Documento afirma que Jair e seus aliados estruturaram “organização criminosa” no Palácio do Planalto, com o objetivo de minar as instituições democráticas.
A denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (18) trouxe à tona detalhes de um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Segundo o documento, o ex-presidente Jair Bolsonaro teria conhecimento e concordado com a trama, que fazia parte de uma estratégia maior para desestabilizar a democracia e impedir a posse de Lula após as eleições de 2022, informa o portal g1.
O plano, batizado de “Punhal Verde Amarelo”, incluía a neutralização do STF e a execução de ações violentas contra figuras-chave do Estado. De acordo com a denúncia, Bolsonaro teria anuído ao projeto, que previa o assassinato de Lula por envenenamento e a morte de Moraes, visto como um obstáculo aos interesses do grupo.
“O plano foi arquitetado e levado ao conhecimento do Presidente da República, que a ele anuiu, ao tempo em que era divulgado relatório em que o Ministério da Defesa se via na contingência de reconhecer a inexistência de detecção de fraude nas eleições”, diz o documento.
A acusação destaca que o ex-presidente adotou um “tom de ruptura com a democracia” desde 2021, intensificado após Lula se tornar elegível com a anulação de suas condenações criminais. O documento afirma que Bolsonaro e seus aliados estruturaram uma “organização criminosa” no âmbito do Palácio do Planalto, com o objetivo de minar as instituições democráticas e implantar uma nova ordem política.
Operação “Copa 2022” e o papel de Bolsonaro – O plano golpista estava inserido em uma estratégia maior, chamada de “Operação Copa 2022”, que visava criar comoção social e pressionar o Alto Comando do Exército a apoiar um golpe de Estado. A denúncia aponta que Bolsonaro e o general Walter Braga Netto, seu ex-vice na chapa de 2022, eram os líderes da organização criminosa.
“A organização tinha por líderes o próprio presidente da República e o seu candidato a vice-presidente, o general Braga Neto. Ambos aceitaram, estimularam, e realizaram atos tipificados na legislação penal de atentado contra o bem jurídico da existência e Independência dos poderes e do Estado de Direito democrático”, afirmou Gonet na denúncia.
Próximos passos – A denúncia será julgada pela Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Se aceita, Bolsonaro e os demais acusados se tornarão réus e responderão a um processo penal no Supremo. Ainda não há data definida para o julgamento, mas ele pode ocorrer ainda no primeiro semestre de 2025.