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Israel apresenta aos EUA exigências para fim do conflito no Líbano

Entre as exigências estão a liberdade de operação e ação militar, além do uso do espaço aéreo, contra o Hezbollah, desafiando resoluções da ONU.

Israel entregou aos Estados Unidos, no último domingo (20), um documento delineando suas exigências para uma solução diplomática que busque encerrar a guerra no Líbano, diz a agência Sputnik, citando o portal Axios. O documento foi enviado pelo ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, confidente do premiê Benjamin Netanyahu, ao enviado especial da Casa Branca, Amos Hochstein, na quinta-feira (17).

Entre as demandas apresentadas, segundo a reportagem, Tel Aviv requer que as Forças de Defesa de Israel (FDI) sejam autorizadas a realizar “execução ativa” para evitar que o Hezbollah se reforce e reconstrua sua infraestrutura militar nas proximidades da fronteira.

Além disso, o governo israelense exige que sua Força Aérea tenha liberdade de operação no espaço aéreo libanês, uma solicitação que contradiz a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU. Essa resolução determina que as Forças Armadas libanesas (LAF) e a Força Interina da ONU no Líbano (UNIFIL) devem garantir um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah.

Uma fonte do governo dos EUA afirmou ao Axios que é “altamente improvável que o Líbano e a comunidade internacional” aceitem as condições impostas por Israel. Em resposta a essa situação, Hochstein está programado para visitar Beirute nesta segunda-feira (21) com o objetivo de discutir uma possível solução diplomática para o conflito.

Na noite de domingo (20), a situação escalou quando a Força Aérea israelense conduziu ataques aéreos no Líbano, atingindo diversos alvos associados ao Hezbollah, incluindo um prédio em Beirute. Esses ataques ocorreram em um contexto em que o Pentágono, por meio do secretário de Defesa, Lloyd Austin, havia solicitado a Israel que “reduzisse os ataques” à capital libanesa, citando o número “excessivo” de vítimas civis decorrente das operações militares.

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‘A guerra em Gaza é uma guerra contra a memória palestina’, diz escritor e sobrevivente em Gaza Atef Abu Saif

Atef foi ministro da cultura da Palestina até março de 2024 e falou sobre a importância da escrita como resistência.

O escritor Atef Abu Saif e sua família fazem parte dos mais de um milhão de palestinos deslocados de suas casas em apenas um ano. Ministro da Cultura da Autoridade Palestina entre 2019 e março de 2024, Atef estava em Gaza quando os bombardeios começaram, experiência que relata no livro recém-lançado Quero estar acordado quando morrer (Elefante, 2024).

“Eu me descobri no meio de uma guerra, e descobri que eu poderia morrer a qualquer momento, em um minuto. Por isso, comecei a escrever, em árabe e inglês ao mesmo tempo, pequenos pedaços sobre a vida. Queria que as pessoas soubessem sobre a minha vida se eu morresse, e sobre a vida das pessoas ao meu redor: meu filho, meu pai, meus irmãos e irmãs”, disse ao Brasil de Fato. 

Atef nasceu no campo de refugiados de Jabalia, ao norte da Faixa de Gaza, mas mora com a esposa e filhos na Cisjordânia. No início dos ataques, o escritor estava visitando a região para participar de um evento e visitar sua família, e levou o filho Yasser para acompanhá-lo.

No diário, ele relata os 85 primeiros dias dos bombardeios de Israel sobre a população da Faixa de Gaza, que começaram em sete de outubro de 2023. Mesmo sob ataques incessantes do exército de Israel, escreveu diariamente sobre os acontecimentos da sua vida, familiares e amigos até a autorização de saída do seu filho da Faixa de Gaza, em 30 de dezembro de 2023.

“A escrita mantém a memória da vida. Nós sabemos sobre civilizações antigas a partir dos registros escritos deles. Gaza foi destruída e muitas pessoas morreram. O que restou deles? O que foi escrito sobre eles. A próxima geração vai ler sobre Gaza como era antes da guerra. Escrever é documentar”, conta Atef. “As vítimas gostam de ser mencionadas, gostam que falem sobre elas”, ressalta.

A sensação de que poderia morrer a qualquer momento, impulsionou a escrita: “Queria deixar esses registros, e tê-los na minha caligrafia, escritos à mão. Assim, pelo menos, eu não teria morrido em vão. As pessoas saberiam que existiu alguém chamado Atef que viveu neste período da história, em Gaza.”

“A guerra nos desumaniza”

A frase que dá nome à edição brasileira de seu diário, Quero estar acordado quando morrer, teve origem nos pensamentos que povoaram sua mente quando se viu em meio à guerra. “O que eu estava pensando é que eu mereço uma morte honrosa. Meu corpo merece ser sepultado quando eu morrer. Eu gostaria de estar acordado no momento da minha morte para eu saber para onde meu corpo vai. Para que eu diga para me colocarem em uma sepultura.”

Em um trecho do diário, Atef relata a perda do grande amigo e jornalista Bilal Jadali. Ao se referir a sobrevivência durante a guerra, diz que sente saudades. “Sinto falta do Atef, de ser eu mesmo”, escreveu.

“Na guerra, você não é você mesmo”, disse ao Brasil de Fato sobre essa passagem do diário. Nesse contexto, ele enfatiza que é preciso sempre “relembrar de si”, “olhar no espelho e nas fotos do celular, e tentar agir normalmente”, uma vez que “tudo ao redor não é normal”.

“A guerra nos desumaniza, torna a vida uma coisa anormal. Eu senti muitas vezes que não era o Atef. Eu era o Atef durante o genocídio, e isso vive com você após a guerra. Mesmo que eu tenha saído de Gaza, eu ainda sinto que estou lá. Meu espírito, meu corpo, minhas memórias. Você não é mais você”.

A escrita como resistência

Atef também destaca como o diário que escreveu e os registros dos moradores de Gaza servem para levar a narrativa palestina para o mundo.

“O que nós escritores fazemos é documentar a vida como ela é. E esse foi o motivo central do diário. Eu me distanciava sobre o que estava acontecendo, tentando observar sobre o que acontecia, e escrevia. A verdade e a realidade são mais poderosas do que imaginação e ficção.”

“Eles nos querem atrás das cortinas”, diz o escritor sobre as tentativas israelenses de manter jornalistas fora de Gaza. Em um determinado momento, ele recorda que, após sucessivos assassinatos, – “um jornalista morto pelas forças de Israel em Gaza a cada um dia e meio” – não havia mais profissionais da imprensa na região: “Foram todos expulsos, suas casas e escritórios destruídos”.

Como escritor, ele considera que a decisão de reportar para o mundo por meio de um diário foi uma forma de “jornalismo alternativo”.

“Isso provia informação sobre a situação em Gaza. Não é o puro jornalismo, é um jornalismo narrativo, no qual você conta sobre a vida. Não é ficção, não é romance, não é história também. Mas uma mistura de tudo isso: jornalismo, narrativa e suspense também, de certa forma, uma história contada em primeira pessoa”

Uma guerra contra a memória palestina

Durante o diário, Atef relembra constantemente a importância da memória para a existência e cultura de um povo, principalmente para os palestinos. Em relato do dia 6 de dezembro de 2023, conta que a dança dabke (dança palestina) foi incluída na lista oficial da Unesco como “patrimônio imaterial cultural”, que o mesmo já havia sido feito com o bordado palestino tatreez e que ele também pediria a entrada do sabonete tradicional nabulsi.

“Coisas como essa podem parecer frívolas num primeiro momento, mas são parte da identidade de um povo e daquilo que é ameaçado, e potencialmente perdido, quando ocupações ou guerra expulsam repetidamente as pessoas de sua terra”, explica ao Brasil de Fato.

Enquanto comandava o Ministério da Cultura – cargo que manteve até março deste ano – Atef dizia a seus interlocutores que a pasta se equiparava ao Ministério da Defesa, tal a importância da preservação da memória palestina para sua existência.

“A guerra lançada contra a Palestina é uma guerra contra a nossa memória, nossa cultura, nossa narrativa dos fatos e acontecimentos. O papel do ministro da Cultura é preservar essa memória e manter tais narrativas. A cultura é a linha de frente principal para defender a causa nacional, no nosso caso.”

Quero estar acordado quando morrer teve seu lançamento em São Paulo durante a inauguração do Centro de Centro de Estudos Palestinos (CEPal) na Universidade de São Paulo (USP) na quinta-feira (16), onde o escritor ressaltou a importância da memória e da preservação da cultura e estudos sobre a Palestina.

Durante o seu discurso, Atef relembrou como o povo palestino sempre foi propositalmente retratado como sem cultura ou estudos, usando como exemplo o significado da palavra em inglês “philistine”, que significa “alguém que é hostil ou indiferente à cultura e às artes”, que faz menção direta aos filisteus, povo do qual os palestinos descendem.

“A escrita preserva a memória. O que escritores escrevem se torna parte da memória de um povo. É responsabilidade dos autores serem leais a sua nação, pois a memória é a identidade de todas as culturas. O que identifica uma nação são as tradições contadas através dos seus membros do passado. Todas as pessoas querem ser parte de uma grande e longa história.”

Atef lembra que as pessoas não podem esquecer o genocídio que acontece na Palestina. “Nós não podemos parar de falar sobre isso”, completa o escritor. “Estudar, ler e registrar sobre a cultura palestina e acontecimentos passados e atuais também são parte importante da preservação da memória palestina.”

“Pertencemos a um lugar, a uma civilização porque, assim, nós podemos explicar nossa existência; como falamos, como nos vestimos. E isso é muito importante. Nós não podemos mudar o curso da História, mas ao menos [o registro] será em nosso nome”, finaliza.

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Bolsonarismo e neopentecostais reivindicam a morte de líder do Hamas e ‘apocalipse’

Fomentados por atores como Carla Zambelli e Andre Valadão, bolsonarismo e neopentecostais adotam abordagens excêntrica após a morte de Yahya Sinwar.

Talvez você não esteja familiarizado, mas nome de Yahya Sinwar constou entre as publicações que receberam um maior volume de interações entre quinta-feira (17) e sexta-feira (18). Líder do Hamas, Sinwar foi morto e o vídeo divulgado por Israel foi publicado por inúmeras contas em diversas plataformas. Porém, em um movimento curiosamente restrito aos segmentos bolsonaristas e neopentecostais, o episódio pode ser destacado por sua aparente desconexão com outros temas e pautas que, até então, eram promovidos por estes clusters.

Assim, para além da repercussão na imprensa e no noticiário nacional sobre a morte do líder do Hamas, existe uma tentativa de atores da extrema-direita bolsonarista e perfis neopentecostais de “reivindicar” vitórias do estado de Israel – e a morte de Sinwar – para si. É o caso de atores como André Valadão (51 mil interações) e Carla Zambelli (90 mil interações). No mais, as principais publicações sobre o tema repercutem o assassinato de Yahya Sinwar e analisam as consequências para o conflito no Oriente Médio.

Quando nos debruçamos especificamente nos comentários realizados na publicação do líder neopentecostal Valadão, 40% fazem referência à proteção divina e a realização de profecias bíblicas, algo que estaria “nas escrituras” e apontando Israel como “a menina dos olhos de Deus”. Outros 30% destacam o Hamas como organização terrorista que precisa ser combatida a qualquer custo.

Já 15% dos comentários destacam um cenário apocalíptico e a segunda vinda de Cristo. Termos como “Maranata” e “a profecia está se cumprindo” refletem essa crença. Outros 10% indicam alguma preocupação com a escalada da violência, enquanto 5% acusam Lula e o governo de lamentar a morte do líder do Hamas com base em fake news.

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BRICS vai gerar maior parte do crescimento econômico global, diz Putin

“Em um futuro próximo, o BRICS gerará o principal aumento do PIB global”, disse o presidente russo, Vladimir Putin.

Reuters – O grupo BRICS gerará a maior parte do crescimento econômico global nos próximos anos graças ao seu tamanho e crescimento relativamente rápido em comparação com o das nações ocidentais desenvolvidas, disse o presidente russo, Vladimir Putin, nesta sexta-feira.

Putin será o anfitrião de uma cúpula do grupo na cidade de Kazan, de 22 a 24 de outubro. Ele espera construir o BRICS – que se expandiu para incluir Egito, Eti, Irã e Emirados Árabes Unidos, além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – como um poderoso contrapeso ao Ocidente na política e no comércio.

“Os países da nossa associação são essencialmente os impulsionadores do crescimento econômico global. Em um futuro próximo, o BRICS gerará o principal aumento do PIB global”, disse Putin a autoridades e empresários no fórum de negócios do BRICS em Moscou.

“O crescimento econômico dos membros do BRICS dependerá cada vez menos de influência ou interferência externa. Isso é essencialmente soberania econômica”, acrescentou Putin.

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Exercício militar da Otan aumenta riscos de guerra nuclear em meio à crise na Ucrânia, dizem especialistas chineses

A Otan iniciou seu exercício nuclear anual “Steadfast Noon” na segunda-feira com mais de 60 aeronaves participando de voos de treinamento sobre a Europa.

Global Times – O exercício nuclear anual da Otan pode aumentar os riscos de uma guerra nuclear, pelo menos no nível de armas nucleares táticas, no campo de batalha do conflito Rússia-Ucrânia, disseram analistas chineses, enquanto a aliança militar liderada pelos EUA lançou seu exercício de duas semanas a partir de segunda-feira (14).

A Otan iniciou seu exercício nuclear anual “Steadfast Noon” na segunda-feira com mais de 60 aeronaves participando de voos de treinamento sobre a Europa Ocidental. O Steadfast Noon dura duas semanas e envolve jatos de combate capazes de transportar ogivas nucleares dos EUA, mas não envolve nenhuma arma real, de acordo com a Otan.

Os jatos de combate F-35A e os bombardeiros B-52 estão supostamente entre cerca de 60 aeronaves de 13 países que participam do exercício Steadfast Noon, sediado pela Bélgica e Holanda, disseram autoridades da OTAN. “Todo o exercício se concentrará particularmente no Reino Unido, no Mar do Norte, mas também na Bélgica e na Holanda”, disse o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, em Londres após reuniões com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, informou a Reuters.

O exercício nuclear da Otan é uma atividade de treinamento rotineira e recorrente que acontece todo mês de outubro. O Steadfast Noon envolve 2.000 militares de oito bases aéreas e uma variedade de tipos de aeronaves, incluindo jatos com capacidade nuclear, bombardeiros, escoltas de caça, aeronaves de reabastecimento e aviões capazes de reconhecimento e guerra eletrônica, de acordo com o site da OTAN.

O exercício da Otan ocorre no contexto de tensões crescentes entre a Rússia e o Ocidente. Em 25 de setembro, o presidente russo Vladimir Putin alertou o Ocidente que a Rússia poderia usar armas nucleares se fosse atingida por mísseis convencionais, e que Moscou consideraria qualquer ataque a ela apoiado por uma potência nuclear como um ataque conjunto, informou a mídia.

O especialista militar chinês Song Zhongping disse ao Global Times na segunda-feira que o exercício nuclear da Otan tem como objetivo o combate real, já que aeronaves militares capazes de transportar ogivas nucleares estão sendo incluídas; ogivas que podem ser transportadas por jatos de caça são táticas, o que significa que a OTAN também está diminuindo o limite da aliança sobre o uso de armas nucleares, e este é um sinal perigoso.

“Agora há um perigo de conflito direto entre a Rússia e a Otan nos campos de batalha da crise da Ucrânia, e agora, uma vez que ambos os lados reduziram seus limites para o uso de armas nucleares, uma vez que o conflito ocorra, comparado ao passado, o conflito pode escalar para uma guerra nuclear mais facilmente. Isso é realmente preocupante para a comunidade internacional”, Song observou.

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Amianto liberado por bombardeios de Israel deve multiplicar mortes por câncer em Gaza, alertam especialistas

Mortes por doenças ligadas ao mineral após atentado às torres gêmeas em 2001 foram mais que o dobro das dos ataques.

Além das dezenas de milhares de mortes causadas na Faixa de Gaza, os bombardeios israelenses contra a região deixam os sobreviventes expostos a uma substância que tem o potencial de multiplicar o número de mortes na região nos próximos anos: o amianto.

Presente em grande parte das estruturas de Gaza, esse mineral é altamente cancerígeno quando disperso e liberado na atmosfera.

“É considerada uma fibra extremamente cancerígena, dependendo do tamanho, da absorção e da quantidade pode gerar sérias complicações. É um produto cancerígeno, então pode dar um câncer de pulmão e pode dar um câncer na pleura chamado mesotelioma, totalmente relacionado à exposição a essa fibra”, explica ao Brasil de Fato o pneumologista Walter Costa da Uerj.

Ao destruir as edificações da região, os bombardeios de Israel fazem com que grandes quantidades de amianto sejam transportadas pelo ar em minúsculas partículas, que são inaladas pela população. De acordo com estimativas das Nações Unidas, cerca de 800 mil toneladas de escombros bombardeados em Gaza podem estar contaminados com amianto.

“Em cada prédio que se derruba a quantidade de amianto é significativa porque tem nas telhas, tem nas fibras ocasionadas nas construções. E isso indiscutivelmente vai gerar um impacto não só dentro dessa fase inicial, mas principalmente no decorrer dos anos pessoas que estão convivendo nessa situação de exposição a essas micropartículas.”

*BdF

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Urgente! Navios alemães invadiram a costa chinesa por ordem dos EUA

Dois navios de guerra alemães navegaram pelo Estreito de Taiwan em meados de setembro, conforme relatado pela mídia alemã no último sábado.

Essa ação marcaria a primeira passagem de navios de guerra alemães pelo estreito em 22 anos, um movimento que especialistas afirmam que será interpretado pela China como uma demonstração de força e um sinal de alinhamento com as políticas da Ásia-Pacífico dos Estados Unidos.

A revista Der Spiegel foi a primeira a noticiar o plano, citando fontes não especificadas que indicam que a Alemanha não notificará formalmente Pequim sobre a passagem. Isso reflete a posição de Berlim de que a viagem é uma operação normal. O Ministério da Defesa da Alemanha, no entanto, recusou-se a comentar sobre esses relatos, segundo informações da Reuters.

A estratégia por trás desse movimento inclui o desejo da Alemanha de aumentar seu envolvimento na região do Pacífico, bem como fortalecer laços com os Estados Unidos e a OTAN. Esta decisão surge em um momento em que os EUA buscam conter a influência econômica e militar chinesa, garantindo também um apoio mais robusto para a segurança europeia.

Este possível trânsito ocorre após ações semelhantes de outras nações. Em novembro de 2023, navios de guerra dos EUA e do Canadá também navegaram pelo Estreito de Taiwan, levando o Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular Chinês a organizar um estado de alerta máximo, com forças navais e de aviação monitorando e seguindo os navios ao longo de seu percurso.

Especialistas chineses interpretam o planejado trânsito dos navios alemães como uma tentativa de demonstrar poder e uma atitude hostil, o que provavelmente afetará negativamente as relações entre Pequim e Berlim.

Em resposta a perguntas sobre essa manobra, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China reiterou em 20 de agosto que a questão de Taiwan é um assunto interno da China e expressou oposição ao que vê como uma ameaça à soberania territorial e à segurança nacional sob o pretexto de liberdade de navegação.

*Com Global Times

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Banco do BRICS sai do marasmo e fortalece moedas locais sob Dilma Rousseff, diz analista

Condecoração da presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do BRICS, Dilma Rousseff, por Xi Jinping aumenta prestígio da instituição e do Brasil, avalia analista. Saiba quais os avanços e desafios do banco e se o Brasil se beneficia de fato do mandato de Dilma.
A presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também conhecido como Banco do BRICS, Dilma Rousseff, foi condecorada pelo presidente chinês Xi Jinping com a Medalha da Amizade, neste domingo (28). A honraria atesta o bom desempenho da brasileira à frente do banco, confirmado por especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil.

“Nos últimos 75 anos, houve muitos velhos e bons amigos no mundo que compartilham as mesmas aspirações e permanecem juntos com o povo chinês nos bons e maus momentos; a sra. Dilma Rousseff […] é uma representante notável entre eles”, disse Xi Jinping durante a cerimônia.

O presidente Xi ainda disse que “o povo chinês nunca esquecerá aqueles amigos internacionais que fizeram contribuições extraordinárias para o desenvolvimento da China e a amizade entre o povo chinês e o povo de outros países”, reportou o jornal Brasil de Fato.

O presidente chinês, Xi Jinping, se prepara para entregar a medalha nacional à ex-presidente do Brasil e presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, durante uma cerimônia no Grande Salão do Povo em Pequim, 29 de setembro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 04.10.2024

“É uma grande honra receber a Medalha da Amizade da China, um país com uma rica história milenar e que hoje se destaca como uma potência econômica global”, declarou Dilma Rousseff durante o seu discurso. “O compromisso assumido pela China com a reforma e abertura não apenas permitiu a retirada de centenas de milhões de pessoas da pobreza, como contribuiu, de forma significativa, para o crescimento econômico e a estabilidade globais.”
A ex-presidenta do Brasil assumiu o banco em 2023, substituindo o também brasileiro Marcos Troyjo. O mandato de Rousseff, marcado sobretudo pelo esforço por reduzir o papel do dólar no comércio entre os países-membros, deve terminar em julho de 2025.
“A condecoração de Dilma é uma sinalização política de que a China tem interesse no aumento do prestígio do banco, em reforçar a posição dele como alternativa ao FMI [Fundo Monetário Internacional]”, disse o professor de finanças e controle gerencial do COPPEAD/UFRJ, Rodrigo Leite, à Sputnik Brasil. “Também é um sinal positivo de Pequim em relação ao atual governo brasileiro. É uma forma de apontar para os seus aliados quais são as suas prioridades.”

A liderança de Dilma Rousseff no NBD retirou o banco de certo marasmo institucional, no qual poucos avanços eram realizados, acredita a professora da PUC-Rio e pesquisadora do BRICS Policy Center, Maria Elena Rodriguez.

“Acho que o banco tem melhorado bastante, porque até poucos anos atrás ele estava acanhado, com desempenho aquém do planejado”, disse Rodriguez à Sputnik Brasil. “Havia um exercício e número de empréstimos muito pequeno, e o banco crescia pouco.”
A entrada de novos membros, como Egito, Emirados Árabes Unidos,

Uruguai e Argélia, aliada à expansão nos investimentos e empréstimos do banco, deu nova tração à instituição. Fortalecido, o NBD tem maior capacidade para avançar na agenda voltada para o Sul Global, com ênfase em investimentos verdes.

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Beirute tem noite ‘mais violenta’ com bombardeios maciços de Israel

Militares israelenses lançaram mais de 30 ataques aéreos nos subúrbios ao sul da capital libanesa, segundo mídia local.

Militares israelenses lançaram mais de 30 bombardeios em diferentes partes dos subúrbios de Dahye, em Beirute, que viveram sua madrugada “mais violenta” em um ano de conflito, informou neste domingo (06/10) a Agência Nacional de Notícias do Líbano (ANN).

O Ministério da Saúde do Líbano informou neste domingo que no dia anterior os ataques israelenses mataram 23 pessoas e feriram outras 93 no país.

Os subúrbios ao sul de Beirute registraram sua noite mais violenta desde o início da agressão, sendo alvo de mais de 30 ataques, cujos ecos foram ouvidos em Beirute e cuja fumaça negra cobriu todas as áreas dos subúrbios”, disse a agência de notícias estatal.

O bombardeio atingiu pelo menos cinco bairros residenciais diferentes em Dahye, assim como um posto de gasolina na estrada que liga a capital ao Aeroporto Internacional Rafic Hariri, o único aeroporto operacional do país, onde os voos há semanas têm sido limitados.

Israel diz ter atacado estruturas do Hezbollah
O Exército israelense confirmou ter lançado uma série de ataques noturnos nas proximidades da cidade, alegando ter atingido “depósitos de munição e outras infraestruturas” do grupo libanês, de acordo com uma declaração militar.

Na semana passada, seus caças e drones bombardearam diariamente Dahye, um importante reduto do Hezbollah, que havia sido amplamente poupado de ataques durante a maior parte do conflito que começou em outubro de 2023.

No entanto, como parte da forte escalada lançada por Israel desde meados de setembro, houve vários bombardeios e ataques na área que Israel alega serem “direcionados” contra líderes do Hezbollah, como o que matou há uma semana seu secretário-geral, Sayyed Hassan Nasrallah.

Ao mesmo tempo, as forças israelenses se envolveram em combates terrestres dentro do território libanês, em áreas adjacentes à fronteira, onde registraram a morte de nove soldados, e mantêm uma intensa campanha de bombardeios contra o sul e o leste do país, também feudos do grupo xiita.

Repatriação de brasileiros
Neste sábado (05/10), um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou de Beirute levando 229 brasileiros. Entre eles, há 10 crianças de colo. Também embarcam para o Brasil três animais de estimação.

Aeronave tem chegada ao Brasil prevista para este domingo, após uma “parada técnica” de reabastecimento em Lisboa antes do trajeto final rumo à Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos.

Este é o primeiro voo de resgate da Operação Raízes de Cedro. O objetivo é repatriar até 500 pessoas por semana. Mais de 3 mil manifestaram interesse em voltar ao Brasil. Estima-se que cerca de 20 mil brasileiros morem em território libanês.

Ataque a mesquita ao menos mata 19 em Gaza
Um ataque israelense a uma mesquita na Faixa de Gaza na manhã deste domingo matou pelo menos 19 pessoas, disseram fontes palestinas, enquanto Israel intensifica seus bombardeios no norte de Gaza.

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O risco de uma guerra nuclear e de um céu branco

No limite, pode ocorrer um inverno nuclear no qual o céu ficará branco.

Em declarações recentes, Putin com referência à guerra que move contra a Ucrânia que se defende com cada vez mais armas potentes dos USA e da OTAN, declarou: “se houver um perigo existencial para meu país, usarei armas nucleares”.

Certamente não serão as estratégicas com devastador poder de destruição.Provocaria uma retaliação dos USA com o mesmo tipo de armas. Isso, provavelmente, liquidaria grande parte da vida humana e da biosfera.

Mas Putin usaria as táticas, mais limitadas, mas também com efeitos altamente destrutivos. A ameaça não parece ser um blefe, mas uma decisão tomada por todo o corpo de defesa da Confederação Russa.Bem disse o Secretário Geral da ONU António Guterrez,ao abrir em setembro os trabalhos: “Estamos nos aproximando do inimaginável – um barril de pólvora que corre o risco de engolir o mundo”. Se isso vier ocorrer, surge o grave risco de uma escalada perigosíssima para o nosso futuro.

No limite, pode ocorrer um inverno nuclear no qual o céu ficará branco (na expressão de Elizabeth Kolbert:O céu branco: a natureza de nosso futuro,2020) por causa das partículas radioativas. As árvores mal poderiam fazer a fotossíntese, garantindo-nos o necessário oxigênio e a produção de alimentos seria altamente afetada. Tal catástrofe poria em risco a vida humana e a biosfera.

O assunto é por demais ameaçador para não lhe darmos importância. Toby Ord,filósofo australiano lecionando em Oxford, escreveu um livro minucioso sobre os riscos presentes:Precipice:Existencial Risk and the Future of Humanity (2020). Isso não é alarmismo nem catastrofismo.Mas devemos ser realistas esperançosos e eticamente responsáveis. Já temos a experiência do que tem sido o maior ato terrorista da história, quando os USA sob Truman lançaram duas bombas nucleares simples sobre Hiroshima e Nagasaki que dizimaram em minutos duzentas mil pessoas.

Depois criamos armas muito mais devastadoras e ainda o princípio de autodestruição como o chamou o falecido e eminente cosmólogo Carl Sagan. O Papa Francisco em sua alocução na ONU no dia 25 de setembro de 2020, advertiu por duas vezes da eventualidade do desaparecimento da vida humana como consequência da irresponsabilidade em nosso trato com a Mãe Terra e com a natureza superexploradas. Na encíclica Fratelli tutti (2020) afirma com severidade:”estamos todos no mesmo barco,ou nos salvamos todos ou ninguém se salva(n.32).

O prêmio Nobel, Christian de Duve, em seu conhecido Poeira Vital (1997) atesta que “de certa forma, nosso tempo lembra uma daquelas importantes rupturas na evolução, assinaladas por extinções maciças”(p.355). Antigamente eram os meteoros rasantes que ameaçavam a Terra; hoje o meteoro rasante se chama ser humano dando origem a uma nova era geológica,o antropoceno e na sua fase mais aguda, o atual piroceno (as grande queimadas).

Théodore Monod, talvez o último grande naturalista moderno, deixou como testamento um texto de reflexão com esse título: E se a aventura humana vier a falhar (2000)? Assevera: “somos capazes de uma conduta insensata e demente; pode-se a partir de agora temer tudo, tudo mesmo, inclusive a aniquilação da raça humana” (p. 246). E acrescenta: “seria o justo preço de nossas loucuras e de nossas crueldades”(p.248).

Se tomarmos a sério o drama mundial, sanitário, social e o aquecimento crescente, na era do piroceno, esse cenário de horror não é impensável.

Edward Wilson, grande biólogo, atesta em seu instigante livro O futuro da vida (2002): “O homem até hoje tem desempenhado o papel de assassino planetário…a ética da conservação, na forma de tabu, totemismo ou ciência, quase sempre chegou tarde demais (121).

Vale ainda citar um nome de grande respeitabilidade James Lovelock, o formulador da hipótese/teoria da Terra como Super-organismo vivo, Gaia,com um título que diz tudo: A vingança de Gaia (2006). Em sua passagem pelo Brasil declarou à Veja:” até o fim do século 80% da população humana desaparecerá. Os 20% restantes vão viver no Ártico e em alguns poucos oásis em outros continentes, onde as temperaturas forem mais baixas e houver um pouco de chuva…quase todo o território brasileiro será demasiadamente quente e seco para ser habitado ” (Paginas Amarelas de 25 de outubro de 2006).

Bem ponderou o maior pensador do século XX Martin Heidegger,num texto publicado 15 anos após sua morte, consciente do risco planetário:”Só um Deus nos pode salvar”(Nur noch ein Gott kann uns retten).

Não basta esperar em Deus, pois ele não é um tapa-buraco face às irresponsabilidades humanas, mas sim, cuidar do ser humano enlouquecido, pôr limites a uma razão que virou irracional a ponto de forjar meios de se autodestruir. Confiamos que face à esta catástrofe, haja um mínimo de sabedoria e de contenção nos tomadores de decisões.

Depois que matamos o Filho de Deus que se fez homem, nada é impossível. Mas Deus, não os detentores de armas de destruição em massa é o senhor da história e do destino humano.Ele pode das ruínas criar um novo céu e uma nova Terra, habitada por seres humanos transfigurados, cuidadores e amigos de toda vida.É a nossa fé e esperança.