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Opinião

É hora de impor limites à barbárie dos líderes religiosos neofascistas

Luis Felipe Miguel*

O deus de André Valadão diz a seus fiéis: “Se eu pudesse, matava todos” – todos os LGBTs, no caso. “Mas não posso. Agora tá com vocês”.

A homofobia é um elemento central na estratégia política da direita religiosa e seus aliados. Ao deslocar o eixo da discussão para as questões “morais” (que, no entanto, são em geral questões de direitos individuais), a direita se coloca em sintonia com uma parcela do eleitorado que, sobretudo a partir das políticas compensatórias do governo Lula, se movimentou na direção de seus adversários.

Nesse novo discurso religioso-político, as questões de gênero ganham primazia absoluta. Talvez isso tenha a ver com a perda de ascendência moral das religiões sobre seus fiéis, que mantêm uma vinculação muito frouxa com a doutrina, caso de muitos católicos, ou uma relação claramente instrumental com a fé, como ocorre em muitas denominações pentecostais.

O antifeminismo e os preconceitos tradicionais contra gays, lésbicas e travestis são pontos em que há sintonia entre a hierarquia e grande parte do rebanho. Diante da visibilidade das demandas pelos direitos de mulheres e de homossexuais, é fácil construir o fantasma de uma ameaça.

Enquanto mantêm o país livre da “ditadura gay”, os sacerdotes e os deputados da bancada religiosa contribuem ativamente para todos os retrocessos do país – e ganham milhões, muitos milhões, gatunando o rebanho e também o erário público.

“Liberdade de expressão”, na novilíngua desse pessoal, é o direito de promover discurso de ódio travestido de homilia religiosa. O “direito à homofobia” é pauta central para todos eles.

A liberdade religiosa é mobilizada para permitir todo o tipo de crime, do charlatanismo à lavagem de dinheiro. Há casos, porém, que estão além de qualquer dúvida. A incitação ao assassinato de todo um grupo de pessoas, como fez Valadão, é um desses casos.

Ele tentou se retratar – foi “mal interpretado”, como sempre. Mas quem vê o vídeo de sua pregação na Igreja da Lagoinha de Miami não tem dúvidas.

É discurso de ódio. É propaganda da violência. É incitação ao homicídio. É crime e tem que ser punido como tal.

Está na hora de começar a impor limites à barbárie dos líderes religiosos neofascistas. Esta também é uma exigência da reconstrução da democracia no Brasil. André Valadão tem que ser processado e condenado. É um primeiro passo.

Luis Felipe Miguel é Professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do Demodê – Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades.

*DCM

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O que acontecerá com Bolsonaro por ter chamado as crianças venezuelanas de “prostitutas”?

Aonde foi parar nossa capacidade de indignação diante da monstruosidade de Bolsonaro ter se referido inúmeras vezes às crianças venezuelanas como “prostitutas”?

Ele tem esse direito? Não responderá judicialmente por isso? O Brasil virou terra de ninguém em que o presidente da República insulta, de forma leviana, sabendo que é leviana, crianças numa difamação criminosa, para felicidade dos bolsonaristas e, no dia seguinte, isso é dado como página virada, como se classificar crianças como prostitutas fosse a coisa mais normal do mundo.

A frase “pintou um clima” é criminosa, típica de pedófilos, mas a difamação que Bolsonaro, de maneira venal, imputou a essas crianças, marcará as suas vidas para sempre e de forma profunda.

Desde que Bolsonaro expôs essas meninas, elas não tiveram mais coragem de voltar à escola.

A mídia parece não se importar com essa monstruosidade quando, na verdade, deveria ocupar as manchetes dos principais jornais, da imprensa escrita ou falada. Mas nada foi dito sobre essa barbárie cometida por quem está no comando do mais alto posto da República.

Nada é mais urgente que impedir que Bolsonaro saia dessa à francesa. Foram inúmeras as vezes, em momentos e locais diferentes, que ele se referiu às crianças venezuelanas. O congresso e o judiciário se calaram.

Vejam bem, não é uma acusação subjetiva, essa covardia é carregada de despolimento, é crua, cruel, seca e perversa. Mas parece que está sendo tratada de forma lateral como se fosse corriqueiro e generalizado no país, coisa que não é, sobretudo vindo da maior autoridade da nação.

Era para despertar a ira da sociedade, das redações, de todos os jornalistas e vomitar esse lixo até ele explodir a cadeira da presidência, porém, tudo indica que isso não dará em nada como se fosse uma guerra política de um presidente da República contra crianças venezuelanas.

Então, pergunta-se, até quando? Até quanto? Tudo isso será permitido pelo fato de ser Bolsonaro. Sim, porque esse é o único e exclusivo motivo pelo qual ele não paga por seus crimes mais vis.

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Política

A frase de Bolsonaro “Não dou bola pra isso”, sobre o atraso do Brasil na vacinação, diz muito da elite brasileira

O jornalista internacional, Jamil Chade, deu uma ótima entrevista ao site Brasil 247, em que narra que a imagem do Brasil, que já havia sido jogada no chão após o golpe em Dilma, está estraçalhada perante os organismos internacionais, mas também perante toda a comunidade mundial, inclusive chefes de Estado de países civilizados.

A selvageria de Bolsonaro fez da imagem do Brasil um país de milícias, com militares protegendo esquadrões da morte, como na ditadura, porque seguem de pijamas sonhando com 1964, pensando no mundo da guerra fria.

Mas esse bando de generais senis não chegou sozinho ao poder. A burguesia brasileira, mas sobretudo a elite paulista, que controla o grosso da economia brasileira é, certamente, a mais provinciana do mundo. E se ela não consegue integração com o próprio universo que a cerca, em São Paulo, que tem uma imensa diversidade étnica, social e cultural, imagina se teria com o Brasil ou com o mundo.

A elite paulista é, com certeza, o núcleo provinciano mais resiliente do Brasil, mais inculto e mais totalmente incapaz de enxergar o mundo a um palmo do seu nariz.

Bolsonaro representa a raiva que essa elite tem do mundo que a cerca, da São Paulo real que avança sobre esse feudo de cartola e casaca empoeirados, absolutamente decadente cultural e intelectualmente.

É um caso a ser estudado. Por isso a frase de Bolsonaro “Ninguém me pressiona pra nada, eu não dou bola pra isso”, sobre o atraso da vacinação no Brasil, um país que sempre foi vanguarda, reconhecido pelo mundo, em termos de vacinação, voltou ao século XIX, em que a aristocracia cafeeira de São Paulo nasceu e ali enterrou seu umbigo, seu cérebro e a própria capacidade de entender o mundo a partir dele e não de um burgo representado pelos bairros chiques de São Paulo.

É essa gente que apoiou Bolsonaro e ainda o segura, por dois motivos, por ser paulista num bairrismo pra lá de provinciano em pleno século XXI e pelo discurso violento contra os pobres, negros, índios, mulheres, homossexuais, já que essa mesma elite se confunde com o patriarcado mais bronco num país que tem arraigado em sua cultura um machismo extremamente violento.

Bolsonaro encarna tudo isso, os PMs assassinos que invadem favelas e provocam chacinas e, hoje, contam os feitos em redes sociais incitando a barbárie, soa como sinfonia para essa elite medieval na Sala São Paulo.

Não há qualquer noção de geopolítica global no mundo dessa gente. Na cabeça dela nada existe além de um balcão de compra e venda em uma cidade que, por mais grandiosa que seja, não passa de entreposto de um grande camelódromo que vive quase que exclusivamente de bugigangas chinesas, já que o pensamento e o desenvolvimento industrial que marcou a metrópole, hoje, nem existe mais.

Há aí um casamento perfeito entre essa elite quatrocentona e os herdeiros da ditadura que trocaram o pijama por um terno e que, no passado, no período de chumbo fez grandes parcerias.

Por isso, a frase tosca de Bolsonaro e o apoio canino de uma elite que é o próprio espelho do psicopata que governa o Brasil.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Mundo

A Nova York que choca o mundo pelo recorde de mortes com a Covid-19 e a crueldade com os pobres

A cidade de Nova York encabeça a lista das cidades com maior quantidade de bilionários no mundo e com o maior número de vítimas do coronavírus.

84 bilionários, cujo patrimônio líquido combinado de US$ 469,7 bilhões, é maior do que o PIB da Áustria.

É o mesmo lugar em que o mundo, perplexo, assiste ao enterro de pobres em enormes valas comuns, mostrando que a barbárie capitalista e o conceito de civilização estão cada dia mais distantes, separados pela ganância e pelo egoísmo doentio.

A maior cidade dos EUA é sede das duas maiores bolsas de valores do mundo e abriga a maioria dos bilionários nos últimos cinco anos e tem uma das piores políticas de segregação social que a selvageria liberal pode produzir.

Sem assistência médica, por falta de um sistema público de saúde, os EUA, mas sobretudo Nova York, escancaram a incapacidade do sistema financeiro em conviver com quem está fora de seu mecanismo desumano.

É louco, porque o homem criou um sistema em que o próprio ser humano passou a não ter importância nenhuma e sim o mercado, ou seja, tudo para o mercado e pelo mercado.

Aquilo é um campo de extermínio de quem não tem dinheiro e, portanto, merece morrer da forma mais desumana e bárbara.

Isso é o capitalismo e seus costumes mostrando que, do fanatismo capitalista à barbárie, não há mais do que um passo, e a barbárie sempre terá mais força.

A capital mundial da “liberdade”, com a pandemia do coronavírus, revela que ela só existe como slogan. Quem não tem dinheiro, não tem liberdade nenhuma. Ao contrário, Nova York é brutal com os pobres. Seu fundamentalismo é o consumo e nada deve sobreviver se não for para impulsioná-lo.

Na verdade, o consumo é uma superstição mais forte do que a religião e seu fundamentalismo justifica todas as barbáries em nome do deus mercado.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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O projeto macabro de Moro quer fazer de corpos de negros e pobres degraus políticos para 2022

O silêncio de Moro sobre a chacina cometida pela PM de Dória em Paraisópolis, não é por acaso, é um elogio que Moro faz aos assassinos e a si mesmo.

Acho que ele pensa que essa estratégia é algo de gênio. Entender isso é conhecer melhor as questões do preconceito, do racismo e da discriminação no Brasil.

No projeto de Moro, o “anticrime”, resumindo, inclui dados políticos e propósitos jurídicos do mais puro eugenismo. O apelo faz uma distinção clara entre negros e brancos, mas também entre brancos pobres e brancos ricos, num exercício de individualidade nunca visto no país.

Moro escolheu tratar as pessoas em função do que elas parecem ser a partir da cor da pele, mas também do lugar em que residem ou circulam. Ou seja, ir e vir para negros e pobres nas favelas e periferias do Brasil é um ato explicitamente abolido.

A emboscada covarde dos PMs em Paraisópolis deixa isso bastante claro. As imagens que circulam na internet sobre essa barbárie, não nos deixam mentir.

Quando Moro reapareceu nesta segunda-feira (02) em seu twitter, ao invés de repudiar a morte de cada criança e jovem massacrados pelo aparelho repressivo do Estado, escolheu a promoção política sobre o mesmo fato, silenciando-se sobre o extermínio e estampando o apoio em outdoor, como se vê na imagem aqui, mostrando que a joia da coroa do seu projeto “excludente de ilicitude” será cada vez mais a sua bandeira para pegar em cheio o coração de uma grande parcela das classes média e alta brasileiras.

Isso não deixa dúvidas de que o terrorismo de Estado contra pobres e negros nesse país será com um estado de exceção permanente durante o governo Bolsonaro e a gestão de Moro no Ministério da Justiça.

É o Ministério da Justiça aparelhado pelo esquadrão da morte como modelo cívico, cultural e político do Brasil.

Moro, com isso, mostra muito mais do que a indiferença pelas camadas mais pobres da população, mostra, sobretudo, que seu projeto autoritário se agrava perigosamente contra os mais pobres para agradar às classes economicamente dominantes.

Certamente, Moro já fez as contas e pesquisas, já tomou pé da situação e viu o quanto pode lucrar politicamente com cada corpo de jovem e criança tombado com o terrorismo de Estado orquestrado por ele.

Seu silencio sobre a chacina dos jovens é proposital, na verdade, é uma exaltação ao extermínio de pobres e negros que carrega o nome técnico de “excludente de ilicitude” que, extraoficialmente, entrou em vigor com a sua chegada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Bolsonaro e Moro se calam diante da chacina de Paraisópolis como se fizessem continência aos assassinos da PM

O Presidente da República e o Ministro da Justiça e Segurança Pública estão absolutamente calados diante de um fato de extrema gravidade. Os dois são coautores da barbárie praticada pela PM de Dória, numa emboscada covarde que foi responsável pela morte de nove jovens inocentes que, pelo fato de serem pobres, mereceram uma ação pesada do aparelho repressivo do estado que hoje se confunde com a milícia e com grupos de extermínio que são parte da história de vida de Bolsonaro.

O que se comenta nas redes sociais condiz com a realidade. A soma do estímulo à violência policial por Bolsonaro com o excludente de ilicitude de Moro, deu nessa perversidade institucionalizada a que o Brasil assiste perplexo.

O assassinato coletivo de jovens de Paraisópolis cometido coletivamente pela PM, como mostram os vídeos, não guarda dúvida, isso se transformou em um padrão no país depois da chegada de Bolsonaro à Presidência da República e de Moro ao Ministério da Justiça.

O momento porque o Brasil passa é de selvageria e de barbárie, fruto de inúmeros fatores, mas principalmente da ação fascista estimulada por Bolsonaro, Moro e, nesse caso de Paraisópolis pelo governador João Dória, responsável pela PM e também por estimular a violência contra as camadas mais pobres da população. No entanto, Dória, sentindo o tamanho da tragédia que vai lhe custar muito caro, pronunciou-se da mesma forma protocolar de sempre, que o caso será apurado e os responsáveis punidos. Já Moro e Bolsonaro, calaram-se como quem batesse continência para a PM, consentisse e aplaudisse a chacina.

O Brasil está sendo governado por criminosos, deixando os brasileiros incapazes de prever aonde eles podem chegar com sua sede de sangue de negros e de pobres.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas