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Líder supremo do Irã ordena ataque direto a Israel, afirma “The New York Times”

Khamenei prometeu “punição severa”, após atentado em Teerã que matou chefe do Hamas.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, ordenou um ataque direto a Israel em retaliação ao assassinato de Ismail Haniyeh, chefe do grupo terrorista Hamas, durante um bombardeio em Teerã. A informação foi divulgada pelo jornal “The New York Times”. A ordem foi dada após uma reunião de emergência do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã. Khamenei prometeu “punição severa” e criticou a ação como uma violação à integridade territorial iraniana.

O assassinato de Haniyeh, que ocorreu enquanto ele visitava Teerã para a posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, provocou reações intensas. O Hamas confirmou a morte de seu líder, e o governo iraniano anunciou um funeral para quinta-feira (1º), seguido do enterro em Doha, no Catar.

Israel, por sua vez, não assumiu a responsabilidade pelo ataque. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu mencionou apenas “golpes esmagadores” contra aliados do Irã, sem especificar o caso de Haniyeh. Netanyahu afirmou que Israel responderá a qualquer agressão, e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, destacou que o país está preparado para todas as possibilidades, apesar de não desejar uma guerra.

Em resposta à ameaça iraniana, Israel está em alerta máximo para possíveis retaliações, enquanto o líder supremo do Irã orientou a Guarda Revolucionária e o Exército iraniano a preparar planos de defesa e ataque.

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Celso Amorim: Momento é o mais perigoso entre países desde a crise dos mísseis.

Diante do ataque americano em Bagdá contra um general iraniano, o mundo nunca esteve tão perto de conflito armado direto entre dois estados desde a crise dos mísseis, em Cuba nos anos 60.

O alerta é de Celso Amorim, ex-chanceler brasileiro e que chegou a ser indicado pela ONU para acompanhar um processo de desarmamento no Iraque no final dos anos 90.

A crise entre Irã e Estados Unidos foi elevada a enésima potência com o assassinato do general Qasem Soleimani, apontado por muitos como a figura mais importante depois do Líder Supremo”, disse o embaixador ao UOL.

Ele ainda chefiou o Ministério da Defesa no governo de Dilma Rousseff e foi quem orquestrou a tentativa de um acordo nuclear com os iranianos, sob o governo Lula.

“Difícil imaginar que não haja reação”, destacou, numa referência ao potencial de uma resposta por parte do governo iraniano.

“Desde a crise dos mísseis [Cuba] nunca estivemos tão próximos de um conflito armado direto entre dois Estados”, alertou o ex-chanceler dos governos de Itamar Franco e de Lula.

Nos anos 60, americanos e soviéticos estiveram muito perto de uma guerra diante do deslocamento de mísseis de Moscou para Havana.

Para analistas, o conflito que já era travado nas sombras agora ganha uma exposição completa. Nas diferentes capitais europeias, governos deixaram claro que querem manter os canais de diálogo, enquanto a UE admite que os ataques podem precipitar o fim definitivo do acordo nuclear entre o Ocidente e o Irã.

Para o governo francês, o mundo acordou mais perigoso nesta sexta-feira. O porta-voz do secretário-geral da ONU, Antonio Guterrez, apelou aos líderes para que demonstrem moderação. “O mundo não se pode dar ao luxo de ter mais uma guerra no Golfo”, disse.

Quanto ao Brasil e a eventual postura do governo de Jair Bolsonaro, Amorim acredita que, “por tudo o que foi dito e feito até hoje, seria difícil imaginar que a submissão a Washington deixará de prevalecer”

Aliado do governo de Donald Trump desde o início de seu mandato, Bolsonaro vive hoje uma saia justa. De um lado, será cobrado pela Casa Branca para sair ao apoio das decisões de Washington.

De outro, ameaça perder o mercado que mais cresce para as exportações brasileiras na região, apoiar uma operação que pode desestabilizar o mundo e ainda enterrar uma tradição e mais de um século de uma diplomacia que privilegiou o diálogo.

“A questão é saber até onde irá e se, além das perdas comerciais, o governo está disposto a colocar em risco a segurança do Brasil e dos brasileiros”, alertou o ex-chanceler. “A questão deixa de ser só política. É moral e, até certo ponto, existencial”, afirmou.

 

 

*Jamil Chade/Uol