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Jair fora de si: Porque o tsunami está por vir

“As investigações em curso podem ajudar a esclarecer se há ligação entre o tráfico internacional de armas e o decreto de Jair Bolsonaro, que amplia o porte de armas.”

Certamente o povo brasileiro não está preparado para assistir a cenas de Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e outras pessoas da família sendo presos. Isso seria inimaginável até a semana passada, mas essa hipótese, ainda turva, surge no horizonte.

O Ministério Público e a Polícia Civil do Rio de Janeiro avançam sobre o crime organizado no Estado, penetram nos subterrâneos da família Bolsonaro e põem o presidente da República, recém-eleito e empossado, em situação dramática.

As poses de Jair Bolsonaro e seus filhos em fotografias com “milicianos” fizeram sucesso nas redes sociais durante a campanha eleitoral. Agora devem juntar-se a outras provas da intimidade da família do presidente da República com os “milicianos”.

Os investigadores devem apresentar à Justiça, em breve, uma das mais poderosas organizações criminosas do país e revelar a maior fraude eleitoral da história das eleições no Brasil, montada com fake news.

A “direita compenetrada”, ao dar sinais de que tem ao alcance informações espantosas sobre Jair Bolsonaro e sua família, já deve ter tomado decisão e esquadrinhado a operação que vai apeá-lo do poder. Os editoriais dos jornais e das revistas têm demonstrado isso.

Depois do namoro firme da “direita compenetrada” com a extrema direita caricata até recentemente, e de andar de mãos dadas pelas ruas das cidades, com suas máscaras, no golpe de Estado de 2016, para derrubar a presidente Dilma, agora solta a mão, se despede, como se não tivesse nenhuma responsabilidade com o agravamento da crise econômica e com a tragédia social e moral do país.

Além de desastroso, absolutamente incapaz de tomar qualquer iniciativa para reverter a crise, Jair Bolsonaro tornou-se nitroglicerina pura aos olhos do poder econômico. Um perigo iminente, com a aproximação do calor das investigações do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Os sintomas são cada vez mais evidentes.

O fio da meada é a decretação das prisões, em flagrante, convertida em prisão preventiva, de Alexandre Motta Silva, proprietário do apartamento onde foram encontrados 117 fuzis, de uso restrito, e do ex-policial militar, Ronnie Lessa, (acusado de matar Marielle Franco). Os dois respondem a processo por tráfico de armas.

Nas investigações do submundo do crime organizado no Rio de Janeiro, chegaram a um grande volume de dinheiro movimentado pelo filho do presidente, Flávio Bolsonaro. Por meio de uma imobiliária, os negócios renderam R$ 9 milhões, sem origem declarada, a compra de 19 imóveis e ligações com a empresa MCA Participações, com sede no Panamá, conhecido paraíso fiscal.

Estranhamente surgiram nessa história três personagens norte-americanos nos negócios imobiliários de Flávio Bolsonaro: o corretor Glenn Dillard e dois investidores, Charles Eldering e Paul Maitinho, que também passaram a fazer parte do rol de investigados.

Essas informações, constantes nos documentos em poder do Ministério Público, divulgados pela imprensa, despertaram fortes suspeitas de crime de lavagem de dinheiro.

Em 2008, o deputado Marcelo Freixo, do PSol, presidiu a CPI das Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, produziu um relatório pedindo o indiciamento de 225 políticos, policiais, agentes penitenciários, bombeiros e civis.

No fluxo do combate ao crime organizado no Rio de Janeiro, em 2011, Marcelo Freixo presidiu outra CPI na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que investigou o tráfico de armas no Estado. Consta no relatório aprovado na Comissão, com voto contrário do deputado Flávio Bolsonaro, que 2.024 pessoas foram indiciadas, processadas ou presas na década passada, no Estado, envolvidas com o crime de tráfico de armas. Entre elas, 82 policiais militares, 32 bombeiros, 29 policiais civis, quatro agentes penitenciários, três policiais federais, 88 militares das forças armadas (65 do Exército, 12 da Marinha, 11 da Aeronáutica), dois guardas municipais e 250 civis, além de 1.531 pessoas sem qualificação.

Os próximos meses devem trazer à tona muitas surpresas. Os indícios são cada vez mais evidentes de que a organização criminosa formada por “milicianos”, acusada de construir ilegalmente os três edifícios que desabaram no Rio de Janeiro, matando 24 pessoas, pode ser a mesma que comanda o tráfico de armas no Estado.

As investigações em curso podem ajudar a esclarecer se há ligação entre o tráfico internacional de armas e o decreto de Jair Bolsonaro, que amplia o porte de armas.

A campanha contra o Estatuto do Desarmamento, liderada por Jair Bolsonaro, e o decreto se complementam, favorecendo o comércio clandestino de armas.

Uma CPI para investigar o tráfico internacional de armas no Brasil está sendo cogitada na Câmara dos Deputados, a fim de levar para o âmbito federal as investigações. Isso poderia contribuir politicamente com as instituições públicas que estão atuando no Rio de Janeiro.

Certamente ao perceber o que está por vir, o Congresso, arrastado pelo “Centrão”, virou as costas para o capitão e toca agenda própria. Os líderes do Governo e do PSL, partido de Jair Bolsonaro, estão sendo ignorados nas reuniões. Militares mais graduados das Forças Armadas, da ativa, e os da assessoria direta do presidente, têm demonstrado frieza nos últimos dias e discreto recuo.

Até Olavo de Carvalho, mentor de Jair Bolsonaro, disse que não vai mais se meter no governo. Bateu em retirada, entrou na toca, depois de derrotado no embate com militares, e ridicularizado em matérias de capa das revistas Veja e Istoé.

Para completar o isolamento, o Ministério Público deu um tiro fatal no decreto que amplia o porte de armas, a “menina dos olhos” da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro. Foi implacável numa nota técnica enviada à Câmara e ao Senado afirmando que o decreto é inconstitucional.

Como se estivesse em estado de surto, após ser informado sobre a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico, do filho Flávio Bolsonaro, de Fabrício Queiroz, e mais 94 pessoas envolvidas, entre essas, “milicianos amigos íntimos da família”, no maior escândalo a céu aberto no Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro viajou para o Texas, sem agenda com nenhuma autoridade dos Estados Unidos, para participar de uma cerimônia insignificante, desgastada por causa dele mesmo, e bater na porta de George W. Bush, “senhor da guerra”, sem ser convidado, para posar ao lado dele numa foto.

Em New York, onde o prefeito Bill de Blasio rejeitou a presença dele, recentemente, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o presidente do Senado, David Alcolumbre, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, se encontraram para participar de um evento, no mesmo período.

Uma oportunidade interessante para conversas sussurradas, num bom restaurante, entre os três chefes de poderes da República, sobre qual caminho seguir caso a evolução dos acontecimentos, nos próximos meses, leve à necessidade de afastar Jair Bolsonaro.

O texto divulgado pelo presidente da República nas redes sociais e a convocação de uma manifestação para o dia 26 de junho lembram os ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor, candidatos inventados pela elite econômica e pela mídia para barrar Brizola e Lula .

O primeiro renunciou alegando sabotagem de “forças ocultas”, como insinua Jair Bolsonaro, E o segundo chamou uma manifestação de apoiadores vestidos de verde e amarelo. O povo foi às ruas, mas de preto e em protesto.

No Senado, será apresentada uma representação contra Flávio Bolsonaro, no Conselho de Ética e o Judiciário do Rio de Janeiro mandou ampliar as investigações sobre ele. Tudo indica que essas duas frentes levarão à cassação do mandato e prisão dele.

A primeira dama Michelle Bolsonaro, por sua vez, deverá ser convocada para depor sobre os cheques recebidos de Fabrício Queiroz, que curiosamente está desaparecido, despertando suspeitas até de ter sido morto.

Paulo César Farias, homem de confiança de Fernando Collor de Melo, estava sendo investigado, na época, no chamado “Esquema PC”, por ser o homem forte da “ República de Alagoas”. PC Farias foi fuzilado junto com a namorada, num hotel em Maceió.

Ex-assessores de Jair Bolsonaro, também irão depor, para explicar como eram aplicadas as verbas de gabinete, quando Jair Bolsonaro era deputado federal.

Esse liame de relações perigosas com o dinheiro público e com “milicianos” suspeitos de envolvimento com o tráfico de armas fará a tempestade perfeita sobre Jair Bolsonaro nos próximos meses.

Ele sentiu que o pior está por vir. E já deve ter percebido que a “direita compenetrada” está tramando o descarte dele.

Por isso Jair está fora de si.

 

 

 

 

*Do Congresso em Foco/Laurez Cerqueira

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Outros poderes atuam para barrar o decreto do porte de armas editado por Bolsonaro

Especialistas explicam que atitude do presidente é inconstitucional e caracteriza abuso de pode.

O porte de armas no Brasil foi facilitado com a publicação do decreto nº 9.785 pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), no último dia 7 de maio. Outros poderes, entretanto, discordam da legalidade da medida tomada pelo Executivo.

O entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) é de que o decreto fere o Estatuto do Desarmamento.

O Ministério Público Federal (MPF), por sua vez, entrou com pedido de suspensão imediata à Justiça.

Além disso, uma iniciativa de senadores visa barrar o decreto do porte de arma com projeto a ser votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Para Felippe Angeli, especialista em relações internacionais do Instituto Sou da Paz, a atitude do presidente de alterar substancialmente o Estatuto fere a legislação.

“A lei [Estatuto do Desarmamento] aprovada pelo Congresso Nacional veda de forma muito expressa. O porte [de arma] é proibido em território nacional e ali estabelece algumas exceções. A presidência poderia regulamentar as exceções e não ampliar na questão do porte, como fez para várias categorias”, explica Angeli.

::Moradores de áreas rurais e diversas categorias terão porte de armas facilitado::

O especialista explica que a competência da presidência se dá somente no âmbito de detalhar e trazer interpretações, mas nunca alterar o conteúdo, como fez Bolsonaro com o decreto do porte de arma. Ele considera a atitude “completamente inconstitucional” e afirma que ela dá base para os pedidos de suspensão que já estão em vigor.

O principal ponto do decreto é a ampliação do porte de arma de fogo para quase 20 categorias profissionais, entre elas políticos, caminhoneiros, moradores de área rural e jornalistas de cobertura policial. Em pronunciamento, o presidente também incluiu atiradores esportivos, caçadores e praças das Forças Armadas.

Segundo João Telésforo, membro do Núcleo de Atuação Política do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), o Brasil detém recorde em homicídios com arma de fogo no mundo. Ele ressalta, porém, que os números poderiam ser bem maiores caso o Estatuto do Desarmamento não tivesse sido aprovado. A principal função do Estatuto foi atuar na diminuição de circulação de armas de fogo pelo país.

“A curva de crescimento se atenuou, o número elevado de mortes por arma de fogo no Brasil tem vários fatores, mas um deles é exatamente a facilidade de obter armas de fogo e o estatuto atenuou isso”, explica Telésforo.

Ele explica que as consequências de alteração do Estatuto pelo decreto de Bolsonaro podem sentenciar o país a mais mortes, e cita o risco de que os impactos do chamado “decreto da morte” aumentem a violência contra a mulher e conflitos no campo. Para o integrante do IBCCRIM, o governo Bolsonaro está dando carta branca para matar ao mesmo tempo em que está armando as pessoas.

::Decreto do porte de armas afronta Estatuto do Desarmamento, dizem técnicos do Senado::

Telésforo também adverte que a questão da ampliação do porte de arma vai muito além do ideal conservador. Ele se remete à atitude de submissão do presidente aos EUA e empresas estadunidenses.

“Estamos enfrentando interesses de grandes corporações. Não é simplesmente uma ideologia conservadora que está em jogo aqui. Está em jogo um interesse corporativo tentando sequestrar as decisões do estado brasileiro”, argumenta.

Para contrapor às tentativas de suspensão do decreto de Bolsonaro, Telésforo revela que há articulação da bancada da bala para apresentar um PL que amplie ainda mais porte de armas no campo.

O especialista entende que é preciso pressão popular, e explica que não “se pode depender somente das instituições nos dias de hoje”. Ele também aponta que é justamente o medo da pressão popular que provavelmente fez com que Bolsonaro caminhasse por “vias ilegais” ao tentar liberar o porte de armas, já que se seguisse o que determina a lei, seria necessário que o presidente encaminhasse um projeto de lei ao Congresso Nacional.

 

 

 

 

*Com informações do Brasil de Fato