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Fala de general abre as portas da prisão para Bolsonaro e sua gangue

Ex-comandante do Exército surpreende a Polícia Federal.

Ainda há juízes em Brasília. (Até aí, nenhuma novidade.) Quero dizer: ainda há generais no Exército brasileiro. No caso, generais que honram a farda e que dizem o que foi e por que foi, quando chega a hora da verdade. A hora da verdade deveria ser toda hora, mas…

A Polícia Federal tem provas de que o general Freire Gomes, comandante do Exército no fim do governo passado, foi chamado de “cagão” pelo colega Braga Netto, ex-candidato a vice de Bolsonaro, por não ter aderido ao golpe de dezembro de 2022.

Sim, de dezembro de 2022. Porque naquele ano houve outros ensaios de golpes, um deles a ser dado em setembro, a um mês das eleições. Derrotado, Bolsonaro quis dar um golpe para impedir a posse de Lula. E em 8 de janeiro de 2023, seus seguidores tentaram dar outro.

O general “cagão”, na última sexta-feira, depôs à Polícia Federal durante quase oito horas na condição de testemunha, e como tal não poderia mentir. Mas poderia calar-se, porque a lei garante que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo.

Freire Gomes respondeu às 80 perguntas feitas por agentes federais e a mais 200 provocadas por suas revelações. Outros generais já ouvidos, suspeitos de planejar com Bolsonaro o golpe de dezembro de 2022, se calaram, bem como Bolsonaro. Os cagões são eles, ou culpados.

Há 16 meses, o país aguardava respostas a duas perguntas:

Quem mandou o Exército acolher em portas de quartéis bolsonaristas que pediam um golpe?

E por que o Exército os acolheu?

Pelo pouco que se sabe do depoimento de Freire Gomes, ele disse: foi Bolsonaro que ordenou ao Exército que acolhesse os bolsonaristas golpistas. E Bolsonaro não retirou a ordem nem mesmo antes de fugir para os Estados Unidos em 30 de dezembro.

Uma nota conjunta dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, em novembro de 2022, defendeu o direito de manifestação dos acampados. Freire Gomes disse que a nota foi ideia do então ministro da defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.

*Blog do Noblat

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O longo caminho até a prisão de Jair Bolsonaro

A delação do Mauro Cid é uma bomba ou meia bomba?

Engana-se quem aposta que Jair Bolsonaro esteja próximo de ser preso depois da delação de Mauro Cid.

O único jeito do ex-presidente parar no xilindró neste momento seria por meio de uma prisão preventiva ou se reiterar em crimes.

Porém, ele tem comparecido aos depoimentos na polícia e não há nenhuma indicação de que esteja atrapalhando as investigações ou coagindo testemunhas.

Ainda há duvidas quanto ao teor da delação do ex-braço direito do Bolsonaro. Pelo que saiu na Veja, o depoimento de Cid talvez até ajude o ex-presidente a se livrar da cadeia ou atrasar ainda mais sua chegada.

É o que pensa Bruno Salles, advogado criminalista do grupo Prerrogativas. “Nunca esteve tão longe a prisão de Bolsonaro”, diz em tom de lamento. Para Bruno, o “Mauro Cid aparentemente está entregando o Bolsonaro, mas na verdade o está salvando de tudo”. Espera-se que a delação ajude a elucidar a venda ilegal de joias que Bolsonaro recebeu enquanto era presidente, em especial se a grana parou nas mãos dele. Também é aguardado que Cid entregue o roteiro do golpe de estado, além de mais detalhes sobre o mandante da falsificação do cartão de vacina. Mas não foi o que se viu pelo que vazou da delação até agora. Palavras do Bruno ao blog:

“A acusação das joias, ela é fraca. Você tem uma discussão jurídica sobre se podia vender aquilo ou não, se as joias eram bem personalíssimos ou não. Tem um conflito ai de legislação e o advogado do Bolsonaro está explorando isso muito bem. A única coisa que o Cid põe no Bolsonaro é isso. Ele diz que achou que poderia vender, o Bolsonaro mandou que vendesse, o Cid diz que vendeu e entregou o dinheiro para ele. Todo resto: vacina, golpe de estado, tudo isso ele tira, ele fala que um monte de louco mandava plano de golpe no celular, mas que nunca falou com nenhum dos generais, nem Braga Netto, nem General Heleno ou Luiz Eduardo Ramos. Ele está passando pano para o Bolsonaro. Em relação à vacina, ele chama tudo para ele também.” (Bruno Salles)

Advogado de 3 ex-presidentes, mas jamais do Jair Bolsonaro, o experiente Antônio Carlos de Almeida, o Kakay, acredita em “abundância de provas” no caso das joias, mas num longo período até uma possível prisão.

“Bolsonaro até onde sei responde a cinco inquéritos, todos eles com crimes que podem levar à prisão após o julgamento. Neste momento, ele levando uma vida normal, não estando interferindo e nem reiterando em crimes, não vejo nenhum motivo técnico para a prisão. O caso das joias me parece ter uma abundância de provas, mas tem que ser feita uma denúncia e ter o devido processo legal. Não enxergo nada neste momento que possa ser favorável a uma prisão dele.” (Kakay)

Um pouco mais otimista quanto a ver Bolsonaro em cana já que o que não falta é crime imputado a ele, o jurista autor de mais de 70 livros Lenio Streck acha que o “cerco vai se fechando na ligação de Bolsonaro com o golpe de estado”. Ele diz que “já não se duvida de que houve tentativa de golpe – isso já está provado; o que falta é uma ligação objetiva da ligação de Bolsonaro como líder da conspiração”.

*Blog do Noblat

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O Brasil está em compasso de espera pela prisão de Bolsonaro

Um depoente como Mauro Cid, não é pouca coisa, não para Bolsonaro, tanto que, num do total de 27 horas de depoimento, o cipó deve ter comido no lombo de Bolsonaro.

Certamente, Cid não falou sobre a tragédia inteira, até porque a pior delas foram os malefícios pendurados no pescoço de Bolsonaro, das mais de 700 mil vidas que ele ceifou.

Mas se somar todas as horas de depoimento de Mauro Cid, é um tempo de varar um dia e uma noite inteira e um tanto mais do dia seguinte.

Hoje, no Brasil, não há um ser vivo, mesmo em silêncio, que não faça contagem regressiva para a prisão do derrotado nas urnas da última eleição, tanto que alguns bolsonaristas andam até inflamados na insistência de jurar que Bolsonaro, assim como Elvis, não morreu politicamente. O resto são latidos e mugidos desses pobres diabos, que produzem apenas sons sem qualquer lógica, incapaz de um raciocínio qualquer.

Na verdade, todos sabem que não há mais margem de manobra para Bolsonaro justificar seus crimes. A esplendorosa ficha corrida do sujeito é de um portento no mundo do crime.

Os subterrâneos do clã são um esgoto só, abundante, dos piores dejetos, que fazem qualquer pedra ficar limosa.

Muitos bolsonaristas andam murchos, vazios, de cabeças pendidas, uns chegam a suar frio.

O fato é que o déspota ex-presidente não tem mais oxigênio para sonhar com sua liberdade, nem o seu clã acredita nessa hipótese.

Essa guerra nasceu com Bolsonaro e, com ele, morrerá.

Bolsonaro foi a maçã e a serpente de si mesmo, a própria alma do seu governo, a pata bruta que comandou todos os crimes que todos sabem, e outros que ninguém sabe.

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Aliados avaliam que atos terroristas aumentam riscos de prisão de Bolsonaro

Os atos terroristas que culminaram com a invasão e a depredação das sedes dos três poderes da República elevaram os temores entre aliados de Jair Bolsonaro de que o ex-presidente vai acabar preso em algum momento ao longo dos próximos meses.

De acordo com Malu Gaspar, O Globo, antes de centenas de extremistas bolsonaristas invadirem e depredarem as instalações do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso, interlocutores de Bolsonaro avaliavam que havia um risco médio de prisão.

Agora, a leitura compartilhada por aliados do ex-presidente e por ministros de tribunais superiores ouvidos pela equipe da coluna é de que a situação de Bolsonaro ficou delicadíssima.

“Eu acho que, a médio prazo, ele não escapa”, avalia um magistrado que acompanhou perplexo os desdobramentos em Brasília.

Esses aliados de Bolsonaro e magistrados avaliam que os protestos golpistas farão desmoronar o capital político do ex-chefe do Executivo, já desgastado pela viagem dele aos Estados Unidos enquanto centenas de extremistas ficaram acampados debaixo de chuva na frente de quartéis contra o resultado das urnas.

No cálculo político de fiéis aliados, quanto mais vulnerável Bolsonaro estiver e menos apoio popular reunir, maiores as chances de ele se tornar uma “presa fácil” para o Judiciário e acabar na cadeia.

O maior temor no círculo bolsonarista é com duas investigações que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), ambos nas mãos de Alexandre de Moraes: o inquérito das fake news e o das milícias digitais.

Foi no âmbito desses dois inquéritos que a Advocacia-Geral da União (AGU), comandada por Jorge Messias, pediu a Moraes a prisão de todos os envolvidos na invasão de prédios públicos federais, inclusive a do ex-secretário de segurança pública do DF Anderson Torres.

“Depois de hoje, Alexandre vai ter todo o respaldo de que precisar”, afirma um colega de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O sinal de alerta soou mais forte entre bolsonaristas nos últimos dias, depois que Moraes determinou a quebra de sigilo telefônico e de dados de apoiadores de atos antidemocráticos e permitiu a extensão da medida a todos os que tiveram contato com eles, conforme revelou o site Metrópoles.

Só na noite de domingo, depois de horas de quebra-quebra e tumulto em Brasília, Bolsonaro rompeu o silêncio e escreveu no Twitter que “depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra”.

Antes disso, ainda, os canais e redes sociais do ex-presidente seguiam fazendo publicações sobre sua gestão, como se nada de anormal estivesse acontecendo.

Ao comparar os protestos de agora com os do passado, Bolsonaro buscou uma falsa equivalência. Nos atos do passado, ao contrário dos deste domingo, a polícia estava presente para conter os invasores, o que não se viu desta vez.

“Multidão sem líder vira turba, vão surgir ‘lideranças’ mais malucas. Este sempre foi o meu medo”, avalia um influente interlocutor de Bolsonaro, temeroso sobre o futuro do ex-chefe. “Se Bolsonaro virar um avestruz e fingir que nada disso que está acontecendo é com ele, vai ter problemas.”

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