentares detêm “feudos” na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). Aliados do Palácio do Planalto, esses deputados e senadores são padrinhos dos nomes responsáveis por executar o orçamento da estatal, elevado a R$ 2,73 bilhões neste ano, com as emendas no Congresso.

O clube dos mandachuvas tem ingerência sobre os superintendentes regionais e diretores da Codevasf, que decidem a realização de obras e a doação de máquinas para redutos eleitorais. A influência política, demonstrada a cada entrega feita pela estatal, alimenta os planos eleitorais dos parlamentares, e também de seus apadrinhados, muitos deles envolvidos em denúncias de corrupção.

Os congressistas tiveram o aval do Ministério do Desenvolvimento Regional e da Secretaria de Governo da Presidência para indicar um total de R$ 459 milhões em repasses à Codevasf em dezembro do ano passado. A soma faz parte do pacote de R$ 3 bilhões que o governo distribuiu para atender deputados e senadores. A negociação do Planalto ocorreu sob a promessa de apoio para eleger Arthur Lira (Progressistas-AL) à presidência da Câmara e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) ao comando do Senado, em fevereiro deste ano, como revelou o Estadão.

No topo da lista dos deputados que mais indicaram compras e obras por meio da Codevasf, em 2020, estão aliados influentes do Planalto – o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, do MDB de Pernambuco (R$ 125 milhões); o deputado Arthur Lira (R$ 70 milhões) e o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do Progressistas (R$ 50 milhões).

Na Bahia, único Estado com duas superintendências regionais da estatal, o deputado Arthur Maia (DEM), ex-prefeito de Bom Jesus da Lapa, ainda possui influência. Ele mantém Harley Xavier Nascimento como titular da 2ª Superintendência Regional. O deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), por sua vez, foi quem indicou o diretor-presidente da Codevasf, Marcelo Moreira, empossado em agosto de 2019. Em 31 de março passado, emplacou também José Anselmo Moreira Bispo como titular da 6ª Superintendência Regional, sediada em Juazeiro (BA). Antes, o cargo era ocupado por Elmo Nascimento, irmão do deputado.

Do outro lado do Rio São Francisco, a 3ª Superintendência, em Petrolina (PE), tem no comando um ex-assessor parlamentar do senador Fernando Bezerra Coelho. O superintendente, Aurivalter Cordeiro, e o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), filho do líder do governo no Senado, assinaram em janeiro dois convênios no valor de R$ 46 milhões para pavimentação na cidade.

Cordeiro é alvo de um pedido de afastamento do cargo, apresentado pelo Ministério Público Federal de Pernambuco, em uma ação que apontou irregularidades em convênio da Codevasf com o município de Cabrobó (PE). Na época dos fatos, ele não estava na estatal, mas, como representante empresarial, teria atuado no direcionamento de uma licitação, por meio da combinação de preços entre empresas. Segundo o Ministério Público Federal, Cordeiro obstruiu a investigação após assumir a 3ª Superintendência, deixando de atender à requisição de informações. A Justiça Federal em Pernambuco ainda não julgou o caso.

Mais próxima à foz do São Francisco, a 5ª Superintendência Regional, em Penedo (AL), era chefiada até o ano passado por um apadrinhado de Arthur Lira. Agora, quem dá as cartas é um primo do presidente da Câmara. Ex-prefeito de Teotônio Vilela (AL), Joãozinho Pereira assumiu a superintendência no início de abril.

No dia 9, Pereira já entregou caminhões pipas e retroescavadeiras em Arapiraca, ao lado de Lira. “É preciso exaltar a importância do deputado federal e presidente da Câmara, Arthur Lira, que não abre mão de desenvolver projetos que ajudem o alagoano de baixa renda a ter uma melhor qualidade de vida”, disse Pereira, diante do primo. Lira indicou ainda um dos diretores da Codevasf, Napoleão Casado, da Área de Gestão dos Empreendimentos de Irrigação.

Quem também tem apadrinhados tanto na sede do órgão quanto no domicílio eleitoral é o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI). Presidente do Progressistas, Nogueira indicou o titular da 7ª Superintendência Regional, em Teresina, Inaldo Pereira Guerra Neto, e o diretor da Área de Revitalização de Bacias Hidrográficas, Davidson Tolentino.

Acordos

Quatro séculos depois da instalação das capitanias hereditárias, entregues pelo rei Dom João III a nobres portugueses, o modelo administrativo da Codevasf tem chefes ligados a líderes parlamentares que dão sustentação a Bolsonaro. A continuidade nos cargos, no entanto, depende agora da manutenção dos acordos políticos.

O deputado Hildo Rocha (MDB-MA), único integrante do clube que se colocou contra a eleição de Lira à presidência da Câmara, amargou a demissão de seu indicado, Jones Braga, da 8ª Superintendência Regional, em São Luís. Rocha apoiou Baleia Rossi (MDB-SP), que perdeu a disputa.

A retaliação não tardou. Celso Dias, afilhado político do líder do PSC na Câmara, Aluísio Mendes (MA), entrou no lugar do apadrinhado de Rocha. O Estadão apurou que a troca contou com o apoio de Lira.

A exemplo de Aluísio Mendes, outros parlamentares entraram no clube da Codevasf. O senador Carlos Viana (PSD-MG), vice-líder do governo no Senado, apadrinhou o superintendente da 1ª regional, em Montes Claros, Marco Antônio Graça Câmara, conhecido como Marcão. No “planilhão” de R$ 3 bilhões, Viana indicou R$ 32 milhões para a superintendência.Líder do governo no Congresso, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO) destinou R$ 85 milhões para ações da Codevasf em seu Estado, onde a empresa ainda está se estabelecendo. Valor semelhante, R$ 81 milhões, foi transferido pelo Ministério do Desenvolvimento Regional para a nova representação da Codevasf no Amapá. Tanto Palmas como Macapá se tornarão, em breve, sede de Superintendências Regionais. Os futuros chefes ainda não são conhecidos, mas quem vai indicar, sim.

‘Mandachuvas’

Os parlamentares e seus indicados para ocupar as superintendências da Codevasf.

Montes Claros (MG)

Carlos Viana (PSD), senador

Indicado: Marco Antônio Graça Câmara

Bom Jesus da Lapa (BA)

Arthur Oliveira Maia (DEM), deputado

Indicado: Harley Xavier Nascimento

Petrolina (PE)

Fernando Bezerra Coelho (MDB), senador

Indicado: Aurivalter Cordeiro

Penedo (AL)

Arthur Lira (Progressistas), deputado

Indicado: Joãozinho Pereira

Juazeiro (BA)

Elmar Nascimento (DEM), deputado

Indicado: José Anselmo Moreira Bispo

Teresina (PI)

Ciro Nogueira (Progressistas), senador

Indicado: Inaldo Pereira Guerra Neto

São Luís (MA)

Aluísio Mendes (PSC), deputado

Indicado: Celso Dias

Palmas (TO)*

Eduardo Gomes (MDB), senador

Macapá (AP)*

Davi Alcolumbre (DEM), senador

*SUPERINTENDÊNCIAS A SEREM CRIADAS

*Estadão

Siga-nos no Whatsapp: https://chat.whatsapp.com/H61txRpTVWc7W7yyCu0frt

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica: Agência 0197
Operação: 013
Poupança: 56322-0
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450.139.937-68

PIX: 45013993768
Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Uncategorized

Congresso dá uma turbinada no orçamento de órgãos controlados pelo Centrão

O mesmo Congresso que subestimou despesas obrigatórias com Previdência e seguro-desemprego no Orçamento de 2021 foi responsável por turbinar verbas de órgãos chefiados pelo Centrão – em um deles, o salto foi de 224%. A ampliação das verbas para instituições dirigidas por indicados políticos do bloco foi feita por meio de emendas parlamentares, recursos indicados por deputados e senadores para seus redutos eleitorais.

As verbas repassadas para a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), controlada pelo DEM e com a diretoria dividida com os partidos do Centrão, mais do que triplicaram em relação ao projeto enviado inicialmente pelo Executivo. Dos R$ 845,2 milhões iniciais, passaram para R$ 2,7 bilhões.

Os parlamentares também aumentaram o orçamento do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), ocupado pelo Progressistas; do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra Secas), presidido por um indicado do PL; e da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), comandado pelo PSD.

Durante a votação do texto, o relator do Orçamento de 2021, senador Marcio Bittar (MDB-AC), defendeu o aumento das verbas para obras e projetos de interesse eleitoral, apesar dos efeitos da pandemia na economia. Como justificativa, disse que, sem isso, os ministérios passariam por paralisação e teriam de escolher quais obras interromper. O argumento usado por congressistas é que “obra é saúde e gera emprego”.

“Era preciso aprovar um Orçamento que tivesse um pouco mais de robustez e não corrêssemos o risco de que obras fundamentais, no Norte, no Nordeste, no Centro-Oeste, nas regiões mais atrasadas e pobres do Brasil, ficassem paralisadas”, disse ele, durante a sessão do plenário que aprovou os recursos.

Procurado ontem para falar sobre esses repasses, Bittar não quis se pronunciar. Ele anunciou publicamente que concordou em cortar R$ 10 bilhões de emendas parlamentares para recompor despesas obrigatórias, mas não apontou quais verbas serão alvo dessa redução – o que terá de ser negociado com o governo e com as cúpulas da Câmara e do Senado. A proposta foi enviada para sanção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que tem até o dia 22 de abril para dar aval ao Orçamento e fazer vetos.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, já afirmou que o Orçamento, da forma como foi aprovado, é “inexequível”. Também houve reação na oposição. “Essa Lei Orçamentária é irrealizável. Olha, se a ex-presidente Dilma foi ‘impitimada’ por uma pedalada fiscal, como argumentam, essa Lei Orçamentária é um passeio ciclístico completo”, afirmou o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

*Com informações do Estadão

Siga-nos no Whatsapp: https://chat.whatsapp.com/H61txRpTVWc7W7yyCu0frt

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica: Agência 0197
Operação: 013
Poupança: 56322-0
Arlinda Celeste Alves da Silveira
CPF: 450.139.937-68

PIX: 45013993768
Agradecemos imensamente a sua contribuição