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Opinião

Grande mídia pró mercado mostra as garras para Lula em ataque coletivo contra furo no Teto de Gastos

Folha, O Globo e Estadão sobem o tom contra a PEC da Transição em publicações alarmistas, com “conselhos” e ofensas à equipe de Lula.

Os jornais da chamada grande mídia, todos sensíveis aos ânimos do mercado financeiro, começaram a mostrar as garras para o novo governo Lula (PT). Nesta quinta-feira (17), um festival de matérias e editorial em Folha, Estadão e O Globo coloca Lula contra a parede por causa do furo no Teto de Gastos para pagar benefícios sociais.

O ataque coletivo, motivado pela desaprovação em relação à PEC da Transição, inclui desde ofensas ao time de Lula até conselhos e projeções alarmistas sobre a economia.

Por causa da PEC, Folha de S. Paulo manchetou que Lula “larga na contramão do que levou ao sucesso de seus dois governo no combate à pobreza”. O jornal argumentou que “responsabilidade fiscal e superávits primários foram fundamentais para que o petista fizesse mais pelo social”.

Na esteira, O Globo disse que “Lula testa a paciência ao ignorar críticas” e sugeriu que “em vez de ouvir os aduladores, ele deveria prestar atenção à bomba fiscal prestes a ser lançada sobre o país.”

Estadão, por sua vez, entrevistou o presidente de um grande banco privado, o Bradesco, para avisar a Lula que “não temos espaço para testes ou experimentos” por parte da equipe econômica, seja ela qual for. O Estadão também dedicou um espaço em sua página principal a uma matéria sobre André Lara Resende, Guilherme Mello, Nelson Barbosa e Pérsio Arida terem sido “escanteados na PEC da Transição”.

A decepção de O Globo com Lula

Nesta quinta (17), O Globo publicou um editorial ácido, falando da “decepcionante reação” de Lula às críticas que ele tem recebido do mercado. O jornal disse que o furo no Teto de Gastos é “irresponsável” e chamou as declarações de Lula sobre o tema de despropositadas. O editorial ainda faz terrorismo sobre o futuro.

“Paciência, o novo governo tem testado não apenas a dos mercados, mas a de todos os brasileiros que sabem fazer contas. Aumentar gastos sem amparo de receitas nem gestão do passivo levará a um ciclo bem conhecido no Brasil: aumento descontrolado do endividamento, juros elevados, dólar mais caro, inflação alta e menos crescimento econômico”, definiu O Globo.

Segundo O Globo, a PEC da Transição fará um furo “irresponsável” no Teto de Gastos, de R$ 198 bilhões em 2023 e R$ 175 bilhões “todo ano daí para frente”. “Tudo falaciosamente em nome dos mais pobres. Na prática, trata-se de gasto no presente, com inflação e misérias contratadas no futuro.”

A pedido de O Globo, consultores fizeram cálculos e constataram que “se forem aprovados os R$175 bilhões fora do teto, as consequências serão terríveis.” O jornal sugeriu o limite de R$ 79 bilhões para a PEC em 2023.

O editorial de O Globo termina com golpe duro no PT. Para o jornal, só de a PEC ter chegado ao valor de R$ 198 bilhões, perto de 2% do PIB, é sinal da volta do “discurso e prática do velho PT que levou o Brasil à bancarrota: o Estado é a solução para todos os males, o mercado vive especulando ‘todo santo dia’, e criar ministérios é solução mágica para tudo.”

Folha explica a importância do mercado

A matéria da Folha foi feita para explicar de maneira didática a importância que tem a opinião do mercado financeiro para um governo. Assim como O Globo, Folha bate na estimativa de furo de R$ 175 bilhões no Teto de Gastos.

Com um texto ainda mais alarmista, Folha pregou que o furo tornará “difícil para Lula concluir seu mandato” realizando o “superávit primário necessário para estabilizar a dívida pública em relação ao PIB”.

Folha projetou, inclusive, que o governo Lula vai acabar “derrubando a economia” e gerando mais inflação, pois sem superávit primário, o mercado exigirá juros cada vez mais caros para financiar o governo.

O jornal atrelou o sucesso de Lula entre 2003 a 2010 ao fato de que ele conseguiu realizar superávits todos os anos. Pagando juros mais baixo para se financiar, os governos Lula evitaram aumento de carga tributária. Daí a origem do “ciclo virtuoso de crescimento sustentável”, explicou Folha.

Na visão da Folha, a responsabilidade fiscal é essencial para que os “agentes econômicos”, como “empresas, mercado financeiro e empreendedores”, “confiem na solvência do País.

Folha ainda cravou que o “baixo crescimento” econômico que se viu no País desde 2014 ocorreu graças ao “fim da responsabilidade fiscal” – ou quando o “mercado” passou a entender assim.

O diário ainda arriscou alguns conselhos a Lula: “Diante da precariedade das contas públicas e da experiência pregressa, Lula e equipe poderiam se debruçar sobre o que deu certo, e onde é possível economizar e melhorar a eficiência da despesa pública. Como a trajetória de Lula e Dilma na Presidência demonstrou, há dois caminhos a seguir. Lula parece estar pegando a via errada.”

O recado dos bancos

De Nova York, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, mandou alguns recados a Lula por meio do Estadão.

O empresário que Lula pode tomar o tempo que quiser para anunciar a equipe econômica, mas que não haverá “espaço para testes ou experimentos na área”. Defendeu que o furo no Teto de Gastos deve ser “o mínimo necessário” para garantir a continuidade de programas sociais num primeiro momento; mas, a partir daí, o governo deve encontrar um caminho para equilibrar as contas. Ele sugeriu uma reforma fiscal, mas deixando claro que nem a sociedade como um todo, nem os bancos privados aceitarão pagar mais impostos. A expectativa dele é que o governo Lula trabalhe inicialmente para “debelar a inflação” e, em seguida, reduzir a taxa de juros.

Estadão também ouviu de um economista e sócio de uma gestora de investimentos que o gasto de R$ 175 bilhões por ano (mais ou menos o valor da PEC da transição) elevaria a dívida bruta para 89% do PIB ao fim do governo Lula. A estimativa de O Globo passou dos 90%.

*Luis Nassif/GGN

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Bolsonarismo

Agrogolpismo ameaça democracia e financia vivandeiras de quartel

Investigação da PF lista empresas suspeitas de bancar atos contra resultado das urnas.

Quando os bolsonaristas começaram a fechar rodovias, o procurador Mário Sarrubbo avisou que havia uma organização criminosa por trás dos protestos contra o resultado das urnas. Investigações da Polícia Federal mostram que o chefe do Ministério Público paulista tinha razão.

Em ofício enviado ao Supremo, a PF identificou dezenas de suspeitos de financiar os atos golpistas. Com base no relatório, o ministro Alexandre de Moraes mandou bloquear as contas bancárias de 43 pessoas físicas e jurídicas.

A lista é dominada por empresários e empresas agrícolas e de transporte de cargas. Uma delas tem nome sugestivo: Berrante de Ouro Transportes Ltda. Sua sede fica em Sorriso (MT), que reivindica o título de capital nacional do agronegócio.

Jair Bolsonaro se aliou aos setores mais atrasados do ruralismo, que se recusam a adotar práticas sustentáveis e respeitar a legislação ambiental. Em sintonia com a turma, desmantelou o Ibama, cancelou multas e encarregou um ministro de “passar a boiada”.

A derrota do capitão criou um problema para esses empresários. Em vez de modernizar seus negócios, eles querem empastelar a democracia e impedir a posse do presidente eleito.

O dinheiro do agrogolpismo abastece as vivandeiras de quartel. Em Brasília, elas acampam diante do QG do Exército, conhecido como Forte Apache. No Rio, aboletam-se em frente ao Palácio Duque de Caxias, antiga sede do Ministério do Guerra. As aglomerações se arrastam há três semanas sem que os militares se mexam para dispersá-las.

Na terça-feira, o general Villas Bôas criticou a imprensa e saiu em defesa dos radicais. Classificou-os como pessoas “identificadas com o verde e amarelo” que estariam preocupadas com “ameaças à liberdade”. De ameaças o general entende bem. Em 2018, ele pressionou o Supremo a manter o candidato do PT na cadeia, facilitando a vitória da extrema direita.

As cenas de bolsonaristas em transe, escalando caminhões ou cantando o Hino Nacional para um pneu, podem passar a ideia de que os atos golpistas são inofensivos. É um erro encará-los assim. Desrespeitar o resultado das urnas e pregar o rompimento da ordem constitucional é crime, lembra o ministro Moraes. As instituições precisam se defender de quem quer destruí-las.

*Bernardo Mello Franco/O Globo

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Irregularidade

Gal. Heleno prestará esclarecimento sobre interferência da Abin em investigação contra filho de Bolsonaro

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle receberá na próxima terça-feira (22) o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, para prestar esclarecimentos acerca das interferências, por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em investigação conduzida pela Polícia Federal envolvendo Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente da República.

Segundo o deputado Ivan Valente (Psol-SP), que pediu a audiência, reportagem do jornal O Globo, de 30 de agosto, destaca que a Polícia Federal afirmou em um relatório que a Abin atrapalhou o andamento de uma investigação envolvendo Jair Renan Bolsonaro.

“Integrante do órgão, flagrado numa operação, admitiu em depoimento que recebeu a missão de levantar informações de um episódio relacionado a Jair Renan, sob apuração de um inquérito da PF. Segundo o espião, o objetivo era prevenir ‘riscos à imagem’ do chefe do Poder Executivo”, observou o deputado.

A operação da Abin ocorreu em 16 de março do ano passado, quatro dias após o filho do presidente e o seu preparador físico Allan Lucena se tornarem alvos de uma investigação. A dupla seria suspeita de abrir as portas do governo para um empresário interessado em receber recursos públicos.

*Agência Câmara de Notícias

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Apoio

Apoie o Antropofagista. Apoie a democracia

Ficou claro que a guerra de narrativas nas redes sociais foi decisiva para a vitória de Lula. Cada declaração, discurso ou mesmo exposição de sua imagem ganhou relatos positivos, mas também negativos do outro lado que, de forma ficcional criavam narrativas a serem apresentadas aos eleitores sem qualquer combinação com a realidade.

Não há dúvida de que essas serão as características cada vez mais frequentes na disputa política. Cada acontecimento terá tradução de lados opostos, como acontece em todo o planeta.

A nós, cabe não só a busca da verdade, mas a de apresentar como características as armas da verdade para destruir falsas narrativas largamente utilizadas pelo bolsonarismo, mas não só ele.

Inúmeras experiências já nos mostraram que a direita como um todo usa a narrativa para fabricar histórias, cabe a nós explicitá-la trazendo as contradições crônicas da direita que sempre vende sua visão de mundo como fábula e apresentar caminhos e elementos que certamente estarão dentro das políticas do terceiro mandato de Lula com um texto que contemple a verdade.

Por isso, mais do que nunca estamos em busca de apoio financeiro para seguir nessa jornada antifascista, porque o outro lado tem estrutura e grana para fabricar enredo a modo e gosto.

Pedimos aos leitores que contribuam com o nosso trabalho, porque a guerra da narrativa será feita cada vez mais na web.

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Lula presidente

O sucesso internacional de Lula é o que mais incomoda os bacorinhos da elite brasileira

A inveja é uma das principais características que marcam a personalidade da classe dominante brasileira, sobretudo se alguém que faz sucesso, teoricamente, tem uma visão política antagônica. O ciúme e a sabotagem interna é uma característica que salta aos olhos nesse meio do jet set Paraguaçu.

Esse misto de arrogância com complexo de inferioridade ganha dimensão monstruosa no meio em que o sucesso é tão cobiçado, é tão estimulado, é tão determinante para se construir grifes, medalhões e celebridades instantâneas.

Nesses tempos de redes sociais, o que se vê de marmanjo abusando do apelo de baixo nível em troca de likes nesse país, é de assombrar.

Esta frase de Tom Jobim, “No Brasil, sucesso é ofensa pessoal”, cabe como uma luva sobre a fala de Merval Pereira comentando o sucesso de Lula. O apequenado editorialista oficial de O Globo, que adora se exibir com o fardão da Academia Brasileira de Letras, sem que ninguém tenha lido um só livro seu, ou seja, alguém que não contribuiu com a literatura brasileira, acha que é muita ambição de Lula querer ser um protagonista ou algo que o valha nas relações entre países em conflito.

No seu, vá lá que Lula ganhe uma certa respeitabilidade no cenário internacional por conta das questões climáticas, em função da Amazônia, mas que, ir além disso é presunção, na verdade, Merval revela que, para ele, isso é um escândalo de soberba.

Como isso não é exclusividade de Lula, pois outros em missões e épocas diferentes, sofreram ataque de inveja, não há exatamente o que se dizer sobre a vítima, pois, Villa Lobos, um dos maiores gênios da música universal, sofreu uma perseguição implacável daqueles que não tinham 5% do seu talento, quando tinham algum. Não foi por acaso que a elite paulista vaiou Villa Lobos na Semana de Arte Moderna de 1922.

Lógico que, já no seu terceiro mandato com uma sabedoria natural, que encantou o mundo em outras ocasiões, Lula está traquejadíssimo em lidar com o maquiavelismo nativo daqueles que não vale perder tempo, porque a lei da gravidade já derruba suas línguas, tal a importância nenhuma que elas têm.

A citação de Merval velho de guerra, antipetista por convicção sacerdotal para servir de língua de trapo dos Marinho é, em síntese, a própria característica da elite econômica desse país, que jamais admitirá que alguém com o histórico de Lula, de onde veio, por que veio, aonde chegou e por que chegou, possa cumprir um papel determinante no mundo.

Ainda bem que Lula é um desabusado que nunca deu trela para essa geleia de inveja que paira sobre o mundo dos milionaríssimos das terras cabrálias.

Ou seja, será sempre assim, Lula passa e os bacorinhos roncam e fuçam.

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Opinião

Lula envia o recado certo no Egito. No Brasil, problemas o esperam

Na COP, presidente eleito acerta ao dizer que não medirá esforços para combater o desmatamento. Na volta, vai enfrentar xadrez na montagem do ministério e delírios golpistas.

O presidente eleito Lula demonstrou no forte discurso na COP27 que amadureceu sua compreensão sobre o tema. Ele já havia sido um bom governante no combate ao desmatamento, mas desta vez chegou falando em “emergência climática”, em como o clima passou a ser central. Lula disse que não medirá esforços para combater o desmatamento, defendeu indígenas, propôs aliança mundial contra a fome, uma parceria com o agronegócio, fez cobranças aos países ricos, convidou a COP para vir para o Brasil e indicou que pode vir a criar uma coordenação “do mais alto perfil” para o tema, referindo-se talvez à Autoridade Climática.

— Em dez minutos de discurso fez mais pelo meio ambiente do que Bolsonaro em toda a vida. Falou de forma direta, sem rodeios, ao ponto. Falou o que interessava na questão interna, e também foi direto ao ponto ao se dirigir aos países ricos. Ele cobrou promessa dos outros, mas fez suas próprias promessas — afirmou Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.

Aqui dentro problemas o aguardam. Ainda não se sabe como será a tramitação da PEC da Transição. O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin entregou ontem ao Congresso um anteprojeto que coloca fora do teto o Bolsa Família, um percentual das receitas extras e doações. Por quanto tempo? Não há prazo no texto, mas o que se quer é quatro anos. O detalhamento do que fazer com o dinheiro aberto no orçamento foi enviado à parte. Trabalhou-se nisso até no feriado no CCBB, escritório de transição. O mercado andou em queda de novo. Os analistas entendem que será preciso explicar melhor como será o caminho do equilíbrio fiscal.

Lula falou na COP um dia depois do feriado da República, quando manifestantes bolsonaristas fizeram grandes atos em frente aos quartéis pedindo golpe de estado, no meio de comunicações ambíguas de Forças Armadas, de lideranças militares e diante do silêncio do presidente da República. Entrevistei ontem, no meu programa na Globonews, a senadora Simone Tebet e perguntei como esse golpismo pode ser enfrentado.

— Tolerância zero. Meu lado jurista, meu lado democrata, foi uma das razões pelas quais eu anunciei meu apoio ao presidente Lula, sem nunca ter sido do PT. Tenho convicção de que as urnas não levaram dois democratas para o segundo turno, apenas um. Nesse aspecto temos que cumprir a Constituição. É melhor o rigor da lei do que a ditadura de um homem. A gente já viu esse filme antes. A Constituição é muito clara. A gente não pode estimular um ato que seja atentatório à democracia. Temos que punir os financiadores, sabemos quem são muitos deles. Temos que apoiar a Justiça nas suas decisões. Esse capítulo precisa ser definitivamente encerrado. Ele não pode vir daqui a quatro anos mais fortalecido do que está agora. Por isso, fiz tanta campanha no segundo turno. Nós não suportaríamos oito anos de governo Bolsonaro, que lamentavelmente estava mudando a alma e o caráter do povo brasileiro. Há uma parcela pequena da população que está em transe.

Quando o auditório no qual Lula falava em Sharm el-Sheikh, no Egito, cantou em coro “O Brasil voltou” eram brasileiros, mas inúmeros estrangeiros estavam ali em torno comemorando exatamente isso. O Brasil retornou à mesa da diplomacia climática, na qual o país sempre fez diferença. E chega, como o próprio Lula, mais maduro e assertivo. No discurso mais breve que fez pela manhã, no estande dos governadores amazônicos, Lula acertou, segundo destaque de Tasso Azevedo, ao defender o amplo diálogo com todos.

– O presidente da República tem a obrigação de conversar com todos, inclusive os adversários, porque após as eleições não são mais adversários. Sem conversa não tem solução — disse Lula.

Na volta, enfrentará um país que ainda não curou suas fraturas. No dia 15, um longo tuíte do general Villas Bôas se referiu aos manifestantes que pedem ditadura como pessoas que “protestam contra os atentados à democracia”. É uma completa inversão. Uma fonte do meio militar me disse que ele pode estar sendo usado “para passar recados que, eu creio, em perfeita consciência, ele não daria”. Villas Bôas está há muitos anos com uma doença incapacitante.

O sumiço deliberado do presidente da República alimenta a ideia de que a derrota eleitoral pode ser revertida. Além desses delírios, Lula terá que enfrentar nas próximas semanas o xadrez da montagem do ministério e da definição dos rumos econômicos do país.

*Miriam Leitão/O Globo

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Opinião

O sucesso de Lula visto pela lente dos que resistem a engoli-lo

Nenhum erro lhe será perdoado, e os acertos rebaixados.

Lula foi um sucesso na conferência ambiental promovida no Egito pelas Nações Unidas, mas não deve perder de vista que seus maiores problemas estão aqui, e em nenhuma outra parte.

Os principais jornais do planeta louvaram o desempenho de Lula e seu retorno eletrizante, como destacou o The New York Times, mas isso não lhe dará o direito de arrombar as contas públicas.

Lula não cometeu crime algum ao pegar carona em um jato de um empresário amigo, mas deve uma explicação de porque o fez. Por que há quatro dias guarda silêncio a respeito?

Por falar em silêncio: por que não anuncia logo o nome do futuro ministro da Economia e acalma os nervos do mercado financeiro? O que uma coisa tem a ver com a outra? Nada, mas e daí?

Ele se elegeu com o apoio de 11 partidos. Na sua equipe de transição, há representantes de 16. Mas de um total de 290 nomes anunciados, 66 são do PT. Não é demais? E logo do PT?

Dos 17 nomes que integram o grupo escalado para sugerir políticas públicas nas áreas da Justiça e Segurança Pública, 9 são críticos da Lava Jato. Por que essa fixação na Lava Jato? O que significa?

Verdade que Lula com apenas 20 dias de eleito já fez mais pela imagem do Brasil do que Bolsonaro em quatro anos, mas não foi por mérito dele, e sim demérito de Bolsonaro.

A política não admite espaço vazio. Bolsonaro parou de trabalhar desde que foi derrotado. Está deprimido, com erisipela e ainda não sabe o que fazer. Lula limitou-se a ocupar o espaço vago.

Não parece uma má ideia ele ter designado Geraldo Alckmin, um político moderado, para uma espécie de gerente do novo governo. Mas que Lula não pense em ficar só passeando pelo mundo.

Terá que governar, pegar no pesado, e justificar porque quis voltar à presidência pela terceira vez ao invés de desfrutar os anos de vida que lhe restam na companhia da sua nova mulher.

A propósito: ela não foi eleita para nada, ele é que foi. Não está autorizada, portanto, a dar palpites na condução do governo. Deve comportar-se com discrição. Nada de fazer gracinhas.

Marisa Letícia, a primeira-dama em 2003, fez a gracinha de plantar nos jardins do Alvorada um canteiro em formato de estrela com flores vermelhas em tributo ao PT. Pegou muito mal.

Nenhum erro de Lula será perdoado. A Tarcísio de Freitas, por exemplo, governador bolsonarista de São Paulo, se perdoará um eventual reajuste de 50% no próprio salário. A vida está cara.

*Noblat/Metrópoles

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Lula presidente

Como em 2002, imprensa ainda trata Lula, e agora Janja, com ódio de classe

Com o vácuo que Jair Bolsonaro (PL) deixa na Presidência da República nos últimos suspiros do seu governo, somado ao magnetismo internacional de Lula (PT), estamos vivendo um fenômeno inédito que é o tratamento destinado ao presidente eleito. Lula já está sendo tratado como chefe de Estado em exercício do Brasil, tendo sido convidado para a COP27, a conferência sobre o clima da ONU, por exemplo. Entretanto, a imprensa brasileira, muitíssimo na contramão de toda a comunidade internacional, insiste em sua postura de ódio de classe contra Lula e, mais recentemente, contra Janja, socióloga, militante e esposa dele.

Isso, na verdade, vem acontecendo desde antes das eleições, quando a imprensa achou pertinente divulgar os valores dos vinhos servidos no casamento dos dois, os quais eram absolutamente razoáveis, diga-se de passagem. Depois das eleições, já soubemos o valor máximo da diária de um quarto de hotel no qual Lula ficou hospedado, já soubemos que ele pegou carona em um avião particular de um empresário e já soubemos também do valor da camisa usada por Janja em sua entrevista ao “Fantástico”.

Curioso, porém, que nunca soubemos, pela imprensa, quanto custou levar o pastor Silas Malafaia em um avião da FAB (Forças Aéreas Brasileiras) para Londres no funeral da rainha Elizabeth. Vale lembrar que ele não ocupava nem ocupa cargo público que justificasse sua ida ao evento. Não sabemos também quanto custou levar o maquiador de Michelle, primeira-dama, para esse evento, ou quanto custavam os looks que ela usou nos últimos quatro anos.

Não sabemos de quem era o barco no qual Jair aparecia dançando enquanto milhares morriam na pandemia. Não sabemos a quantas ficou a carona que o atual vice-presidente do país, Hamilton Mourão, pegou no jatinho de Serafim Meneghel, um usineiro do Paraná. Não sabemos muitas dessas informações porque estão dentro do sigilo dos gastos do cartão corporativo da presidência. Porém, para a imprensa brasileira, é mais grave que uma socióloga use uma camisa cara do que a família presidencial ter comprado 51 imóveis com dinheiro vivo.

É evidente que a imprensa brasileira tem um viés ideológico quanto o assunto é Lula e, agora, Janja. E, na minha opinião, esse viés é especialmente de classe, porém não só. Há também uma tentativa de reafirmar o senso comum de que pessoas politicamente à esquerda devem fazer voto da pobreza e sacrifícios. Quem nunca leu por aí a expressão pejorativa “socialista de iPhone” sendo usada para apontar uma suposta hipocrisia?

Costumo dizer —e imagino que de forma nada inédita— que quem gosta de pobreza é o capitalismo. Esse sistema precisa, necessariamente, da escassez e da concentração de renda existir. A ideologia política à esquerda, portanto, não tem nenhuma intenção em compartilhar a pobreza e a miséria, mas sim em compartilhar as riquezas. Lula, por exemplo, sempre diz como seu sonho é acabar, de novo, com a fome, não em aumentar a quantidade de pessoas famintas.

A imprensa brasileira também parece esquecer a magnitude do cargo que Lula já ocupou e voltará a ocupar em 2023. É sabido por qualquer pessoa que, por questões de segurança, um ex ou atual chefe de Estado não pode pegar um voo comercial. E se o atual governo não teve a capacidade republicana de oferecer um avião da FAB para que o presidente eleito pudesse representar o Brasil na COP27, qual solução você daria a esse imbróglio?

Não vale dizer que o PT deveria pagar o avião porque Lula foi representando o Brasil no evento, e não o partido. Também não fico confortável com essa carona, entretanto noto que havia pouca ou nenhuma margem de manobra disponível para Lula conseguir cumprir esse compromisso em nome do país.

Na minha opinião, a explicação para esse escrutínio financeiro da imprensa a cada passo de Lula e sua esposa se explica apenas por que ele já foi muito pobre e porque, apesar de ter ascendido socialmente, continua a ter as pessoas pobres no centro de sua atuação política.

A imprensa, especialmente a sudestina, parece se contorcer em cólicas ao ver especificamente esse presidente eleito se comportar, em todos os aspectos, de acordo com a indiscutível importância do cargo, o qual tem liturgias específicas que são integralmente inquestionadas quando exercidas por qualquer outro político.

Se você acredita que é preciso ser ou ter sido pobre para se indignar com a fome ou com a falta de moradia, sinto dizer que sua humanidade está um pouco enfraquecida. Tive o privilégio de crescer em uma família de classe média alta, porém nunca me faltou, desde criança, a angústia com as pessoas esquecidas pelo Estado.

Infelizmente, está parecendo que a imprensa prefere os incontáveis sigilos financeiros do governo Bolsonaro do que a transparência do futuro presidente de uma das 20 maiores economias do mundo que apenas está vivendo de forma condizente ao cargo de homem mais poderoso de uma nação trilionária. E, caso você não lembre, a exposição das roupas da posse de Jair e Michelle custou R$ 9.285,00 ao governo, ao passo que a camisa de Janja não onerou nem em R$ 1 os cofres públicos.

*Com Uol

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General faz ameaça velada a ministro Barroso, do STF: “Cuidado”

O general da reserva Paulo Chagas usou o Twitter nessa quarta-feira (16) para fazer uma ameaça velada ao ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Revoltado com o episódio em que Barroso ironizou um bolsonarista que o interpelou em Nova Iorque, o militar disse ao magistrado que tenha “cuidado” e citou uma suposta “cólera das multidões” na publicação.

“Dita pelo Sr. Ministro Luiz Roberto Barroso, a frase do momento é ‘Perdeu, Mané’, dirigida a um brasileiro que o interpelava em Nova Iorque. Com todo respeito e no mesmo nível, eu o alerto: Se liga, Mané, todo o poder emana do povo! Quem avisa amigo é, cuidado com a ‘cólera das multidões’”, escreveu o general em postagem repleta de erros de digitação e simplificações, aqui editadas.

Barroso é um dos ministros do STF que viajou para Nova Iorque para participar do evento Lide Brazil Conference. Além dele, também estiveram presentes Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes.

Já o general Paulo Chagas se lançou candidato ao governo do Distrito Federal em 2018 mas acabou derrotado. Após o fracasso, quatro anos depois tentou candidatar-se novamente, dessa vez a deputado federal pelo Podemos-DF, e novamente perdeu.

Mas além dos sucessivos fracassos eleitorais, o general também é conhecido por seus arroubos golpistas. Na última terça-feira (15), feriado de Proclamação da República, o militar divulgou um texto em que lamentou que tenha havido uma “ruptura institucional” no Brasil ainda em 2019, no momento em que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), teria sido solto.

*Com Forum

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A má herança do governo Bolsonaro: TCU lista “altos riscos” deixados a Lula

TCU detalha problemas de “alto risco” cometidos pelo governo Bolsonaro, incluindo possível fim do SUS, falta de políticas e outros.

O Tribunal de Contas da União entregou, nesta quarta-feira (16), ao vice-presidente eleito e coordenador da transição Geraldo Alckmin uma lista de 29 áreas de “alto risco” da administração pública deixadas pelo governo de Jair Bolsonaro.

O documento detalha problemas cometidos pelo governo Bolsonaro que representam alto risco “pela relevância e pelo impacto social”, que deverão ser olhados com atenção pelo novo governo Lula, com medidas para tentar minimizar ou acabar com os impactos e erros.

A lista inclue saúde, educação, meio-ambiente e demais setores prejudicados, em erros que afetam, pelo menos, 1 milhão de pessoas ou envolvem valores superiores a R$ 1 bilhão.
Os maiores riscos detectados

Entre os problemas de “alto risco” identificados pelo TCU, a inexistência e o não monitoramento de políticas públicas ligadas às desigualdades sociais e regionais; igualmente de políticas de combate ao desmatamento ilegal; a falta de dados públicos e informações confiáveis e 34% das obras públicas federais estão paralisadas e não planejadas, incluindo de transporte, rodovias e ferrovias.

Nos programas sociais, o TCU identificou que o Auxílio Brasil e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) foram os principais afetados, o primeiro com uma fila de 1,34 milhão de famílias esperando receber o auxílio, em janeiro de 2021, e o aumento na espera de 311 dias para os beneficiários do BPC receberem os recursos, em 2020.

O relatório do TCU escancara riscos que compremetem a sustentabilidade, ou seja, a continuidade do SUS (Sistema Único de Saúde), e falhas graves na equidade do acesso à educação.

Sobre o SUS, o órgão relata que, em 2017, eram necessários R$ 31,68 bilhões para o déficit assistencial da saúde e que essa dívida aumentará para R$ 57,53 bilhões em 2030, apresentando um risco real de que a saúde pública gratuita seja mantida no país.

Nos programas sociais, o TCU identificou que o Auxílio Brasil e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) foram os principais afetados, o primeiro com uma fila de 1,34 milhão de famílias esperando receber o auxílio, em janeiro de 2021, e o aumento na espera de 311 dias para os beneficiários do BPC receberem os recursos, em 2020.

Na área fiscal e de administração pública, mais despesas do que receitas do governo, contrariando a Lei de Responsabilidade Fiscal; riscos de falta ou o atraso de pagamentos de servidores públicos, de benefícios assistenciais, como o INSS; dívidas tributárias, etc.

Ainda na área fiscal, o TCU apontou que a dívida bruta do governo federal passou de 51% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2013 para 80,3% em 2021.

Entenda o relatório

Assim que iniciado a transição do governo, o coordenador Geraldo Alckmin contatou o TCU para que o órgão auxilie o novo governo Lula a entender o cenário fiscal e de administração pública deixado por Bolsonaro.

O Tribunal se comprometeu a auxiliar e entregou este relatório, elaborado ainda em junho deste ano, e assinado pela ministra Ana Arraes, então presidente.

O documento é parte do processo fiscalizatório do TCU e é realizado a cada dois anos. A partir de março de 2023, unidades técnicas do órgão irão monitorar os pontos elencados no relatório, registrando progressos ou novos riscos.

Acesse a íntegra do relatório do TCU aqui.

*Patrícia Faermann/GGN

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