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Opinião

Lula ensina a enfezados arrogantes como se negocia com altivez, sem bravata

Reinaldo Azevedo*

Luiz Inácio Lula da Silva falou tudo o que quis a Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e, à diferença do que reza o ditado, também ouviu o que queria ouvir. Durante evento no Palácio do Planalto, nesta segunda, Lula afirmou o que o país NÃO FARÁ como precondição para fechar o acordo Mercosul-União Europeia. Agiu bem. Isso NÃO azedou a relação. Quando pessoas altivas e educadas conversam, é possível ao menos buscar o caminho do entendimento.

Já volto ao discurso de Lula. Mas quero destacar o que anunciou von der Leyen em evento posterior com empresários na sede da Confederação Nacional da Indústria, em Brasília. A representante do bloco europeu anunciou a doação de R$ 100 milhões ao Fundo Amazônia. E o dinheiro veio junto com uma declaração sobre o acordo entre os dois blocos:
“Agora finalmente estamos próximos da linha de chegada, acho que é o momento de cruzar a linha de chegada. O presidente Lula e eu nos comprometemos em concluir o acordo o quanto antes, mais tardar até o fim do ano. Esse acordo traz benefícios, dará às empresas oportunidades de expansão”.

Se e quando efetivado, será o maior acordo comercial do mundo, envolvendo 32 países, 780 milhões de pessoas e um PIB de R$ 20 trilhões.

Mas nem tudo vinha sendo, ou é, assim tão tranquilo. E daí a importância das negociações empreendidas por Lula. Em razão das delinquências ambientais praticadas na gestão de Jair Bolsonaro, a União Europeia fez, de forma unilateral, um adendo ao que já tinha sido pactuado, transformando, por exemplo, a adesão espontânea do Brasil a algumas metas — como o desmatamento zero em 2030 — em cláusulas impositivas. Lula não escondeu seu desagrado. No evento no Planalto, afirmou:
“Expus à presidente Von Der Leyen as preocupações do Brasil com o instrumento adicional ao acordo apresentado pela União Europeia em março deste ano, que amplia as obrigações do Brasil e as torna objeto de sanções em caso de descumprimento. A premissa que deve existir entre parceiros estratégicos é a da confiança mútua e não de desconfiança e sanções. Em paralelo, a União Europeia aprovou leis próprias, com efeitos extraterritoriais e que modificam o equilíbrio do acordo. Essas iniciativas representam restrições potenciais às exportações agrícolas e industriais do Brasil. Reiterei o desejo do meu governo de construir uma agenda bilateral positiva. Com cooperação ativa, podemos abrir horizontes benéficos em diversas áreas. O caminho deve ser a formação de parcerias para o desenvolvimento sustentável.”

O agro deveria ser particularmente grato ao presidente. Está tentando consertar o que Bolsonaro estragou com a conversa sobre “deixar passar a boiada” e com o deliberado desmonte da área ambiental no Brasil. Mas não é só isso. Lula disse ainda que o acordo não pode impedi-lo de fazer o que fazem americanos e europeus: cuidar do seu próprio jardim — isto é, de suas próprias empresas. O entendimento não significa transformar o Brasil em mero fornecedor de commodities e de mercado consumidor aos ricos. Assim, afirmou o presidente:
“A Europa e os EUA voltaram a reconhecer, após ciclos de liberalismo exagerado, a importância da ação do Estado em políticas industriais. Programas bilionários de subsídios foram adotados nos países desenvolvidos em favor da reindustrialização. O Brasil, que sofreu um grave processo de desindustrialização, tem ambições similares. Por isso, o Brasil manterá o poder de conduzir as políticas de fomento industrial por meio do instrumento das compras públicas. Unir capacidades em matéria de pesquisa, conhecimento e inovação é igualmente decisivo como resposta ao desafio de gerar empregos e distribuir renda. Queremos estabelecer uma efetiva Parceria Digital com a União Europeia, na área de tecnologias da informação, regulação do espaço digital, 5G e semicondutores.”

Os liberaloides brasileiros, que liberais não são, mas reacionários que rejeitam o espelho, ficam arrepiados quando ouvem coisas assim porque dizem que isso representa um pacto com a ineficiência. Só não saberiam explicar por que as nações ricas protegem — e com pesados investimentos públicos — a sua própria indústria.

Há, como lembra Lula, um vasto campo para trocas justas. Mas a reivindicação da União Europeia de que as compras governamentais entrem no acordo sem nenhuma forma de proteção não é algo negociável. Sob pena de a já combalida indústria brasileira ir para o buraco. Essa seria a situação, então, em que se faria um acordo contra a economia nacional, tendente a exportar empregos do país mais pobre para os mais ricos.

E, ainda assim, von der Leyen anunciou os recursos para o Fundo Amazônia e afirmou que acredita que o entendimento chegue a bom termo até o fim do ano. É bom que se perceba a diferença entre a bravata, que reivindicava ao mundo o suposto direito de desmatar porque, “afinal, a Amazônia é nossa”, e a altivez de quem se recusa a negociar com a faca no pescoço. Até porque nem europeus nem brasileiros ignoram que parte das imposições da União Europeia, adendadas ao acordo, são apenas o velho protecionismo se vestindo de cláusula verde. Isso ganhou até um apelido mundo afora: “greenwashing” entre Estados nacionais. Simula-se uma razão ambiental para o que é interesse comercial. É legítimo que governos busquem o melhor para seus países. Cumpre não ser o bobalhão da turma. E há duas maneiras principais de sê-lo: 1) aceitar todas as imposições; 2) roncar valentia, dizendo um “aqui ninguém mete o bedelho”, tornando-se pária no mundo. Nos dois casos, quem perde?

AS GUERRAS
Lula, e nem poderia ser diferente, também se referiu à guerra entre Rússia e Ucrânia:
“A volta da guerra ao coração da Europa reflete a complexidade dos desafios dos tempos em que vivemos. Lembrei à presidente Von Der Leyen que o Brasil votou a favor de resoluções na ONU que condenaram a invasão da Ucrânia pela Rússia. Reiterei nosso empenho em busca da paz, evitando a escalada da guerra e do uso da força e seus riscos incalculáveis. Não há solução militar para esse conflito. Precisamos de mais diplomacia e menos intervenções armadas na Ucrânia, na Palestina, no Iêmen. Os horrores da guerra e o sofrimento que ela provoca não podem ser tratados de forma seletiva. Os princípios basilares do Direito Internacional valem pra todos.”

Obviamente não há saída militar para aquela guerra, que provoca um estrago na economia mundial. E o líder brasileiro pode e deve dizê-lo. E também lhe cumpre lembrar que não se pode ser seletivo quando se trata de condenar os que promovem conflitos. Citou o caso do Iêmen. Eis aí a mais cruel e nefasta das guerras em curso, mas que se trava sob o silêncio cúmplice dos Estados Unidos e da Europa. Afinal, a Arábia Saudita, o país agressor, é considerado um “aliado estratégico” do Ocidente. Um massacre está em curso, inclusive de crianças. Lula não tem de dedicar o seu tempo a combater todas as guerras do mundo. Mas acerta ao não querer fazer parte da solução armada no conflito Ucrânia-Rússia, que solução não é.

Lula, reitero, falou o que quis e também ouviu o que quis. A conclusão do acordo Mercosul-União Europeia, que von der Leyen diz estar próximo, tem de atender também às necessidades do Brasil e da sua população.

Uma pergunta óbvia, de resposta idem, daí que ela seja aqui meramente retórica, mas convidando, ainda assim, os empresários brasileiros, inclusive os do agro, a pensar: em algum momento do governo Bolsonaro vocês encontraram um chefe de Estado disposto a advogar em favor dos respectivos setores que vocês integram com tanta clareza, objetividade e civilidade?

Era esse “esquerdista terrível” que parte da Dona Zelite brasileira tanto temia? Essa gente ficou com saudade do bronco e de seus anacolutos com a motosserra na mão?

ENCERRO
Li por esses dias um artigo em que uma enfezada, tomada de ares e tom professorais, dizia que Lula nada entende do mundo moderno; que está fixado no passado; que suas postulações no caso do acordo Mercosul-União Europeia eram impróprias etc. Não é o que pensa von der Leyen.

Se o entendimento vai mesmo sair, bem…, deixo a bola de cristal para os que são viciados em erro. O que me parece inequívoco é que Lula fez o que lhe cabia em defesa do país, do agro, das empresas brasileiras e dos empregos. A irrelevância agressiva fica a cada dia mais ridícula. Até “Uzmercáduz” já estão percebendo…

*Uol

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Justiça

CPMI dos atos golpistas quebra sigilo dos telefones de Bolsonaro e Anderson Torres

Parlamentares que integram a CPI mista dos atos golpistas de 8 de janeiro aprovaram a quebra do sigilo do celular de Jair Bolsonaro, seu ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outros dois assessores. As informações são do jornal O Globo.

A comissão também decidiu que convocará personagens centrais para investigar os ataques terroristas às sedes dos Três Poderes, incluindo Torres e Cid. As convocações dos generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno, ex-ministros de Bolsonaro, também foram aprovadas. Além disso, os deputados e senadores aprovaram solicitações para convocar o terrorista bolsonarista George Washington de Oliveira, que foi preso após uma tentativa de atentado com tanques de combustível próximo ao aeroporto internacional de Brasília, em dezembro.

No entanto, outros personagens tiveram seus requerimentos rejeitados. O general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, e o ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, que estava no comando da agência em 8 de janeiro, não serão convocados. A oposição pretendia chamá-los para emplacar a tese fantasiosa de que o governo Lula se omitiu.

*247

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Política

Com novidades, Senado aprova recriação do Minha Casa, Minha Vida

O relatório enviado pela Câmara foi elaborado pelo deputado Marangoni (União Brasil-SP). Entre as alterações aprovadas pelos deputados, estava a permissão para uso de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para projetos relacionados à Regularização Fundiária Urbana (Reurb), que inclui iluminação pública, saneamento básico, vias públicas e drenagem de águas pluviais.

O texto da MP perdia a validade na quarta-feira (14/6).

Criado em 2009, o programa foi extinto em 2020, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente substituiu a ação pelo programa Casa Verde e Amarela.

Retorno
O Minha Casa, Minha Vida prevê atendimento habitacional a famílias de baixa renda. Segundo o texto aprovado, haverá três faixas de renda de beneficiados, que vão até R$ 8 mil mensais. Nas áreas urbanas, a faixa 1 destina-se a famílias com renda bruta familiar mensal de até R$ 2.640; a faixa 2 vai até R$ 4,4 mil; e a faixa 3 até R$ 8 mil.

A comissão mista que aprovou o texto da MP foi presidida pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM). Ele apresentou ao parecer proposta que inclui mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar entre os segmentos priorizados pelo Minha Casa, Minha Vida. Além disso, Braga propôs a inclusão de moradores de área de risco e pessoas que perderam casas em razão de desastres naturais na lista de prioridades. As sugestões foram acatadas pelo relator.

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Cotidiano

Apresentadora é afastada por chamar GloboNews de “RivoNews”, associando canal ao “Rivotril”

A apresentadora Cecília Flesch, do telejornal Em Ponto, da GloboNews, foi afastada indefinidamente do cargo nesta terça-feira (13) e está “sem clima” para retornar às atividades na emissora, com possibilidades de rescisão por justa causa, informa o site TV Pop.

A situação insustentável se deve a declarações feitas por Cecília no podcast “É Nóia Minha?”, em que chamou a GloboNews de “RivoNews” – em alusão ao remédio calmante Rivotril – por considerar “um saco” a programação voltada à política e economia.

A jornalista também afirmou que não presta atenção nas reportagens apresentadas no telejornal e revelou que fica jogando games de celular enquanto faz entrevistas ao vivo com políticos.

Apesar de a participação no podcast ter ocorrido no fim de abril, as declarações polêmicas só viralizaram na mídia nesta segunda-feira (12), chegando ao conhecimento de executivos do canal de notícias, que a convocaram para uma reunião no Rio de Janeiro. Ainda de acordo com o TV Pop, o futuro de Cecília será decidido nas próximas horas.

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Política

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Política

Os riscos da manutenção do golpe na Eletrobras

Luis Nassif*

A Eletrobras é peça central no equilíbrio do setor elétrico brasileiro. Possui quase 50% dos reservatórios nacionais.

Em um deserto de boas reportagens, a Folha publicou um trabalho detalhado, de autoria de Alexa Salomão, sobre a privatização da Eletrobras. Nele, ela mostra como tendo menos de 1% de participação nas ações com direito a voto, passou a controlar o Conselho Deliberativo da empresa. É o mesmo jogo que transformou Daniel Dantas em controlador da Brasil Telecom e da Telemig Celular, com parcela mínima de capital.

O que chama a atenção é o silêncio constrangedor de lideranças industriais e das próprias comercializadoras de energia, a um poder extraordinário nas mãos dos chamados “piranhas financeiros” – na figura de Jorge Paulo Lehman e da 3G.

O termo foi cunhado no Chile, pós-queda de Salvador Allende, quando financistas sem nenhum escrúpulo passaram a se apossar de bens públicos. Coube a Pinochet acabar com a brincadeira, mandar para a prisão o mais atrevido dos “piranhas” e reestatizar o maior banco público privatizado.

A Eletrobrás é peça central no equilíbrio do setor elétrico brasileiro. Possui quase 50% dos reservatórios nacionais. Tratam-se de peças centrais para o modelo elétrico, pois são o fator de equilíbrio para as flutuações das chuvas.

Quando há escassez de chuvas, os reservatórios ajudam a regularizar a oferta de água, impedindo a explosão de preços. Em períodos de abundância de chuvas, consegue reduzir o custo da energia.

O que acontecerá com a Eletrobras privatizada, sendo gerida da mesma maneira que as Americanas? Hoje em dia, ela é a grande fornecedora de energia contratada – com preço regulado, destinada às distribuidoras e ao abastecimento de residências e pequenas empresas. Com abundância de água, a energia poderia estar muito mais barata. Mas são beneficiados apenas os grandes grupos, que adquirem energia no mercado livre.

Justamente por isso, grandes consumidores de energia julgam estar a salvo dos malefícios trazidos pela privatização da Eletrobras.

*GGN

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Justiça

TRE junta ações movidas por PT e PL e autoriza depoimento de testemunhas no processo que pode cassar Sergio Moro

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) decidiu unir as duas ações de investigação movidas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e pelo Partido Liberal (PL) contra o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR), a partir de agora. O desembargador Mario Helton Jorge assinou a decisão nesta terça-feira (13), também permitindo a produção de provas testemunhais nos processos. Mais de dez testemunhas serão ouvidas, informa o jornal Folha de S. Paulo.

As ações, que possuem conteúdo semelhante, foram movidas pelo PL do Paraná e pela federação formada por PT, PV e PCdoB. A decisão era esperada pelos partidos. O relator também autorizou pedidos de informações e documentos a outros partidos políticos, como Podemos e União Brasil, segundo o 247.

No entanto, o magistrado negou os pedidos de busca e apreensão, bem como as quebras de sigilo telemático, bancário e fiscal de Moro e de algumas pessoas físicas e jurídicas ligadas ao senador. Segundo o relator, “a adoção das drásticas medidas solicitadas só encontraria amparo em efetivo indício concreto da existência das irregularidades apontadas, de sorte a justificar que sejam excepcionadas as proteções constitucionais afetas à intimidade”.

As ações têm como foco principal os gastos realizados por Moro durante seu período de pré-campanha, quando ele cogitava uma candidatura ao Palácio do Planalto e era filiado ao Podemos. Moro se filiou ao partido em 2021 com o intuito de concorrer à presidência. No entanto, próximo ao prazo final para trocas partidárias, em 2022, ele deixou o Podemos e se filiou ao União Brasil.

Dentro da nova legenda, ele não conseguiu espaço para manter sua candidatura. Agora, os partidos opositores alegam que os gastos de pré-campanha, inicialmente destinados à disputa presidencial, se tornaram “desproporcionais” e “suprimiram as chances dos demais concorrentes” ao Senado no Paraná.

Ao entrarem com as ações de investigação na Justiça Eleitoral, os partidos apontaram supostos gastos ilícitos de recursos (caixa 2), abuso de poder econômico, uso indevido dos meios de comunicação e indícios de triangulação de contratos, com o objetivo de destinar valores para o pagamento de despesas pessoais de Moro e para despesas de natureza eleitoral, o que poderia configurar desvio de recursos partidários.

Os partidos buscam a cassação do mandato de Moro e a declaração de sua inelegibilidade por oito anos. O PL também solicita a realização de uma eleição suplementar para o cargo de senador pelo Paraná, com a chapa que ficou em segundo lugar na disputa, liderada pelo ex-deputado federal Paulo Martins (PL), assumindo interinamente.

A defesa de Moro nega as irregularidades nos gastos, alegando que, “sendo caracterizado o ato como de pré-campanha e estando seu conteúdo de acordo com a legislação eleitoral, não há vedação normativa à realização de gastos, desde que suportados pelo partido político e não pelo pré-candidato. Em nenhum ato de pré-campanha foi identificado o intuito de promover ou solicitar pedido de votos”, conforme trecho da defesa do senador, feita pelo escritório BGA Bonini Guedes e Gaião Advogados.

Dentre as testemunhas arroladas pelos partidos, destaca-se a deputada federal Renata Abreu, presidente nacional do Podemos. Por sua vez, a defesa de Moro arrolou apenas uma testemunha nos processos: Deltan Dallagnol (Podemos), que recentemente perdeu o mandato de deputado federal por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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Política

Passagem aérea de R$ 200 começa em agosto para aposentados

Governo federal finaliza modelagem de programa Voa Brasil, que irá oferecer passagens por até R$ 200.

A proposta do governo federal para vender passagens aéreas a R$ 200, conhecida como “Voa Brasil“, terá início em agosto. No 2º semestre, deve operar como projeto-piloto.

O programa foi anunciado em 13 de março pelo ministro Marcio França, dos Portos e Aeroportos.

A modelagem está em fase final dentro do Ministérios dos Portos e Aeroportos. O 1º grupo selecionado para o teste deve ser o de aposentados que recebem até 2 salários mínimos.

Com esse recorte, a ideia é que os sites de venda de passagens tenham uma área dedicada a esse público. Serão oferecidas passagens a preços promocionais em horários e datas com menor procura.

A ideia é ampliar a taxa de ocupação das aeronaves. A taxa média é próxima de 20%.

“Aposentado parece um bom filtro [para os preços promocionais]. Tem mais tempo, pode pegar as baixas temporadas. A ideia é começar um piloto no 2º semestre e abrir uma área específica para essas passagens [nos sites]“, disse Juliano Noman, secretário de Aviação Civil, ao Poder360.

O CFO da Azul, Alexandre Malfitani, disse que a ideia do programa “faz sentido“.

“Vale estudar porque tem vários fatores que indicam que um plano desses pode ter sucesso. Começa que o brasileiro voa pouco. Voa menos em média que México, Chile, Colômbia. Há horários de baixa demanda“, disse.

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Política

Lula: “o mandato é muito curto. Então eu tenho pressa, e essa pressa eu passo para os meus ministros”

Na primeira edição de seu podcast semanal, nesta terça-feira (13), o presidente Lula (PT) foi perguntado sobre o “sentimento de urgência” que tem passado em suas declarações públicas, dizendo ser necessário fazer em quatro anos de administração mais do que fez em seus dois mandatos anteriores, entre 2003 e 2010.

O presidente confirmou ter pressa para colocar em campo seus projetos e afirma que cobra de seu corpo ministerial a mesma postura. “O mandato é muito curto. Em um país em que você tem todas as dificuldades legais para fazer uma obra qualquer, para fazer um investimento – você tem fiscalização, tem Tribunal de Contas, tem impeditivos, tem um Congresso que muitas coisas têm que passar por ele – em um mandato de quatro anos às vezes você não consegue aprovar um projeto importante. Se a gente for lembrar o Obama, o Obama quase que não aprovou nenhum projeto nos Estados Unidos. Então eu tenho pressa, e essa pressa eu procuro passar para os meus ministros, com cada um que eu converso. Quinta-feira vou ter uma reunião com os Ministérios para cobrar pressa”.

“Não há tempo há perder, não há tempo para conversa fiada. Nós temos que levantar de manhã trabalhando, parar de trabalhar o mais tarde possível da noite e no dia seguinte levantar cedo outra vez. O povo está precisando ver o Brasil andar de cabeça erguida e nós fomos eleitos para isso. É isso que eu passo para meus ministros e minhas ministras. Nada de ter medo de cara feia, nada de ficar colocando dificuldade. A dificuldade existe para a gente vencer. Quando a gente é oposição, aí a gente fala ‘eu acho, eu vejo, eu penso, eu acredito’. Mas quando você governa você não ‘acha, pensa ou acredita’, você faz ou não faz, e você tem que fazer. É isso. Simples assim. Nós temos que fazer. O tempo do ‘acho’ era o tempo da eleição, o tempo do ‘acredito’ era o tempo da eleição. Agora é fazer. Se tem uma coisa difícil, desenrole e faça, porque é assim que a gente governa um país”, concluiu.

*247

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Política

Colégio no RS cancela evento com Frei Betto após abaixo-assinado de pais de direita

‘A direita entrou em campo’, diz o frade à coluna; evento agora vai ocorrer na Universidade Caxias do Sul.

O Colégio São José, instituição de ensino privada localizada em Caxias do Sul (RS), cancelou um evento com o teólogo e escritor Frei Betto que ocorreria na terça-feira (13) após um abaixo-assinado realizado por um grupo de pais e responsáveis por alunos, segundo Mônica Bergamo, Folha.

Agora, a palestra será realizada na Universidade Caxias do Sul (RS), na mesma data, às 19h.

Com mais de 2.700 signatários, o texto diz que as obras de Frei Betto são “totalmente contra os valores que acreditamos serem importantes e essenciais na educação de nossas crianças”.

O manifesto, publicado no sábado (10), ainda menciona uma suposta defesa da “ideologia de gênero”, uma teoria citada por conservadores para desqualificar argumentos de movimentos pró-LGBTQIA+, por parte do autor.

“Nós, como pais e familiares, nos sentimos totalmente incomodados com o abismo entre os nossos interesses educacionais e tal encontro a ser realizado em local que escolhemos como segunda casa dos nossos filhos”, segue o abaixo-assinado.

“A direita entrou em campo, fez esse manifesto e deram para trás”, afirma Frei Betto à coluna. Ele ia ministrar uma palestra com o tema “Fomes do Brasil e Esperanças de Futuro” no auditório do Colégio São José, que tem capacidade para cerca de 650 pessoas.

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