Europa pressiona Brasil: países europeus dizem que desmatamento dificulta compras de produtos brasileiros

Texto fala em ‘atual tendência crescente de desflorestamento no Brasil’. Em conferência virtual, vice-presidente defendeu a atuação do governo na preservação ambiental.

Oito países europeus enviaram na terça-feira (15) uma carta ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, em que dizem que o aumento do desmatamento dificulta a compra de produtos brasileiros por consumidores do continente.

O documento é assinado pela Parceria das Declarações de Amsterdã, grupo formado por Alemanha (atualmente na presidência), Dinamarca, França, Itália, Holanda Noruega e Reino Unido. Os sete países europeus dizem estar comprometidos em liminar o desmatamento das cadeias de produtos agrícolas vendidos para a Europa. A Bélgica também assinou a carta aberta.

“Enquanto os esforços europeus buscam cadeias de suprimentos não vinculadas ao desflorestamento, a atual tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores [da Europa] atender a seus critérios ambientais, sociais e de governança”, diz trecho da carta.

O grupo de países diz que ações tomadas pelo Brasil no passado como o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desflorestamento na Amazônia Legal, o Código Florestal Brasileiro e a Moratória da Soja na Amazônia são reconhecidos pelo efeito que tiveram na redução do desmatamento.

Porém, alerta que o desmatamento aumentou em “taxas alarmantes”. Isso, segundo o grupo de países criou uma preocupação na comunidade europeia.

De acordo com dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados na terça-feira (15), os alertas de desmatamento na floresta subiram 68% em agosto de 2020 na comparação com o mesmo mês do ano passado. O Brasil tem sofrido nos últimos dias também com queimadas em outros biomas, como o Pantanal.

“Os países que se reúnem através da Parceria das Declarações de Amsterdã compartilham da preocupação crescente demonstrada pelos consumidores, empresas, investidores e pela sociedade civil Europeia sobre as atuais taxas de desflorestamento no Brasil”, disse o grupo europeu na carta a Mourão.

“Na Europa, há um interesse legítimo no sentido de que os produtos e alimentos sejam produzidos de forma justa, ambientalmente adequada e sustentável. Como resposta a isso, agentes comerciais, como fornecedores, negociantes e investidores, vêm refletindo cada vez mais esse interesse em suas estratégias corporativas”, afirma outro trecho da carta.

Segundo o grupo, o aumento do desmatamento confirma a importância fundamental de garantir que os órgãos de fiscalização tenham capacidade para monitorar o desmatamento e aplicar as leis.

Mourão é presidente do Conselho da Amazônia. Em junho, ele já havia recebido carta de investidores estrangeiros alertando para os efeitos do aumento do desmatamento no Brasil.

 

*Com informações do G1

 

Carta do Cônsul da China no Rio de Janeiro

O Consulado da China no Rio de Janeiro, através da Câmara de Integração, Desenvolvimento e Comércio Brasil e China (Cidecom), emitiu a seguinte nota à imprensa:

“Ninguém é permitido se aproveitar do Covid-19 para prejudicar as relações China-Brasil” (Li Yang, Cônsul-Geral da China no Rio de Janeiro)

“Recentemente, um artigo publicado em um site de notícias no Brasil argumentou que a China produziu e propagou deliberadamente o Covid-19 a fim de provocar a queda das bolsas globais e, depois, aproveitar a oportunidade para comprar ações cujos valores subiriam quando passasse a pandemia, e, assim, faria ganhos com tal manobra. O autor afirmou, ainda, que as epidemias ocorridas na China, como a SARS em 2003, teriam sido manipuladas artificialmente com o mesmo objetivo. Este artigo enfeitiçou muitas pessoas no Brasil.

“Assim, visando valorizar e salvaguardar as cooperações amigáveis entre a China e o Brasil, faço um apelo sincero aos amigos brasileiros para que reconheçam as intenções funestas e desastrosas da mensagem daquele autor. A afirmação feita por ele revela ignorância dos fatos e desumanidade no propósito. Ele, certamente, não sabe quantos sacrifícios foram feitos e tampouco sabe os elevados custos pagos pelo povo chinês para vencer o desastre súbito. Foram enormes as perdas econômicas e a pressão financeira causadas pela suspensão das atividades econômicas e sociais na China por cerca de dois meses, pelos testes feitos na população, os isolamentos e tratamentos realizados para quase 100 mil casos suspeitos e mais de 80 mil casos confirmados do Covid-19. Tivemos, com muito pesar, mais de 3 mil óbitos dos nossos compatriotas, entre os quais cerca de 200 médicos e enfermeiras que sacrificaram as suas vidas na frente de combate ao Covid-19.

“Tudo isto já causou um trauma psicológico inimaginável ao povo chinês porque essas vidas não podem renascer, não importa quanto dinheiro você tenha! Mas essa cena trágica se tornou parte de uma mentira aos olhos do autor referido, que viu o combate ao Covid-19 do povo chinês como o filme de Chaplin que conta a história de um filho que quebra intencionalmente a janela da casa das outras pessoas para que o pai dele, depois, ofereça os serviços de troca do vidro e, assim, ganhar algum dinheiro. Como ele podia ter sangue tão frio?! Ele é uma pessoa com sinofobia e cheia de preconceitos políticos contra a China. A história da civilização humana é praticamente uma história da luta dos seres humanos contra os vírus. Na Idade Média, a peste negra, que se disseminou em muitos países europeus, reduziu cerca de um terço da população europeia na época.

“A Gripe de 1918, iniciada nos Estados Unidos, causou a morte de pelo menos 50 milhões de pessoas em todo o mundo. A Influenza (H1N1), iniciado nos EUA e no México em 2009, propagou-se para 214 países e levou ao falecimento de quase 18,5 mil pessoas. Na opinião do autor, essas famosas epidemias na história foram nada mais que desastres naturais, enquanto o SARS que surtiu na China em 2003 e a atual pandemia de Covid-19 teriam sido alguma conspiração escondida! O autor ignora fatos que não o ajudam a atacar a China, tais como as evidências de que o surto de Covid-19 já teria acontecido nos EUA no ano passado, anteriormente ao surto em Wuhan, e que fora considerado pelas autoridades norte-americanas como uma influenza normal, bem como o fato de que, depois de conter a epidemia no seu país,a China continua a ajudar 82 países a combater a pandemia de Covid-19. Qualquer coisa que ajude a difamar a China, mesmo um rumor como “os chineses comem morcego”, foi escrita pelo autor em seu artigo. De maneira hipócrita e venenosa o autor transmite um “vírus político” e provoca discriminação e conflitos racistas. Ele é uma pessoa que odeia e faz todo o possível para descrever os chineses como egoístas, gananciosos, bárbaros e terríveis, é para provocar medo e desgaste dos brasileiros com os chineses, é para danificar o entendimento e a confiança mútua, bem como a amizade cada vez mais profunda entre os dois povos, é para impedir o aprofundamento da cooperação China-Brasil que se baseia sempre no benefício mútuo em diversas áreas, e é para criar dificuldades e obstáculos ao desenvolvimento da Parceria Estratégica Global China-Brasil.

“Não podemos subestimar os danos causados pelo artigo sobre as relações sino-brasileiras, especialmente neste momento chave m que ambas as partes estão fazendo esforços para promover a cooperação no combate ao Covid-19. Este racista, através de sua “teoria conspiratória” sobre o combate ao Covid-19 do povo chinês, conseguiu enganar bastante brasileiros que não conhecem a verdade. O que ele faz é praticamente colocar sal na ferida não curada do povo chinês! Ele é uma pessoa sem confiança em vencer a pandemia, mas sim com toda a vontade de culpar os inocentes. Infelizmente a pandemia do Covid-19 chegou à bela terra brasileira. Culpar a China pelo surto da pandemia no Brasil é mais um objetivo que o autor não podia esperar para alcançar. Sem a coragem de enfrentar a pandemia junto com o povo brasileiro, ele ainda sonha tornar-se um herói com os elogios dos seus fãs, e por isso, ataca maliciosamente o povo chinês.

“No entanto, espero que os amigos e amigas brasileiros considerem seriamente as seguintes perguntas: o Brasil ganhará alguma coisa ao atacar a China? Imaginação louca conseguirá culpar a China pelo surto da pandemia? Criar rumores para confundir o povo conseguirá verdadeiramente unir toda a nação brasileira para derrotar este vírus tão perigoso?

“Caros amigos e amigas brasileiros, a única opinião correta daquele autor é que a nação chinesa está determinada a se tornar mais rica e forte. De fato, a civilização chinesa, com seus cinco mil anos de história, está realmente cada vez mais poderosa. Isso não resulta dos pequenos truques “recomendados” pelo autor, mas sim da firme liderança do Partido Comunista da China, e das virtudes do povo chinês que aquele tipo de pessoa nunca possuirá: unidade, trabalho duro e sabedoria.”

 

 

*Do Jornal do Brasil

No governo Bolsonaro, Brasil já perdeu R$ 3,5 bilhões no comércio com EUA e Israel

Balança comercial brasileira em 2019 é negativa com países de fora do continente alinhados ao governo de Jair Bolsonaro.

Os dois países mais alinhados ao governo de Jair Bolsonaro e com maior influência no xadrez da geopolítica mundial deram prejuízo no comércio ao Brasil até agora em 2019.

De janeiro e agosto deste ano, a balança comercial brasileira teve saldo negativo de 352 milhões de dólares e de 519 milhões de dólares, respectivamente, com Estados Unidos e Israel. No total das transações com os dois, o Brasil perdeu 871 milhões de dólares (cerca de R$ 3,5 bilhões).

Com relação a países europeus com governos nacionalistas e de extrema-direita, como Itália, Hungria, Polônia e República Checa, a diferença entre exportações e importações também é desfavorável ao Brasil. Apenas os sul-americanos “amigos” contribuem positivamente.

O país que mais se beneficiou do comércio com o Brasil foi Israel, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de quem Bolsonaro é aliado no Oriente Médio.

A diferença entre exportações e importações nos oito primeiros meses do ano foi de US$ 519 milhões negativos na balança brasileira. O “rombo” foi maior que o do mesmo período de 2018, quando o saldo foi de US$ 446 milhões negativos.

Em abril deste ano, o presidente esteve em Israel e, demonstrando seu apoio internacional ao país, visitou o Muro das Lamentações – um dos símbolos mais sagrados do judaísmo – ao lado de Netanyahu, algo inédito para um chefe de estado brasileiro, já que o local também é reivindicado pela Palestina.

Nesta terça-feira (17), ocorreram eleições legislativas em Israel. Até o momento, Netanyahu, do campo da extrema-direita, e seu adversário Benny Gantz, de centro-direita, estão empatados na apuração dos votos e nenhum dos dois teria capacidade para formar um novo governo.

Já os Estados Unidos, um dos principais aliados do governo brasileiro na geopolítica mundial, “lucrou” US$ 352 milhões com o Brasil até agosto. A balança comercial com os norte-americanos tem variado bastante nos últimos anos. Em 2018, nos oito primeiros meses, o valor das importações brasileiras superaram ainda mais as exportações, e o País perdeu US$ 839 milhões.

No ano anterior, em 2017, o saldo foi positivo para o Brasil: US$ 922 milhões. Já em 2015 e 2016, foram os americanos que receberam mais dólares: US$ 2,1 bilhões e US$ 543 milhões, respectivamente.

Após mais de uma década com uma política externa alinhada a países emergentes, como os do bloco BRICS (designação para se referir à Rússia, Índia, China, África do Sul, além do Brasil), o País voltou a se aproximar dos EUA com Bolsonaro no poder.

O presidente dos EUA, Donald Trump, já prometeu, por exemplo, o apoio à entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico). Em troca, o Brasil renunciaria ao status de nação em desenvolvimento na OMC (Organização Mundial do comércio)

Todos os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e foram verificados no portal Comex Stat, site oficial do órgão para estatísticas de comércio exterior do Brasil.

Europeus alinhados ao Brasil

Na Europa, os números também mostram perdas na balança comercial com Itália, Hungria e República Checa. Respectivamente, entre janeiro e agosto, o Brasil teve “prejuízo” de US$ 503 milhões, US$ 158 milhões e US$ 226 milhões.

A Polônia é a exceção. O país do leste europeu exportou mais do que importou do Brasil, que neste caso ficou com saldo positivo de US$ 146 milhões. Apesar disso, o valor foi menor que os US$ 171 milhões de 2018. O presidente da Polônia, Andrzej Duda, se reuniu com Bolsonaro em Brasília, em janeiro deste ano, e disse que o País compartilha os “mesmos valores” de seu governo.

Saldo positivo na América do Sul

Com os países vizinhos alinhados ao governo Bolsonaro, o Brasil tem uma balança comercial favorável. Colômbia, Paraguai e Chile renderam ao País, respectivamente, US$ 1,1 bilhão, US$ 721 milhões e US$ 1,3 bilhão.

Nos últimos anos, o Brasil têm sempre exportado mais que importado para os três. Porém, com relação a Paraguai e Chile, os valores foram maiores no mesmo período do ano passado. Enquanto o saldo positivo do primeiro caiu de US$ 1,2 bilhões para US$ 721 milhões, a do segundo foi de US$ 1,7 bi para US$ 1,3 bi.

A Colômbia foi a única que passou a exportar mais do que importar neste ano, beneficiando a balança comercial brasileira. Em 2018 o “lucro” brasileiro entre janeiro e agosto havia sido de US$ 603 milhões. O salto no período foi de US$ 480 milhões.

A Colômbia, governada por Iván Duque, tem sido uma das principais aliadas do governo de Bolsonaro na América do Sul, principalmente no que diz respeito à crise político-econômica na Venezuela. Nenhum dos dois países reconhecem o governo de Nicolás Maduro e consideram o líder da oposição Juan Guaidó como o presidente interino venezuelano.

 

Lucas Baldez/terra