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Caos na Índia: O céu arde com cremações, diz repórter do New York Times

Os crematórios estão tão cheios de corpos que é como se uma guerra tivesse acontecido. O fogo das cremações queima o tempo todo. Muitos lugares estão realizando cremações em massa, dezenas de cada vez, e à noite, em certas áreas de Nova Délhi, o céu chega a arder.

Doença e morte estão por toda parte. Dezenas de casas no meu bairro têm pessoas doentes. Um dos meus colegas está doente. Um dos professores do meu filho está doente. O vizinho duas portas abaixo, à nossa direita: doente. Duas portas à esquerda: doente.

— Não tenho ideia de como peguei isso — disse um bom amigo que agora está no hospital, antes de sua voz sumir, doente demais para terminar a frase.

Ele mal conseguiu um leito. E o remédio que seus médicos dizem que ele precisa não é encontrado em nenhum lugar da Índia.

Estou sentado no meu apartamento esperando chegar a minha vez de ser infectado pela doença. É assim que a gente se sente agora em Nova Délhi, com a pior crise de coronavírus do mundo avançando ao nosso redor. O vírus está lá fora, eu estou aqui dentro e sinto que é apenas uma questão de tempo antes que eu também fique doente.

A Índia agora está registrando mais infecções por dia — cerca de 350 mil — do que qualquer outro país desde o início da pandemia, e esse é apenas o número oficial, que a maioria dos especialistas acredita ser subnotificado.

Nova Délhi, a extensa capital de 20 milhões de habitantes da Índia, está sofrendo um aumento desastroso do número de novos casos. Há alguns dias, a taxa de diagnósticos positivos de Covid-19 atingiu impressionantes 36% — o que significa que mais de uma em cada três pessoas testadas estava infectada. Há um mês, era menos de 3%.

As infecções se espalharam tão rápido que os hospitais ficaram completamente lotados. Pessoas são rejeitadas aos milhares. Os remédios estão acabando. O oxigênio que salva vidas também. Os doentes ficaram presos em filas intermináveis nos portões dos hospitais ou em casa, literalmente com falta de ar.

Embora Nova Délhi esteja sob quarentena, a doença ainda está se alastrando. Médicos em toda a cidade e alguns dos principais políticos da capital têm feito pedidos desesperados de socorro ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, nas redes sociais e na TV, implorando por oxigênio, remédios e ajuda.

Especialistas sempre alertaram que a Covid-19 poderia causar um verdadeiro caos na Índia. Este país é enorme — tem 1,4 bilhão de pessoas —, é densamente povoado e, em muitas regiões, é muito pobre.

O que estamos testemunhando é muito diferente do ano passado, durante a primeira onda de coronavírus na Índia. Antes, era o medo do desconhecido. Agora sabemos do que se trata. Conhecemos a totalidade da doença, sua escala e velocidade. Conhecemos a força terrível desta segunda onda, atingindo todos ao mesmo tempo.

O que temíamos durante a primeira onda do ano passado, e que nunca realmente se materializou, agora está acontecendo diante de nossos olhos: uma pane, um colapso, uma percepção de que muitas pessoas morrerão.

Como correspondente estrangeiro há quase 20 anos, cobri zonas de combate, fui sequestrado no Iraque e jogado na prisão em diversos lugares.

Isso é perturbador de uma maneira diferente. Não há como saber se meus dois filhos, minha esposa ou eu estaremos entre aqueles que terão um caso leve e depois recuperarão a saúde ou se ficaremos realmente doentes. E se ficarmos realmente doentes, para onde iremos? As UTIs estão cheias. Os portões de muitos hospitais foram fechados.

Uma nova variante conhecida aqui como “o mutante duplo” pode estar causando muitos danos. A ciência ainda é incipiente, mas pelo que sabemos, essa variante contém uma mutação que pode tornar o vírus mais contagioso e outra que pode torná-lo parcialmente resistente às vacinas. Os médicos estão muito assustados. Alguns com quem falamos disseram que haviam sido vacinados duas vezes e ainda estavam gravemente doentes, um péssimo sinal.

Então o que se pode fazer?

Tento ser positivo, acreditando que é um dos melhores impulsionadores da imunidade, mas me vejo vagando atordoado pelos cômodos do nosso apartamento, abrindo latas de comida e preparando refeições para meus filhos, sentindo como se meu corpo e minha mente estivessem virando mingau. Tenho medo de verificar meu telefone e receber outra mensagem sobre um amigo que está piorando. Ou pior. Tenho certeza de que milhões de pessoas já se sentiram assim, mas comecei a imaginar os sintomas: Minha garganta está doendo? E aquela dor de cabeça lá no fundo? Está pior hoje?

*Com informações de O Globo

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Saúde

Jovens na UTI já são maioria e necessidade de ventilação mecânica bate recorde

Total de internados em unidades de terapia intensiva sem comorbidades atinge maior patamar.

Pela primeira vez desde o início da pandemia da Covid-19, as internações em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) de pessoas com menos de 40 anos são maioria absoluta.

Houve ainda um salto expressivo no número de pacientes graves com necessidade de ventilação mecânica e que não apresentam nenhuma comorbidade (como obesidade ou diabetes).

Os dados sugerem não apenas uma mudança do perfil dos doentes que necessitam de UTI, mas um agravamento do quadro geral dos pacientes em relação aos meses anteriores.

Em março, 52,2% das internações nas UTIs do Brasil se deram para pessoas até 40 anos; e o total de pacientes que necessitaram de ventilação mecânica atingiu 58,1%.

Ambas as taxas são recordes, segundo dados da plataforma UTIs Brasileiras, da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira).

No caso da necessidade de aparelhos de ventilação, houve salto de quase 40% em relação ao patamar do final do ano passado.

Entre setembro de 2020 e fevereiro deste ano, o total de internados em UTIs que necessitavam desse tipo de equipamento variou entre 42% e 48%.

Já os pacientes graves sem comorbidades que agora acabam na UTI são praticamente 1/3 do total —até fevereiro os doentes graves sem condições adversas prévias eram 1/4 dos casos.

O novo marco da epidemia no Brasil sugere pelo menos três conclusões, segundo Ederlon Rezende, coordenador da plataforma UTIs Brasileiras e ex-presidente da Amib:

1) as novas variantes do vírus devem ser mais agressivas; 2) a falta de cuidado de parcelas da população pode estar afetando sobretudo os mais jovens; e 3) a imunização dos mais velhos tem ajudado a conter os casos graves entre os idosos.

Segundo a pesquisa, antes de os jovens serem a maioria dos internados nas UTIs em março, entre dezembro de 2020 e fevereiro último os até 40 anos representavam 44,5% do total —percentual quase idêntico ao de setembro a novembro.

De lá para cá, o aumento das internações nessa faixa mais jovem foi de 16,5%.

Como a imensa maioria dos brasileiros tem menos de 40 anos, o incremento, embora possa parecer modesto, engloba milhões de pessoas. A tendência sugere ainda que há espaço para um agravamento da situação.

No mesmo período de comparação (e na contramão), as internações de pessoas acima de 80 anos despencaram 42%. Elas representam agora apenas 7,8% do total, pouco mais da metade do que vinha sendo registrado anteriormente.

Na faixa de idades intermediárias, as internações em UTI permaneceram mais ou menos no mesmo patamar, somando cerca de 40% do total.

O levantamento da Amib é feito a partir de uma amostra expressiva, englobando 20.865 leitos de UTI no país, o que representa cerca de 25% de todas as unidades, sendo 2/3 privadas e 1/3 públicas.

“Embora os dados mostrem que a vacina pode estar tendo o efeito esperado entre os mais velhos já imunizados, eles também revelam que, ao se acharem imbatíveis, os jovens, muitos sem qualquer comorbidade, são agora as maiores vítimas da epidemia”, afirma Rezende.

*Com informações da Folha

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Saúde

Triplica mortalidade por covid de pessoas de 18 a 45 anos nas UTIs brasileiras

Levantamento em 1.593 unidades mostra que o percentual de mortes passou de 13,1% para 38,5%.

O percentual de mortes de jovens entre 18 e 45 anos por Covid-19 nas UTIs brasileiras triplicou, segundo dados compilados de 1.593 unidades de terapia intensivas públicas e privadas do país.

O levantamento é do projeto “UTIs brasileiras”, da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira) e compara um período de relativa calmaria na UTIs, entre setembro e novembro de 2020, com esse momento de colapso, entre 1º de fevereiro até sexta (26).

Os dados mostram que o percentual de jovens mortos passou de 13,1% para 38,5%, um aumento de 193%.

Se observado só o grupo de jovens sob ventilação mecânica, o aumento é de 31%: subiu de 43,2% para 56,6%. A mortalidade geral de pacientes intubados, de todas as faixas etárias, é de 53%.

Ao mesmo tempo que houve um crescimento de 11% nas internações de pacientes com menos de 45 anos nas UTIs, as de pessoas com mais de 80 anos caíram 27,6%.

No período anterior, os mais jovens representavam 18% dos admitidos; agora são 20%. Os mais velhos, eram 13% e hoje são 9,7%.

Os dados da Amib convergem para a última edição do Boletim Observatório Fiocruz Covid-19, divulgado nesta sexta (26), que mostra que a epidemia de coronavírus rejuvenesceu no Brasil.

Para o médico intensivista Ederlon Rezende, coordenador do projeto, os números derrubam de vez a suposição que se tinha no início da pandemia de que os jovens não desenvolviam a forma mais grave da Covid e não morriam em razão dela. “Agora estamos vendo o contrário”, diz ele.

E por que esses jovens estão morrendo mais? Para Rezende, eles estão chegando mais graves aos hospitais ou porque retardaram a ida ou porque tiveram problemas de acesso por falta de vagas nas UTIs.

“Esse gravidade se reflete no fato de que eles estão precisando mais ventilação mecânica, mais prona [técnica que deixa o paciente de barriga para baixo], mais diálise, mais Ecmo [equipamento que funciona como pulmão e um coração artificiais para pacientes que estão com os órgãos comprometidos]”, conta.

Outra hipótese é que a nova variante do vírus, conhecida como P1, possa estar associada às formas mais graves.

Segundo ele, é sempre bom lembrar também que muitas UTIs não estão funcionando em suas condições normais, uma vez que houve um aumento exagerado de leitos para a capacidade das equipes.

“A mortalidade está sendo maior em todas as faixas etárias. É o nosso pior momento de mortalidade dentro das UTIs”, diz ele.

O deslocamento da incidência da Covid grave para as faixas mais jovens contribui para o cenário crítico da ocupação de leitos de UTI neste momento de colapso.

Por se terem menos comorbidades, a evolução dos casos é mais lenta, e a permanência em leitos de UTI, maior.

*Com informações da Folha

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Saúde

Fila, UTIs lotadas e remédios em falta: o colapso na saúde brasileira

Apesar do discurso do governo federal de que o país não passa, nem passará, por um colapso na saúde, a realidade em quase todos os estados aponta para uma situação dramática, em uma semana marcada por recorde de mortos, falta de vagas em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) e escassez de medicamentos.

Segundo levantamento feito pelo UOL com base nos registros das secretarias estaduais, há pelo menos 40 mil pessoas internadas em leitos de UTI com covid-19 nas 27 unidades da federação.

Apesar da omissão de dados de muitos locais, a fila chega a pelo menos 4.500 pessoas em 15 estados mais o Distrito Federal.

Dos pacientes internados, quase um terço —12.588— está em terapia intensiva em São Paulo. O estado do Rio não informa o total de leitos, só a ocupação, o que impede saber o número de pessoas internadas.

Por conta da falta de sedativos, pacientes intubados estão acordando no processo de ventilação mecânica, segundo profissionais da saúde.

Com as internações em alta inédita, há um iminente risco de falta de insumos. Levantamento divulgado pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios) apontou que, das 2.600 prefeituras ouvidas entre 23 e 25 de março, 50,4% afirmaram que podem ter de suspender atendimentos por falta de medicamentos do kit intubação.

Além disso, 27% alegaram risco de falta de oxigênio em hospitais ou centros de atendimento.

O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) fez um alerta de que podem faltar medicamentos em UTIs.

A situação também é grave em unidades privadas. O Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp) informou ontem que vai auxiliar hospitais a criar um consórcio para importar, de forma coletiva, medicamentos destinados à intubação.

A Santa Casa de São Carlos informou que, por falta de anestésicos, deixará de receber pacientes com covid-19.

São 24 estados, mais o Distrito Federal, das 27 unidades da federação, com ocupação de UTI igual ou superior a 80%, 15 deles com taxa igual ou superior a 90% de ocupação. É uma situação gravíssima. Se não é colapso, é o que então?

Fila de espera

Se a situação de quem está internado é de medo, a de quem está na fila de espera é de desespero. Na quinta-feira, segundo o Conass, eram 6.371 pessoas aguardando por uma vaga em UTI. O maior número é em São Paulo, onde esse número chega a 1.500 pacientes.

Levantamento do “Agora” mostrou que mais de cem pessoas morreram sem direito a leito. No estado, as internações estão 85% maiores que o pico de 2020.

Em Minas Gerais, esse número de pessoas em espera chega a 700 doentes. No Rio de Janeiro, ontem havia 634 pacientes esperando leitos de UTI —um recorde na pandemia.

No Ceará há mais de 400. No Distrito Federal, esse número ontem era de 353; e em Pernambuco havia 174 pacientes esperando um leito de terapia intensiva na noite desta sexta-feira.

Colapso leva a tragédias O colapso é uma realidade pelo país, e casos de mortes sem o devido atendimento se espalham pelo país.

Em Teresina, na semana passada, um caso consternou o país: um homem morreu atendido no chão em UPA (Unidade de Pronto Atendimento) que estava superlotada.

Sem vagas, muitos morrem sem atendimento adequado. No Espírito Santo, na segunda-feira, aos 34 anos, Vinicius Pin, eleito Mister Espírito Santo em 2013, morreu por complicações da covid-19 enquanto esperava por um leito de UTI em um hospital da região metropolitana de Vitória.

*Com informações do Uol

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Saúde

Caos: São Paulo registra recorde de 1.021 mortes em 24 horas

Dados foram divulgados na manhã desta terça (23) no site da Secretaria Estadual da Saúde. Máxima anterior era de 679 mortes confirmadas em 24h no estado, registrada no dia 16 de março.

O estado de São Paulo registrou 1.021 novas mortes provocadas pela Covid-19 nesta terça-feira (23), o recorde em 24 horas desde o início da pandemia.

O estado agora totaliza 68.623 óbitos causados pelo coronavírus. Os dados foram publicados no site da Secretaria Estadual da Saúde nesta manhã.

O recorde anterior, registrado na semana passada, era de 679 mortes em um dia, e representava um óbito a cada 2 minutos nas últimas 24h.

Os novos registros não significam, necessariamente, que as mortes aconteceram de um dia para o outro, mas que foram computadas no sistema neste período.

As notificações costumam ser menores em finais de semana, feriados e segundas-feiras, por conta do atraso na contabilização.

Internados

O número de pacientes internados com Covid-19 subiu 113% no estado de São Paulo em apenas um mês. Nesta segunda (22), 29.039 pessoas ocupam leitos destinados à doença. No dia 22 de fevereiro, eram 13.606.

Do total pacientes internados atualmente, 16.871 estão em enfermaria e 12.168 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

O número de pessoas em UTI em São Paulo é mais de três vezes maior do que em toda a Argentina, que possui uma população semelhante ao estado com aproximadamente 44 milhões de habitantes.

As taxas de ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do estado de São Paulo também já superaram os índices registrados no pico de 2020 da pandemia.

Nesta segunda, a ocupação média chegou a 91,9% no estado de São Paulo, contra 77,2% no momento mais grave da pandemia no ano passado, no final de maio.

O índice foi a 91,6% na Região Metropolitana da capital. Na Grande São Paulo, a taxa se aproxima do recorde registrado em maio de 2020, quando a ocupação chegou a 92,2%.

No dia 10 de março, o governo de São Paulo já havia alertado para a dificuldade de atender a população, uma vez que o ritmo de novas internações é maior do que o de altas.

*Com informações do G1

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Bolsonaro, desesperado, procura representantes de indústria para pedir ajuda diante de escassez de ‘kit intubação’

Em nota, porém, Palácio do Planalto ressalta que aquisição de medicamentos do kit é de responsabilidade de estados e municípios.

Diante da escassez de medicamentos do chamado “kit intubação”, o governo federal informou nesta segunda-feira (22) que vai reunir representantes da indústria para pedir ajuda durante o pior momento da pandemia de Covid-19 no Brasil.

Hospitais e associações médicas alertaram o governo para a queda no estoque de analgésicos, sedativos e bloqueadores musculares usados para a intubação de pacientes em UTIs, que pode durar apenas mais 15 dias no Brasil.

No domingo (21), a Folha mostrou que diplomatas brasileiros em embaixadas e consulados no exterior receberam mensagem do Itamaraty pedindo para que tentem obter fornecimento, “com máxima urgência”, de uma série de medicamentos do kit intubação.

Em nota divulgada pela Secretaria Especial de Comunicação do Social no início da manhã, o governo informou que promoverá encontros nesta segunda e na terça-feira (23) “para alerta e pedido de auxílio, efetivo nas soluções emergenciais elaboradas com o intuito de salvar vidas”.

O Palácio do Planalto disse no comunicado que a aquisição dos medicamentos do kit intubação é responsabilidade de estados e municípios, mas que o Ministério da Saúde monitora, desde o ano passado, a disponibilidade em todo o país, alimentando indústrias e distribuidores com informações para que as Unidades da Federação façam requisições.

O governo informou na nota que, ao longo do fim de semana, realizou reuniões de avaliação dos números de cada estado e que algumas estratégias foram estabelecidas: requisição de estoques excedentes das indústrias não comprometidos em contratos anteriores, aquisições internacionais via Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), incremento da requisição de informações para harmonização de estoques e distribuição e pregões eletrônicos nacionais, possibilitando a adesão dos estados.

De acordo com o Planalto, é justamente para buscar a implementação dessas ações que o governo quer reunir os representantes das indústrias de medicamentos no início desta semana.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem sido cobrado em diversas frentes ações efetivas para o combate da pandemia. O Brasil vive o pior momento da pandemia, com recorde de mortes e escassez de leitos, medicamentos e vacinas.

Mais de 500 economistas, banqueiros e empresários do país assinaram e divulgaram no domingo uma carta aberta em que pedem medidas mais eficazes para o combate à pandemia do novo coronavírus. Em um texto com vários dados, o grupo chama a atenção para o atual momento crítico da pandemia e de seus riscos para o país, e também detalha medidas que podem contribuir para aliviar o que consideram um grave cenário.

Na quarta-feira (24), Bolsonaro pretende reunir-se com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como um primeiro passo para a criação de um comitê de enfrentamento à Covid-19, reunindo representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário.

O apelidado gabinete de emergência discutiria, em encontros mensais, medidas para serem adotadas em conjunto no combate à pandemia.

A criação do comitê é considerada por deputados e senadores como a última chance dada pelo Congresso a Bolsonaro para mudar de postura e parar de criticar medidas de distanciamento social. Ela ocorre após o presidente ter escanteado o centrão na escolha do substituto do general Eduardo Pazuello no comando do Ministério da Saúde.

Além disso, com um aceno de conciliação, Bolsonaro tenta evitar a instalação de uma CPI no Senado para investigar ações e omissões do governo durante a pandemia. Os partidos do centrão reforçaram a pressão após a morte do senador Major Olímpio (PSL-SP), vítima da Covid.​

*Com informações da Folha

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Saúde

Médicos e cientistas já veem São Paulo em colapso e defendem lockdown

São Paulo vem batendo recordes de casos, mortes e ocupação de UTIs

“Temos uma situação bastante dramática.” O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), reconheceu com estas palavras a gravidade sem precedentes da pandemia no Estado.

A declaração foi feita em uma coletiva de imprensa na quarta-feira (17/3), enquanto São Paulo bate recordes de casos e mortes, vê sua rede de saúde passar de 90% de ocupação e aplica as medidas de isolamento mais rígidas desde o início da crise para tentar evitar uma tragédia ainda maior.

“Não há nenhum Estado no Brasil em situação confortável. Todos estão à beira do colapso”, disse Doria.

No entanto, segundo epidemiologistas e cientistas ouvidos pela BBC News Brasil, o sistema de saúde paulista já colapsou — e a situação vai se agravar ainda mais nos próximos dias.

“Dizer que está à beira do colapso é uma licença poética”, diz Domingos Alves, responsável pelo portal Covid-19 Brasil, que monitora a pandemia, e pelo Laboratório em Inteligência de Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto.

Márcio Sommer Bittencourt, médico do centro de pesquisa clínica e epidemiológica do Hospital Universitário da USP, faz a mesma avaliação.

Ele se baseia nos dados divulgados pelo próprio governo paulista, que apontou que ao menos 280 pessoas estão aguardando por um leito de UTI no Estado.

“Se há lista de espera de pacientes que não conseguem ser internados, alguns deles esperando há dias, não faz sentido dizer que está com 90% de ocupação”, diz Bittencourt. “O sistema de saúde de São Paulo está em colapso, sem dúvida.”

Para a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), todos os Estados brasileiros já colapsaram.

“Quando fala que está com mais de 90% de leitos de UTI ocupados, não estão contando as cidades que já não têm mais leito, as pessoas que estão esperando por um leito de UTI no pronto atendimento. Se levar isso em conta, já passou de 100%”, diz Maciel.

Recordes de casos e mortes, com UTIs lotadas

São Paulo vem batendo diariamente recordes de pessoas internadas por causa da covid-19 desde o final de fevereiro.

Havia até terça-feira (16/3) 24.992 pacientes hospitalizados, dos quais 10.756 em UTIs e o restante em enfermarias, segundo os dados mais recentes.

É bem mais do que as 6.250 pessoas que estavam internadas em uma UTI no pior momento da primeira onda da pandemia no Estado, em julho do ano passado.

Isso é um reflexo do aumento expressivo de novos casos nas últimas semanas. A média móvel, que leva em consideração os sete dias anteriores, passou de 13 mil pela primeira vez na pandemia na terça-feira e continuou subindo na quarta-feira. Está em 13.472 óbitos diários. Há cerca de um mês, eram cerca de 8,5 mil.

São Paulo também bateu na terça-feira o recorde de óbitos. Foram 679 em 24 horas, o maior índice já registrado. Até então, o recorde era o de sexta-feira (12/3), com 521 mortes.

O Estado também teve sua maior média móvel de óbitos na quarta-feira, com 421 mortes diárias.

Isso elevou o total para 65.519 vítimas fatais. Em nenhum outro Estado brasileiro morreu tanta gente por causa da covid-19. O segundo com mais vítimas é o Rio de Janeiro, com pouco mais da metade dos óbitos em São Paulo (34.586).

‘Tem que fazer lockdown agora’

Desde segunda-feira (15/3), está em vigor no Estado a chamada “fase emergencial” do plano de combate à pandemia de São Paulo entrou em vigor na última segunda-feira (15/3).

Ela foi criada justamente por causa desse agravamento inédito da pandemia — até então, o nível com as medidas mais duras de restrição do plano de combate à pandemia em São Paulo era a “fase vermelha”.

A nova fase prevê um toque de recolher das 20h às 5h, período em que a população deve ficar em casa.

Também foram suspensas as celebrações religiosas e atividades esportivas em grupo. Parques e praias foram fechados, e mesmo setores e serviços que podiam abrir na fase vermelha, como as lojas de material de construção, agora não podem funcionar.

Avenida Paulista vazia

Essas medidas ficarão em vigor até o próximo dia 30, mas, até agora, não surtiram muito efeito sobre a circulação dos paulistas.

O índice de isolamento foi de 44% no Estado e de 43% na capital na terça-feira. Em ambos os casos, houve o aumento de só um ponto percentual em relação a uma semana antes, quando a fase emergencial ainda não estava em vigor. O governo paulista diz que o objetivo é chegar a um índice acima de 50%.

Outro problema é que as novas restrições só vão se refletir nos números da pandemia daqui a duas semanas a um mês. Este é o tempo que especialistas apontam que leva para as medidas levarem a uma queda de casos e mortes.

“Agora que tudo desabou, querem tentar resolver, mas não dá mais tempo. Vai piorar antes de melhorar”, diz Márcio Bittencourt.

O epidemiologista critica a forma como não só o governo paulista, mas o país em geral vem reagindo à pandemia.

“Ficam correndo atrás do vírus e tomando decisões tardias e de curto prazo em vez de pensar em uma estratégia de médio e longo prazo para evitar que piore. Do ponto de vista epidemiológico, vai ser preciso intensificar as medidas de controle ainda mais.”

Era especulado que um anúncio nesta linha fosse feito hoje pelo governo de São Paulo, mas isso não aconteceu.

“Precisamos de algum tempo para observar o impacto das medidas que tomamos e ver se há necessidade de outras medidas”, disse Paulo Menezes, coordenador do centro de contingência da covid-19 de São Paulo, que assessora o governo estadual no combate à pandemia.

Domingos Alves discorda frontalmente dessa decisão. “Querem esperar o quê? O caos? Deviam falar que ainda não é hora para as famílias das pessoas que morreram por falta de leito de UTI. Quanto caos é caos suficiente para eles?”

Alves destaca que, hoje o Estado tem uma média móvel de 2.790 internações por dia por causa da covid-19. “”Já não dá pra prever que o sistema de saúde não vai dar conta disso?”, diz pesquisador, que defende um lockdown, como é chamado o conjunto de medidas mais restritivas de circulação, com o confinamento da população em suas casas durante todo o dia.

“Está na hora de fazer um lockdown completo, não aquela palhaçada de fazer só no final de semana ou alguns dias, tem que ser por no mínimo 15 dias para ter efeito. Só com um lockdown São Paulo vai conseguir reverter essa situação”, afirma o cientista.

Ethel Maciel concorda que será necessário o confinamento. “Vai precisar de lockdown, sem dúvida”, afirma epidemiologista.

“O ideal é que fosse nacional, coordenado pelo governo federal, porque hoje estamos em uma situação em que nenhum Estado está em condição de ajudar o outro. A gente sabe que o governo federal não vai, mas temos que dizer que isso é necessário mesmo assim.”

*Rafael Barifouse/BBC News Brasil

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Política

Bolsonaro e a morte caminham juntos: 5 mil mortes em 48 horas e nada de vacina

A primeira coisa que precisa ficar clara é que, desde o primeiro caso de covid no Brasil, Bolsonaro se coligou à morte, não dos seus, é claro. Estes estão aí comprando mansão de 6 milhões em Brasília e ampliando de forma fulminante o patrimônio do clã sem um único general do clube de petequeiros dar um pio em troca dos privilégios que Bolsonaro lhes enfia no bolso, mostrando quanto vale a moral dos hipócritas nesse país.

A pergunta que todos fazem agora é, temos ou não uma instituição que possa arrancar esse monstro do comando de uma verdadeira operação genocida contra o povo brasileiro?

Tudo leva a crer que não, mesmo diante de quadros tão sombrios e aterrorizantes que se encontram em inúmeras manchetes no dia de hoje.

A Anvisa aprova registro definitivo da vacina Oxford, o que permitiria o uso em larga escala da vacina no país e salvaria milhares de vida, mas simplesmente o Brasil não tem vacinas, nem Oxford, nem Janssen, nem Pfizer, nem Moderna, ou seja, nenhuma, porque Bolsonaro, na fonte, sabotou a vacinação não adquirindo vacinas para imunizar a população, o que tem que ser entendido, tanto no Brasil quanto no exterior como crime contra a humanidade.

Os motivos que levaram o demente a produzir esse caos, não nos interessa, ele que saia da cadeira da presidência e vá se tratar, a população é que não pode ser massacrada com morte de centenas de milhares de brasileiros, como está acontecendo.

O que é mais chocante nesse momento é ler que a internação de crianças,  adolescentes e jovens aumentou 47%, um salto macabro que faz qualquer brasileiro entrar em pânico, enquanto Bolsonaro segue receitando kit cloroquina e promete vacinas sem sequer fechar contrato com nenhum laboratório.

Os hospitais no Brasil como um todo, além da falta de leitos, sofrem com a falta de profissionais de saúde, porque a pandemia, estimulada diuturnamente por Bolsonaro, chegou às raias da explosão, tal o número de contaminação que produziu o seu discurso irresponsável contra o isolamento e o uso de máscaras.

Pior, Bolsonaro ainda faz ameaças de impor ao país uma ditadura militar para que obrigue os brasileiros a irem para as ruas se matarem com as formas mais distintas de aglomeração. Pra quê? Para manter o apoio de empresários tão genocidas quanto seu mito, em nome da ganância disfarçada de sobrevivência.

Mas a coisa não para aí, o STF obriga Bolsonaro a explicar em 48 horas por que não repassou R$ 240 milhões a UTIs.

A elegibilidade de Lula moveu as placas tectônicas a ponto de enfiar uma máscara na fuça do animal que está sentado na cadeira da presidência da República. Mas como foi apenas uma peça de marketing, em seguida seu filho, Eduardo, mandou a população enfiar a máscara no rabo.

Até o presente momento, não se tem notícia de uma punição do legislativo contra o deputado que cometeu uma clara atitude inconstitucional.

Junto com isso, Bolsonaro, mesmo exibindo ridiculamente uma terra redonda em sua live, depois que Lula fez chacota do seu terraplanismo delirante, segue fazendo do instinto assassino sua principal plataforma política que tem no vampirismo sua horda mais fiel de eleitores que têm a mesma paixão pela morte.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Número de leitos de UTI Covid financiados pelo Ministério da Saúde cai mais de 70% na pior fase da pandemia

O número de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para pacientes com Covid-19 financiados pelo Ministério da Saúde caiu 71% entre os meses de julho de 2020 — o primeiro pico da pandemia — e março deste ano, na pior fase do vírus, quando o Brasil registrou recordes de mortes diárias devido ao avanço do coronavírus.

Em números totais, eram 11.565 leitos financiados/habilitados pelo governo federal em julho do ano passado. Hoje, são apenas 3.372. Os dados são do Conass (Conselho Nacional dos Secretários ded Saúde) e foram obtidos com base em monitoramento de portarias publicadas no Diário Oficial.

O número de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para pacientes com Covid-19 financiados pelo Ministério da Saúde caiu 71% entre os meses de julho de 2020 — o primeiro pico da pandemia — e março deste ano, na pior fase do vírus, quando o Brasil registrou recordes de mortes diárias devido ao avanço do coronavírus.

Em números totais, eram 11.565 leitos financiados/habilitados pelo governo federal em julho do ano passado. Hoje, são apenas 3.372. Os dados são do Conass (Conselho Nacional dos Secretários ded Saúde) e foram obtidos com base em monitoramento de portarias publicadas no Diário Oficial.

De acordo com o Conass, a queda ocorre em um contexto de colapso em hospitais de todas as regiões do Brasil. Para se ter ideia, em 1° de março, 19 das 27 unidades federativas estavam com lotação em nível crítico nas UTIs com leitos acima de 80%, segundo levantamento da Fiocruz.

A queda pode ser explicada pelo término, em 31 de dezembro, da vigência do decreto de estado de calamidade, que permitia a transferência de recursos extra-orçamentários, de acordo com a análise do Conselho.

O presidente do Conass e secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, disse que o orçamento de 2021 do Ministério da Saúde não levou em conta que o Brasil ainda estaria sob a pandemia. Por isso, alguns estados têm aumentado a quantidade de leitos sem recursos da União.

“Mas é falso dizer que os estados estão confortáveis para fazer essa expansão de novo. É preciso um novo orçamento de guerra pra saúde”, disse.

Carlos Lula ainda prevê que nos próximos meses, cerca de 7 mil leitos de UTI devem ser financiados pelo ministério por causa de uma portaria, a primeira do ano, publicada no último dia 2 de março. Com a canetada, foram liberados R$ 153,6 milhões para custear 3.201 novos leitos de UTI em mais de 150 cidades de 22 estados.

A portaria prevê repasses retroativos à manutenção de leitos de UTI referentes a janeiro e fevereiro. O objetivo, segundo o texto, é ressarcir os estados que, nesses dois meses, tiveram de utilizar exclusivamente recursos próprios para abrir novos leitos de UTI devido à alta demanda de pacientes doentes.

Porém, segundo o presidente do Conass, as secretarias ainda não receberam os recursos de nenhuma das habilitações.

Procurado por e-mail e por telefone durante quase uma semana pelo G1, o Ministério da Saúde não se posiciona sobre o assunto. Ao Yahoo! Notícias, o MS também não se manifestou.

*Com informações do Yahoo

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Nas UTIs não faltam doentes iludidos que tomaram cloroquina em casa

Desde o início da pandemia, a médica Viviane Veiga passa os dias acompanhando pacientes graves (só de covid, foram mais de 800) e fazendo ciência. Coordenadora de UTI da BP — a Beneficência Portuguesa de São Paulo — e presidente eleita da Sociedade Paulista de Terapia Intensiva (Sopati), Viviane coordenou um estudo publicado na semana passada no The British Medical Journal (BMJ).

O trabalho foi realizado pela Coalizão Covid Brasil (grupo formado por grandes hospitais privados que fazem pesquisas sobre a doença). Foram incluídos pacientes de nove centros do país. O objetivo foi analisar o efeito da droga tocilizumabe, atualmente usada para artrite, em doentes com covid em estado grave.

Em entrevista à coluna, Viviane detalha o estudo e fala sobre as pressões que os médicos têm sofrido de familiares de pacientes para que eles prescrevam cloroquina e outras drogas.

Quais foram os resultados do estudo?

O tocilizumabe não se mostrou benéfico nessa população. Além disso, a mortalidade foi maior no grupo que tomou a droga. Quinze dias depois de receber a medicação, houve 11 mortes no grupo que recebeu a medicação contra artrite e duas no grupo tratado de forma convencional. Não houve diferença em termos de causa de óbito. As mortes não parecem estar relacionadas ao uso da medicação.

Existem outras pesquisas com resultados semelhantes?

Outros trabalhos também não encontraram benefícios, mas, no início de janeiro, um grupo do Imperial College anunciou ter feito um estudo que apontou que o medicamento fez diferença. Por enquanto, esse é um pré-print. Os autores jogaram na internet, mas a pesquisa ainda não foi publicada em uma revista científica.

As pesquisas continuam?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) entende que o efeito dessa droga precisa ser mais bem compreendido. É possível que ainda exista espaço para esse medicamento em algum perfil de paciente. Desde dezembro, faço parte de um grupo da OMS que reúne 20 pesquisadores de diversos países que estudam essa droga no contexto da covid. Não adianta ficar usando uma droga cara, de forma indiscriminada, sem ter benefícios.

No estudo feito por vocês com o tocilizumabe, algum dos pacientes tinha usado cloroquina, hidroxicloroquina ou ivermectina?

Em maio, aproximadamente 18% dos pacientes estavam usando hidroxicloroquina no dia da inclusão no estudo. Usaram no hospital ou já tomavam em casa quando foram internados. Hoje o uso de hidroxicloroquina em ambiente hospitalar virou exceção. Apesar da pressão de familiares dos pacientes e de alguns colegas médicos que seguem prescrevendo. Infelizmente, o Ministério da Saúde difundiu o tal “kit covid” e vimos muita apologia ao uso de vitamina C, vitamina D, zinco, ivermectina, nitazoxanida (conhecida como Annita). Não há evidência científica de que essas coisas funcionem contra a covid.

O que você pensa sobre os médicos que prescrevem isso? E sobre as ações do Ministério da Saúde para difundir o uso da cloroquina como um suposto tratamento precoce da covid?

Tudo isso é um enorme desserviço. Com tanto negacionismo e fake news, as pessoas buscam poções mágicas. Ao longo dos meses, vimos o Ministério da Saúde com esse posicionamento de negar a doença e o alto escalão do governo andando no meio da multidão, sem máscara e negando a importância da vacina. O resultado está aí: mais de 210 mil mortos. Será que deveríamos ter deixado chegar a esse ponto?

Qual é a repercussão disso nos hospitais? As famílias dos doentes pressionam os médicos a usar essas drogas?

Os grandes hospitais estão se posicionando em relação ao seu corpo clínico. Mostram o que é a boa prática médica e exigem respeito à evidência científica publicada em literatura. Como coordenadora de UTI, muitas vezes preciso entrar no corpo a corpo com as famílias dos doentes. Elas querem trazer médicos externos, procuram soluções milagrosas. Recebemos pressões, telefonemas em desespero. Explico que faço medicina baseada em ciência. Se houver evidência científica, pratico o que os estudos demonstram. Do contrário, não. Não há estudo sério mostrando benefício. Pelo contrário, há aumento de alterações em eletrocardiograma e exames de fígado.

O que você diz a esses familiares?

Explico que não faltam pacientes nas UTIs que tomaram cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina ou azitromicina em casa e, mesmo assim, adoeceram gravemente. Não podemos nos levar por ideologia e ceder a esse tipo de pressão. Não prescrever a hidroxicloroquina não é uma decisão vinculada a qualquer questão política. Meu vínculo é com a ciência.

Qual é o exemplo que você usa para explicar isso aos familiares de pacientes que seguem iludidos com a história de “tratamento precoce”?

O maior exemplo é Manaus. Os colegas de lá estão vivendo o caos. Lá os pacientes já estavam tomando essas coisas do tal tratamento precoce. E o que aconteceu? Não adiantou nada. Os pacientes estão muito mal. A situação lá é impraticável. Esse é o exemplo mais claro.

Como lidar com tantas falsas alegações de benefício?

A imprensa tem feito um papel muito importante para o esclarecimento do público. A população leiga está sendo bombardeada com alegações sobre medicamentos que basta ir à farmácia e comprar. Em um cenário de pandemia, com os hospitais lotados, é claro que as pessoas vão acreditar e tomar. E ainda há prefeituras e operadoras de saúde mandando essas medicações para a casa das pessoas. Estamos vivendo uma realidade louca.

Para os jornalistas é um pouco frustrante ver que nem sempre a informação é capaz de mudar o comportamento das pessoas. O que é possível fazer para alcançar a mudança necessária?

Precisamos continuar bombardeando as pessoas com informação. Infelizmente, a política foi misturada com ciência de uma forma horrível. Devemos continuar mostrando, batalhando, fazendo o que estamos fazendo para tentar conscientizar as pessoas de várias formas. Nas publicações, nas entrevistas, no ambiente do dia a dia, nos grupos de Whatsapp. Acho difícil que o Ministério da Saúde mude suas condutas neste momento. Cabe a nós continuar a esclarecer a população. De cima para baixo, a informação não virá.

Você já tomou a vacina?

Sim, na semana passada. Foi um dia muito especial porque, além de receber a primeira dose da vacina, nosso estudo foi publicado no The British Medical Journal, depois de um trabalho hercúleo. Teve gente que perguntou por que tomei a CoronaVac, em vez de esperar a vacina da Pfizer. Gente, isso não faz o menor sentido. Sou privilegiada por receber a CoronaVac. É preciso tomar a vacina que estiver disponível. É fundamental imunizar o maior número de pessoas o mais rápido possível.

O pior da pandemia está por vir?

Acho que o pior pode estar por vir. Vejo os números com muita preocupação. São 1.000 mortos por dia. Esse número não diminui. As taxas de ocupação dos hospitais são altas. As equipes de saúde estão completamente fatigadas. Pessoas trabalhando nesse stress há quase um ano. Dar plantão em uma UTI de covid é muito mais difícil do que em uma UTI normal. Os pacientes demandam muito mais atenção, intervenção, cuidados. É impressionante a quantidade de ligações que recebemos diariamente de pessoas que querem ser transferidas para São Paulo. Muita gente com o vírus pegando voo comercial para sair de Manaus. Quantas pessoas não estão sendo infectadas dessa forma?

O que você diria a quem continua andando sem máscara e sem distanciamento social?

Pense no coletivo, olhe para o lado, veja o que está acontecendo. Ligue a televisão, leia o jornal, acesse os sites e veja os números. Covid não escolhe velho, novo, rico, pobre. O vírus está aí no meio de todos nós. Temos que ter empatia e compaixão. Se você está com covid, respeite seu tempo de isolamento. Não vá pegar um voo. Coloque-se no lugar do outro. Pode ser que, daqui um tempo, você esteja precisando de um leito de hospital.

*Cristiane Segatto/Uol

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