Categorias
Mundo

Biden acusa Netanyahu de prejudicar Israel com o massacre em Gaza

E se oferece para ir falar no Congresso israelense.

Nada como sentir-se ameaçado de perder o cargo que mais ambicionou na vida e que finalmente conseguiu, já velhinho. Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, que derrotou Donald Trump há 4 anos, e que agora poderá ser derrotado por ele, decidiu partir para cima do primeiro-ministro-de Israel, Benjamin Netanyahu.

Em questão, o massacre de civis palestinos na Faixa de Gaza. O Exército de Israel, em pouco mais de cinco meses, já matou cerca de 31 mil pessoas, 70% delas mulheres e crianças, em retaliação ao governo de Gaza, comandado pelo grupo Hamas, que invadiu Israel em outubro último, matou 1.200 pessoas e sequestrou 150.

Biden deu ao governo israelense todas as armas que ele lhe pediu para vencer a guerra, mas agora resolveu dar um basta. Não na entrega de armas, mas na própria leniência com que se comportou até aqui. Algo como metade dos americanos está chocada com o que acontece em Gaza, e uma fatia dela também culpa Biden por isso.

Em sua fala mais dura desde o início do conflito, em entrevista à MSNBC, uma rede de televisão do seu país, Biden, ontem, disse que Netanyahu está atualmente prejudicando mais Israel do que ajudando. E acrescentou que deseja visitar Israel e dirigir-se diretamente ao Knesset, o equivalente ao nosso Congresso.

Lembrou que da primeira vez que foi a Israel com a guerra ainda mal deflagrada, sentou-se com Netanyahu, ministros do seu governo e militares e os advertiu:

“Não cometam o erro que a América cometeu no 11 de setembro. Fomos atrás de Bin Laden até pegá-lo. Mas não deveríamos ter metido nisso o Iraque e o Afeganistão. Não era necessário. Criou mais problemas do que eliminou.”

Segundo Biden, Netanyahu “tem o direito de defender Israel, o direito de continuar a perseguir o Hamas, mas deve, deve, deve prestar mais atenção às vidas inocentes que estão sendo perdidas como consequência das ações tomadas”. E repetiu:

“Na minha opinião, ele está prejudicando mais Israel do que ajudando Israel – é contrário do que Israel defende. Acho que é um grande erro e quero ver um cessar-fogo. Depois do bombardeio massivo que ocorreu na Segunda Guerra Mundial, acabamos numa situação em que mudamos as regras do jogo e o que constituem regras legítimas de guerra, e elas devem ser respeitadas”.

*Blog do Noblat

Categorias
Mundo

A cobertura europeia sobre o atual momento do massacre em Gaza

Em todos os países analisados foi possível notar a menção às instituições de Gaza como pertencente ao Hamas, deslegitimando as informações de funcionários públicos.

Após 5 meses de operações militares contra a Faixa de Gaza, supostamente, em resposta à operação da resistência palestina iniciada em 7 de outubro, os diversos portais de notícias europeus seguem reportando os fatos sob diversas perspectivas. Ao mesmo tempo em que a realidade concreta os leva a noticiar a crueza das punições generalizadas realizadas por Israel contra o povo palestino, ainda é possível perceber certas dificuldades em nomear os acontecimentos pelo seu verdadeiro nome.

Comparamos diversas publicações do velho continente enfocando-nos, principalmente, sobre a cobertura do massacre de palestinos em busca de alimentos em Gaza por parte do exército israelense e sobre as negociações de cessar-fogo para o início do Ramadã. O resultado, você confere a seguir:

Comparamos diversas publicações do velho continente enfocando-nos, principalmente, sobre a cobertura do massacre de palestinos em busca de alimentos em Gaza por parte do exército israelense e sobre as negociações de cessar-fogo para o início do Ramadã. O resultado, você confere a seguir:

No Reino Unido, cujo papel histórico foi crucial para a partilha colonial do território da Palestina histórica, as linhas editoriais oscilam.

The Telegraph dá espaço para artigos de opinião que criminalizam às manifestações contra o genocídio, também abrem espaço para que dirigentes das Nações Unidas possam se defender ante as acusações de serem facilitadores das atividades do partido islâmico Hamas.

Claramente, este jornal adotou a linha editorial mais conservadora, permitindo títulos como “Hamas refuses to reveal how many hostages are alive”, em um contexto em que Israel se negou a enviar representantes para as negociações de cessar-fogo no Cairo. Em “We’ve got to stop believing Hamas’ lies about civilian deaths in Gaza”, percebemos as reais intenções da publicação, pois se permitem a veicular que o exército israelense tem “incrivelmente matado poucos civis” debruçados sob uma vala comum de mais de 30 mil mártires.

Outra demonstração do viés conservador veio do Comissário Anti-terrorismo do governo britânico, Robin Simcox, que escreveu um artigo para The Telegraph alegando que as ruas de Londres haviam se tornado “área de risco para judeus” aos fins de semana devido às manifestações pró-Palestina e pelo cessar fogo. Por outro lado, a BBC reportou sobre as declarações de Simcox de forma equilibrada ao oferecer espaço para que membros organizadores das manifestações pudessem desmentir as acusações. Assim, a BBC vem apresentando conteúdos com maior teor informativo e contextualizado; similar à cobertura do The Guardian que, inclusive, apresenta uma nota de rodapé em suas matérias referentes à Gaza em que se dizem “profundamente abalados com os recentes eventos em Israel e Gaza” e solicitam apoio para continuar com seu jornalismo investigativo.

Na Alemanha, a cobertura consegue ser a mais deficiente. O país, que já instalou políticas de repressão contra o movimento pró-Palestina como a criminalização do movimento por Boicote, Desinvestimento e Sanções a Israel (BDS), legitima fortemente o estado de Israel como se essa fosse uma forma de se posicionar contra o antissemitismo.

As manchetes da DW sobre o genocídio na Palestina são bastante higienizadas e mais escassas que nos grandes portais dos países vizinhos. Chamam, por exemplo, de “incidente” o tiroteio realizado pelo exército israelense que resultou na morte de mais de 100 palestinos que buscavam ajuda humanitária para alimentar seus seres queridos.

Em todos os países analisados foi possível notar a menção às instituições de Gaza como pertencente ao Hamas, por exemplo, quando o Ministério da Saúde local emite comunicados e números de mortos. Chamá-lo de “Ministério da Saúde do Hamas” deslegitima o trabalho realizado por funcionários públicos, que também são alvos e vítimas do atual processo de genocídio, ao sugerir que tais informações possam estar manipuladas afim de privilegiar o partido islâmico politicamente. O France 24, por exemplo, emite uma grande nota de rodapé ao final de várias reportagens, explicando ao leitor que a fonte dos dados apresentados são do “Ministério da Saúde do Hamas”, apenas para, ao final, mencionar que esses costumam ser compatíveis com aqueles oferecidos pela ONU.

Na França, apesar disso, a cobertura tem sido equilibrada, conseguindo ponderar as reivindicações de ambos os lados. Tanto o Le Monde quanto o France 24 apresentaram a declaração oficial do exército israelense sobre ter disparado apenas em “suspeitos” ao mesmo tempo que replicam o que dizem autoridades locais.

Quanto às negociações de cessar-fogo, ambos relatam a ausência de mediadores israelenses nas discussões e as exigências do Hamas: cessar-fogo permanente, saída completa das tropas sionistas da Faixa de Gaza e retorno dos palestinos do norte do estreito litorâneo. Esta postura difere da abordagem alemã, que enfoca na perspectiva do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, transmitindo ao leitor que a impossibilidade de um acordo de paz seria de responsabilidade, principalmente, do partido palestino.

*Dolores Guerra/GGN

Categorias
Mundo

Imagem de criança esquelética que morreu em Gaza viraliza nas redes e denuncia situação de fome na região bombardeada por Israel

Yazan Kafarneh, menino desnutrido de 10 anos, se tornou o rosto que simboliza a falta de alimentos no território palestino.

É muito fácil traçar o crânio sob o rosto do menino de Gaza, a pele pálida estendendo-se sobre cada curva do osso e flácida em cada cavidade. Seu queixo se projeta com uma nitidez perturbadora. Sua vida reduzida a pouco mais que uma máscara fina sobre uma morte iminente. Numa de uma série de fotografias jornalísticas do rapaz, Yazan Kafarneh, tiradas com a permissão da sua família enquanto ele lutava pela sua vida, os seus olhos com pestanas compridas olhavam para fora, desfocados. Ele tinha 10 anos, mas nas fotografias dos seus últimos dias, numa clínica no sul de Gaza, parece pequeno para a sua idade e, ao mesmo tempo, velho. Na segunda-feira, Yazan estava morto. As fotos fizeram dele o rosto da fome em Gaza.

Grupos de ajuda alertaram que as mortes por causas relacionadas à desnutrição apenas começaram para os mais de 2 milhões de habitantes de Gaza. Cinco meses após o início da campanha de Israel contra o Hamas e do cerco a Gaza, centenas de milhares de palestinos estão à beira da fome, dizem responsáveis ​​da ONU.

Quase nenhuma ajuda chegou ao norte de Gaza durante semanas, depois de as principais agências da ONU terem suspendido as suas operações, citando a pilhagem em massa das suas cargas por habitantes desesperados de Gaza, as restrições israelenses aos comboios e as más condições das estradas danificadas durante a guerra.

Grupo mais vulnerável à desnutrição extrema
Pelo menos 20 crianças palestinas morreram de desnutrição e desidratação, segundo autoridades de saúde de Gaza. Assim como Yazan, que necessitava de medicamentos que eram extremamente escassos em Gaza, muitos dos que morreram também sofriam de problemas de saúde que colocavam as suas vidas em maior risco, disseram as autoridades de saúde, diz O Globo.

“Muitas vezes uma criança fica extremamente desnutrida e depois fica doente e esse vírus é, em última análise, o que causa essa morte”, disse Heather Stobaugh, especialista em desnutrição da Action Against Hunger, um grupo de ajuda humanitária. “Mas eles não teriam morrido se não estivessem desnutridos.”

Autoridades de saúde de Gaza disseram que duas das crianças que morreram de desnutrição tinham menos de dois dias de vida. Embora advertindo que era difícil dizer o que tinha acontecido sem mais informações, Stobaugh disse que a desnutrição em mães grávidas e a falta da fórmula nutricional que alimenta crianças em Gaza poderia facilmente ter levado à morte de crianças, que são as mais vulneráveis ​​à desnutrição extrema.

A saga de Yazan e sua família
Os pais de Yazan lutaram durante meses para cuidar do filho, cuja condição, dizem os especialistas, mostrava que ele tinha dificuldades para engolir e precisava de uma dieta leve e rica em nutrientes. Após o bombardeamento israelense em Gaza, na sequência do ataque liderado pelo Hamas a Israel, em outubro do último ano, os seus pais fugiram de casa, levando Yazan e os seus outros três filhos para um local que esperavam que fosse mais seguro.

Depois fugiram de novo, e de novo, e de novo, disse seu pai, procurando um lugar melhor para Yazan, cuja condição significava que ele não podia tolerar os abrigos caóticos e insalubres. Cada movimento era complicado pelo fato de Yazan não conseguir andar. Seus pais pouco podiam fazer a não ser observar a deterioração constante de sua saúde. “Dia após dia, via o meu filho ficar mais fraco”, disse o seu pai, Shareef Kafarneh, um motorista de táxi de 31 anos de Beit Hanoun, no norte de Gaza.

Eventualmente, eles acabaram em Al-Awda, na cidade de Rafah, no sul, onde Yazan morreu na manhã da última segunda-feira. Ele sofria de desnutrição e infecção respiratória, segundo Jabr al-Shaer, pediatra que o tratou. O médico culpou a falta de comida pelo enfraquecimento do já frágil sistema imunológico do menino.

Fome em Gaza se agrava com a guerra
Conseguir o suficiente para comer já era uma luta para muitos Faixa de Gaza, que antes da ofensiva contra o ataque recente do Hamas já sofria um bloqueio israelense. Estima-se que 1,2 milhões de habitantes de Gaza precisaram de assistência alimentar, de acordo com a ONU, e cerca de 0,8% das crianças com menos de 5 anos em Gaza sofreram de desnutrição aguda, disse a OMS.

Cinco meses após o início do ataque israelense, esse número parece ter aumentado: cerca de 15% das crianças do norte de Gaza com menos de 2 anos de idade estão gravemente subnutridas, bem como cerca de 5% do sul, afirmou a OMS em fevereiro. Com metade de todas as crianças de Gaza alimentadas com fórmula, disse Stobaugh, a falta de água potável para produzir esta fórmula nutricional está agravando a crise.

Adele Khodr, diretora da UNICEF, a agência da ONU para a infância, no Oriente Médio, disse esta semana: “Estas mortes trágicas e horríveis são provocadas pelo homem, são previsíveis e totalmente evitáveis”.

Ali Qannan, de 34 anos, não sabe o que se passa com o seu filho de 13 meses, Ahmed, que está sendo tratado no Hospital Europeu no sul de Gaza. Segundo ele, nem os médicos dos cinco hospitais para os quais ele levou o filho sabem. O bebê desenvolveu barriga inchada, diarréia e vômito, um mês após o início da guerra. Ahmed piorou, está com dificuldade para respirar e tem resultados de exames de sangue preocupantes, mas, devido à guerra, os médicos dizem que não podem realizar os testes de diagnóstico adequados, disse Qannan.

Cada pediatra tem uma sugestão diferente sobre com o que alimentar Ahmed, disse o pai do bebê – batatas cozidas, pão, fórmula especial fortificada usada para tratar crianças gravemente desnutridas –, mas cada uma era impossível de encontrar ou parecia não ajudar. Ele diz ter certeza de que a desnutrição tem algo a ver com os problemas do filho.

Categorias
Mundo

Comboio com alimentos é saqueado em Gaza após ser bloqueado pelo exército israelense

Ao todo, 14 caminhões levavam 200 toneladas de comida para o norte de Gaza.

O Programa Alimentar Mundial (PAM) disse, nessa terça-feira, que seu comboio de ajuda foi bloqueado pelo exército israelense dentro da Faixa de Gaza, sendo em seguida saqueado por “pessoas desesperadas”.

A agência da ONU afirmou que o comboio era composto por 14 caminhões com cerca de 200 toneladas de alimentos, e seguia rumo ao norte do enclave, no primeiro carregamento após a suspensão das entregas de ajuda àquela zona, em 20 de fevereiro.

Mas depois de três horas de espera no posto de Wadi Gaza, no centro do território palestino, o comboio foi rejeitado pelo exército israelense e teve de regressar.

Depois de os caminhões terem sido desviados, foram parados por “uma grande multidão de pessoas desesperadas, que saquearam a comida” e levaram cerca de 200 toneladas, informou a agência, em comunicado.

Categorias
Mundo

Vídeo: Polícia Israelense reprime violentamente judeus ortodoxos

Os judeus ortodoxos, Haredim, são absolutamente contrários aos judeus sionistas e, consequentemente, contra o massacre que Israel promove na Palestina.

Veja:

Categorias
Mundo

Análise: Ações e omissões dos EUA incentivam violência israelense em Gaza

Governo americano continua dando passe livre para ação militar no território palestino, apesar da indignação mundial causada pelo elevado número de civis mortos.

A guerra na Faixa de Gaza registrou dois episódios trágicos na última semana: as mortes de mais de 100 palestinos famintos enquanto esperavam para receber comida de comboios com ajuda humanitária e a marca de mais de 30 mil pessoas mortas no enclave desde o início do conflito entre Israel e o Hamas.

Os dois fatos sangrentos levaram a um aumento da indignação mundial com relação à violência da ação militar israelense no território palestino.

Obviamente, ninguém nega o direito de Israel se defender de ataques contra sua população – um direito consagrado a todas as nações.

Também é fundamental criticar e condenar as atrocidades cometidas pelo Hamas no dia 7 de outubro de 2023.

Mas os líderes de alguns dos mais importantes países do mundo entenderam que era preciso condenar também o altíssimo número de mortes entre civis palestinos. Eles exigiram uma investigação independente, com punição aos culpados, pela morte dos palestinos que esperavam por comida.

Além disso, a administração Biden continua enviando ajuda militar aos israelenses e tem pedido ao Congresso americano que libere mais de US$ 12 bilhões para armas ao Estado de Israel.

Para tentar diminuir as críticas internacionais, Biden anunciou que os militares americanos iriam jogar comida e ajuda humanitária, por via aérea, para os civis palestinos, diz a CNN.

A ação midiática começou neste sábado (2) e contou com pouco mais de 30 mil refeições imediatas.

Um número irrisório para os mais de dois milhões de palestinos deslocados dentro de seu próprio território pela devastação provocada pela guerra. Além disso, o despejo de comida por via aérea não é a forma mais efetiva de distribuir ajuda.

Ao invés disso, os americanos deveriam exigir a suspensão do bloqueio de água, comida, remédios e ajuda humanitária imposto por Israel à Faixa de Gaza desde o início do conflito.

Como o país mais poderoso do mundo, os Estados Unidos poderiam exercer muito mais pressão sobre Israel para preservar vidas de civis palestinos. Pressão efetiva.

Mas as ações e omissões de Washington acabam servindo de incentivo para que Israel continue uma campanha sangrenta no território palestino, sob pretexto de lutar pelo fim do Hamas.

 

Categorias
Mundo

Relatório da UNRWA: crise humanitária na Faixa de Gaza se agrava

Crise Humanitária Cresce na Faixa de Gaza e na Cisjordânia

A situação na Faixa de Gaza é cada vez mais preocupante, com relatos de dificuldades na entrega de ajuda humanitária e ataques constantes às caravanas de suprimentos pelas Autoridades Israelenses. Além disso, há relatos de tiros disparados por forças israelenses contra palestinos que aguardam ajuda humanitária na cidade de Gaza. Os confrontos intensos estão ocorrendo principalmente nas regiões norte, Deir al Balah e Khan Younis. O aumento dos ataques aéreos em Rafah, inclusive em áreas residenciais, tem gerado temores de que as operações humanitárias já sobrecarregadas sejam ainda mais prejudicadas. A população de Rafah já ultrapassa 1,5 milhão de pessoas, mais de seis vezes a quantidade anterior a 7 de outubro. Milhares de palestinos estão fugindo para o sul, em direção a Rafah, devido aos combates intensos em Khan Younis, forçando uma superlotação nessa região. Além disso, há movimentações populacionais em direção a Deir Al Balah e aos campos de refugiados de Nuseirat, apesar dos relatos de mais confrontos nessas áreas. O acesso à Faixa de Gaza tem sido inconsistente, com apenas 232 caminhões de suprimentos entrando entre 25 e 26 de fevereiro, muito abaixo da meta de 500 por dia.

A Faixa de Gaza enfrenta uma crise humanitária, com a escassez de ajuda alimentar e outros itens essenciais. Somente no último período, ocorreram em média 99 caminhões de suprimentos por dia, enquanto em janeiro eram cerca de 150 por dia. As restrições de segurança e os fechamentos temporários nas fronteiras dificultam a entrada dos caminhões da UNRWA, a agência de auxílio da ONU, na Faixa de Gaza. A agência teve que interromper temporariamente o envio de suprimentos devido a preocupações com a segurança devido à morte de vários policiais palestinos nos ataques aéreos israelenses perto das fronteiras. No período de 21 de outubro de 2023 a 20 de fevereiro de 2024, foram entregues mais de 27 mil toneladas de farinha e outros suprimentos alimentares, bem como água, kits de higiene familiar, cobertores, colchões e fraldas. O acesso à educação também foi afetado, com danos em escolas da UNRWA, cerca de 44% dos edifícios foram atingidos diretamente ou danificados.

Na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, a situação não é diferente. As forças de segurança israelenses têm realizado mais de 150 operações de busca e apreensão em média por dia, resultando na detenção de pelo menos 124 palestinos, incluindo doze crianças. Houve relatos de confrontos armados em postos de controle perto de Jerusalém, resultando em fatalidades de ambos os lados. A intensificação dos ataques afeta diretamente a população palestina, com danos à infraestrutura e bloqueios em várias áreas. O ano passado foi o mais mortífero para os palestinos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, desde que a ONU começou a registrar as fatalidades em 2005, segundo o Cafezinho.

É fundamental ressaltar a grave situação enfrentada pelos deslocados internos, tanto na Faixa de Gaza quanto na Cisjordânia. Mais de 1,7 milhão de pessoas foram deslocadas no território da Faixa de Gaza, representando mais de 75% da população e incluindo um milhão de pessoas em abrigos de emergência ou abrigos informais. A constante necessidade de buscar locais mais seguros tem obrigado as famílias a se deslocarem repetidamente. Já na Cisjordânia, o número de deslocados não é especificado, mas é possível inferir a partir dos relatos de danos e operações militares que a população também está enfrentando dificuldades semelhantes.

A crise humanitária é intensa e o acesso a ajuda é limitado. A UNRWA tem enfrentado dificuldades para operar em razão das restrições de segurança e conexão com a internet. Alguns prédios das instalações da UNRWA e abrigos de deslocados internos têm sido alvo de ataques, resultando em feridos e mortos. A agência estima que mais de 400 deslocados internos tenham sido mortos e mais de 1.385 feridos desde o início da guerra. Equipes de saúde continuam trabalhando em centros médicos da UNRWA, oferecendo serviços de atendimento primário e tratamento para doenças não contagiosas, além de consultas de saúde mental e apoio psicossocial. No entanto, os recursos são limitados devido à falta de suprimentos e restrições de segurança.

A situação é desesperadora para os palestinos nesses territórios, com a escassez de alimentos, água potável, saneamento básico e acesso a cuidados de saúde adequados. A comunidade internacional deve aumentar os esforços para garantir que a ajuda humanitária chegue a essas regiões, além de pressionar por um cessar-fogo e negociações de paz que garantam a segurança e os direitos dos palestinos. A situação atual é um grito de ajuda e não podemos nos calar diante das injustiças e do sofrimento humano nessas regiões.

Categorias
Mundo

“Lula é voz da razão e seu papel é garantir paz e estabilidade”, diz presidente da Guiana

Líderes se reunirão na quinta-feira (28) para tratar impasse envolvendo Essequibo, região reivindicada pela Venezuela.

O presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, afirmou nesta quarta-feira (28) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem a responsabilidade de proporcionar liderança na América do sul e garantir a paz e a estabilidade da região.

Irfaan Ali havia sido questionado pela reportagem da CNN a respeito do papel do presidente Lula na intermediação das discussões sobre Essequibo, área rica em petróleo que corresponde a dois terços da Guiana e que é reividicada pela Venezuela.

“Penso que ele tem uma grande responsabilidade sobre os seus ombros no sentido de proporcionar liderança regional. Ele já tem feito isso. Ele estendeu a mão tanto para a Guiana quanto para a Venezuela”, afirmou.

“Ele [Lula] é uma voz estável, uma voz da razão, e penso que o seu papel é garantir que a paz e a estabilidade permaneçam e para garantir que todas as partes respeitem e ajam dentro dos limites do direito internacional e do respeito pelo direito internacional”, disse Ali.

Em seu discurso no encerramento da cúpula dos chefes de governo da Comunidade do Caribe, Lula afirmou que cabe aos países da região mantê-la como zona de paz. “Temos o desafio de manter nossa autonomia em meio à rivalidade geopolítica. Cabe a nós manter a região como zona de paz”, disse.

No final de dezembro, o Reino Unido decidiu enviar um navio de guerra para a Guiana como demonstração de apoio diplomático e militar. O país, o único de língua inglesa na América do Sul, é ex-colônia britânica e membro da Comunidade Britânica.

A decisão gerou reações na região. Nicolás Maduro reforçou suas tropas na fronteira com a Guiana e afirmou que a entrada de um navio de guerra britânico nas águas da costa da Guiana viola o “espírito” de um acordo alcançado entre os dois países.

Maduro disse, na ocasião, que a decisão do Reino Unido “perturba a felicidade e a tranquilidade da família venezuelana” e simboliza uma “ameaça militar de Londres contra o país sul-americano”.

À época, o governo brasileiro informou acompanhar com preocupação o desdobramento. O Brasil atua buscando facilitar o diálogo entre os dois países, defendendo que a solução deve ser bilateral.

Naquela ocasião, o governo disse acreditar que demonstrações militares de apoio a qualquer das partes devem ser evitadas, a fim de que o processo de diálogo em curso pudesse produzir resultados. “O Brasil conclama as partes à contenção, ao retorno ao diálogo e ao respeito ao espírito e à letra da Declaração de Argyle.”

A reivindicação de Essequibo pela Venezuela é um tema que deve estar presente nas conversas bilaterais que Lula terá em Georgetown com Mohamed Irfaan Ali, presidente da Guiana, e que provavelmente terá com Maduro em Kingstown, em São Vicente e Granadinas.

Categorias
Mundo

Varsóvia e Gaza, as semelhanças dos métodos nazistas, por Luiz Cláudio Cunha

O trabalho, de 20 mil palavras, tem o título “Varsóvia e Gaza: dois guetos e o mesmo nazismo” e saiu originalmente na Editora Unisinos.

Afinal, a política da Israel aplicada em Gaza tem semelhança com o nazismo? Durante 3 meses, o jornalista Luiz Cláudio Cunha – repórter que ajudou a desvendar a Operação Condor na América do Sul.

Seu trabalho permite uma comparação assustadora entre o premiê sionista Netanyahu e o general nazista Jurgen Stroop que comandou a chacina em Varsóvia.

O trabalho, de 20 mil palavras, tem o título “Varsóvia e Gaza: dois guetos e o mesmo nazismo” e saiu originalmente na Editora Unisinos.

Na abertura, Cunha já extravasa sua indignação com ambos os genocídios:

“O judeu assassinado e o judeu assassino. Oitenta anos separam essa brutal metamorfose de um povo perseguido em 1943 pela barbárie nazista na Polônia e convertido, em 2023, em um Estado vingativo que bombardeia impiedosamente hospitais, escolas, ambulâncias, mesquitas, mulheres, crianças e dois milhões de civis inocentes no enclave palestino de Gaza”.

“A dramática inversão de papéis dos judeus atacados no Gueto de Varsóvia para os judeus atacantes no Gueto de Gaza – a inacreditável degeneração do judeu perseguido para o papel de judeu perseguidor – marca talvez o pior retrocesso moral e ético dos princípios civilizatórios de um povo no curto espaço das últimas oito décadas da Humanidade.”

Cunha reconhece a brutalidade do ataque do Hamas a civis israelenses.

“Foi o maior atentado terrorista no mundo desde o 11 de setembro de 2001, quando 19 membros da Al-Qaeda de Bin Laden sequestraram quatro aviões comerciais nos Estados Unidos – atingindo entre eles as torres gêmeas de 110 andares do World Trade Center, em Nova Iorque”

A reação judaica desonrou a tradição humanista dos judeus:

“Líderes notórios máximos de Israel, incluindo generais, jornalistas, celebridades e destaques das redes sociais, se lambuzaram na defesa da punição coletiva em massa. Um constrangedor surto de desmemória para um povo que sempre lembra ao mundo a brutalidade de que foi vítima na barbárie do Holocausto nazista”

Cunha lembra as declarações de Netanyahu prometendo transformar Gaza em ilha deserta; e do major-general Yoav Galant, Ministro da Defesa d Israel, afirmando que lutavam contra “animais humanos”.

Segue-se um festival horrendo de racismo, de pregação do genocídio por parte de figuras ilustres de Israel. O ápice foram as declarações do general Giora Eiland, 71 anos, um dos militares mais influentes do país:

“Israel deve criar um desastre humanitário sem precedentes em Gaza. Somente a mobilização de dezenas de milhares e o clamor da comunidade internacional criarão a alavanca para que Gaza fique sem o Hamas ou sem pessoas. Estamos em uma guerra existencial”.

A caçada de Israel aos “terroristas”: as tropas de Benjamin Netanyahu no combate implacável ao inimigo…

*Luis Nassif/GGN

Categorias
Mundo

Disparos israelenses deixam dezenas de mortos em Gaza, dizem autoridades palestinas

Ministério da Saúde de Gaza, das Relações Exteriores da ANP e diretor de hospital afirmam que palestinos corriam em direção aos comboios de ajuda humanitária que entravam na Cidade de Gaza, norte do enclave.

Autoridades palestinas denunciaram a morte de dezenas de pessoas por disparos feitos por soldados israelenses enquanto corriam em direção aos caminhões de ajuda humanitária, na Cidade de Gaza, nesta quinta-feira. As Forças Armadas de Israel afirmam que estão investigando o caso, e o Hamas alertou que o episódio pode levar ao fracasso das negociações para um novo acordo de cessar-fogo temporário. Neste mesmo dia, o enclave palestino contabilizou mais de 30 mil mortes desde o início da guerra entre o Hamas e Israel, iniciada em 7 de outubro.

Segundo o Ministério da Saúde do enclave palestino, controlado pelo Hamas desde 2007, o balanço é de pelo menos 104 mortos e cerca 760 feridos, em uma atualização dos números, que antes marcavam pelo menos 81 mortos e 700 feridos. “As equipes médicas não conseguem lidar com o volume e o tipo de ferimentos que chegam ao Complexo Médico al-Shifa, devido à fraca capacidade médica e humana”, disse porta-voz da pasta, Ashraf al-Qudra, em um comunicado.

á o Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Nacional Palestina (ANP) afirmou que há dezenas de mortos e centenas de feridos, “cujo número final ainda não é conhecido em resultado de bombardeios israelenses e disparos deliberados”. Em nota publicada nas redes sociais, a pasta da ANP condenou a ação, descrevendo-a como “massacre hediondo”.

O diretor da emergência do maior hospital do enclave palestino, o al-Shifa, disse que ao menos 50 pessoas que corriam na direção de caminhões de ajuda humanitária foram atingidas pelos disparos israelenses.

— Há pelo menos 50 mártires e mais de 120 feridos, incluindo mulheres e crianças, pelos disparos das forças de ocupação contra milhares de cidadãos que corriam na direção dos caminhões — disse Amjad Aliwa.

Em uma publicação feita nas redes sociais, as Forças Armadas de Israel afirmam que dezenas de pessoas foram mortas devido “à superlotação, aglomeração e atropelamento”. Nas imagens aéreas divulgadas na mesma postagem, é possível ver uma multidão que parece cercar os comboios.

Segundo o Times of Israel, as forças israelenses alegaram ainda que as tropas abriram fogo contra a multidão que se movia em direção às tropas na região de uma forma que as “colocava em perigo”. O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) disse que estava a “par dos relatórios”.

Testemunhas relataram à AFP que viram milhares de pessoas correndo na direção dos caminhões de ajuda humanitária que se aproximavam da rotatória de Nablus, ao oeste da Cidade de Gaza, principal cidade do norte do território. O Exército israelense afirmou que estava “verificando” os relatos.

— Os caminhões cheios de ajuda chegaram muito perto de alguns tanques do exército que estavam na área e a multidão, milhares de pessoas, simplesmente avançou sobre os caminhões — disse a testemunha, que não quis se identificar por motivos de segurança. — Os soldados dispararam contra a multidão quando as pessoas se aproximaram demais dos tanques.

O Hamas, em um comunicado citado pela Reuters, afirmou que o episódio poderia levar ao fracasso das negociações sobre um novo cessar-fogo temporário para a região. Uma nova proposta tem sido debatida entre as autoridades israelenses, cataris, americanas e egípcias, que contempla também a troca entre reféns e prisioneiros palestinos.

Segundo o acordo, o Hamas deverá libertar 40 reféns, incluindo mulheres, crianças e jovens menores de 19 anos, pessoas com mais de 50 anos e doentes. Já Israel libertaria cerca de 400 prisioneiros palestinos e não os prenderia mais. A proposta também permitiria que hospitais e padarias em Gaza fossem reparados, e que 500 caminhões de ajuda humanitária entrassem no enclave por dia.

“As negociações conduzidas pela liderança do movimento não são um processo aberto à custa do sangue do nosso povo”, disse o grupo em referência às mortes desta quinta-feira, afirmando que Israel seria o responsável por qualquer fracasso nas tratativas.

Escassez de ajuda
A ONU calcula que 2,2 milhões de pessoas — quase toda a população de Gaza — estão ameaçadas pela fome, em particular no norte, onde as incursões terrestres e bombardeios israelenses, além de saques realizados por palestinos desesperados por comida, praticamente impossibilitam a entrega de ajuda humanitária na região.

Segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), quase 2.300 caminhões de ajuda entraram na Faixa de Gaza em fevereiro, com a média de 82 veículos por dia, 50% a menos que em janeiro. Antes do início da guerra, em 7 de outubro, quando as necessidades da população eram menos urgentes, a média diária era de 500 caminhões de ajuda na Faixa, segundo a ONU.

O incidente desta quinta-feira na Cidade de Gaza provocou uma discussão acalorada no Conselho de Direitos Humanos em Genebra, onde o embaixador palestino Ibrahim Mohammad Khraishi confrontou seu colega israelense sobre as mortes relatadas, diz O Globo

— Esses são escudos humanos? São combatentes do Hamas? — disse Khraishi.

Trinta mil mortos
Israel foi vítima de um ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro, no qual 1,2 mil pessoas foram mortas de mais de 240 foram levadas para o enclave palestino como reféns. Em resposta, o Estado judeu prometeu aniquilar o Hamas.

As operações começaram no norte com intensos bombardeios e posteriormente incursões terrestres para desmantelar as forças do grupo. Um “cerco total”, que cortou água, alimento, gás e combustível, também foi implementado no enclave. Contudo, a guerra avança agora para o sul, onde mais da metade da população do enclave busca refúgio e para onde muitos se deslocaram após ordens emitidas pelo Exército de Israel.

Desde então, mais de 30 mil pessoas morreram, em sua maioria mulheres e crianças. A assimetria no número de mortos têm gerado uma pressão por parte da comunidade internacional sobre Israel, incluindo dos Estados Unidos, seu principal aliado.