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Interesses energéticos e geopolíticos de Israel e do Ocidente estão em jogo no conflito em Gaza

Recursos naturais pertencentes aos palestinos e tentativa de fortalecer rota comercial alternativa ao projeto chinês de Nova Rota da Seda são alguns dos fatores que determinam as decisões dos atores globais envolvidos na disputa.

Cerca de um mês antes da atual ofensiva israelense a Gaza – mais precisamente nos dias 9 e 10 de setembro, durante a cúpula do G20, realizada em Nova Delhi, capital da Índia – o primeiro-ministro anfitrião, Narendra Modi, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente norte-americano Joe Biden anunciaram o lançamento do projeto de “Parceria para o Investimento em Infraestruturas Globais”, com o objetivo de acelerar o comércio entre a Índia e a Europa em 40%.

Este é apenas um dos elementos que chama a atenção no que diz respeito às coincidências entre as mudanças que o novo conflito no Oriente Médio tende a gerar, tendo em vista os avanços israelenses no território palestino, e os interesses geopolíticos de Tel Aviv e seus principais aliados, que buscam fortalecer uma iniciativa rival ao projeto chinês de Cinturão e Nova Rota da Seda, com o qual Pequim tenta ligar a Ásia Oriental ao Mar Mediterrâneo, através de portos no Irã, Iraque e Síria.

Deve-se levar em conta, porém, o interesse tanto de Israel quanto dos Estados Unidos em usar o projeto acima referido como oferta para negociar uma possível normalização das relações entre Israel e os Estados do Golfo, que é uma das condições essenciais para a sua realização. E também o antigo desejo do governo de Benjamin Netanyahu de apropriar dos recursos naturais existentes no território palestino.

As reservas de óleo e gás da Palestina, na bacia do Levante, são bem conhecidas e estimadas. Israel vem explorando essas reservas há algum tempo, aproveitando o bloqueio imposto a Gaza, e deve começar em breve a produzir – as reservas de óleo recuperáveis no mar territorial palestino podem chegar a mais de 500 mil milhões de dólares. Países como Israel parecem achar que é muito dinheiro nas mãos dos palestinos. As autoridades israelenses estão tão seguras de si, que vêm negociando esses acordos há anos.

O pano de fundo de quase tudo o que se passa no Oriente Médio ainda se trata da energia. Em 29 de outubro deste ano, o Ministério de Energia de Israel disse que concedeu 12 licenças a seis empresas para explorar gás natural na costa mediterrânea do país, com o objetivo de criar mais concorrência e diversificar fornecedores. As concessões de licença, que ocorreram no momento em que o conflito Israel-Hamas entrava em sua quarta semana, incluíram um grupo liderado pela italiana Eni (ENI.MI), juntamente com a Dana Petroleum e a israelense Ratio Energies (RATIp.TA), que explorará uma área a oeste do enorme campo Leviatã, que fornece gás a Israel e também é usado para exportação. Em junho de 2019, parceiros no gigante campo de gás Leviatã, na costa de Israel, assinaram um acordo de fornecimento de gás de US$ 700 milhões com a Israel Electric.

Um estudo recente da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) aponta que as novas descobertas de gás natural na Bacia do Levante estão na faixa de 122 trilhões de metros cúbicos, enquanto o petróleo recuperável é estimado em 1,7 bilhões de barris. Essas reservas oferecem uma oportunidade de distribuir e compartilhar cerca de US$ 524 bilhões entre as diferentes partes da região.

A ocupação militar israelense dos territórios palestinos desde 1967 e o bloqueio da Faixa de Gaza desde 2007 impediram que o povo palestino exercesse qualquer controle sobre seus próprios recursos de combustíveis fósseis, negando-lhes as receitas fiscais e de exportação tão necessárias e deixando a economia palestina à beira do colapso.

Os custos econômicos infligidos ao povo palestino sob a ocupação estão bem documentados: restrições rígidas ao movimento de pessoas e mercadorias; confisco e destruição de propriedades e bens; perda de terra, água e outros recursos naturais; um mercado interno fragmentado e separação dos mercados vizinhos e internacionais; e a expansão dos assentamentos israelenses que são ilegais de acordo com a lei internacional.

O povo palestino também exerce apenas um controle limitado sobre seu espaço e política fiscal. De acordo com as estipulações do Protocolo de Paris sobre Relações Econômicas, Israel controla a política monetária, as fronteiras e o comércio da Palestina. Também cobra taxas alfandegárias, IVA e impostos sobre a renda dos palestinos empregados em Israel, que depois são repassados ao governo palestino.

A UNCTAD calcula que, sob a ocupação, o povo palestino perdeu US$ 47,7 bilhões em receitas fiscais no período de 2007 a 2017, incluindo as receitas vazadas para Israel e os juros acumulados. Em comparação, os gastos do governo palestino com desenvolvimento no mesmo período foram de aproximadamente US$ 4,5 bilhões.

O fechamento prolongado e as operações militares recorrentes em Gaza deixaram mais da metade da população do território vivendo abaixo da linha da pobreza e custam US$ 16,7 bilhões em PIB perdido anualmente. Esse número não leva em conta o enorme custo de oportunidade de impedir que o povo palestino use seu campo de gás natural na costa de Gaza.

Middle East Eye
Disputa pelos recursos naturais presentes no território palestino está em jogo em atual conflito no Oriente Médio
O Acordo Provisório Israelense-Palestino de 1995 sobre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, conhecido como Acordo de Oslo II, concedeu à Autoridade Nacional Palestina (ANP) jurisdição marítima sobre suas águas até 20 milhas náuticas da costa. A ANP assinou um contrato de 25 anos para exploração de gás com o British Gas Group em 1999, e um grande campo de gás, o Gaza Marine, foi descoberto entre 17 e 21 milhas náuticas da costa de Gaza no mesmo ano.

No entanto, apesar das discussões iniciais entre o governo israelense, a ANP e a British Gas sobre a venda de gás desse campo e o fornecimento da tão necessária receita para os territórios palestinos ocupados, os palestinos não obtiveram nenhum benefício.

Desde o bloqueio de Gaza em 2007, o governo israelense estabeleceu um controle de fato sobre as reservas de gás natural offshore de Gaza. Desde então, a empresa contratada, a British Gas, tem negociado com o governo israelense, ignorando efetivamente o governo palestino em relação aos direitos de exploração e desenvolvimento.

Israel também assumiu o controle do campo de petróleo e gás natural de Meged, localizado dentro da Cisjordânia ocupada. Israel afirma que o campo fica a oeste da linha de armistício de 1948, mas a maior parte do reservatório está situada sob o território palestino ocupado desde 1967. Mais recentemente, Israel começou a desenvolver novas descobertas de petróleo e gás no Mediterrâneo Oriental, exclusivamente para seu próprio benefício.

Ao se apoderar e explorar os recursos palestinos de petróleo e gás, Israel está agindo em violação à lei e ao princípio das Regulamentações de Haia, da Quarta Convenção de Genebra e de um conjunto de leis internacionais humanitárias e de direitos humanos que tratam da exploração de recursos comuns por uma potência ocupante, sem levar em conta os interesses, os direitos e as ações da população ocupada. Uma participação justa nas receitas de petróleo e gás poderia proporcionar aos palestinos um financiamento sustentável para investir em reconstrução, reabilitação e recuperação econômica de longo prazo. A alternativa é que esses recursos comuns sejam explorados individual e exclusivamente por Israel e se tornem mais um motivo para o conflito.

Por ora, a motivação imediata por parte de Israel parece estar no cumprimento do que foi iniciado no século passado. A bacia está dividida entre o Egito e Israel, e isto implica no simples fato de que o Egito pode estar “costurando por fora” um acordo com Israel também, não é difícil pensar nisso quando há na mesa uma quantidade exorbitante de dinheiro e não há indiferença. Gaza é uma faixa litorânea com 80 km de comprimento, diante do exposto, não é distante a possibilidade de surgirem geógrafos para argumentar linhas que evidenciem que a bacia não é de território palestino e com isso justificar mais incursões militares. Geólogos e economistas de recursos naturais confirmaram que o Território Palestino Ocupado encontra-se sobre grandes reservatórios de petróleo e gás natural, na Área C da Cisjordânia ocupada e na costa mediterrânea da Faixa de Gaza. No entanto, este problema envolve também o Líbano, ainda que supostamente a disputa tenha sido “resolvida” na Organização das Nações Unidas (ONU), mas não antes de Israel ameaçar ir à guerra por “suas reservas”. O campo de gás natural Leviatã está localizado na Bacia do Levante, no Mar Mediterrâneo.

O campo é de propriedade conjunta da Ratio Energies, da Chevron Mediterranean e da NewMed Energy, com participações de 15%, 39,66% e 45,34%, respectivamente. A Chevron se tornou a operadora do campo com a aquisição da Noble Energy, a operadora anterior do campo, em junho de 2020.

A Noble Energy obteve aprovação para o plano de desenvolvimento do campo do Ministério de Infraestrutura Nacional, Energia e Recursos Hídricos de Israel em junho de 2016. A decisão final de investimento no desenvolvimento da Fase 1A do campo, no valor de US$ 3,75 bilhões, foi tomada em fevereiro de 2017. A primeira produção da Fase 1A começou em dezembro de 2019. A Fase 1B do campo Leviatã aumentará a capacidade de produção de gás do campo de 12 bcm por ano para 21 bcm por ano. Os parceiros atribuíram ao projeto um orçamento de US$ 96,4 milhões para a execução da engenharia e do projeto preliminar de front-end (pré-FEED) em fevereiro de 2023. O desenvolvimento do campo Leviatã está alinhado com a visão do Ministério de Energia de Israel de substituir o carvão como combustível de geração de eletricidade até 2025.

Localização
O campo de gás Leviatã fica a 1.645 m de água na Bacia do Levante, a aproximadamente 130 km a oeste de Haifa, Palestina. Ele faz parte das licitações de Rachel e Amit e cobre uma área de 330 km². Na época da descoberta, o campo de gás Leviatã era o campo mais proeminente já encontrado na área subexplorada da Bacia do Levante, que abrange cerca de 83.000 km² da região leste do Mediterrâneo. Em relação às questões de fronteira marítima entre o Líbano e Israel sobre o campo de gás, o Líbano considerou que os campos de gás Leviatã e Tamar se estendiam ao território libanês e alegou que Israel estava ignorando esse fato. Israel retaliou ameaçando usar a força para proteger suas descobertas de gás.

Contudo, Tel Aviv continua impedindo que os palestinos desenvolvam seus campos de energia para explorar e se beneficiar de tais ativos. Dessa forma, foram negados ao povo palestino os benefícios do uso desse recurso natural para financiar o desenvolvimento socioeconômico e atender à sua necessidade de energia. As perdas acumuladas são estimadas em bilhões de dólares. Quanto mais tempo Israel impedir os palestinos de explorar suas próprias reservas de petróleo e gás natural, maiores serão os custos de oportunidade e os custos totais da ocupação suportados pelos palestinos.

As disputas e tensões envolvendo petróleo e gás natural não podem ser separadas do contexto político que as envolve e do fato de que o período em que as descobertas de gás natural foram feitas coincidiu com vários acontecimentos políticos importantes na região. O contexto político se cruza em muitos pontos cruciais com os desenvolvimentos dos recursos de petróleo e gás natural e, portanto, complica uma situação política já complexa. Ignorar essas complexidades só pode prejudicar a análise de muitos determinantes cruciais.

*Opera Mundi

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Sem poder sequestrar a verdade, mais uma vez Israel perde a principal batalha, a da mentira

Não tem como Israel suprir a lacuna de uma narrativa derrotada, que sempre foi sua principal arma na manipulação e apoio mundial. Mais que isso, o limbo é um lugar quentinho para o mentiroso desmascarado viver o resto da vida.

Ou seja, acabou o amor, e a carência dolorosa de apoio de populações inteiras tem produzido uma solidão gélida, bastante numerosa contra o massacre em Gaza, um genocídio perpetrado pelo exército terrorista de Israel.

Não há apelo, não há arrego capaz de enfrentar a verdade por sua própria personalidade. Nem o dengo institucional que os sionistas sempre gozaram no mundo conseguiu reverter a transformada e transfigurada imagem que o mundo tem de Israel. Mais que isso, não existem freios sociais, políticos, religiosos que mudem o espírito público no mundo, hoje, abertamente avesso aos sionistas, considerados unanimamente como devoradores da vida de crianças.

Na verdade, Israel enfrenta um vulcão de desinibição crítica, recebendo um tratamento dos piores do mundo pelo sofrimento de civis, sobretudo mulheres, crianças, bebês e idosos.

Hoje, o Estado de Israel se transformou em terrorismo, berrado nos quatro cantos do planeta. Essa conclusão está penetrada na alma dos povos.

Assim, sobrou uma tentativa tola de censurar, através de uma ficção funesta, qualquer artigo que desagrade os sionistas, o que dá uma imagem ainda mais sarcástica a quem se achava absolutamente intocável, porque mantinha na gaveta a verdade concreta dos fatos, que é uma tara compulsiva pelo assassinato e roubo das casas e das terras do povo palestino.

É um desperdício total especular sobre o que acontece hoje em Gaza, porque as linhas críticas, traçadas de forma aguda mundo afora, consolidam-se ainda mais, deixando claro que o planeta perdeu a paciência com os interesses por trás das fronteiras que se manifestam a partir da brutalidade neofascista de conteúdo absolutamente tirano do Estado de Israel.

Concluindo, nunca mais o conto dos sionistas se estabelecerá no mundo, e isso já foi entendido por eles e, por isso, estão em pânico piorando ainda mais a explosão de críticas que vêm sofrendo na relação francamente oposta ao resto do mundo.

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No primeiro acordo da trégua no Oriente Médio, 63 pessoas são libertadas entre reféns do Hamas e palestinos presos em Israel

Após um mês de tensas negociações, o acordo feito entre Hamas e Israel levou à libertação nesta sexta-feira (24) de 63 pessoas, entre israelenses e palestinos. A trégua tem duração prevista quatro dias.

O Hamas libertou nesta sexta-feira (24) o primeiro grupo de reféns. No total, 24 pessoas foram libertadas – 13 mulheres e crianças israelenses, como previsto pelo acordo, além de 10 cidadãos tailandeses e 1 filipino, soltos após negociações paralelas com os governos desses países.

Em troca, Israel colocou em vigor a trégua de quatro dias nos bombardeios e libertou 39 palestinos que estavam presos no país desde antes do início da guerra. O Ministério de Relações Exteriores do Catar, que fez a intermediação do acordo, confirmou todas as libertações.

A negociação foi feita de forma secreta durante mais de um mês e intermediada pelo Catar e pelos Estados Unidos.

Os reféns libertados pelo Hamas foram entregues por membros do Hamas a agentes da ONG Cruz Vermelha, que coordenou a operação.

O grupo, que estava sob poder do Hamas em Gaza, foi sequestrado durante os ataques do grupo terrorista ao sul de Israel, em 7 de outubro.

Por volta do meio-dia no horário de Brasília, os cidadãos entregues pelo Hamas atravessaram a fronteira entre Gaza e o Egito pela cidade de Rafah, a mesma por onde brasileiros que estavam no território palestino cruzaram há pouco mais de dez dias.

Na fronteira, ainda na parte de Gaza, palestinos aplaudiram e sorriram quando o grupo passou, diante da perspectiva de que a devolução dos reféns signifique também que a trégua, para o lado deles, estava mesmo em vigor.

Já no Egito, em um local não divulgado, helicópteros do exército Israel receberam o grupo, que foi atendido por médicos e especialistas em comunicação com reféns. Eles então foram levados de volta ao território israelense. Eles vão ficar 48 horas em hospitais em Israel. Os reféns da Tailândia e das Filipinas que foram libertados também seriam conduzidos a Israel para atendimento em hospitais e, de lá, de volta a seus países.

Em Tel Aviv, centenas de pessoas aguardava para recepcionar os reféns israelenses. Na Cisjordânia, uma multidão também aguardava na frente de um presídio em Ramala pela libertação dos 39 palestinos presos.

Nos próximos dias, mais reféns serão libertados. O acordo prevê que o Hamas solte mais de 50 reféns, em troca da trégua temporária nos ataques, que começou na madrugada desta sexta, e da soltura de prisioneiros palestinos, que já estavam detidos antes de a guerra começar.

Palestinos que estavam presos

O primeiro grupo de 39 palestinos presos, entre eles adolescentes, foi solto nesta sexta. Eles foram transferidos de diferentes presídios onde estavam, todos na Cisjordânia, e levados a um centro penitenciário da cidade de Ramala para, de lá, serem libertados.

O porta-voz do ministério catari, Majed Al-Ansari, confirmou que os palestinos foram libertados.

Catar e Egito monitoram cumprimento a acordo

O acordo começou a vigorar às 7h no horário local (2h em Brasília). O cessar-fogo vale no norte e no sul de Gaza, informou o Ministério das Relações Exteriores do Catar, que mediou o acordo. O Hamas confirmou em seu canal no Telegram que todas as hostilidades de suas forças vão cessar.

O Catar disse que uma sala de operações em Doha vai monitorar a trégua e a libertação dos reféns, e que mantém linhas diretas de comunicação com Israel, com o escritório político do Hamas em Doha e com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

O Egito, que também está envolvido na mediação, recebeu listas de reféns e prisioneiros que devem ser libertados e pediu a ambos os lados que respeitem o acordo, disse Diaa Rashwan, chefe do serviço

Relembre o que aconteceu

Em 7 de outubro, homens armados do grupo terrorista Hamas atravessaram a cerca da fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel, mataram 1.200 pessoas e capturaram cerca de 240 pessoas, de acordo com os israelenses.

Nesse mesmo dia, Israel declarou guerra ao Hamas e começou a atacar a Faixa de Gaza. Cerca de 13 mil habitantes de Gaza foram mortos pelos bombardeios israelenses, cerca de 40% deles crianças, segundo autoridades de saúde palestinas, ligadas ao Hamas (esses números não foram checados por alguma entidade independente).

Os serviços de saúde palestinos disseram que tem sido cada vez mais difícil manter uma contagem atualizada, pois o serviço de saúde tem sido prejudicado pelos bombardeios israelenses.

 

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Enfim, a cobertura da nossa gloriosa mídia sobre o massacre de Israel na Palestina, é o escárnio do escárnio.

A dita mídia brasileira tem feito um dos trabalhos mais sujos contra a população da Palestina em homenagem ao terrorismo do exército de Israel.

De cara, a mídia cita os palestinos como os próprios terroristas, além da islamofobia racista que martela todas as vezes que pode.

A manipulação da mídia sobre o massacre de Israel, que assassinou mais de seis mil crianças, é um caso a parte. Nenhuma criança palestina morre nas notícias do JN e nas manchetes dos jornalões. Quando muito, os folhetins sionistas dispensam duas palavras protocolares sobre.

É um festival de manipulação de tripla ação. Desinforma a população brasileira, vitimiza os sionistas e reconhece o “direito de autodeterminação” do colonialismo de Israel.

Tudo junto e misturado. Aliás essa é a técnica. Dar informação confusa para ser confusamente entendida.

Para a mídia, o povo da Palestina, não é gente, é bicho selvagem. Portanto, não tem cultura, culinária, família. Não tem nada de uma sociedade normal. Já Israel, é a própria imagem do céu na terra.

Tudo é mostrado como o paraíso sionista e, quem não acha o mesmo, é islamofóbico.

Enfim, a cobertura da nossa gloriosa mídia sobre o massacre de Israel na Palestina, é o escárnio do escárnio.

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Israel fecha acordo com o Hamas pela libertação de 50 reféns

Em troca da libertação de 50 reféns, o governo de Israel concordou com um cessar-fogo temporário e com a libertação de prisioneiros.

O governo de Israel aceitou um acordo pela libertação de 50 reféns capturados pelo Hamas e por outros grupos extremistas da região. O anúncio ocorreu na madrugada de quarta-feira (22/11) no horário local do Oriente Médio, diz o Metrópoles.

O acordo prevê que, em troca das libertação de parte dos reféns capturados em Israel, que o governo israelense liberte prisioneiros palestinos e que promova uma pausa humanitária na Faixa de Gaza. As tratativas contaram com a mediação do Catar.

O acordo, conforme divulgou a mídia israelense, ainda prevê que a Cruz Vermelha tenha acesso aos reféns que não estarão entre os que serão libertados. Embora o acordo contemple 50 reféns, o número total de capturados nas mãos dos extremistas é estimado em 239 pessoas.

A proposta submetida às autoridades de Israel prevê que sejam libertadas 30 crianças e adolescentes, oito mães e 12 mulheres.

O acordo é anunciado após uma série de reuniões governamentais na noite desta terça (horário de Israel). Em meio às negociações pela libertação de reféns, o primeiro-ministro consultou o Gabinete de Guerra, o Gabinete de Segurança e reuniu o governo para tratar do assunto.

A guerra entre Israel e o Hamas chega ao 46º dia nesta terça. O conflito teve uma escalada histórica no último dia 7 de outubro, quando o grupo extremista promoveu um ataque surpresa ao ataque israelense. Desde então, Israel promove bombardeios e incursões na Faixa de Gaza.

A decisão de Israel de aceitar o acordo com o Hamas ocorre em um momento em que o país é pressionado por agir em prol da libertação dos reféns. Na última semana, familiares dos reféns iniciaram manifestações para demandar medidas de Netanyahu.

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Israel teria matado seus próprios cidadãos no 7 de outubro?

Para enfrentar os combatentes do Hamas, Alto Comando israelense teria implementado ordem que instrui tropas a matarem soldados antes que fossem levados reféns.

Carlos Fazio
La Jornada

Tudo indica que a ferocidade genocida do governo de ultradireita do Likud, nesta conjuntura, atinge os seus próprios cidadãos, incluindo soldados, agentes dos serviços secretos e civis. À medida que as horas e os dias passam, novos depoimentos de testemunhas israelitas parecem confirmar que, atingidos ainda pelos militantes do Hamas em 7 de outubro, os comandantes militares israelitas recorreram à artilharia pesada – incluindo tanques e helicópteros de ataque Apache – para enfrentar e neutralizar os insurgentes, teria mesmo implementado o chamado procedimento de Aníbal, que instrui as tropas israelitas a matarem os seus colegas soldados antes de permitirem que sejam levados em cativeiro para serem trocados por prisioneiros palestinos.

Terá sido esta a razão do auto ataque à enorme instalação militar israelita no cruzamento de Erez, sede da Coordenação das Atividades Governamentais nos Territórios Ocupados (Cogat), que funciona como centro nevrálgico do cerco israelita a Gaza, e também a residências no Kibbutz Be’eri e arredores que tinham sido tomadas pelas Fedayeen, bem como a veículos que regressavam a Gaza (com supostos combatentes e reféns) do festival de música eletrônica Nova.

Citando informações de meios de comunicação social israelitas, como o jornal Haaretz, Mako, Radio Israel, Yedioth Aharanoth (o maior jornal de língua hebraica publicado em Tel Aviv) e a conta de telegrama South Responders, jornalistas de investigação como Max Blumenthal e Jonathan Cook, tal como Robert Inlakesh e Sharmine Narwani em The Cradle, desmontaram e denunciaram a propaganda de guerra do regime supremacista de [Benjamin] Netanyahu, incluindo a tirada do embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, em 26 de outubro, que, usando uma estrela amarela presa ao peito com a legenda “nunca mais”, gesticulou e gritou furiosamente no pódio que o seu país estava a lutar contra os animais, antes de exibir um pedaço de papel com um QR code a legenda: “Escaneie para ver as atrocidades do Hamas”.

No entanto, de acordo com os testemunhos e a análise das informações e dos vídeos que circulam nas redes sociais e nos meios de comunicação israelitas, incluindo oito imagens macabras de corpos queimados e enegrecidos, bem como uma pilha de cadáveres masculinos carbonizados num contêiner, encontrados após a leitura do código apresentado por Erdan na ONU, em vez de provarem as alegadas atrocidades do Hamas, levantam questões como a colocada por Max Blumenthal em The Grayzone: “teriam os socorristas e os médicos (forenses) eliminado os judeus israelitas mortos (a 7 de outubro) desta forma? Além disso, 12 horas depois da teatralidade de Erdan na ONU, o arquivo do Google Drive continha apenas um breve vídeo e, entre as fotos misteriosamente desaparecidas, estava a imagem do contêiner cheio de cadáveres carbonizados. Blumenthal pergunta: “foi apagada porque mostrava combatentes do Hamas a serem queimados por um míssil Hellfire, e não israelitas ‘queimados até à morte’ pelo Hamas?”

Mas, sem dúvida, o que parece ser a operação de fogo amigo mais singular é a que ocorreu no quartel-general da Divisão de Gaza do Exército israelita, sede do Cogat, depois de este ter sido invadido por milicianos do Hamas e da Jihad Islâmica palestina. As imagens de vídeo das câmaras GoPro, alegadamente montadas nos capacetes dos combatentes palestinos, mostram soldados israelitas a serem abatidos em rápida sucessão, muitos deles ainda em roupa interior.

Blumenthal refere que foram mortos pelo menos 340 soldados da ativa (incluindo alguns burocratas a serviço da administração civil) e oficiais dos serviços secretos (cerca de 50% das baixas confirmadas nesse dia), incluindo oficiais superiores como o coronel Jonathan Steinberg, comandante da brigada Nahal de Israel.

Segundo o Haaretz, o comandante da Divisão de Gaza, o Brigadeiro-General Avi Rosenfeld, “entrou na sala de guerra subterrânea (do quartel) juntamente com um punhado de soldados (incluindo pessoal feminino), tentando desesperadamente salvar e organizar o setor atacado”. O general Rosenfeld terá sido forçado a pedir um ataque aéreo contra a própria base (no cruzamento de Erez) para repelir os terroristas. O jornal refere que muitos soldados, que não eram combatentes, foram mortos ou feridos no exterior. Um vídeo divulgado pelo Cogat 10 dias após a batalha – e o ataque aéreo israelita – mostra graves danos estruturais no telhado da instalação militar.

Segundo investigação, militares israelitas recorreram à artilharia pesada para enfrentar e neutralizar o Hamas
De acordo com Jonathan Cook – que criticou a BBC de Londres como negligente por ter aderido à narrativa do Exército israelita “produzida para eles e outros meios de comunicação ocidentais”, quando havia provas em contrário dos próprios órgãos de imprensa de Israel – “os helicópteros (Apache) parecem ter disparado indiscriminadamente, apesar do risco que representavam para os soldados israelitas na base que ainda estavam vivos”. Segundo Cook, Israel utilizou uma política de terra queimada para impedir o Hamas de atingir os seus objetivos de capturar soldados e depois trocá-los por prisioneiros palestinos. Este fato, segundo ele, pode explicar o elevado número de soldados israelitas mortos nesse dia.

Tal como Max Blumenthal, Cook observou que o Exército utilizou a chamada “Diretiva Aníbal”, um procedimento militar estabelecido em 1986 na sequência do Acordo Jibril, através do qual Israel trocou 1.150 prisioneiros palestinos por três soldados israelitas. Na sequência de uma forte reação política, o Exército elaborou uma ordem de campo secreta para evitar futuros raptos. A diretiva ordena às tropas que matem os seus próprios colegas soldados em vez de permitirem que sejam levados em cativeiro, dado o elevado preço que a sociedade israelita insiste em pagar para garantir o regresso dos seus soldados.

Outro meio de comunicação israelita, Mako, relatou que, após o rápido colapso da Divisão de Gaza do Exército, e quando a maioria das forças (palestinas) da vaga de invasão original já tinha deixado a área em direção a Gaza, tinham dois esquadrões de helicópteros Apache (oito aviões) no ar, mas quase nenhuma informação para ajudar a tomar decisões. Os pilotos testemunharam que “dispararam uma enorme quantidade de munições, esvaziaram a ‘barriga do helicóptero’ em poucos minutos, voaram para se rearmarem e voltaram ao ar, uma e outra vez. Mas isso não ajudou e eles compreendem-no”.

De acordo com relatos de testemunhas oculares e dos próprios pilotos das forças especiais, o alto comando militar também lhes ordenou que disparassem contra veículos que regressavam a Gaza depois do festival, com aparente conhecimento de que poderiam haver reféns israelitas no seu interior, e contra pessoas desarmadas que saíam dos carros ou caminhavam a pé nos campos da periferia de Gaza. Um piloto afirmou que se viu confrontado com o “dilema tortuoso” de disparar ou não contra pessoas e veículos onde pudesse haver reféns israelitas, mas “optou por abrir fogo da mesma”; outro referiu que não sabia “contra o que disparar, porque eram muitos; e um disse que nunca pensou disparar contra pessoas no nosso território”.

O mesmo se passou com os postos avançados, os colonatos e os kibutz inicialmente tomados pelos combatentes do Hamas. De acordo com o diário Yedioth Aharanoth, os pilotos disseram que não conseguiam distinguir “quem era terrorista e quem era soldado ou civil”, até que se aperceberam que tinham de “contornar as restrições” e “começaram a bombardear os terroristas com os canhões, sem autorização dos seus superiores”. “Assim, sem qualquer inteligência ou capacidade de distinguir entre palestinos e israelitas, os pilotos desencadearam uma fúria de tiros de canhão e mísseis”.

Um dos casos mais frequentemente utilizados pelo exército israelita para demonstrar as aparentes atrocidades cometidas pelo Hamas foi o do Kibbutz Be’eri. Diferentes relatos indicam que quando o exército chegou e se posicionou, os militantes do Hamas estavam bem entrincheirados e tinham feito os habitantes reféns dentro das suas próprias casas. Testemunhos e relatos dos meios de comunicação sugerem que o Hamas estava a tentar negociar uma passagem segura para Gaza, utilizando civis como “escudos humanos”, e que o objetivo era depois trocar os reféns pela libertação de prisioneiros palestinos.

O diário Haaretz destacou o testemunho de Tuval Escapa, coordenador de segurança do kibutz, que afirmou que os comandantes militares israelitas ordenaram o “bombardeamento das casas com os seus ocupantes no interior, a fim de eliminar os terroristas juntamente com os reféns”.

Segundo o jornal, o exército conseguiu tomar o controlo do kibutz depois de os tanques terem “bombardeado” as casas, com o “terrível balanço de pelo menos 112 residentes mortos”. No seu testemunho à Rádio Israel, Yasmin Porat disse que quando as forças especiais chegaram a Be’eri, “eliminaram toda a gente, incluindo os reféns”, num “fogo cruzado muito, muito pesado”. Acrescentou que, “depois de um fogo cruzado insano, dispararam dois projéteis de tanque contra uma casa”. A conta Telegram dos South Responders de Israel e o jornal conservador New York Post informaram que vários corpos carbonizados, incluindo o de uma criança, foram encontrados sob os escombros.

Da mesma forma, a conta South Responders divulgou um vídeo que mostrava um carro cheio de cadáveres carbonizados à entrada do Kibutz Be’eri, que o Exército israelita apresentou como vítimas da “violência sádica” do Hamas. No entanto, como salientou Max Blumenthal, a carroçaria de aço derretido e o tejadilho do veículo, bem como os cadáveres no interior, “são a prova de um impacto direto de um míssil Hellfire”.

*Opera Mundi

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Haaretz: investigação aponta que mortos em rave foram assassinados por Israel

Reportagem do maior jornal israelense sugere que as IDF atacaram os próprios foliões. Ataque atribuído ao Hamas foi usado como justificativa para os bombardeios contra Gaza.

Uma investigação sobre os incidentes de 7 de outubro em Israel, quando militantes do Hamas teriam assassinado 364 israelenses em um festival de música eletrônica próximo à Faixa de Gaza, revelou que as próprias Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) atingiram os israelenses.

De acordo com informações do jornal israelense Haaretz, um helicóptero de combate das IDF teria tentado alvejar os militantes do Hamas, mas “aparentemente” acabou “atingindo os foliões”.

A imprensa internacional vinha tratando os relatos de que um helicóptero das IDF teria atingido israelenses como “fake news”. O ataque que Israel atribuiu ao Hamas foi usado como justificativa por Israel para lançar a campanha de bombardeios mais intensa contra a Faixa de Gaza em anos. O massacre já tirou a vida de 12,000 palestinos.

 

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Ordem de ‘evacuação imediata’ por Israel leva pacientes a deixarem às pressas hospital em Gaza

Segundo a ONU, 2,3 mil pacientes, entre eles bebês prematuros, cuidadores e pessoas deslocadas estão abrigadas no hospital al-Shifa.

Soldados israelenses que realizam, pelo quarto dia consecutivo, uma operação no hospital al-Shifa, em Gaza, ordenaram na manhã deste sábado (18/11) a evacuação imediata do local, por alto-falantes. Israel assegura que o Hamas, no poder nos territórios palestinos, utiliza o estabelecimento como base militar.

Segundo a ONU, 2,3 mil pacientes, cuidadores e pessoas deslocadas estão abrigadas no hospital. Após os avisos que ecoaram por Gaza, centenas de pessoas começaram a deixar o local.

O exército israelense também telefonou para o diretor do hospital para exigir “a retirada de todos”. O diretor Mohammed Abou Salmiya já havia recusado, esta semana, uma ordem semelhante, alegando a complexidade da operação. Cerca de 120 pacientes, entre eles bebês prematuros, não têm condições de serem removidos, alega o hospital.

Há dias, soldados israelenses entraram nos serviços de al-Shifa, “prédio por prédio”, para interrogar as pessoas e revistar o complexo médico, o maior da Faixa de Gaza, segundo o exército israelense. A eletricidade parou de funcionar há vários dias e os chefes de departamento relatam que várias dezenas de pacientes morreram “porque equipamentos médicos vitais pararam de funcionar devido à queda de energia”.

Combustível a conta-gotas
Nesta sexta (17/11), uma primeira entrega de combustível chegou à Faixa de Gaza depois da autorização de Israel, a pedido dos Estados Unidos. Dois caminhões-tanque de combustível devem poder ingressar por dia no território palestino, para abastecer infraestruturas básicas, inclusive hospitais, e telecomunicações. A escassez afetou os geradores e interrompeu a entrada de ajuda humanitária nas regiões.

*Opera Mundi

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Agência da ONU diz que tanques de Israel usam escolas em Gaza

Philippe Lazzarini, chefe da agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), afirma que seu escritório tem recebido informações de que pelo menos duas escolas das Nações Unidas em Gaza estão sendo usadas como base de operações militares por parte de Israel.

A denúncia foi feita nesta quinta-feira na sede da ONU em Genebra, durante uma coletiva de imprensa de Lazzarini.

Israel tem acusado o Hamas de usar hospitais e escolas como parte de sua estratégia de guerra e colocando esses locais como escudos contra eventuais ataques israelenses.

De acordo com o chefe da entidade, se isso se confirmar, trata-se de um ato “grave”. Sua agência indicou que tanques israelenses estariam nos locais.

Pelo direito humanitário internacional, escolas e hospitais não podem ser alvos militares. Sua suspeita é de que existe uma ação deliberada para enfraquecer as operações da ONU em Gaza.

Lazzarini ainda apontou que as comunicações voltaram a ser suspensas em Gaza. O problema seria a falta de combustíveis. “Isso significa que, em breve, o cerco vai matar mais que as bombas”, alertou.

De acordo com ele, o volume de combustível que Israel permitiu que entrasse em Gaza nos últimos dias é insuficiente e não permite que a ajuda humanitária continue. O total entregue seria de apenas meio caminhão e, mesmo assim, sob condições. Israel teme que o combustível seja usado pelo Hamas.

Para a ONU, o deslocamento de mais de 1,5 milhão de pessoas em Gaza é o maior êxodo de palestinos desde 1948. “E isso está ocorrendo diante de nossos olhos”, lamentou.

Na avaliação de Lazzarini, se não houver uma ação real para uma ajuda humanitária, a ordem civil pode entrar em colapso em Gaza nos próximos dias.

*Jamil Chade/Uol

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Al-Shifa será o estigma de Israel

A palavra ‘genocídio’ já é lugar comum e as medidas formais de denúncia por crimes de guerra se multiplicam.

Por Carol Proner e Helena Pontes

Quem do Brasil acompanha as notícias na Faixa de Gaza sabe que, ao acordar, já acumulamos cinco horas de atraso em relação a tudo que aconteceu no território ocupado e massacrado. A cada manhã nos atualizamos das desgraças da madrugada e dos planos de extermínio do dia que, por lá, já vai pela metade.

A novidade da última jornada foi a invasão do Hospital Al-Shifa.

Atacar um hospital é evidentemente proibido pelo direito internacional. As Convenções de Genebra, que limitam o direito da guerra, proíbem ataques contra pessoal religioso, médico e hospitalar e são taxativas quanto a hospitais certificados e identificados como tal. Esse é o caso de Al-Shifa, o maior entre todos e o único com habilidade para tratamento de câncer. Esse é também o caso de outros 11 centros de saúde bombardeados desde o 7 de outubro em mais de 137 ataques registrados pela OMS. Al-Shifa, portanto, não é um caso isolado, embora certamente o mais abominável.

Para justificar as atrocidades proibidas pelas leis humanitárias em hospitais, o comando militar israelense argumenta serem lugares profanados por servirem a propósitos militares ilícitos. Dá para imaginar o quão tentador pode ser, como disfarce militar, o uso enganoso de um espaço protegido, seja um hospital, uma escola ou um templo. E esse raciocínio hipotético e fantasioso aquece os debates já polarizados entre Hamas e Israel, ofuscando a percepção do fim último das normas humanitárias. Ora, para desabonar regras de proteção consideradas de máxima observação (normas imperativas), a parte que decide desrespeitar precisa, como mínimo, provar o uso manifestamente impostor da mesma (do lugar protegido) e, como se viu, além de uma mochila com armas e outras ilações, nada foi provado.

Al-Shifa sensibilizou a comunidade internacional desde que Israel decidiu decretar a evacuação forçada urgente e sem qualquer planejamento. As imagens de médicos e pacientes em pânico diante do perverso ultimato provocaram revolta e questionamentos. Obviamente uma regra tão auto evidente como a de proteger hospitais não teria sido convencionada sem as garantias laterais de proteção à vida de civis já vulneráveis (hospitalizados).

Para que uma tal acusação, como a perfídia em lugares protegidos, pudesse legitimar a invasão armada ou mesmo um ataque, as mesmas Convenções de Genebra obrigam ao dever de proteger os civis que, no caso do hospital, implica correlato dever de evacuar pessoas com os cuidados devidos, de transferir pacientes ligados a máquinas vitais, de acolher enfermos terminais, de transportar pessoas com dificuldades de deslocamento e, especificamente no caso de Al-Shifa, de garantir a continuidade da vida dos recém-nascidos forçosamente desligados das incubadoras.

*Opera Mundi