O jornalista internacional, Jamil Chade, deu uma ótima entrevista ao site Brasil 247, em que narra que a imagem do Brasil, que já havia sido jogada no chão após o golpe em Dilma, está estraçalhada perante os organismos internacionais, mas também perante toda a comunidade mundial, inclusive chefes de Estado de países civilizados.
A selvageria de Bolsonaro fez da imagem do Brasil um país de milícias, com militares protegendo esquadrões da morte, como na ditadura, porque seguem de pijamas sonhando com 1964, pensando no mundo da guerra fria.
Mas esse bando de generais senis não chegou sozinho ao poder. A burguesia brasileira, mas sobretudo a elite paulista, que controla o grosso da economia brasileira é, certamente, a mais provinciana do mundo. E se ela não consegue integração com o próprio universo que a cerca, em São Paulo, que tem uma imensa diversidade étnica, social e cultural, imagina se teria com o Brasil ou com o mundo.
A elite paulista é, com certeza, o núcleo provinciano mais resiliente do Brasil, mais inculto e mais totalmente incapaz de enxergar o mundo a um palmo do seu nariz.
Bolsonaro representa a raiva que essa elite tem do mundo que a cerca, da São Paulo real que avança sobre esse feudo de cartola e casaca empoeirados, absolutamente decadente cultural e intelectualmente.
É um caso a ser estudado. Por isso a frase de Bolsonaro “Ninguém me pressiona pra nada, eu não dou bola pra isso”, sobre o atraso da vacinação no Brasil, um país que sempre foi vanguarda, reconhecido pelo mundo, em termos de vacinação, voltou ao século XIX, em que a aristocracia cafeeira de São Paulo nasceu e ali enterrou seu umbigo, seu cérebro e a própria capacidade de entender o mundo a partir dele e não de um burgo representado pelos bairros chiques de São Paulo.
É essa gente que apoiou Bolsonaro e ainda o segura, por dois motivos, por ser paulista num bairrismo pra lá de provinciano em pleno século XXI e pelo discurso violento contra os pobres, negros, índios, mulheres, homossexuais, já que essa mesma elite se confunde com o patriarcado mais bronco num país que tem arraigado em sua cultura um machismo extremamente violento.
Bolsonaro encarna tudo isso, os PMs assassinos que invadem favelas e provocam chacinas e, hoje, contam os feitos em redes sociais incitando a barbárie, soa como sinfonia para essa elite medieval na Sala São Paulo.
Não há qualquer noção de geopolítica global no mundo dessa gente. Na cabeça dela nada existe além de um balcão de compra e venda em uma cidade que, por mais grandiosa que seja, não passa de entreposto de um grande camelódromo que vive quase que exclusivamente de bugigangas chinesas, já que o pensamento e o desenvolvimento industrial que marcou a metrópole, hoje, nem existe mais.
Há aí um casamento perfeito entre essa elite quatrocentona e os herdeiros da ditadura que trocaram o pijama por um terno e que, no passado, no período de chumbo fez grandes parcerias.
Por isso, a frase tosca de Bolsonaro e o apoio canino de uma elite que é o próprio espelho do psicopata que governa o Brasil.
*Carlos Henrique Machado Freitas
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