Jamil Chade*
O Brasil vai participar de uma reunião pela paz na Ucrânia, que ocorrerá na Arábia Saudita em agosto. Diplomatas do Itamaraty confirmaram ao UOL que negociações neste sentido foram realizadas nos últimos dias.
De acordo com a agência Associated Press, a reunião deve ocorrer na cidade de Jeddah, no Mar Vermelho. Cerca de 30 países devem participar — inclusive alguns dos principais membros dos Brics e o governo norte-americano de Joe Biden.
A esperança é que o encontro possa conduzir o grupo a pensar em certos princípios que deveriam ser considerados em um eventual plano de paz.
Fontes do Palácio do Planalto confirmaram a participação do Brasil e o governo ainda avalia quem representará o país — já que a reunião coincide com o encontro que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou para a Amazônia.
Desde que tomou posse, o presidente tem insistido em se apresentar como um possível interlocutor entre russos e ucranianos. Mas o projeto tem sofrido resistência, principalmente por parte de americanos e alguns europeus.
O governo Lula enviou seus emissários tanto para Kiev como para Moscou, mas o próprio presidente brasileiro chegou a alertar ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que não existe uma negociação de paz com base na tentativa de Kiev de impôr seu plano como a única saída para a crise.
No fim de junho, o Brasil já havia participado de uma iniciativa semelhante, com representantes dos países do G7, emergentes e os ucranianos.
Durante o encontro, realizado na Dinamarca, o governo de Kiev tentou aprovar uma declaração final na qual os participantes sinalizavam apoio a trechos do plano de paz dos ucranianos. Mas a ideia não prosperou, em especial diante da resistência dos países emergentes. O Brasil também adotou a mesma postura.
Naquele momento, o representante do Brasil, Celso Amorim, indicou que a aprovação do documento “não seria produtivo” e qualquer ideia de paz precisa nascer de conversas entre russos e ucranianos.
Ainda assim, o brasileiro destacou que o encontro foi concluído com a decisão de manter o diálogo, o que já seria considerado um avanço diante da crise internacional.
Segundo Amorim, porém, esse processo terá de incluir a China e a Rússia. “Não há como fazer um acordo com eles mesmos”, disse o negociador brasileiro, em referência aos ucranianos.
Por enquanto, o processo ainda não será transformado em uma reunião de cúpula de chefes de Estado. Mas não se descarta que, no futuro, o grupo possa ganhar tal dimensão.
No encontro na Dinamarca, a ausência de Jake Sullivan, conselheiro nacional de Segurança dos EUA, acabou prejudicando a ambição da reunião. O norte-americano optou por permanecer em Washington diante do motim que se registrava na Rússia naqueles dias e liderado por grupo Wagner.
*Uol
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