Categorias
Política

Lula integra MST ao “Conselhão” do governo em meio à crise com o agro

Governo Lula vive uma crise na relação com o agronegócio, envolvendo a participação e patrocínio ao Agrishow. Setor é resistente ao MST.

Em meio à crise na relação com o agronegócio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) integrou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, o chamado “Conselhão”. A informação foi confirmada neste sábado (29/4) por Alexandre Padilha, ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), segundo o Metrópoles.

“O presidente Lula convidou o MST para o Conselhão e o convite foi aceito. O trabalho na agricultura familiar vai contribuir com políticas para a produção de alimentos saudáveis no nosso país”. disse Alexandre Padilha, no Twitter. O conselho foi formado em março para auxiliar o Executivo sobre políticas públicas.

O movimento acontece em meio à disputa envolvendo o governo federal e representantes do agronegócio, setor com alta resistência à atuação do MST por reforma agrária. Nesta semana, Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, foi “desconvidado” a participar da Agrishow, evento que contará com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na abertura.

Como retaliação, o governo federal cancelou o patrocínio do Banco do Brasil ao evento. Fávaro pretendia utilizar o evento para o lançamento oficial de uma linha de financiamento em dólar para o agronegócio, que será operada pelo BNDES, e para anunciar mais recursos para o Plano Safra deste ano. A feira começa em 1º de maio, em Ribeirão Preto (SP).

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Política

Ataques às escolas passam à violência digital e governo avança com medidas

Ministério da Justiça adota medidas para combater a violência nas escolas e a disseminação de ameaças nas redes sociais.

Os ataques às escolas de todo o país passaram a correr nas redes sociais de alunos, professores e pais, desta vez em forma de ameaças. Apesar de boa parte dos conteúdos serem falsos, as mensagens vêm gerando pânico entre a comunidade escolar. Diante do cenário, o Ministério da Justiça prepara medidas para combater esse tipo de disseminação.

Os falsos alertas de ataques em diversas escolas e universidades do país foram narrados por alunos, pais e professores nesta terça (11). Com medo, parte dos estudantes e inclusive professores deixaram de comparecer às aulas.

Em algumas instituições, os educadores narram encontrar alunos chorando ou em pânico, com medo de serem alvos dos ataques. Tanto a disseminação de conteúdos falsos, como ameaças pelas redes sociais são consideradas crimes.

A pena para os criadores e disseminadores de tais mensagens é de 15 dias a 6 meses de prisão, além de multas. Com diversas medidas já anunciadas nas últimas semanas, o Ministério da Justiça se prepara para também combater esse tipo de violência, a virtual, que vem afetando o ambiente escolar.

Nesta terça (11), o ministro Flávio Dino já havia publicado a liberação de R$ 150 milhões, em edital, para ser repassado a estados e municípios com o objetivo de combater a violência nas instituições de ensino.

Esses recursos contemplam patrulhas e rondas de segurança, mas também medidas de prevenção que devem ser estabelecidos pelas escolas, além de pesquisas e monitoramento do cenário. O edital estabelece que as medidas sejam aplicadas por, pelo menos, 2 anos, com os recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública.

A medida foi anunciada por Dino na comissão da Câmara dos Deputados, na manhã desta terça (11). Na Casa, o ministro foi alvo de constrangimento e ataques pelos demais temas tratados, como o decreto de armas e as falhas na segurança no dia 8 de janeiro.

Aos deputados, o ministro também falou sobre os ataques nas escolas: “Os projetos serão apresentados ao longo do mês.”

Ele afirmou que a pasta também estava dialogando com as plataformas de tecnologia, como as redes sociais, mas afirmou que enquanto “algumas colaboram muito, outras, infelizmente, menos que o necessário para a moderação dos conteúdos de ódio, violência e apologia de violência contra crianças e adolescentes”.

Ainda na noite desta terça, após os relatos da disseminação de ameaças online nos ambientes escolares, Dino também decidiu preparar uma portaria para criar condutas para enfrentar os ataques nas redes sociais e plataformas de tecnologia.

O objetivo, segundo o ministro, seria estabelecer medidas e critérios que essas empresas de tecnologia deverão seguir, a partir de então, para conter a disseminação desses tipos de mensagens e conteúdos de violência. A proposta ainda não foi detalhada e deverá ser anunciada em breve.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Opinião

O governo faz cem dias. A imprensa errou no período muito mais do que Lula

Reinaldo Azevedo*

O governo faz cem dias hoje. É bom ou é mau? Mais acertou do que errou ou o contrário? É verdade que lhe falta uma marca? É claro que os que me leem aqui no UOL ou me acompanham em “O É da Coisa” (BandNews FM), na Folha, no Podcast “Reconversa” e nas redes conhecem as respostas secas e objetivas para tais indagações. Mas quero aqui fazer um percurso com vocês. E começo lembrando que inexiste no empíreo uma ordem perfeita, de que a terrena seja um espelho deformado. Não há, no mundo das ideias, um governo arquetípico — que sirva de modelo, de padrão, de paradigma — para governos terrenos. Logo, dizer se uma gestão é boa ou má remete a uma questão de valores, critérios e desejos. A resposta não revela apenas algo do governo. Também diz muito do respondente: quer o quê?; gosta de quê?; dá importância a quê? A avaliação que mais vai contar, daqui a quatro anos, será a do povo, é claro! A mais influente nos cem dias é a da imprensa. E esta errou no seu ofício, na média e com as exceções de sempre, bem mais do que Lula no dele. Vamos lá.

O que é, para esse tal Reinaldo Azevedo, um bom governo? Respondo:
1 – fortalece o estado democrático e de direito, com especial atenção aos direitos humanos;
2 – busca fazer com que a democracia caiba na economia, para não descambar para o populismo, e com que a economia caiba na democracia, para dar resposta à obscena desigualdade que há no Brasil;
3 – olha também para o futuro, não se deixando consumir apenas pelas urgências da hora.

Fossem os cem dias um retrato antecipado do que serão os quatro anos, e eu não teria receio de afirmar: teremos um governo excelente. Mas vocês também sabem que não dou, assim, tanta atenção a esse negócio. No Brasil, poucas coisas mudam tanto quanto o passado, não é mesmo? Onde estão as vozes do Apocalipse que previram em novembro um déficit primário, neste ano, de R$ 260 bilhões? Hoje, projeta-se algo em torno de R$ 100 bilhões. E não que tenha havido algum formidável “fato novo”. O que se fez foi previsão errada mesmo. Porque vertida pelo fel da ideologia, do preconceito e de interesses contrariados fantasiados de apego à racionalidade.

MARCA DOS CEM DIAS
Os analistas, críticos, cronistas e opinadores fazem seus balanços. Também faço o meu. Com uma diferença em relação a alguns enfezados: exponho os meus critérios. Sei lá que diabo buscam com a tal “marca”. Li um texto, de involuntário apelo cômico, segundo o qual a de Bolsonaro foi, por exemplo, a privatização. É sério? Qual? Aquela da Eletrobras? Escrevi a respeito. “E a reforma da Previdência?” Goste-se dela ou não, foi herança do governo Temer. A ascensão do bolsonarismo atrasou a sua aprovação em quase um ano.

Esse governo apresentou uma proposta de “arcabouço fiscal” que, aprovado como está — e noto que críticos precipitados começam a se dar conta dos quilômetros de bobagens que escreveram —, entregará previsibilidade ao país, substituindo o teto de gastos, que já havia caducado há muito. Como a expectativa, e apontei isto aqui, era de que viria uma proposta vertendo keynesianismo ou desenvolvimentismo a cada vírgula — e observo que não estou demonizando tais palavras —, foi difícil fazer o cérebro abandonar o preconceito e pegar no tranco. “Onde está o corte de gasto?” De quais gastos? A imprensa tem de dizer, santo Deus! Até adolescente de Enem está obrigado a apresentar resposta para o problema que aponta. Mais: o corte que alguns querem fazer, seja qual for, passará pelo Congresso?

Se querem a uma “nova marca” em cem dias, podem me dizer por que o marco fiscal não serve? O que há de errado numa proposta que faz a despesa crescer necessariamente menos do que a receita e que, adicionalmente, mesmo que as vacas da arrecadação deem muito leite, impõe um teto para a expansão do gasto, mas também estabelece um piso para evitar o sucateamento dos aparelhos públicos em caso de dias ruins?

Anotem porque tem a sua graça: alguns medalhões do liberalismo e do conservadorismo estão sendo convocados para opinar sobre a proposta. E, ora vejam, estão gostando. Afinal, muitos deles têm lá suas convicções e ideologia, mas também têm uma biografia. A 5ª Série do Liberalismo Enfezado ficou pendurada na brocha.

Querem saber? Uma imprensa realmente responsável deveria, a esta altura, fazer a defesa do texto, tentando protegê-lo de interferências do Congresso que venham a desfigura-lo. Mas quê… A 5ª série queria fazer barulho.

1 – DEMOCRACIA, ESTADO DE DIREITO E DIREITOS HUMANOS
Um bom governo, segundo os critérios deste escriba, fortalece a democracia, o estado de direito, com ênfase especial nos direitos humanos. Estou nessa profissão há 37 anos. Numa mirada de décadas, acho verdadeiramente

assustador que, num balanço de cem dias, se dê tão pouca importância à forma como o governo enfrentou uma tentativa de golpe de Estado, com evidente infiltração nas Forças Armadas e nas Polícias — com o destaque conhecido da PM do Distrito Federal.

Poucos, ocupando a cadeira presidencial, teriam resistido à tentação de convocar as Forças Armadas para uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) — e não faltou quem aconselhasse o presidente a fazê-lo —, hipótese, então, em que o governo se tornaria, doravante, uma espécie de refém daquelas que não moveram um coturno para evitar a ocupação ilegal de áreas de segurança do Exército país afora, muito especialmente em Brasília. Lula sentiu o cheiro da desestabilização de seu governo e da tentativa de transformá-lo em boneco de mamulengo de obscuras vontades fardadas. E comandou a resistência civilista à ação golpista, em parceria com o Judiciário e com o Legislativo. Venceu os golpistas e trocou o comando do Exército. Em vez de se intimidar, fez valer a autoridade que lhe é conferia pela democracia e pela Constituição.

Observem: essa questão desapareceu dos tais “balanços”. Se, numa mirada de décadas, posso me assustar que a imprensa dê tão pouco destaque a essa questão, olhando a sua trajetória da Lava Jato para cá, bastante contaminada por correntes de pressão das redes, não há surpresa nenhuma. Ela se deixou contaminar, e não é pouco, pela confusão promovida pela extrema-direita entre crime e liberdade de expressão.

O novo governo assumiu, e fomos confrontados com o horror na Terra Yanomami. Por ação e omissão, promovia-se em Roraima o extermínio de um povo. E a indústria da morte e da destruição estava em curso em área que nem está “sub judice”. Não há pendengas de natureza legal sobre a reserva. Tratava-se apenas da expressão mais escandalosa e maligna do modo como as populações mais vulneráveis foram tratadas no governo de Jair Bolsonaro. Lula reestruturou a Esplanada também para que o governo para que indígenas, mulheres, negros, cultura, diversidade sexual e os excluídos de maneira geral tenham voz em ministérios. Lembro trecho do discurso de Silvio Almeida (Direitos Humanos) no dia da sua posse: “Por isso, permitam-me, como um primeiro ato, como ministro, dizer o óbvio, que, no entanto, foi negado nos últimos quatro anos. Trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, vocês existem e são valiosos para nós. Mulheres do Brasil, vocês existem e são valiosas para nós. Homens e mulheres pretos e pretas do Brasil, vocês existem e são pessoas valiosas para nós. Povos indígenas deste país, vocês existem e são valiosos para nós. Pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, travestis, intersexo e não-binárias, vocês existem e são valiosas para nós.”

Um governo que enfrentou e venceu o golpe; que interveio para pôr fim ao genocídio yanomami; que resolveu enfrentar a tara armamentista do bolsonarismo; que ousa dar voz a quem não tem, sem temer a indústria de difamação nas redes sociais, bem, meus caros, esse governo existe e é valioso para o Brasil.

2 – DEMOCRACIA E ECONOMIA
O secretário-executivo do Ministério da Economia, Gabriel Galípolo, foi criticado por muitos dia desses porque afirmou, ao defender o texto do arcabouço fiscal, que “a democracia deve caber na regra econômica”. Não vejo nada de errado na frase. Até porque, convenham, invertam-se os termos, e dá na mesma: também a regra econômica tem de caber na democracia, o que, por exemplo, não aconteceu durante o governo Bolsonaro. Jair Bolsonaro se aproveitou do seu particularíssimo entendimento com o Congresso e enfiou goela abaixo do Supremo duas PECs inconstitucionais — a dos benefícios sociais e a dos combustíveis — para tentar ganhar a eleição. O mixuruca superávit primário de Paulo Guedes custou a paralisia da máquina pública. O Orçamento que esses dois gigantes enviaram ao Congresso para 2023 previa R$ 34 milhões para o Minha Casa Minha Vida, cortava R$ 16 bilhões da Saúde e R$ 12 da Educação, reduzia Ciência e Tecnologia à miséria, entre outras delicadezas.

Sim, “a democracia tem de caber na regra econômica” porque é evidente que o atendimento às múltiplas carências do país sem olhar para as contas produz o efeito contrário ao pretendido. Mas isso não implica, por si, menos democracia. Também supõe que mudem regras, métricas, procedimentos, alocação de recursos. Não é isso o que propõe o novo arcabouço fiscal?

Pergunto: o então apenas presidente eleito não estava fazendo a “economia caber na democracia” quando propôs a PEC da Transição, numa articulação muito bem-sucedida com o Congresso, recebendo a crítica unânime da imprensa — que abrigou opiniões divergentes, mas sempre minoritárias —, o que classifico de mais um erro histórico?

Erro da imprensa, não do petista, que fique claro!

Nesses cem dias, não se está fazendo “a economia caber na democracia” — com evidente acento social — quando se refundam (esse é o verbo correto) o Minha Casa Minha Vida, o Bolsa Família, o Mais Médicos, o Programa de Aquisição de Alimentos? Acho absurda, escandalosa mesmo, a avaliação de que tais programas são velharias, mera reciclagem de antiguidades, um verdadeiro museu de novidades. Tal opinião desperta em mim o que chamo de “fascínio às avessas”, que é a estupefação. Quantos milhões de pessoas são atendidas eles? Qual foi o custo social da sua desestruturação (Bolsa Família), destruição (Minha Casa Minha Vida) ou abandono (Mais Médicos)? São programas com cheiro. De povo.

Naquela minha mirada de 37 anos de profissão, é surpreendente que a tese da velharia seja quase um consenso na grande imprensa. Olhando a trajetória dos anos recentes, infelizmente, nada há de surpreendente. Entendo que esses programas não devem ser nem velhos nem novos, mas permanentes. Parte da destruição do atendimento aos vulneráveis ajudou a fazer aquele superávit primário pilantra e mixuruca que tanto orgulho deu a Paulo Guedes.

Um governo que buscou, antes mesmo de tomar posse, fazer com que a democracia coubesse na economia, e a economia, na democracia é valioso para o Brasil.

3 – O FUTURO, ALÉM DA URGÊNCIA DA HORA
O presidente já conversou com 27 chefes de Estado em três meses, embarca amanhã para a China e vai participar da reunião do G7, o que já aconteceu entre 2004 e 2009, em dois primeiros mandatos. O Brasil volta a ser um ator importante no cenário mundial. Como esquecer o vácuo que se abriu em torno de Bolsonaro quando foi à reunião do G20, na Itália, em 2021. Transcrevo trecho da reportagem de Jamil Chade, neste UOL:
“Cada um deles [chefes de estado], ao entrar no local e antes da cúpula oficial começar, encontrava rapidamente um velho amigo, um aliado ou um parceiro comercial. Quando o brasileiro chegou, não teve opção: cruzou o salão e foi diretamente para uma mesa onde garçons serviam um café. Nesse trajeto, não foi cumprimentado por ninguém, não parou para apertos de mão. Com um dos garçons, puxou conversa: “Todo mundo italiano aí?”. Sem graça, o senhor que servia apenas fez um gesto positivo com a cabeça. Bolsonaro não desistia e falou de suas origens italianas. Mas não conseguia atrair a atenção dos garçons. Começou então a fazer uma piada com a final entre Brasil e Itália, na Copa de 1970. Ninguém entendeu.”

Lula continua a ser uma sensação no mundo, gostem ou não do que diz. De certo modo, Bolsonaro colaborou porque a vitória sobre a arruaça qualificou ainda mais o currículo do petista.

Há mais: a questão ambiental volta a ser prioridade. Nos cem dias, é um acerto e tanto. Tudo indica que isso servirá, vamos ver, para atrair investimentos que vão gerar emprego e renda. O país sai da condição de pária e volta a ser um dos principais interlocutores na questão da emergência climática. Não se trata apenas de coibir o desmatamento — e esse “apenas” quer dizer que não se resume a isso: o meio ambiente também é uma oportunidade de negócio e um compromisso com um novo desenvolvimento. “Ah, ainda não aconteceu…” Mas são cem dias apenas, certo?

ERROS
“Ah, então não há erros nesses cem dias, Reinaldo?” Aqui e ali, percebi mais erros de condução do que de fundamento. Eu definitivamente, não considero que Roberto Campos Neto é dotado da infalibilidade papal, por exemplo. Ou que a paridade de preços dos combustíveis aplicada pela Petrobras seja cláusula pétrea. Ou que se trata de um pecado mortal discutir taxa de juros mais baixas do BNDES — depende da atividade, não é? É ou não um banco de fomento? Trecho da Lei das Estatais tem de ser mesmo mudado porque inconstitucional. As críticas aos decretos sobre o marco do saneamento são mera escandalização do nada. Voltarei a esses pontos, marcados por crispação exagerada no noticiário, em outro texto. Este já vai longe.

Com todas as vênias aos que pensam de modo diferente, insisto: fossem os cem dias um prenúncio dos quatro anos, Lula se reelegeria ou elegeria alguém com os pés nas costas, seja por aquilo que já fez — e que terá desdobramentos — seja por aquilo que já encetou e que terá consequências. A imprensa, na média, errou e erra bastante:
– erra quando ignora, em seu balanço, a vitória sobre o golpe e suas consequências;
– erra quando ignora que o arcabouço fiscal já é marca dos cem dias;
– erra quando ignora a retomada da política de direitos humanos e de proteção aos vulneráveis;
– erra quando ignora que a reestruturação de programas sociais dá a necessária dimensão social à democracia;
– erra quando ignora a reinserção do Brasil no mundo.

Errou quando atacou a PEC da Transição e erra absurdamente quando busca estabelecer falsas simetrias entre petismo e bolsonarismo. Mas também isso é matéria para outro texto.

Afinal, essa imprensa, com todas as suas diferenças, quer o quê?, gosta de quê?, dá importância a quê?

Já disse o quero, do que gosto e a que dou importância.

*Uol

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Opinião

Governo não disputa narrativas; atém-se aos fatos e estes depõem contra Gabriela Hardt

Luís Costa Pinto*

Governo não disputa narrativas; atém-se aos fatos. E os fatos, senhoras e senhores, depõem contra a juíza-substituta Gabriela Hardt, da Justiça Federal do Paraná, que atuou na 9ª Vara com uma cronologia politicamente sintonizada ao relógio de factoides do senador Sérgio Fernandes Moro. De coadjuvante nas notas de rodapé da História, Moro escalou todas as janelas de oportunidade que o noticiário das viúvas do lavajatismo midiático abriram para ele na semana que passou. Porém, cabe aos vencedores a condução do roteiro e o ex-juiz declarado parcial (portanto, imoralmente suspeito) pelo Supremo Tribunal Federal tem um encontro marcado com a mídia – tanto com a “tradicional”, que lhe é simpática e parceira, quanto com a independente, que jamais se furtou os novelos narrativos de Moro e da Lava Jato em perspectiva de dúvida (e o destino revelou que estava certa ao fazer isso) – até o fim da tarde desta segunda-feira 27 de março, quando o político paranaense terá de explicar o que surgirá contra ele do depoimento do advogado Tacla Durán ao juiz da 13ª Vara Federal do Paraná, Eduardo Appio.

De onde pode chegar ao coração do enredo que turvou a política nos últimos dias? De Sua Excelência, O Fato. E ele emergirá do depoimento de Durán.

1. Por que Gabriela Hardt despachou numa ação de investigação que estava sendo conduzida no âmbito do estado de São Paulo e iniciada a partir de alertas desferidos pelo Gaeco da Polícia paulista e que já tinha tanto a Polícia Federal quanto as Polícias Legislativas da Câmara e do Senado no auxílio à turma de São Paulo?

2. Por que Hardt decidiu apressadamente assinar despachos que tramitam em sigilo desde janeiro, sem demérito algum para as condições de segurança dos ameaçados – rol do qual o amigo dela, Sérgio Moro, era novamente peça coadjuvante (como o é nos rodapés da História)?

3. Por que Hardt assinou a decisão 15 minutos depois de o presidente Lula, a quem tanto ela quanto o ex-juiz, e agora senador, consideram inimigos pessoais, ter dado vezo (em entrevista à TV 247, na última terça-feira 21 de março) a uma reminiscência dos tempos em que esteve preso indevidamente e injustamente por ordem de Moro e com a ajuda de despachos da própria juíza substituta?

4. Por que a ordem de ação que criou a Operação Sequaz foi protocolada em pouco mais de uma hora no e-Proc, o sistema judicial por meio do qual são protocoladas essas ações, estabelecendo quase um recorde operacional da Justiça?

5. Por que, menos de duas horas depois da decisão da juíza-substituta de ordenar as prisões e buscas e apreensões da Sequaz, numa investigação que ela “herdara” um dia antes ao substituir a titular da 9ª Vara, o senador Sérgio Moro foi às telas da emissora CNN para anunciar que “se houvesse ameaça” à sua família e se algo acontecesse à sua família, o presidente Lula seria culpado? Ao deixar as câmeras da CNN, o ex-juiz tuitou a mesma “advertência” em seus perfis de redes sociais.

6. Por que, na manhã seguinte, antes das 8h, quando a Polícia Federal já estava nas ruas em São Paulo e no Paraná dando consequência à Operação Sequaz, Moro novamente procurou os microfones e holofotes da mídia que lhe devedora e se pronunciou como “um dos alvos” e reforçou o que enxergava como responsabilidade do presidente – quando o presidente Lula, o governo dele, a Polícia Federal sob o comando do ministro Flávio Dino, que a conduz de forma republicana ao contrário do próprio Moro quando ocupou a pasta – nas ameaças do PCC?

7. Por que, logo depois de o presidente da República escorregar na retórica ao dizer que tudo podia ser “uma armação”, embora tivesse deixado claro que não desejava acusar ninguém sem provas (e deixar claro que esperava o levantamento de provas), a juíza substituta Gabriela Hardt levantou o sigilo de parte da Operação Sequaz, contrariando até orientações da PF e do Ministério Público que estão legitimamente preocupados com os potenciais alvos dos criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC)?

8. Por fim, por que bateu o desespero em Sérgio Moro e em seu ventríloquo que agora senta praça na Câmara dos Deputados e já foi procurador-chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, para ambos escalarem as redes sociais no sábado, 25 de março, ecoar mentiras, canalhices e ilações criminosas dando conta de elos entre o PCC e do Partido dos Trabalhadores – algo que nunca houve? Por que a mídia amoral e com agenda lava jato não lança mão da mesma intensidade e virulência com a qual assaca teses contra o Governo e a esquerda para cobrar de seus ídolos gasosos e fétidos, Moro e Dallagnol, por esse crime de disseminação de mentiras (fake news)?

A propósito e de forma oportuna, o Governo Federal iniciou neste fim de semana uma campanha de combate às mentiras disseminadas pelas redes sociais; pela internet. É a campanha #BrasilContraFake, que tem até essa hashtag específica e um espaço no portal Gov.br – o gov.br/brasilcontrafake – destinado a identificar mentiras como essas do senador Moro e de seu menino-prodígio da Câmara dos Deputados, Dallagnol a fim de encaminhar as medidas judiciais e investigatórias devidas quanto ao tema. Afinal, Governo não disputa narrativas; atém-se a Sua Excelência, O Fato. Moro, Dallagnol e Hardt não podem seguir agindo como se Brasília fosse Gotham City e eles, Batman, Robin e Batgirl. Correm o risco de passar a esse arremedo de roteiro como Charada, Pinguim e Arlequina.

*247

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Saúde

Brasil muda postura e amplia vacinação, enquanto país se aproxima da marca de 700 mil mortes pela covid

Ministério da Saúde estendeu para todo o grupo prioritário a aplicação da vacina bivalente como dose de reforço.

Dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) indicam que o Brasil registrou mais 328 mortes pela covid-19 dos dias 5 a 11. Assim, neste momento o país tem 699.634 óbitos oficialmente registrados, desde que a doença chegou ao país, em fevereiro de 2020. A última atualização do Conass é de terça (14), com 37,1 milhões de casos. Portanto, em uma semana – ou no máximo duas – o Brasil deve registrar a triste marca de 700 mil vítimas da doença.

O cenário, no entanto, é menos grave do que outrora. Para manter a doença sob controle, o Ministério da Saúde vem ampliando os esforços de vacinação. Nesse sentido, a pasta anunciou neste sábado (18) que estados e municípios já podem vacinar todo o grupo prioritário com as vacinas bivalentes. São vacinas mais modernas, preparadas com tecnologia específica para a variante ômicron do coronavírus e subvariantes.

A decisão ocorreu após reunião com representantes do Conass e do Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems). “Nós já temos todas as vacinas, e a gente pode adotar aquela estratégia em bloco, quer dizer, todo mundo que está no grupo prioritário pode comparecer à unidade de saúde, observando, na sua cidade, como está sendo essa chamada”, disse a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do ministério, Ethel Maciel.

Quem já pode tomar a bivalente?
Até o momento, estavam sendo vacinados idosos com mais de 70 anos, pessoas imunocomprometidas, funcionários e pessoas que vivem em instituições de longa permanência, indígenas, ribeirinhos e quilombolas. A partir de agora, também podem tomar bivalente os seguintes grupos:

  • Idosos de 60 anos ou mais de idade
  • Pessoas vivendo em instituições de longa permanência a
  • partir de 12 anos (ILP e RI) e seus trabalhadores
  • Pessoas imunocomprometidas a partir de 12 anos de idade
  • Indígenas, ribeirinhos e quilombolas (a partir de 12 anos de idade)
  • Gestantes e puérperas
  • Trabalhadores da saúde
  • Pessoas com deficiência permanente (a partir de 12 anos de idade)
  • População privada de liberdade e adolescentes em medidas socioeducativas
  • Funcionários do sistema de privação de liberdade

De acordo com o ministério, mais de 4,1 milhões de pessoas já tomaram o reforço com as vacinas

bivalentes. Para receber o imunizante, é preciso ter completado o esquema primário com as monovalentes e respeitar um prazo mínimo de quatro meses desde a última dose recebida.

Contraste

Nesta semana, o Ministério da Saúde informou, em nota, que perdeu quase 2 milhões doses de vacinas contra a covid-19. De acordo com a pasta, isso ocorreu em função do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro ter negado à equipe de transição informações sobre estoques e validade de vacinas.

“Ao todo, incluindo o quantitativo perdido em 2023, o desperdício de vacinas contra a covid-19 chegou a 38,9 milhões de doses desde 2021. Um prejuízo de cerca de R$ 2 bilhões aos cofres públicos”, informou o ministério. Segundo Ethel Maciel, a gestão anterior, que ficou marcada pelo negacionismo científico, não compartilhou dados sobre os estoques de vacinas com a equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

*Com RBA

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Política

Governo quer que plataformas digitais sejam responsabilizadas juridicamente por conteúdos publicados por terceiros

(Reuters) – As empresas donas de plataformas digitais precisam ser responsabilizadas pelo teor dos conteúdos que lhes rendem receitas, como publicidade, disse à Reuters nesta sexta-feira o secretário de Políticas Digitais do governo Lula, João Brant.

Brant defendeu a medida ao comentar a necessidade de mudanças no artigo 19 do Marco Civil da Internet, que exime as plataformas de responsabilidade jurídica “por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros”, a não ser quando houver uma ordem judicial específica para a remoção do conteúdo.

Para o secretário, o artigo 19 foi feito em um outro contexto e buscava a defesa da liberdade de expressão como “valor primordial” do debate público nas redes. Brant disse considerar “um pouco atípica” a falta de responsabilização das empresas “inclusive em conteúdo que são promovidos, monetizados ou apresentados como publicidade nas plataformas.”

“Deveríamos tratar de forma diferente: se a plataforma faz uma análise de uma publicidade, está ganhando dinheiro com ela, ela ter zero responsabilidade sobre aquele conteúdo é muito ruim”, disse.

O Supremo Tribunal Federal (STF) discute desde 2017 a constitucionalidade do artigo 19, a partir de uma ação apresentada pela Meta, dona do Facebook e do Instagram.

A plataforma questionou sua responsabilidade pela retirada de conteúdos sem decisão judicial após um caso envolvendo um perfil falso no Facebook. O STF marcou uma audiência pública para debater o tema, que está sob relatoria do ministro Dias Toffoli, para o dia 28.

Para Brant, o atual sistema “gera um incentivo para que as plataformas não cuidem do espaço público de debate.”

O secretário afirmou que o papel do governo é “propor mudanças na lei e trazer a avaliação do atual regime”.

“Se isso é uma discussão de constitucionalidade, é o STF que vai dizer”, disse.

ÓRGÃO REGULADOR

Segundo Brant, a prioridade de sua secretaria no momento é “pensar ações para impedir que as redes sejam usadas para difusão e promoção de crimes e conteúdo ilegal”, principalmente depois dos ataques ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro.

O secretário avalia que as plataformas devem ter “responsabilidade não pelo conteúdo individualmente, mas sobre o quanto elas estão sendo diligentes e cuidadosas com o ambiente digital.”

Brant disse que não há decisão sobre a criação de um órgão regulador das plataformas, mas entende que quem tiver a tarefa de fiscalizar a atuação das empresas deve “acompanhar se as plataformas estão cumprindo bem suas obrigações, e não ficar lidando com conteúdos individuais publicados pelos usuários. Isso deve ser função da Justiça.”

Brant também afirmou ser contra “soluções que levem a retirada em massa de conteúdo”.

“É preciso preservar a liberdade de expressão dos usuários, a liberdade do debate político, mas ao mesmo tempo é preciso garantir que não haja a disseminação maciça de conteúdos ilegais. O mundo inteiro busca esse equilíbrio”, disse.

O secretário também disse ser necessário “impedir abusos” na restrição a contas, especialmente de agentes públicos eleitos, como a suspensão por tempo indeterminado, mas que essa proteção não pode ser “uma licença para mentir e difundir conteúdos ilegais.”

“Do ponto de vista da moderação do conteúdo, não deveria haver nenhum tipo de privilégio (aos políticos)”, afirmou.

PL DAS FAKE NEWS É “INSUFICIENTE”

Brant também disse que o governo quer sugerir propostas ao projeto de lei 2630/2020, conhecido como “PL das Fake News”, por considerar que o texto atual é “insuficiente” para lidar com o ecossistema digital.

“É preciso entender que o projeto não é sobre enfrentamento à desinformação, é sobre transparência e outros temas de responsabilidade”, afirmou.

Para Brant, o projeto precisa ter “respostas mais consistentes para conteúdos ilegais”. O secretário citou o Ato dos Serviços Digitais, aprovado no ano passado pela União Europeia, ao defender uma avaliação de como o funcionamento das plataformas afeta direitos fundamentais e o sistema eleitoral.

“As propostas que levaremos ao relator são muito inspiradas na legislação europeia e passam por mecanismos de transparência, inclusive sobre sistemas de recomendação e transparência algorítmica. Passa por medidas de mitigação de risco e por auditorias externas”, afirmou.

Ainda segundo Brant, as sugestões do governo devem avançar sobre conteúdos que incitam crimes contra o Estado democrático de direito, terrorismo e racismo. Propostas sobre conteúdos que classificou como “nocivos”, como a desinformação, ainda “requerem soluções mais estruturadas e um debate público mais aprofundado”, defendeu o secretário.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse nesta semana que as propostas do governo ao PL das Fake News seriam apresentadas ao relator do projeto na Câmara dos Deputados, Orlando Silva, até esta quinta-feira.

Brant disse que as sugestões devem ser apresentadas “nas próximas semanas”, e o Ministério da Justiça informou, em nota, que “a reunião não aconteceu e não tem data definida ainda”.

*Com 247

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Educação

Moraes autoriza retorno de Ibaneis Rocha ao governo do Distrito Federal

Ibaneis estava afastado desde 9 de janeiro, por decisão do próprio Moraes, após os atos criminosos ocorridos em Brasília.

CNN – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta quarta-feira (15) o retorno de Ibaneis Rocha (MDB) ao comando do governo do Distrito Federal (DF).

Ibaneis estava afastado desde 9 de janeiro, por decisão do próprio Moraes, por conta dos atos criminosos feitos por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que provocaram destruição nos prédios do Congresso, do STF e do Palácio do Planalto, um dia antes.

Celina Leão (PP), que é apoiadora de Bolsonaro, é vice-governadora do DF, e estava no comando do Distrito durante o período de afastamento de Ibaneis. A decisão inicial de Moraes era de um afastamento por 90 dias.

A defesa do governador havia solicitado ao STF a revogação do afastamento. A Procuradoria-Geral da República (PGR) havia se pronunciado no sentido de entender que a volta ao cargo não iria prejudicar as investigações, como a colheita de provas, por exemplo.

“Os Relatórios de Análise da Polícia Judiciária relativos ao investigado não trazem indícios de que estaria buscando obstaculizar ou prejudicar os trabalhos investigativos, ou mesmo destruindo evidências, fato também ressaltado pela defesa e pela Procuradoria-Geral da República”, explicou o ministro.

Segundo o magistrado, com o andamento das investigações sobre os atos criminosos de 8 de janeiro, não estão mais presentes os requisitos para manter o afastamento, “sendo possível o retorno do investigado a função pública para a qual foi eleito”.

Ele também relembrou que a medida foi tomada à época dos ataques, quando foi destacada “omissão e conivência de diversas autoridades da área de segurança e inteligência, verificadas na ausência de policiamento adequado”.

Moraes também afirmou que as investigações continuarão, e o político poderá ser afastado novamente “de ofício ou a pedido das partes”, se houver razão para isso.

“O momento atual da investigação – após a realização de diversas diligências e laudos – não mais revela a adequação e a necessidade da manutenção da medida, pois não se vislumbra, atualmente, risco de que o retorno à função pública do investigado IBANEIS ROCHA BARROS JÚNIOR possa comprometer a presente investigação ou resultar na reiteração das infrações penais investigadas”, afirmou Moraes.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Política

Lula: “Se dependesse do governo, a desigualdade acabaria hoje por um decreto”

O presidente Lula emendou ainda que “nada justifica a desigualdade de gênero” e que “talvez a explicação esteja no receio dos homens de serem superados pelas mulheres”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (8/03) que “absolutamente nada justifica a desigualdade de gênero”. A declaração ocorreu durante evento do Dia Internacional da Mulher, onde foram anunciadas ações voltadas ao público feminino no Palácio do Planalto.

“Nada, absolutamente nada justifica a desigualdade de gênero. A medicina não explica, nem a biologia, nem a anatomia. Talvez a explicação esteja no receio dos homens de serem superados pelas mulheres. É isso que não faz sentido algum. As mulheres querem igualdade e não superioridade. E quanto mais as mulheres avançam, mais o país avança. Isso é bom para toda a população”, apontou.

Lula emendou que a violência contra a mulher é um problema mundial e citou estudo da ONU, que afirma que o mundo levará 300 anos para alcançar a igualdade entre mulheres e homens.

“A ONU acaba de divulgar um estudo sobre a disparidade de renda e a desigualdade entre homens e mulheres no mundo inteiro. E conclui que ela é ainda mais profunda do que imaginamos. A conclusão assustadora do estudo é que a humanidade levará 300 anos para alcançar a igualdade entre mulheres e homens se permanecerem as condições atuais. Não podemos aceitar que essas condições atuais sejam mantidas. A igualdade de gênero não virá da noite para o dia, mas precisamos acelerar esse processo”.

O chefe do Executivo disse ainda que se dependesse de seu governo, “a desigualdade acabaria por um simples decreto”.

“Se dependesse do nosso governo, a desigualdade acabaria hoje mesmo por um simples decreto. Mas é preciso mudar políticas, mentalidades e todo um sistema construído para perpetuar privilégios dos homens. E isso só é possível com muita luta. Nenhum dos avanços das mulheres foram dados de mão beijada, todos foram conquistados com muita luta”.

O petista citou ainda que as mulheres estiveram presentes nas grandes lutas do país e mencionou a ex-presidente Dilma Rousseff, presente na cerimônia.

“Quando falamos de enfrentamento à ditadura é preciso lembrar a companheira Dilma e tantas outras jovens mulheres que não fugiram à luta e pagaram um alto preço por isso. As mulheres tiveram protagonismo em vários momentos chave da nossa história recente. Redemocratização, anistia, Diretas Já e Constituintes. Mas, quando falamos de luta não falamos apenas de batalhas políticas, o que seria das Artes e da Cultura, se Carolina de Jesus, Elza Soares, Clarice Lispector, Beth Carvalho e Tarsila do Amaral e tantas outras mulheres extraordinárias que nasceram no nosso país”, disse.

“Imaginem quantas vezes Marta ouviu dizer que futebol era coisa de homem antes de se tornar um dos maiores nomes do futebol brasileiro de todos os tempos? Quantas vezes a cientista Jaqueline Góes de Jesus que mapeou o genoma do coronavírus precisou teimar até conquistar respeito? E quantos obstáculos Taciana Medeiros e Rita Serrano tiveram até chegar aos cargos máximos do Banco do Brasil e da Caixa?”, emendou, apontando que “o respeito às mulheres é valor negociável em todas as esferas do Executivo federal”.

Participaram do evento a primeira-dama Janja, a ex-presidente Dilma Rousseff, a presidente da Caixa, Maria Rita Serrano; a presidente do Banco do Brasil, Taciana Medeiros; a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; a ministra do Turismo Daniela Carneiro; a ministra do Esporte, Ana Moser; a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos; ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet; a ministra da Saúde, Nísia Trindade; a ministra da Cultura, Margareth Menezes e a ministra de Gestão e Inovação, Esther Dweck e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

*Com Correio Braziliense

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Uncategorized

Com programas sociais garantidos e R$ 23 bilhões para investir, Lula começará novo governo com força

BRASÍLIA (Reuters) – O Congresso Nacional concluiu nesta quarta-feira a aprovação da PEC da Transição, garantindo uma vitória ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva ao aumentar o teto de gastos no ano que vem em 145 bilhões de reais para o pagamento do Bolsa Família e garantir recursos para outros gastos.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi aprovada em dois turnos na Câmara e no Senado, para onde precisou voltar após mudanças feitas pelos deputados no texto que já havia sido aprovado pelos senadores no começo do mês. A PEC agora será promulgada.

O governo de transição pretendia que a PEC pudesse ampliar o teto de gastos em 145 bilhões de reais por dois anos, mas a ideia enfrentou resistências na Câmara, resultando na aprovação da exceção à regra fiscal somente para o ano que vem.

Além da expansão do teto, a emenda constitucional também abre margem de 23 bilhões de reais nas contas do próximo ano para investimentos, com base em parcela de excesso de arrecadação do governo.

O futuro ministro da Fazenda Fernando Haddad minimizou a redução do prazo, ponderando que isso se tornará “irrelevante” uma vez que o próximo governo pretende antecipar o envio ao Congresso de um novo arcabouço fiscal para definir as regras a partir de 2024.

Para Haddad, o prazo “não chega a ser negativo” para o próximo governo. “Só acelera o ritmo (de elaboração do novo arcabouço), vamos nos debruçar sobre isso com mais intensidade para poder remeter ao Congresso o quanto antes. Porque quanto antes eu encaminhar, menos pressão sobre o Congresso”, explicou, garantindo que a nova regra fiscal será “robusta” e “crível de que será cumprida”.

O texto-base da proposta foi aprovado em segundo turno na Câmara por 331 votos a 163. Por se tratar de uma mudança na Constituição, era exigido um mínimo de 308 votos entre os 513 deputados. Mais cedo, o plenário da Câmara havia concluído a votação da PEC em primeiro turno. Na véspera, o texto principal já havia sido aprovado por 331 votos a 168, e nesta quarta os deputados encerraram a votação dos destaques.

No Senado, as votações tiveram placar de 63 votos a 11 nos dois turnos. Eram necessários os votos de pelo menos 49 dos 81 senadores.

“Acabou servindo de um ‘piloto’ para verificar a consistência da base que pode dar sustentação para o próximo governo”, avaliou Haddad sobre a votação, acrescentando que a “extrema direita” ficou, pelos placares registrados durante as votações, restrita a 130 votos na Câmara. No entanto, um novo Congresso tomará posse em fevereiro após as eleições de outubro.

Sugerida pela equipe de transição de governo com o aval de Lula, a proposta garante margem de manobra orçamentária ao futuro governo e garante a execução de programas como o Auxílio Gás e o Farmácia Popular, além do Bolsa Família.

Aliados do presidente eleito e até mesmo o relator-geral do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI), afirmaram que não havia como dar continuidade a programas e serviços essenciais do Estado sem a aprovação da PEC.

Críticos da medida, que se referem a ela como PEC do “fura teto”, no entanto, avaliam que a proposta implica em um cheque em branco para o novo governo e traz riscos ao equilíbrio fiscal.

NEGOCIAÇÕES

Aprovada com folga pelo Senado em primeira análise no começo do mês, a PEC enfrentou maiores dificuldades na Câmara, ainda mais após o Supremo Tribunal Federal (STF) considerar inconstitucionais as emendas de relator, o chamado orçamento secreto.

A corte derrubou na segunda-feira o mecanismo de direcionamento de recursos sob a rubrica das emendas do relator-geral do Orçamento, criticado por muitos por ser utilizado para barganha política.

Os parlamentares decidiram então, mediante acordo, que os mais de 19 bilhões de reais reservados ao instrumento declarado inconstitucional serão repartidos entre emendas parlamentares individuais impositivas e recursos para ações do Executivo Federal. Na prática, essa última alteração dribla decisão do STF, deixando nas mãos do relator o poder de decisão sobre a destinação de parcela do Orçamento.

O julgamento do Supremo afetou os “humores” da Casa, levando Haddad a envolver-se diretamente nas negociações — até porque, segundo uma liderança parlamentar, a articulação política do próximo governo carecia de uma centralização.

Ainda assim, as negociações não impediram que os deputados optassem por reduzir o prazo de vigência da ampliação do teto, ainda durante a votação em primeiro turno da proposta. O texto enviado pelo Senado previa que a exceção duraria 2 anos, mas deputados decidiram autorizar o aumento do teto apenas para 2023.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Uncategorized

Militar alemão preso por complô para derrubar governo viveu em SC e tem empresas no Brasil

Alemanha prendeu 25 pessoas de grupo de extrema direita que planejava atacar Parlamento.

Um dos 25 presos em uma operação contra um grupo de extrema direita que planejava um ataque armado contra o Parlamento alemão, Rudiger Wilfred Hans Von Pescatore, de 69 anos, morou no Brasil e ainda mantém empresas ativas em Santa Catarina. O oficial aposentado do Exército seria integrante do “braço militar” do grupo terrorista.

De acordo com a imprensa alemã, Von Pescatore foi preso em Freiburgo, no sul da Alemanha, onde mora sua filha. Ele, no entanto, passava parte do tempo no Brasil.

Von Pescatore consta na Receita Federal como proprietário de duas empresas: a Solacera, com sede em Blumenau (SC) atua na área de energias renováveis; a Acera, situada em Pomerode (SC), é uma consultoria em gestão empresarial.

Segundo a Deutsche Welle, Von Pescatore escreveu, em 2019, comentários na página de um agitador de ultradireita alemão. Na ocasião, ele pediu a eliminação de “maçons”, disse que “a verdade só estará acessível à humanidade após a mudança do sistema” e mandou “saudações do Brasil”.

O jornal britânico The Guardian afirmou que Von Pescatore foi descrito pelos promotores como o aspirante a líder do “braço militar” do grupo terrorista. O ex-oficial foi comandante do batalhão de paraquedistas 251. Ele teria sido expulso do Exército devido à venda não autorizada de armas dos estoques do antigo Exército da Alemanha Oriental.

Operação

Quase 3 mil agentes das forças de segurança foram mobilizados em toda a Alemanha em mais de 130 operações de busca e apreensão, na maior operação antiterrorista da história recente do país.

Os detidos, que tinham ligações com o movimento Reichsbürger (Cidadãos do Reich), são suspeitos de “preparativos concretos para entrar de maneira violenta no Bundestag com um pequeno grupo armado”, informou um comunicado do Ministério Público. O Cidadãos do Reich é um movimento não hierárquico, cuja ideologia se baseia no regime imperial alemão de antes da Primeira Guerra Mundial e rejeita as estruturas democráticas da República Federal estabelecida em 1949.

Entre os 25 suspeitos presos pelas autoridades da Alemanha por tramarem a derrubada do governo do país, o nome do príncipe Heinrich XIII de Reuss, de 71 anos, chamou atenção. Descendente de uma família aristocrática que já chegou a governar territórios alemães, Heinrich XIII seria o novo chefe de Estado caso o plano de golpe tivesse sucesso, segundo as investigações da polícia alemã.

*Com O Globo

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição