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Como a Leros, empresa “supostamente ligada” aos Bolsonaro, seria beneficiada no acordo de Itaipu

A trama envolve um empresário brasileiro, suplemente de Major Olímpio, que teria usado o nome dos Bolsonaro para fechar o negócio no Paraguai.

A crise do governo paraguaio por conta do acordo de Itaipu com o Brasil começa a dar sinais de que irá refluir. Mas novas informações divulgadas nesta quinta (1/8) mostram que ainda há muito a ser esclarecido sobre a participação da Leros na jogada.

A empresa de energia brasileira virou pano de fundo do escândalo internacional por ter sido apresentada às autoridades paraguaias como “ligada à família Bolsonaro”, segundo publicação do jornal ABC Color.

Empresa “supostamente ligada” aos Bolsonaro é pano de fundo de crise no Paraguai

Nesta quinta, outro jornal do Paraguai, o Ultima Hora, revela qual seria a vantagem da Leros com a retirada de um ponto do acordo de Itaipu que prejudicou o Paraguai e levou o governo vizinho a enfrentar pedidos de impeachment.

Segundo a publicação, “fontes próximas do Poder Executivo” paraguaio afirmaram que a supressão do “ponto 6” do acordo de Itaipu impediria a ANDE (estatal de energia paraguaia) de comercializar excedente de energia (pelo menos 300 MW) ao mercado brasileiro. E o objetivo – que ainda preciso ser melhor apurado – era “dar exclusividade à empresa Leros, que tem vínculo com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro”, pontuou.

O Ultimo Hora afirmou que a Leros vinha conversando com a ANDE sobre o acordo de Itaipu há muito tempo, e que as negociações envolviam outras empresas estrangeiras. Uma sul-coerana, por exemplo, manifestou interesse em comprar 500 MW da estatal paraguaia.

Por parte da Leros, a intenção era que a empresa brasileira contratasse de 250 a 450 MW da ANDE, “a fim de redistribuir o produto no seu mercado interno [Brasil].”

Depois das conversas preliminares, a própria ANDE teria tentado tornar o processo mais “transparente” planejando uma convocação aos interessados em comprar blocos de mais de 100 MW, com o limite de até 1.000 MW.

No entanto, de acordo com o Ultima hora, fazer essa chamada no acordo bilateral de Itaipu não era “conveniente para a Leros”, já que outras empresas brasileiras iriam descobrir e concorrer pelo produto.

“Esses outros comerciantes”, frisou o portal paraguaio, poderiam ser, por exemplo, “a Companhia Paranaense de Energia (Copel) e a Companhia Mineira de Energia (Cemig)”. A Copel, aliás, “já tentou comprar energia da [usina paraguaia] Acaray no passado, mas nenhum acordo foi alcançado.”

A preocupação da Leros com os concorrentes está no fato de que a empresa não é “muito grande”, se comparada às outras brasileiras habilitadas para o serviço. Então fazer o acerto prévio com o Paraguai, “graças ao apoio do Ministério das Relações Exteriores”, informou o Ultima Hora, seria “um golpe muito grande para suas operações.”

O PAPEL DE BOLSONARO

Jair Bolsonaro pode não ter relação direta com a Leros, mas o Ultima Hora frisou que ainda haveria uma etapa de autorização do negócio, em solo brasileiro, que seria feita pessoalmente pelo presidente, segundo articulação dos lobistas, e sem necessidade de um “acordo escrito”.

“O presidente do País vizinho simplesmente daria a ordem” para liberar a redistribuição de energia pela Leros no Brasil, independente de a Eletrobras (que detém uma parcela do capital de Itaipu Binacional) viesse ou não a participar da “manobra técnica”.

Ainda segundo a fonte do governo paraguaio – que não teve o nome revelado pelo Ultima Hora – a Leros teria prometido pagar o melhor preço possível pela energia de Itaipu, mas demandou exclusividade no negócio, e esta “condição” virou um temor pois a negociação bilateral poderia não prosperar desse jeito. O jornal fez questão de destacar que apesar da exigência da Leros, o Brasil tem atualmente ao menos 6 comercializadoras de energia habilitadas para o mesmo serviço.

Ao final da reportagem, o Ultima Hora chamou atenção para como o lobby da Leros teria dado sido efetivado junto ao “Ministério das Relações Exteriores”, que chegou a eliminar o ponto 6 do artigo de Itaipu, e não junto à ANDE – cujo presidente renunciou alegando que foi obrigado a assinar o acordo prejudicial ao Paraguai.

No começo de todo o escândalo, a informação divulgada era de que a Leros teria um lobista, o advogado José Rodriguez Gonzalez, que à ANDE se apresentou como assessor jurídico do vice-presidente do Paraguai Hugo Velazquez. A relação com o vice foi desmentida por jornais paraguaios e o advogado admitiu que atuou em favor da Leros.

O ELO ENTRE A LEROS E OS BOLSONARO

No dia 31 de julho, o BuzzFeed News Brasil avançou com essa pauta revelando que a Leros também contou com outro lobista, mas um brasileiro: o empresário Alexandre Giordano, que é suplente do senador Major Olímpio, do PSL de São Paulo.

Giordano seria, de acordo com o jornal paraguaio ABC Color, o brasileiro que se apresentou com credenciais de “senador” em uma reunião para tratar do acordo de Itaipu, em 10 de maio passado, em Ciudad Del Este.

O advogado-lobista José Rodríguez González afirmou à imprensa de seu País que Giordano usou o nome da família Bolsonaro para pressionar pelo acordo favorável a Leros.

“Em todos as conversações que tivemos com esse grupo empresarial brasileiro, a primeira coisa que fizeram é que têm o apoio do alto mando brasileiro para conseguir às autorizações de importação de energia”, disse Rodriguez ao ABC Color.

Curiosamente, no mesmo dia da reunião de Giordano com autoridades do Paraguai, Bolsonaro e o presidente Mário Abdo Benítez se encontraram em Foz do Iguaçu para assinar a autorização para o início das obras de uma segunda ponte para ligar os dois países.

Giordano, em defesa própria, negou ao BuzzFeed que tenha usado o nome da família Bolsonaro ou se apresentado como senador, mas confirmou a reunião no Paraguai e ainda admitiu que já prestou serviços para a Leros no passado.

“Seu interesse, afirma, seria eventualmente vender torres e outros suportes que usam estruturas metálicas, caso a Léros fechasse acordo com os paraguaios.”

Ao jornal O Globo, um dos fundadores do Grupo Leros, Kleber Ferreira, “negou ter qualquer relação com os governos do Brasil e do Paraguai. Ele confirmou que seu grupo participou de um chamamento público feito pelo Paraguai para a compra de energia, enviando uma carta de intenção e os documentos solicitados. Mas afirmou desconhecer qualquer tipo de vinculação entre essa futura licitação pública e a negociação entre os dois países sobre Itaipu.”

 

 

*Do GGN

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Mamata: Apadrinhados de Bolsonaro ganham R$ 54 mil pela participação de cada reunião na Itaipu

Presidente da Eletrobras, Wilson Pinto, e os ex-deputados federais Carlos Marun e José Carlos Aleluia foram nomeados irregularmente por Bolsonaro como conselheiros da Itaipu Binacional, denunciam sindicalistas.

O ditado popular “faça o que eu digo, não faça o que eu faço” cai como uma luva no comportamento de Jair Bolsonaro (PSL), que sistematicamente critica em suas redes sociais o que chama de “velha política”, apesar de ter atuado 30 anos como deputado federal.

Durante a campanha à presidência da República, ele pregou que acabaria com o “ toma lá, dá cá” nas negociações com o Congresso Nacional, mas não vem colocando em prática o que prometeu aos seus eleitores.

As recentes nomeações demonstram que Bolsonaro não cumpre com o que fala.

Recentemente, ele nomeou José Carlos Aleluia e Wilson Pinto Ferreira Júnior como conselheiros da hidrelétrica de Itaipu Binacional.

A dupla vai ganhar a bagatela de R$ 54 mil por reunião realizada a cada dois meses, em média. Essas reuniões, podem, inclusive, ser feitas por teleconferência.

Mas, como o pagamento é mensal eles recebem R$ 27 mil por mês.

Durante o período de transição entre o governo do golpista Michel Temer (MDB) e sua equipe, já no apagar das luzes da gestão do ilegítimo, Bolsonaro aprovou a indicação de Temer, que nomeou como conselheiro da Itaipu Carlos Marun (MDB/RS), que renunciou ao mandato de deputado federal em dezembro do ano passado para assumir o novo cargo.

Marun foi ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência de Temer e hoje é investigado por suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, no âmbito da ‘Operação Registro Espúrio’, que apura fraudes em registros sindicais no antigo Ministério do Trabalho.

Já o ex-deputado federal José Carlos Aleluia (DEM/BA), nomeado por Bolsonaro, ficou conhecido pelos eletricitários após o escândalo de superfaturamento na construção da hidrelétrica de Xingó, enquanto era presidente da Chesf, em 1988.

Atualmente, Aleluia é investigado por favorecer a Odebrecht no setor elétrico.

 

 

 

 

 

*Com informações do Viomundo