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Guedes assume o fracasso do neoliberalismo brasileiro e culpa Temer e Macri

Como se diz por aí, o Brasil não é para amadores. O sujeito tem que ser um cara de pau profissional para seguir a cartilha neoliberal a ferro e fogo contra o povo e ainda culpar dois governos neoliberais pelo fracasso de sua gestão também neoliberal.

Aquela convicção de Guedes que abastecia de esperança o empresariado bolsonarista, agora ganha perfurações para achar culpados na toca do tatu.

Guedes meio que assume que faltou em sua gestão hiperneoliberal combinar com os russos e a economia não anda, desanda, não acelera, derrete, desemprega, produz um quadro trágico de mão de obra precarizada e, em consequência um consumidor também precarizado e comércio, por sua vez, um consumo precarizado e a indústria com uma produção precarizada, como não poderia deixar de ser.

O neoliberalismo não deu certo em lugar nenhum do mundo, mas nunca foi novidade para o brasileiro. A redução da participação do Estado no estímulo à economia sempre promoveu, desde Figueiredo, passando por Sarney, Collor, FHC e Temer, tragédias econômicas no Brasil. Todos esses depreciaram a economia e o país perdeu graduação diante da economia global.

Nos doze anos dos governos Lula e Dilma, o Brasil se viu livre dessa praga mundial e alcançou a condição de 6ª maior economia do mundo, depois que Lula pegou o país das mãos de FHC na 14ª colocação.

Mas se tem uma coisa de que tanto Temer quanto Bolsonaro podem se orgulhar é que promoveram a miséria e fizeram com que os banqueiros batessem recordes de lucros.

Ninguém pode dizer que o projeto de Guedes, um sujeito que passou a vida especulando o mercado, deu errado para ele e para seus parceiros banqueiros. Aliás, Guedes deve estar faturando um bom trocado com a super alta do dólar, deve dormir o sono dos justos, enquanto o povo amarga os efeitos nefastos de um governo voltado para a produção de riqueza para os ricos e da pobreza para os pobres.

Mas não deixa de ser emblemático Guedes assumir o fracasso da economia e culpar dois outros grandes fracassados que usaram a mesma fórmula dele, Temer e Macri.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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90% dos recursos e políticas do governo Bolsonaro são para beneficiar os 10% mais ricos, o resto, é para o resto

Para Paulo Guedes, não dá para colocar tudo no mesmo saco, pobres e ricos têm que ser tratados proporcionalmente à renda. Aos ricos, quase tudo, aos pobres, as migalhas.

O problema é que seu foco é para os ricos, que representam apenas 10% da população brasileira, o que sobrar, vai para a sobra da sociedade, que soma 90%.

Essa é a balança neoliberal, é assim que ela funciona, fermentar o máximo possível o discurso em prol dos ricos para que eles correspondam à necessidade de produzir emprego e renda aos trabalhadores brasileiros.

Essa é uma balela que já foi inúmeras vezes requentada no Brasil, a de que o bolo precisa crescer para ser repartido, quando, na verdade, o bolo cresce e os ricos devoram 90% e colocam a sociedade, na sua imensa maior parte, para disputar a míngua de um pedaço do bolo, quando não lhe sobra apenas a raspa do tabuleiro.

Assim, todos no Brasil deverão ter o vender, todos terão que ser empreendedores, seja lá o que isso for. Não é por acaso que, nesse país, para esse governo que aí está, o conhecimento não tem qualquer valor. O Brasil, como bem disse Marcio Pochmann, foi tomado por uma burguesia comercial que só pensa em duas coisas, comprar um produto o mais barato possível e vendê-lo o mais caro possível. Isso está na base comercial do país como no coração dos barões da Fiesp. Não há diferença entre a portinha nos confins do Brasil e o imponente edifício da Fiesp na Avenida Paulista.

Guedes constrói avenidas largas com toda a segurança e garantia possíveis para os 10% mais ricos zarparem a 200km por hora. Na outra ponta, para os 90% da população, uma pinguela feita de corda e madeira sobre um rio que devora qualquer um que perca o equilíbrio e caia na sua correnteza.

O pior é que Guedes não se envergonha de dizer isso, sobretudo quando está fora do país. Ele fala dos pobres como a burguesia de condomínio faz piada com a parcela da sociedade excluída dos projetos do governo.

A verdade é que a ideia de Guedes está respaldada pela grande mídia, com o discurso de que é preciso organizar o país de cima para baixo para que se insira na globalização entre os primeiros do mundo. Então, a questão central tem que ser o mercado e não o ser humano.

Se para Lula, como repetidas vezes ele disse, incluir pobres no orçamento não é problema, mas sim solução, para Guedes, os pobres são culpados, inclusive pelo desmatamento da Amazônia promovido pelo bolsonarismo rural formado por latifundiários, madeireiros, garimpeiros e outros milicianos.

Lógico que sua fala tosca em Davos sobre essa questão, desceu quadrada e foi duramente criticada, até mesmo pelos países mais capitalistas do mundo.

O que o Brasil vive hoje, e com o apoio da mídia, é uma das maiores tragédias econômicas de que se tem notícia, tragédia que cada dia mais se tropeça nas ruas com o aumento exponencial de moradores de rua famintos e miseráveis, sem ter um mínimo de esperança de sair do quadro de segregação vergonhosamente desumano.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas