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Sergio Moro usou “contrato fake, advogado fake e assessoria fake” na campanha ao Senado

TRE-PR começa julgamento da cassação de Sergio Moro; advogados relatam “fortes indícios de corrupção”.

A campanha de Sergio Moro ao Senado nas eleições 2022 teve “contrato fake, com advogado fake, para fazer assessoria fake”. O advogado favorecido teria sido o próprio suplente de Moro, Luís Felipe Cunha, que também é amigo do ex-juiz da Lava Jato há mais de 20 anos. A declaração é do advogado Luiz Eduardo Peccinin, que defendeu a cassação de Moro e seus suplentes na tarde desta segunda (1º), durante o início do julgamento no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR).

O TRE-PR começou hoje a analisar em conjunto as duas ações eleitorais (da Federação Brasil da Esperança e do PL) que pedem a cassação do mandato de Moro e suplentes, além da declaração de inelegibilidade por 8 anos.

Moro é acusado de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação por ter extrapolado os gastos de campanha ao Senado, o que viola o princípio da paridade de armas, entre outras regras.

Embora existam divergências e imprecisão nos gastos para eleger Moro, os autores das ações calcularam que a campanha do ex-juiz teria excedido em pelo menos 20 vezes o valor limite estabelecido em lei para um candidato ao Senado. O dado foi compartilhado pelo advogado Bruno Cristaldi, defensor do PL.

Tanto Cristaldi quanto Piccinin sustentaram que um dos fatos mais graves da campanha de Moro foi a contratação do advogado e suplente Luiz Felipe Cunha – que não é especialista em Direito Eleitoral, mas ganhou cerca de 1 milhão de reais do Podemos para fazer uma assessoria jurídica na área eleitoral.

Segundo Peccinin, o valor é cinco vezes superior ao que se pratica no mercado, e pior: não foi juntada aos autos qualquer prova da contraprestação do serviço.

“A partir do momento que ele pega um contrato sem identificação de serviços, com valor muito acima do mercado, para um suplente amigo dele… Está claríssimo que é um contrato guarda-chuva! (…) É contrato fake, com advogado fake, para fazer assessoria fake”, disparou Peccinin.

Além disso, Cunha tornou-se suplente de Moro no Senado, o que demonstra que, no final, dinheiro público do fundo partidário foi usado para beneficiar o próprio candidato. “Aqui é o candidato se contratando. Além de serem amigos há 20 anos, ele [Moro] escolheu bem o primeiro suplente que acabara de ser contratado por 1 milhão de reais, sem comprovação de serviço”, comentouPeccinin.

Para Peccinin, “somente reconhecer a irregularidade das despesas [da pré-campanha e campanha de Moro] para fins de cassação é muito pouco. Precisamos de mais. Precisamos investigar para onde foi, de fato, esse dinheiro. Porque é dinheiro público. É fundo partidário.”

Indícios de corrupção
Na tribuna, Bruno Cristaldi, advogado do PL, também falou da contratação de Cunha, o suplente de Moro, para prestar assessoria jurídica eleitoral, ao custo de 1 milhão de reais, sendo que o advogado jamais teve experiência na área eleitoral.

Cristaldi falou que é uma das questões mais delicadas do processo da cassação de Moro, pois sugere “fortes indícios de corrupção”.

Ao longo de 2022, Moro transitou de uma pré-campanha de virtual presidenciável pelo Podemos para efetivamente a campanha ao Senado pelo União Brasil. Segundo as denúncias feitas ao TRE-PR, Moro só mudou de partido porque o Podemos teria se recusado a continuar fazendo pagamentos à empresa de consultoria do suplente de Moro.

*GGN

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Justiça

Como Deltan, Moro também deve perder mandato

Senador teria gasto mais de R$ 10 milhões em prestação de serviços pré-campanha presidencial desde o fim de 2021, segundo o GGN.

Mais que a cassação de Deltan Dallagnol (Podemos-PR) e Sérgio Moro (União-PR), deputado federal e senador, respectivamente, o advogado Luiz Eduardo Peccinin espera que ambos fiquem inelegíveis por oito anos como pena pelos abusos de poder cometidos em período pré-eleitoral.

Dallagnol já teve o mandato cassado na última terça-feira (16) e está inelegível até 3 de novembro de 2029, no entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por ter pedido exoneração do cargo de procurador da República e, assim, se livrar de 15 procedimentos administrativos no Conselho Nacional do Ministério Público.

Agora é a vez de Moro. Eleito senador em 2022, o ex-juiz da Operação Lava Jato estava em pré-campanha desde o fim de 2021. Inicialmente, ele almejava o cargo de presidente. Mas acabou se contentando, por iniciativa própria, com uma posição no Congresso.

Pré-campanha

“O que temos aqui é basicamente o seguinte: Moro fez uma pré-campanha para presidente da república e se elegeu senador. Com isso, ele naturalmente acumula o dinheiro. Desde o fim de 2021, ele começou a participar de eventos, palestras, viajou à Europa”, explica Peccinin.

De acordo com a imprensa, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) foi o responsável por custear viagens internacionais do ex-juiz e ex-ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PL). Girão, inclusive, será intimado para apresentar os comprovantes de pagamento das diárias de Moro e justificar a origem do dinheiro.

“Moro contratou mídia training, contratou gestor de redes sociais. Contrataram todo um corpo de assessoria para ele”, continua Peccinin.

Filiado ao Podemos e com aspirações ao Executivo Federal, Moro firmou dois contratos, que somam R$ 10 milhões. O advogado relata que descobriu esta prestação de serviço porque elas foram parcialmente pagas e são cobradas na Justiça.

Roupa suja

No dia 31 de março de 2022, Moro deixa o Podemos. Mas a mudança para o União Brasil não foi bem aceita pelo antigo partido, tendo em vista a troca pública de farpas.

Enquanto o ex-juiz lavajatista acusou o Podemos de corrupção, os líderes do partido responderam que não tinham nenhuma obrigação de pagar os luxos exigidos por Moro, como ternos, óculos, bolsa da sua mulher e viagens.

Luiz Eduardo Peccinin vai trazer esta lavação de roupa suja para o Judiciário. “Como moro gastou o limite do limite na campanha dele, qualquer R$ 1 que sair agora na despesa da pré-campanha já vai passar do limite. Ele não gastou só R$ 3 milhões como está no limite de gasto. Gastou muito mais.”

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