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O condomínio que liga o escândalo de Itaipu a Jair Bolsonaro

O DCM foi até o condomínio que liga o escândalo de Itaipu a Jair Bolsonaro. Por Pedro Zambarda.

A Comissão de Relações Exteriores do Senado instalou no dia 10 de setembro uma subcomissão para investigar o escândalo do tratado secreto entre os presidentes Jair Bolsonaro e Mario Abdo Benitez, em torno da hidrelétrica de Itaipu. O relator é o senador petista Jaques Wagner e a subcomissão terá 60 dias para concluir seus trabalhos — prazo que poderá ser prorrogado por igual período.

O grupo vai investigar a empresa beneficiada pelo acordo, a Léros, e o suplente do Major Olímpio, o empresário Alexandre Luiz Giordano.

Reportagem da revista Piauí publicada no dia 9 informa que Giordano se apresentava tanto como representante da Léros quanto do próprio governo Bolsonaro. A Léros tinha interesse na venda de energia excedente do Paraguai no mercado brasileiro.

No acordo, essa venda não deixa ser exclusividade da estatal de energia paraguaia, a Ande, em parceria com a estatal brasileira do setor, a Eletrobras.

O Grupo Léros, que explora uma jazida de nióbio, tem um braço que opera na área de compra e venda de energia.

Dirigentes da estatal paraguaia caíram depois do acordo e a revelação de seus termos por pouco não levou ao impeachment do presidente Mario Abdo Benitez.

O Diário do Centro do Mundo publicou há uma semana, com exclusividade, um perfil do empresário Giordano, com base nas informações de amigos próximos dele. Essas fontes relataram que o empresário enriqueceu em 10 anos com seis empresas e proximidade com políticos, de diferentes orientações ideológicas.

Ele conseguiu contratos públicos na prefeitura de Marta Suplicy, ganhou proximidade com os tucanos Bruno Covas e José Aníbal e, por fim, chegou até a família Bolsonaro, quando se tornou suplente na chapa do senador Major Olímpio.

Um dos elos entre Giordano e a família Bolsonaro se deu através da sede do PSL em São Paulo, que é presidido pelo deputado Eduardo, o 03 de Jair.

Segundo site oficial, o PSL está sediado em São Paulo avenida General Ataliba Leonel, 1205, Santana, Zona Norte da capital.

Consultando informações da Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP), no mesmo endereço constam duas empresas de Giordano, o suplente de Olímpio.

A primeira é a IBEF (Indústria Brasileira de Estruturas de Ferro), uma empresa do setor de mineração com capital de apenas R$ 100.

A segunda empresa dele no mesmo endereço da sede do PSL-SP é a Família Giordano Indústria e Comércio, que tem capital declarado de R$ 920.

O DCM foi até o endereço. O nome do edifício comercial é Mahattan Tower, ao lado de um sex shop e em frente a um batalhão da Polícia Militar.

Na recepção, o porteiro contou que o PSL não funciona mais lá.

“Eles se mudaram há três meses, em junho. Hoje ficam perto lá da Alesp (Assembleia Legislativa), no Ibirapuera”. A saída do PSL do prédio se deu no mesmo momento em que o escândalo estourou.

Perguntamos se ele conhecia as empresas IBEF ou Família Giordano. “Desconheço. Entrei há pouco tempo aqui. Mas outras pessoas vieram perguntar se a sede é aqui. Na internet, eles não mudaram o endereço, né?”, disse.

Confirmamos que não, e ele completou: “pois é, a sala que eles tinham aqui hoje está vazia”.

Eduardo impede o depoimento de Giordano

Reportagem de André Barrocal na revista CartaCapital, publicada no dia 13, informa que o deputado Eduardo Bolsonaro conseguiu evitar que Alexandre Giordano falasse no Congresso sobre o caso Itaipu.

A oposição queria uma audiência pública com o empresário, mas Eduardo obteve votos para impedir sua realização. Foi uma manobra incomum: como não havia votos suficientes para impedir a convocação de Giordano, Eduardo segurou a votação por uma hora e meia e saiu à caça de deputados alinhados ao presidente, via celular, para que fossem votar.

A proposta foi rejeitada por 20 votos, numa sessão com quórum mínimo.

Chamou a atenção o empenho de Eduardo Bolsonaro nesse assunto e fez aumentar a suspeita, dada como fato na imprensa paraguaia, de que a família Bolsonaro é ligada ao Grupo Léros.

Nesse caso, o acordo secreto entre o Brasil e Paraguai seria a concretização de um negócio privado da família, o que colocaria Bolsonaro, uma vez mais, sujeito a um processo por crime de responsabilidade.

O DCM entrou em contato por telefone e e-mail com os deputados Eduardo Bolsonaro (presidente do PSL SP) e Gil Diniz (o vice de Eduardo), além do senador Major Olímpio e seu suplente, Alexandre Giordano. Nenhum deles respondeu às perguntas da reportagem.

 

 

*Do DCM

 

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Major Olímpio estava em Assunção no “Dia D” da negociação que resultou no escândalo do “ItaipuGate”

Um romance policial diria que o personagem principal estava no local do fato quando tudo aconteceu. O mesmo pode ser dito do protagonista do “ItaipuGate” no “Dia D” da trama: no 11 de abril, a data-chave do escândalo que envolve os governos de Brasil e Paraguai, o Major Olímpio, senador pelo PSL-SP, estava em Assunção. É o que mostram os documentos obtidos pela reportagem através da Lei de Acesso à Informação.

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No citado 11 de abril, o “Dia D” de todo o “ItaipuGate”, foi realizada na capital paraguaia a reunião que definiu o novo modelo de negócio para o acordo bilateral de compra de energia entre os dois governos. Onde se definiu o que viria a se transformar em um escândalo conjunto envolvendo os dois governos e cujo potencial de danos ainda não pode ser totalmente medido.

No novo modelo de acordo bilateral que a reunião do dia 11 de abril envolvendo os dois países consolidou, foi retirada uma cláusula que proibia o Brasil de comprar energia excedente da empresa paraguaia na hidrelétrica de Itaipu por preço subsidiado para revender aqui por preço de mercado, muito mais alto e tendo lucros exorbitantes, em acordo que lesava o Paraguai e beneficiava uma empresa.

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A empresa beneficiada é a Leros, dos empresários Kléber Ferreira da Silva e Adriano Tadeu Deguirmendjian. Uma série de reportagens de autoria de Mabel Rehnfeldt, do jornal paraguaio ABC, mostrou que a dupla tinha por trás deles Alexandre Giordano, filiado ao PSL e suplente do senador Major Olímpio, do PSL-SP.

O Major Olímpio é muito próximo a Jair Bolsonaro e família. Foi presidente do PSL paulista e também coordenador da campanha presidencial. De acordo com documentos obtidos pelas reportagens do ABC, os empresários brasileiros que sairiam com vantagem no negócio se apresentavam nas negociações como representantes da família Bolsonaro. Até aqui o Major Olímpio negou qualquer proximidade com o episódio.

A presença do Major Olímpio no Paraguai no dia da reunião que selou o modelo de negócio beneficiando a empresa brasileira está citada no relatório do então embaixador do Brasil no Paraguai, Carlos Alberto Simas Magalhães, escrito em 29 de março último, quando relata a viagem marcada do senador Major Olímpio para Assunção no período de 10 a 12 de abril.
A reportagem confirmou com o Ministério das Relações Exteriores brasileiro que a ida do senador ocorreu, e forneceu a agenda nos dias 11 e 12 de abril, como está no “outro lado”, ao fim desta reportagem, sem mencionar qualquer reunião sobre Itaipu. O Itamaraty só pode confirmar a agenda oficial do senador no Paraguai.

A Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo tentou contato com o Major Olímpio através de sua assessoria no senado para saber se, além da programação oficial, teve algum encontro com participantes da reunião do dia 11 de abril em Assunção onde se definiram os rumos do acordo bilateral. Sem resposta até aqui.

O elo entre o acordo beneficiando a empresa brasileira, o PSL do Major Olímpio e a participação de seu suplente Alexandre Giordano foi revelado por Joselo Rodriguez, assessor do vice-presidente paraguaio Hugo Velásquez. Em mensagens obtidas pela reportagem do ABC Jornal, a estatal de energia do país vizinho foi pressionada pelos brasileiros que diziam representar a família presidencial brasileira. O interlocutor do lado de cá era Alexandre Giordano.

Na véspera da decisiva reunião de 11 de abril, data em que o Major Olímpio estava no Paraguai, o representante da Léros também foi ao país. No dia 9 de abril, em voo privado, o suplente de senador do PSL, Alexandre Giordano lá esteve, acompanhado de Adriano Tadeu Deguirmendijian, sócio da Léros.

CRONOLOGIA:

6 de abril de 2018: Alexandre Giordano se filia ao PSL

7 de abril de 2018: encerra o prazo de filiações para a eleição

16 de abril de 2018: Os registros da Junta Comercial de SP apontam a saída de Giordano da empresa “Enfermade”

16 de abril de 2018: No mesmo dia, o filho de Giordano, Lucca, de apenas 17 anos, aparece como único sócio

3 de outubro de 2018: os sócios do Grupo Léros abrem uma offshore no paraíso fiscal do Panamá

7 de outubro de 2018: o Major Olímpio é eleito senador por São Paulo e Alexandre Giordano fica com a suplência

28 de outubro de 2018: Jair Bolsonaro (PSL) ganha a eleição presidencial

12 de março de 2019: Jair Bolsonaro se encontra com o presidente paraguaio Mario Abdo Benitez para discutirem a revisão do “Acordo Bilateral” entre os dois países. O Brasil pressiona para que cláusula que impede a venda de energia para uma empresa privada brasileira a preço de custo seja retirada. Para essa empresa depois revender a preço de mercado no Brasil.

9 de abril de 2019: em voo privado, o suplente de senador do PSL, Alexandre Luiz Giordano chega ao Paraguai acompanhado de Adriano Tadeu Deguirmendijian, sócio da Léros e mais dois

11 de abril de 2019: Dia D: data da reunião que definiu os termos do Acordo Bilateral. O Major Olímpio estava no Paraguai.

10 de maio de 2019: exatas duas semanas antes da assinatura do Acordo Bilateral, Alexandre Luiz Giordano (PSL) se encontra na Tríplice Fronteira com Pedro Ferreira (então presidente da ANDE, a estatal de energia paraguaia) e com Joselo Rodriguez (asessor jurídico do vice-presidente Hugo Velásquez)

24 de maio de 2019: O Acordo Bilateral é assinado pelos dois presidentes

25 de junho de 2019: Nova viagem em voo fretado de Alexandre Giordano junto com Adriano Tadeu Deguirmendijan, da Léros, para encontrar os representantes paraguaios

24 de julho de 2019: Pedro Ferreira, presidente da Administração Nacional de Eletricidade (Ande, a estatal paraguaia do setor), renuncia por discordar dos termos e se recusar a assinar acordo

27 de julho de 2019: O Grupo Léros oficializa em documento proposta de compra de energia ao governo paraguaio:

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29 de julho de 2019: outras autoridades paraguaias ligadas ao “Itaipu Gate” renunciam

31 de julho de 2019: os partidos de oposição anunciam o pedido de impeachment do presidente paraguaio.

1º de agosto: para escapar do impeachment, o presidente do Paraguai anula o acordo. Contrariando o que deveria se esperar do chefe de estado brasileiro diante de decisão unilateral prejudicial ao país, Bolsonaro aceita a anulação

Reportagem da Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo publicada no último dia 15 de agosto mostrou que Giordano e os sócios da Léros, Kléber Ferreira e Adriano Tadeu Deguirmendijian realizaram movimentações societárias em épocas próximas e sempre paralelas ao calendário eleitoral.

Alexandre Giordano se desincompatibilizou da participação em uma empresa que tinha entre as atividades registradas na Receita Federal o “comércio atacadista de energia elétrica”.
A retirada do nome na sociedade ocorre em 16 de abril de 2018, dez dias depois da filiação no PSL, onde viria a ocupar o lugar em que segue, suplente de senador do Major Olímpio(PSL-SP). A filiação é feita na véspera do 7 de abril, último dia permitido no pleito que passou. No lugar de Alexandre Giordano na “Enfermade Empresa Brasileira de Bioenergia” ficou como único sócio o filho Lucca Giordano, então com 17 anos, emancipado pelo pai em registro no cartório. O endereço da empresa é o mesmo do diretório do PSL na capital paulista.

As outras peças fundamentais na engrenagem do “Itaipu Gate” são os empresários Kléber Ferreira da Silva e Adriano Tadeu Deguirmendjian, sócios do Grupo Léros, que comercializa energia. Teoricamente, seriam concorrentes do negócio do qual Alexandre Giordano se retirou e deixou o filho. Mas estão inseparavelmente unidos na empreitada paraguaia.

A reportagem de 15 de agosto revelou ainda que os sócios da Léros abriram offshore no Panamá faltando 4 dias antes do primeiro turno de 2018, quando o Major Olímpio foi eleito senador por São Paulo e carregou na primeira suplência Alexandre Giordano.

Outro lado:

Ministério das Relações Exteriores:

“Na viagem que o Senador Major Olímpio fez a Assunção nos dias 11 e 12 de abril, o parlamentar reuniu-se com o ministro da Justiça do Paraguai, Julio Javier Ríos, com quem tratou da cooperação paraguaio-brasileira em temas penitenciários. Participou, ainda, do “Encontro de católicos com responsabilidades políticas a serviço dos povos latino-americanos” e assistiu a cerimônia em homenagem ao Dia do Exército Brasileiro, realizada no Centro Cultural da Embaixada. A embaixada do Brasil em Assunção acompanhou o parlamentar em sua programação oficial”.

Major Olímpio: A reportagem enviou questões para o Major Olímpio através do gabinete do senador mas não obteve resposta. Caso sejam enviadas, serão aqui publicadas.

 

*Por Lucio de Castro/Sport Light

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Vídeo: Senado vai investigar escândalo de Itaipu que envolve Bolsonaro

Segundo o requerimento do senador Jaques Wagner, a comissão deveria investigar a “tentativa de favorecimento ilegal a uma empresa brasileira que atua na área de energia, a Leros”.

O senador Jaques Wagner (PT-BA) conseguiu aprovar nesta quinta-feira (8), na Comissão de Relações Exteriores do Senado, uma subcomissão para investigar o escândalo do acordo de Itaipu, que levou o governo do Paraguai a uma crise que pode custar o mandato do atual presidente, Mário Abdo Benitez, e do vice, Hugo Velazquéz.

O caso respinga em Jair Bolsonaro porque o tratado teria sido alterado por lobistas para favorecer uma empresa brasileira de energia, a Leros, que teria sido associada à família do presidente.

A Leros teria demandado exclusividade na compra de energia excedente de Itaipu, removendo do acordo a possibilidade da estatal paraguaia fazer a distribuição no mercado brasileiro. O empresário Alexandre Giordano teria sido o brasileiro, suplente do senador Major Olímpio (PSL), a afirmar que a Leros tem ligações com a família Bolsonaro. Depois que o caso veio à tona, ele negou a informação divulgada pela imprensa paraguaia.

Segundo o requerimento de Wagner, a comissão deveria investigar a “tentativa de favorecimento ilegal a uma empresa brasileira que atua na área de energia, a Leros”. Além disso, deve “fazer gestões junto ao Senado do Paraguai, no sentido de distender o clima de apreensão e desconfiança criado por negociações sigilosas e malconduzidas.”

Leia abaixo o requerimento (Req 052/2019) aprovado no Senado:

Senhor Presidente,

Requeiro, nos termos do art. 73 do Regimento Interno do Senado Federal, a criação de Subcomissão Temporária, composta de 3 (três) membros titulares e igual número de suplentes, para, no prazo de 60 (sessenta) dias, informar-se inteiramente sobre tentativa de favorecimento ilegal a uma empresa brasileira que atua na área de energia, a Leros, à qual fora prometida a venda de energia excedente do Paraguai no mercado livre de energia do Brasil a preços e condições imbatíveis, gerando grande sensibilidade política, no contexto das relações bilaterais Brasil/Paraguai. Ao mesmo tempo, fazer gestões junto ao Senado do Paraguai, no sentido de distender o clima de apreensão e desconfiança criado por negociações sigilosas e malconduzidas.

JUSTIFICAÇÃO

Tal renegociação, ocorrida em inexplicável sigilo, resultou na elaboração de uma Ata que modificava parte do texto do Tratado de Itaipu, com o objetivo de aumentar a energia contratada pelo Paraguai naquela hidrelétrica Tal Ata provocou imensa comoção no Paraguai, com acusações de que os negociadores traíram os interesses paraguaios, pois essa modificação na quantidade de energia contratada provocaria aumento no preço da energia elétrica consumida por nosso vizinho. Como resultado, caíram de seus cargos o Ministro da Relações Exteriores do Paraguai e várias outras autoridades paraguaias. O próprio presidente do Paraguai, Mario Abdo, está ameaçado de juicio político (impeachment), por ter conduzido as negociações. Para agravar o quadro, a imprensa do Paraguai divulgou, com base em mensagens trocadas por autoridades paraguaias, que teria havido tentativa de favorecimento ilegal a uma empresa brasileira que atua na área de energia, a Leros, à qual fora prometida a venda de energia excedente do Paraguai no mercado livre de energia do Brasil a preços e condições imbatíveis. Independentemente dos interesses legítimos do Brasil em tal renegociação, é forçoso reconhecer que seus resultados foram desastrosos para nosso país. É preciso lembrar que o tema Itaipu é de grande sensibilidade política, no contexto das relações bilaterais Brasil/Paraguai. Nesse sentido, a intensa repercussão negativa dessas renegociações no Paraguai compromete as relações bilaterais com o Brasil e lança sombras sobre a revisão do Anexo C de Itaipu, que terá de ser inteiramente reformulado em 2023. Caso essas relações bilaterais sejam azedadas, o Brasil correrá o sério risco de ficar sem a energia que o Paraguai não usa em Itaipu.

SF/19162.42302-46 (LexEdit)
Assim sendo, julgamos urgente e prioritário que o Senado Federal envie comissão ao nosso querido vizinho para informar-se inteiramente sobre tal questão e, ao mesmo tempo, fazer gestões junto ao Senado do Paraguai, no sentido de distender o clima de apreensão e desconfiança criado por negociações sigilosas e malconduzidas. Nesses termos, pedimos o apoio dos nobres pares a essa importante propositura.

Sala da Comissão, 7 de agosto de 2019.
Senador Jaques Wagner (PT – BA)

Assista ao vídeo

 

*com informações do GGN

 

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Caso Itaipu: Carta liga suplente de Major Olímpio à empresa ao clã Bolsonaro

Apesar de Alexandre Giordano negar qualquer relação com a Léros, carta de intenções da empresa foi endereçada a seu escritório, na zona norte de São Paulo, no mesmo prédio onde funciona o diretório do PSL.

Em mensagens trocadas entre Pedro Ferreira, ex-presidente da estatal elétrica Ande, e o advogado José Rodríguez González, assessor jurídico informal da vice-presidência do Paraguay, é possível identificar o envio de uma carta de intenções, em nome da Léros – empresa ligada ao clã Bolsonaro – ao empresário Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP). A empresa brasileira é acusada de ter se beneficiado do acordo secreto de renegociação entre Brasil e Paraguai no dia 24 de maio, que pode resultar no impeachment do presidente paraguaio, Mario Abdo.

Em entrevista à Piauí, Giordano negou qualquer envolvimento com a Léros em relação ao Paraguai. “Já trabalhamos juntos antes, mas fui representando a minha empresa, a Léros estava lá como outra empresa.” No entanto, na carta de intenções é possível confirmar que ela foi recepcionada pela ANDE, em 12 de julho deste ano, e logo enviada por Nicolás Kac Pinto a Alexandre Luiz Giordano. O endereço do destinatário, local onde estão as empresas de Giordano, também é sede do partido de Bolsonaro em São Paulo.

Outro ponto que chama a atenção é o teor da carta, que revela interesse na compra de energia da Ande pela empresa Léros. No entanto, já havia se passado mais de um mês que este item foi retirado do acordo. Ainda, o pacote, enviado pelo correio, vem endereçado da rua Rambla Gandhi 221, em Assunção, um endereço que não existe na capital paraguaia, mas sim em Montevidéu, no Uruguai.

 

 

*Com informações da Forum

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Como a Leros, empresa “supostamente ligada” aos Bolsonaro, seria beneficiada no acordo de Itaipu

A trama envolve um empresário brasileiro, suplemente de Major Olímpio, que teria usado o nome dos Bolsonaro para fechar o negócio no Paraguai.

A crise do governo paraguaio por conta do acordo de Itaipu com o Brasil começa a dar sinais de que irá refluir. Mas novas informações divulgadas nesta quinta (1/8) mostram que ainda há muito a ser esclarecido sobre a participação da Leros na jogada.

A empresa de energia brasileira virou pano de fundo do escândalo internacional por ter sido apresentada às autoridades paraguaias como “ligada à família Bolsonaro”, segundo publicação do jornal ABC Color.

Empresa “supostamente ligada” aos Bolsonaro é pano de fundo de crise no Paraguai

Nesta quinta, outro jornal do Paraguai, o Ultima Hora, revela qual seria a vantagem da Leros com a retirada de um ponto do acordo de Itaipu que prejudicou o Paraguai e levou o governo vizinho a enfrentar pedidos de impeachment.

Segundo a publicação, “fontes próximas do Poder Executivo” paraguaio afirmaram que a supressão do “ponto 6” do acordo de Itaipu impediria a ANDE (estatal de energia paraguaia) de comercializar excedente de energia (pelo menos 300 MW) ao mercado brasileiro. E o objetivo – que ainda preciso ser melhor apurado – era “dar exclusividade à empresa Leros, que tem vínculo com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro”, pontuou.

O Ultimo Hora afirmou que a Leros vinha conversando com a ANDE sobre o acordo de Itaipu há muito tempo, e que as negociações envolviam outras empresas estrangeiras. Uma sul-coerana, por exemplo, manifestou interesse em comprar 500 MW da estatal paraguaia.

Por parte da Leros, a intenção era que a empresa brasileira contratasse de 250 a 450 MW da ANDE, “a fim de redistribuir o produto no seu mercado interno [Brasil].”

Depois das conversas preliminares, a própria ANDE teria tentado tornar o processo mais “transparente” planejando uma convocação aos interessados em comprar blocos de mais de 100 MW, com o limite de até 1.000 MW.

No entanto, de acordo com o Ultima hora, fazer essa chamada no acordo bilateral de Itaipu não era “conveniente para a Leros”, já que outras empresas brasileiras iriam descobrir e concorrer pelo produto.

“Esses outros comerciantes”, frisou o portal paraguaio, poderiam ser, por exemplo, “a Companhia Paranaense de Energia (Copel) e a Companhia Mineira de Energia (Cemig)”. A Copel, aliás, “já tentou comprar energia da [usina paraguaia] Acaray no passado, mas nenhum acordo foi alcançado.”

A preocupação da Leros com os concorrentes está no fato de que a empresa não é “muito grande”, se comparada às outras brasileiras habilitadas para o serviço. Então fazer o acerto prévio com o Paraguai, “graças ao apoio do Ministério das Relações Exteriores”, informou o Ultima Hora, seria “um golpe muito grande para suas operações.”

O PAPEL DE BOLSONARO

Jair Bolsonaro pode não ter relação direta com a Leros, mas o Ultima Hora frisou que ainda haveria uma etapa de autorização do negócio, em solo brasileiro, que seria feita pessoalmente pelo presidente, segundo articulação dos lobistas, e sem necessidade de um “acordo escrito”.

“O presidente do País vizinho simplesmente daria a ordem” para liberar a redistribuição de energia pela Leros no Brasil, independente de a Eletrobras (que detém uma parcela do capital de Itaipu Binacional) viesse ou não a participar da “manobra técnica”.

Ainda segundo a fonte do governo paraguaio – que não teve o nome revelado pelo Ultima Hora – a Leros teria prometido pagar o melhor preço possível pela energia de Itaipu, mas demandou exclusividade no negócio, e esta “condição” virou um temor pois a negociação bilateral poderia não prosperar desse jeito. O jornal fez questão de destacar que apesar da exigência da Leros, o Brasil tem atualmente ao menos 6 comercializadoras de energia habilitadas para o mesmo serviço.

Ao final da reportagem, o Ultima Hora chamou atenção para como o lobby da Leros teria dado sido efetivado junto ao “Ministério das Relações Exteriores”, que chegou a eliminar o ponto 6 do artigo de Itaipu, e não junto à ANDE – cujo presidente renunciou alegando que foi obrigado a assinar o acordo prejudicial ao Paraguai.

No começo de todo o escândalo, a informação divulgada era de que a Leros teria um lobista, o advogado José Rodriguez Gonzalez, que à ANDE se apresentou como assessor jurídico do vice-presidente do Paraguai Hugo Velazquez. A relação com o vice foi desmentida por jornais paraguaios e o advogado admitiu que atuou em favor da Leros.

O ELO ENTRE A LEROS E OS BOLSONARO

No dia 31 de julho, o BuzzFeed News Brasil avançou com essa pauta revelando que a Leros também contou com outro lobista, mas um brasileiro: o empresário Alexandre Giordano, que é suplente do senador Major Olímpio, do PSL de São Paulo.

Giordano seria, de acordo com o jornal paraguaio ABC Color, o brasileiro que se apresentou com credenciais de “senador” em uma reunião para tratar do acordo de Itaipu, em 10 de maio passado, em Ciudad Del Este.

O advogado-lobista José Rodríguez González afirmou à imprensa de seu País que Giordano usou o nome da família Bolsonaro para pressionar pelo acordo favorável a Leros.

“Em todos as conversações que tivemos com esse grupo empresarial brasileiro, a primeira coisa que fizeram é que têm o apoio do alto mando brasileiro para conseguir às autorizações de importação de energia”, disse Rodriguez ao ABC Color.

Curiosamente, no mesmo dia da reunião de Giordano com autoridades do Paraguai, Bolsonaro e o presidente Mário Abdo Benítez se encontraram em Foz do Iguaçu para assinar a autorização para o início das obras de uma segunda ponte para ligar os dois países.

Giordano, em defesa própria, negou ao BuzzFeed que tenha usado o nome da família Bolsonaro ou se apresentado como senador, mas confirmou a reunião no Paraguai e ainda admitiu que já prestou serviços para a Leros no passado.

“Seu interesse, afirma, seria eventualmente vender torres e outros suportes que usam estruturas metálicas, caso a Léros fechasse acordo com os paraguaios.”

Ao jornal O Globo, um dos fundadores do Grupo Leros, Kleber Ferreira, “negou ter qualquer relação com os governos do Brasil e do Paraguai. Ele confirmou que seu grupo participou de um chamamento público feito pelo Paraguai para a compra de energia, enviando uma carta de intenção e os documentos solicitados. Mas afirmou desconhecer qualquer tipo de vinculação entre essa futura licitação pública e a negociação entre os dois países sobre Itaipu.”

 

 

*Do GGN