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Rússia sobre o apoio da Alemanha a Israel em Haia: ‘Especialista em extermínio em massa de humanos’

A Alemanha decidiu apoiar Israel no processo movido na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, pela África do Sul que acusa o país de genocídio contra a população palestina, diante das mais de 25 mil mortes causadas pela guerra só na Faixa de Gaza.

Para a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, a decisão não é uma surpresa, já que o apoio “incondicional” ao país judeu é obrigatório na “ordem internacional baseada em normas” dos Estados Unidos. A declaração aconteceu neste domingo (21).

“A decisão do governo alemão não nos surpreende. Ela ocorre no contexto do apoio incondicional que Berlim sempre prestou a Israel, sem levar em consideração suas consequências”, respondeu Zakharova.
Além disso, a representante oficial pontuou que “as elites políticas alemãs parecem ter feito um grande desserviço a Israel”.

“Em uma declaração do governo relacionada, Berlim se refere à ‘história alemã e ao crime contra a humanidade na forma do Holocausto’, reivindicando-se assim como ‘especialista’ em extermínio em massa de seres humanos”, indicou.

Zakharova afirmou que as ações do governo alemão mostram o contrário de um “arrependimento ativo e admissão incondicional de culpa” com relação aos crimes de guerra do país, diante da recusa a pagar indenizações aos sobreviventes não judeus do cerco à cidade soviética de Leningrado (atual São Petersburgo). Além disso, há grande apoio alemão a Kiev.

Assim, Zakharova denunciou que “mais uma vez, como há 80 anos, nas ações do Berlim oficial, existe uma divisão das pessoas com base na nacionalidade, levada a um novo nível mais sofisticado”.
“Berlim decidiu singularizar apenas uma parte de sua culpa histórica para com a humanidade — o Holocausto — e não considerá-la em sua totalidade, mas apenas do ângulo que lhe é favorável”, explicou.

“É chocante e indignante que a maior parte dos crimes do Terceiro Reich, incluindo o extermínio de 27 milhões de cidadãos da URSS [União das Repúblicas Socialistas Soviéticas], não seja considerada pelas autoridades alemãs como motivo de arrependimento”, acrescentou.

Para concluir, a representa oficial do Ministério das Relações Exteriores afirmou que o comportamento “inaceitável, ilegal e imoral” do país europeu pode ter consequências “muito graves” para o destino da própria Alemanha, bem como para a Europa e o mundo, “dada a experiência histórica contraditória deste país”.

*Sputnik

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Mídia: UE diz que Israel terá ‘consequências’ caso rejeite plano de resolução da guerra em Gaza

Caso Israel se recuse a participar do plano de resolução para o conflito contra o Hamas na Faixa de Gaza, a União Europeia disse que o país sofrerá “consequências”. O documento foi divulgado neste domingo (21) pelo jornal Financial Times. Até o momento, o conflito que dura mais de 100 dias já deixou mais de 25 mil palestinos mortos.

O documento europeu sugere que os países do bloco devem “expor as consequências que, na opinião deles, resultarão da participação ou não” no plano de paz proposto, que inclui a criação de um estado para a Palestina e o reconhecimento soberano mútuo.

O último encontro dos Ministros das Relações Exteriores das nações da UE destacou a crescente preocupação dos aliados ocidentais de Israel com a posição de manter os bombardeios diários na Faixa de Gaza. Além disso, há um temor da escalada do conflito no Oriente Médio, diante de ataques israelenses em países como Líbano e Síria.

Uma das principais medidas da União Europeia é defender no futuro uma solução para a região com a efetivação do Estado da Palestina, em Gaza e na Cisjordânia, o que tem gerado críticas do bloco à recusa de Israel com relação à questão.

O Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE) já teria elaborado uma versão preliminar de um documento com um plano de dez pontos para buscar uma solução “confiável e abrangente” para o conflito palestino-israelense.

O material traz medidas que eventualmente poderiam levar à paz em Gaza, à criação de um estado palestino independente, além da normalização das relações entre Israel e o mundo árabe.

Conflito já provocou mais de 25 mil mortes
Em 7 de outubro, Israel foi alvo de um ataque de foguetes sem precedentes vindos da Faixa de Gaza, em uma operação anunciada pelo braço militar do movimento Hamas.

Após isso, os combatentes da organização entraram nas regiões fronteiriças do sul de Israel, atirando em militares e civis, e fizeram quase 240 reféns. No total, segundo os dados oficiais israelenses, mais de 1,1 mil pessoas morreram em Israel, incluindo civis, soldados, estrangeiros e trabalhadores.

Em resposta, as Forças de Defesa de Israel iniciaram a guerra contra Hamas em Gaza, onde em pouco mais de 100 dias mais de 25 mil palestinos já morreram.

Além disso, Israel impôs um bloqueio total a Gaza, interrompendo o fornecimento de água, alimentos, eletricidade, medicamentos e combustível.

O conflito entre Israel e Palestina, relacionado a interesses territoriais, é fonte de tensão e confrontos na região há décadas. A decisão da ONU em 1947 determinou a criação de dois estados, mas apenas o estado israelense foi estabelecido.

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Exercício militar da Otan marca retorno ao cenário da Guerra Fria, diz Rússia

O exercício militar, chamado Steadfast Defender 2024, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) marca um “retorno irrevogável” da aliança aos esquemas da Guerra Fria, disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Alexander Grushko, à agência de notícias estatal RIA neste domingo (21).

A organização anunciou na última quinta-feira (18) que estava lançando seu maior exercício desde a Guerra Fria, envolvendo cerca de 90 mil soldados.

“Estes exercícios são outro elemento da guerra híbrida desencadeada pelo Ocidente contra a Rússia”, disse Grushko à RIA.

“Um exercício desta escala marca o regresso final e irrevogável da Otan aos esquemas da Guerra Fria, quando o processo de planeamento militar, os recursos e as infraestruturas estão sendo preparados para o confronto com a Rússia.”

A Otan não mencionou o nome da Rússia em seu anúncio. Mas o principal documento estratégico identifica a o país como a ameaça mais significativa e direta à segurança dos membros da organização, segundo a CNN.

Em fevereiro de 2022, a Rússia lançou uma invasão em grande escala contra a Ucrânia, no que Kiev e os seus aliados ocidentais avaliaram como uma apropriação de terras imperialista não provocada.

Desde então, Moscow e o seu principal diplomata, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, acusaram frequentemente “o Ocidente coletivo” de conduzir uma “guerra híbrida” contra a Rússia, apoiando a Ucrânia através de ajuda financeira e militar.

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Resistência houthi escancara fragilidades e hipocrisia do imperialismo neoliberal, dizem estudiosos

Ao ameaçar a estabilidade do comércio marítimo global, as dezenas de ataques do movimento político Ansar Allah, mais conhecido como os houthis do Iêmen, nas últimas semanas lançaram luz sobre a fragilidade do modelo imperialista neoliberal do mundo atual.

De acordo com especialistas ouvidos pelo programa Mundioka, da Sputnik Brasil, a soberba e a hipocrisia imperialista do Ocidente têm sido desveladas pelas ações resilientes e nacionalistas dos rebeldes iemenitas.

https://twitter.com/mundioka/status/1748092569760723439?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1748092569760723439%7Ctwgr%5Eb3de693a9888e6c1f147f9d1727166646841f390%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fsputniknewsbr.com.br%2F20240118%2Fresistencia-houthi-escancara-fragilidades-e-hipocrisia-do-imperialismo-neoliberal-dizem-estudiosos-32608717.html

O grupo declarou guerra a navios e embarcações de países no mar Vermelho que apoiam Israel na guerra contra o Hamas em Gaza. Até o momento, o grupo rebelde atacou pelos menos 12 navios comerciais até o momento.

Para os historiadores Ramez Philippe Maalouf e Ailton Dutra Junior, apesar da narrativa hegemônica de criminalizar o movimento, a iniciativa houthi “é mais do que legítima” e oferece uma “resistência vitoriosa às estruturas de dominação mundial comandadas pelos EUA”.

“O movimento houthi, em sua prática política, demonstra ser um movimento de caráter anti-imperialista, anticolonial e manifesta sua solidariedade aos palestinos justamente fazendo parar o comércio global, controlado até hoje pelo Ocidente, que é patrocinador de Israel nessa guerra colonial contra os palestinos”, opina Maalouf, professor da rede estadual do Rio de Janeiro e doutor em geografia humana pela Universidade de São Paulo (USP).

Dutra Junior traz um complemento ao raciocínio exposto pelo colega.
“Acho que o mérito que eles têm é de continuar a tradição nacionalista e iemenita de luta contra a dominação anglo-americana, primeiro britânica, depois americana, e os seus aliados regionais, os seus representantes do poder americano na região, principalmente a Arábia Saudita”, disse Dutra Junior, doutorando no programa de geopolítica da USP.

Ele acredita que os recentes ataques do grupo Hezbollah, de forças nacionalistas iraquianas contra as bases americanas no seu país e na Síria, e as ações dos houthis têm em comum uma tentativa de fazer com que o Ocidente recue no projeto de dominação de Gaza por interesses geopolíticos e até energéticos.

“A guerra em Gaza coincide com o processo de adesão de vários países da região ao BRICS”, pondera Dutra Junior. “[Eles] estão procurando aos poucos novas formas de organização internacional da economia mundial, do sistema mundial, que não favorecem os EUA e seus aliados ocidentais de clientes. A guerra em Gaza poderia ter como objetivo parar esse processo.”

*Spurnik

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Mais de 50 mil pessoas protestam na Espanha contra guerra na Faixa de Gaza

Mais de 70 cidades da Espanha registraram protestos neste sábado (20) contra a guerra promovida por Israel na Faixa de Gaza, que já deixou mais de 25 mil palestinos mortos. Os atos foram convocados pela Rede Solidária contra a Ocupação da Palestina.

Só em Madri, mais de 50 mil pessoas foram às ruas com faixas pedindo “fim ao genocídio na Palestina”, “justiça” e “S.O.S. Palestina”.

Mais de 83% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza estão desabrigados por conta dos bombardeios constantes e pelo menos 92% vivem em situação de insegurança alimentar, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Os manifestantes acusaram o governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de genocídio e também criticaram o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, por não tomar medidas para conseguir um cessar-fogo no enclave palestino.

Saímos às ruas de Madrid para exigir o fim do genocídio em Gaza. Depois de cem dias, Ayuso não conseguiu dizer uma única palavra de solidariedade para com as vítimas palestinas. Não está à altura do povo de Madrid.

Em Bilbao, manifestantes estenderam uma faixa que pedia o “fim ao comércio de armas e às relações com Israel”, ao lado de uma grande bandeira palestina. As mobilizações também ocorreram em Málaga, Toledo, Canárias e outras partes do país.

Os atos também contaram com a participação de figuras públicas como a porta-voz do partido Mais Madrid, Manuela Bergerot. Os deputados Enrique Santiago e Sumar Tesh Sidi e o deputado Enrique Santiago também foram às ruas da capital espanhola, conforme relatado pela imprensa local.

*Sputnik

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Militares israelenses destruíram cemitérios na Faixa de Gaza

Lápides foram destruídas, o solo revolvido e corpos foram desenterrados em cemitérios palestinos; Cenas não se repetiram em cemitérios onde há judeus e cristãos enterrados, mostram imagens.

Os militares israelenses profanaram pelo menos 16 cemitérios na sua ofensiva terrestre em Gaza, descobriu uma investigação da CNN, deixando lápides destruídas, solo revolvido e, em alguns casos, corpos desenterrados.

Em Khan Younis, no sul de Gaza, onde os combates aumentaram no início dessa semana, as forças israelenses destruíram um cemitério, removendo corpos no que as Forças de Defesa de Israel (FDI) disseram à CNN ser parte de uma busca pelos restos mortais de reféns sequestrados pelo Hamas durante o ataque terrorista de 7 de outubro.

A CNN revisou imagens de satélite e de redes sociais mostrando a destruição de cemitérios e testemunhou isso em primeira mão enquanto viajava com as FDI em um comboio.

Juntas, as provas revelam uma prática sistêmica em que as forças terrestres israelenses avançaram através da Faixa de Gaza.

A destruição intencional de locais religiosos, como cemitérios, viola o direito internacional, exceto em circunstâncias restritas relacionadas com o fato desse local se tornar um objetivo militar, e especialistas jurídicos disseram à CNN que os atos de Israel podem constituir crimes de guerra.

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Gideon Levy: se não é um genocídio em Gaza, então o que é?

Principal articulista do Haaretz supõe cenário em que Estado sionista sairá ileso da ação sul-africana por crime de genocídio e contra-argumenta declarações de Israel na Corte Internacional de Justiça.

Em um artigo de opinião publicado neste domingo (14/01) pelo jornal israelense Haaretz, o colunista Gideon Levy, também israelense, especulou com um possível cenário em que o Estado de Israel saia ileso do processo que enfrenta na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, no qual é acusado de o governo de Benjamin Netanyahu é acusado de cometer um genocídio contra os palestinos residentes na Faixa de Gaza.

“Suponhamos que a posição de Israel em Haia seja correta e justa, e que Israel não tenha cometido nenhum genocídio ou algo próximo disso. Então o que é isso? Como você chama o assassinato em massa, que continua enquanto estas linhas são escritas, sem discriminação, sem restrições, em uma escala difícil de imaginar?”, foram os questionamentos de Levy que introduziram o texto.

A coluna foi redigida poucos dias após o início das audiências em Haia. A África do Sul, como país denunciante, apresentou um dossiê de 84 páginas detalhando os desastres causados pelas ações dos militares israelenses em território palestino e pedindo aos juízes do mais alto tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU) para que ordenem a suspensão imediata das operações militares na Faixa de Gaza.

No entanto, mesmo com a morte de ao menos, 25 mil palestinos, Israel rebateu as acusações, classificando-as de “panfleto” e alegando “distorção de conteúdo”.

Nesse sentido, o jornalista do Haaretz mencionou a situação das crianças hospitalizadas que perderam seus parentes, idosos que lutam contra a fome, deslocados que abandonam seus lares em busca de segurança.

“Israel respirará aliviado se o Tribunal rejeitar a acusação. Se isto não for um genocídio, a nossa consciência ficará limpa novamente. Se Haia entender que não está acontecendo um genocídio, seremos mais uma vez os mais morais do mundo”, afirmou Levy.

Ainda de acordo com o colunista, os veículos de comunicação e as redes sociais israelenses deixaram transparecer sua parcialidade ao elogiar a equipe jurídica que representou Tel Aviv em Haia. Um dos indícios é que, antes mesmo do início das audiências, os meios israelenses evitaram divulgar a posição e as denúncias apresentadas pela África do Sul.

Levy avalia que essa estratégia prova “mais uma vez” que os veículos israelenses ultrapassaram “o ponto mais baixo de todos os tempos”, em sua cobertura dos acontecimentos relacionados à guerra.

Gideon Levy: se não é um genocídio em Gaza, então o que é?
“Era difícil saber se ria ou chorava [em relação à defesa israelense]. Como quando argumentam que só o Hamas é o culpado pelas condições em Gaza e que Israel não tem participação nisso. Dizer isto a uma instituição internacional de prestígio é pôr em dúvida e insultar a inteligência dos seus juízes”, expressou o jornalista, criticando as justificativas que foram apresentadas por Malcolm Shaw, chefe da equipe de defesa de Israel, de que os ataques foram operados de forma “proporcional” e que tiveram como foco “apenas as forças armadas” situadas em Gaza.

“‘Apenas contra as forças armadas’, perto de multidões de crianças mortas? Do que ele está falando? ‘Fazer ligações para evacuar os não envolvidos’. Quem ainda tem um telefone em funcionamento em Gaza e exatamente para onde é que deveriam evacuar neste inferno onde não resta um único pedaço de terreno seguro?”, criticou o colunista.

O artigo também questiona o sistema jurídico israelense, uma vez que Shaw alegou que o mesmo ouvirá “os soldados” caso eles tenham “violado as leis que regem a guerra”. Nesse contexto, o Haaretz exemplifica a Operação Chumbo Fundido, uma ofensiva militar das Forças Armadas de Israel (IDF) em Gaza que ocorreu entre 2008 e 2009. Na ocasião, apenas quatro soldados foram indiciados por crimes e, entre eles, somente um foi enviado para a prisão, tendo como motivo o “roubo de cartão de crédito”. Já aqueles que bombardearam inocentes “nunca foram indiciados”.

Levy ainda acrescenta critica às declarações de Galit Rejwan, também da delegação israelense na Corte, que afirmou que as IDF trabalham na transferência de hospitais para “um local mais seguro”. No entanto, os relatos diários da imprensa e de autoridades locais comprovam que não existe “lugar seguro” no território palestino.

“É claro que nada disto prova que Israel cometeu genocídio. O tribunal decidirá isso. Mas é possível se sentir bem com tais argumentos na defesa? Se sentir bem depois da audiência em Haia? Se sentir bem depois de Gaza?”, conclui o colunista do Haaretz.

*Opera Mundi

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Negação de Estado Palestino por Netanyahu revela desespero diante de isolamento

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou nesta quinta-feira (18) sua oposição à criação de um Estado palestino em um cenário pós-guerra, afirmando que tal plano entraria em conflito com a ideia de soberania de seu país. Durante uma conferência do Fórum Econômico Mundial em Davos na quarta-feira (17), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, havia afirmado que a criação de um Estado palestino era necessária para manter a segurança genuína de Israel.

Netanyahu, em resposta a Blinken, destacou que não interromperia sua ofensiva contra Gaza até destruir o Hamas na região e resgatar os reféns israelenses mantidos pelo grupo. O líder israelense afirmou categoricamente: “Não nos contentaremos com nada menos que uma vitória absoluta”. Além disso, ressaltou que Israel deve ter controle de segurança sobre todo o território a oeste do Rio Jordão, e a criação de um Estado palestino colidiria com a ideia de soberania de Israel.

Enquanto isso, o Departamento de Estado dos EUA reafirmou seu apoio à criação de um Estado palestino como uma condição necessária para a resolução dos desafios de segurança a longo prazo no Oriente Médio e para a reconstrução de Gaza após os conflitos recentes. O porta-voz do departamento, Matthew Miller, destacou que o atual momento é visto como a melhor oportunidade para Israel aceitar a solução de dois Estados, com garantias de segurança dos países vizinhos.

A possível normalização das relações diplomáticas entre Israel e algumas nações árabes, incluindo a Arábia Saudita, poderia depender do comprometimento de Tel Aviv com a criação do Estado palestino, conforme relatos recentes. O Brasil, historicamente favorável à solução de dois Estados, observa de perto os desenvolvimentos nessa questão delicada e de longa data.

“É desespero do governo liderado por esse genocida”, diz o secretário-geral da Confederação Palestina Latino-americana e do Caribe (Coplac), Emir Mourad, em entrevista ao Portal Vermelho. Para ele, a reação drástica de Bibi, como é conhecido em seu país, é consequência da falta de vitória no campo militar, do descrédito na opinião pública israelense e mundial, dos prejuízos econômicos e das divergências com seu maior aliado, os Estados Unidos.

“Os EUA já não o suportam mais, apesar de estar sendo cúmplice. Mas o Biden está vendo que não vai se reeleger se continuar nessa mesma toada com esse governo israelense.
Então, é evidente que são palavras, como a gente diz, que ele está dando um tiro no próprio pé”, resume.

O dirigente enfatizou que o desespero de Netanyahu o levou a proferir declarações que, na visão de Mourad, são prejudiciais para o próprio governo. Ele ressaltou que a administração norte-americana liderada por Biden já não tem mais a mesma disposição de apoiar incondicionalmente Israel, o que cria uma pressão adicional sobre Netanyahu.

A visão sionista de Netanyahu

“Este conflito não é sobre a ausência de um Estado (palestino), mas sobre a existência de um Estado, o Estado judeu”, afirmou Netanyahu.

Quando questionado sobre a afirmação de Netanyahu de que é preciso escolher entre um Estado Judeu ou Palestino, Mourad ressaltou que isso está alinhado com a visão histórica do sionismo. Ele explicou que, segundo os propósitos sionistas, Israel busca uma extensão territorial que vai do rio Nilo, no Egito, ao rio Eufrates, no Iraque. Essa ideia, segundo Mourad, é representada pelas duas faixas azuis na bandeira israelense e é conhecida como “Eretz Israel” – o Grande Israel.

O militante palestino destacou que, do ponto de vista histórico do sionismo, a negação da existência de um Estado Palestino não é surpreendente. No entanto, ele ressaltou que essa afirmação ignora propostas e acordos já existentes. “No terreno político, essa afirmação dele vai no sentido contrário de todas o consenso internacional”, afirma.

Consenso Internacional

Mourad lembrou que propostas internacionais, como os Acordos de Oslo, visavam estabelecer um Estado Palestino. Ele destacou que Israel descumpriu esses acordos e que a pressão internacional deve se concentrar em alcançar um cessar-fogo total e a retirada das forças israelenses dos territórios palestinos.

A ideia de dividir a região entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo em um Estado para judeus e outro para árabes não é novidade. Em 1947, um ano antes da fundação de Israel, a Assembleia-Geral da ONU aprovou a partilha da Palestina, então sob mandato britânico. Não houve consulta à população local, e o plano não se concretizou.

A proposta ganhou novo fôlego em 1993, quando os Acordos de Oslo criaram a Autoridade Nacional Palestina (ANP), espécie de governo transitório que deveria ser sucedido por um Estado palestino na Cisjordânia, em Jerusalém Oriental e na Faixa de Gaza, territórios sob ocupação militar de Israel desde 1967. O plano, mais uma vez, não virou realidade.

Tel Aviv expandiu a presença de colonos nos territórios ocupados e, desde então, há registros de aumento na violência contra a população palestina, o que inclui restrições a movimentação, encarceramento em massa e assassinatos de sua população.

Mourad comparou a situação à recente guerra na Ucrânia e a subsequente postura da OTAN. Ele destacou que, da mesma forma que a OTAN cantou vitória na Ucrânia, mas agora enfrenta a dura realidade, Netanyahu está agindo de maneira semelhante, prometendo ir até o fim na guerra contra a resistência palestina.

“Ele está dizendo que vai até o fim, que essa guerra só vai terminar quando acabar com a resistência palestina, etc… isso é tudo para ele ganhar tempo para se manter no poder. Mas, pelo andar da carruagem, vai ser muito difícil. É uma carta fora do baralho”, avalia.

Ele enfatizou que o primeiro-ministro israelense está sob pressão, destacando que Netanyahu enfrenta desafios significativos na tentativa de libertar os israelenses detidos pela resistência palestina. Ele sublinhou que essa situação adiciona pressão sobre o líder israelense, contribuindo para seu isolamento e desgaste político.

Propostas dos vizinhos árabes

Quando questionado sobre as afirmações de países árabes vizinhos sobre a possibilidade de normalizar relações com Israel em troca da criação de um Estado Palestino, Mourad lembrou da última conferência árabe em Beirute, ocorrida em 2010. Ele ressaltou que a proposta de normalização já existe, com a condição crucial de retirada das forças israelenses dos territórios palestinos e o estabelecimento do Estado Palestino.

Mourad também mencionou os Acordos de Oslo, nos quais as fronteiras, situação dos refugiados, a capital Jerusalém, recursos hídricos e prisioneiros foram discutidos. No entanto, ele observou que Israel descumpriu totalmente esses acordos, criando a necessidade de uma pressão internacional para um cessar-fogo definitivo e a retirada das forças israelenses das áreas ocupadas.

“O mundo inteiro sabe disso. Israel descumpriu todos os acordos”, sublinha.

O secretário-geral da Ceplac conclui afirmando que, apesar das pressões e do discurso radical de Netanyahu, a comunidade internacional precisa manter o foco em buscar uma solução justa e duradoura para a questão palestina, envolvendo a retirada das forças de ocupação e o estabelecimento de um Estado Palestino. Ele enfatiza a importância de pressionar Israel a aceitar um cessar-fogo total. Ele acredita que essa é a condição fundamental para iniciar conversas sérias sobre a solução da questão palestina.

* Vermelho

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Otan: estamos nos preparando para conflito com a Rússia

O chefe do comitê militar da Otan disse nesta quinta-feira (18) que a aliança militar do Ocidente está se preparando para um eventual conflito com a Rússia, em meio à guerra na Ucrânia. Rob Bauer disse a jornalistas que “nem tudo é planejável” e que “nem tudo será fácil nos próximos 20 anos”.

“Eu não estou dizendo que dará errado amanhã, mas temos que perceber que não é certo que estaremos em paz. É por isso que temos planos e é por isso que estamos nos preparando para um conflito com a Rússia e grupos terroristas”, continuou o militar.

Mesmo assim, Bauer deixou claro que uma eventual guerra com Moscou só aconteceria se a Otan fosse atacada. “Não estamos buscando nenhum conflito, mas se eles nos atacarem, temos que estar preparados”, reforçou o almirante.

Em Bruxelas, sede da aliança, o almirante ainda disse que a Otan precisa de uma transformação bélica para o momento. Segundo ele, no passado, os governos viviam em que tudo era “abundante, previsível, controlável e focado na eficiência”.

Ele também reforçou que a Ucrânia, em guerra com a Rússia, continuará tendo o apoio da Otan no futuro porque “o resultado deste conflito vai determinar o destino do mundo”.

Exercício militar
A declaração de Bauer ocorre na mesma semana em que a Otan anunciou que vai realizar os maiores exercícios militares da aliança desde a guerra fria. Cerca de 90 mil soldados estarão envolvidos.

Os exercícios, chamados Steadfast Defender 2024, ocorrerão até maio, disse o principal comandante da Otan, Chris Cavoli, nesta quinta-feira (18).

Será simulado, por exemplo, como as tropas dos Estados Unidos podem reforçar os aliados europeus em países que fazem fronteira com a Rússia e no flanco oriental da aliança.

Mais de 50 navios, de porta-aviões a destróieres, participarão, assim como mais de 80 caças, helicópteros e drones e ao menos 1.100 veículos de combate, incluindo 133 tanques e 533 veículos de combate de infantaria, segundo a aliança militar.

Cavoli afirmou que os exercícios irão simular a execução dos planos regionais da Otan, os primeiros planos de defesa que a aliança elaborou em décadas, detalhando como responderia a um ataque russo.

A organização não mencionou o nome da Rússia no seu anúncio, mas seu principal documento estratégico identifica a Rússia como a ameaça mais significativa e direta à segurança dos membros do bloco.

“O Steadfast Defender 2024 demonstrará a capacidade da Otan de enviar rapidamente forças da América do Norte e de outras partes da aliança para reforçar a defesa da Europa”, destacaram.

O reforço ocorrerá durante um “cenário simulado de conflito emergente com um adversário próximo”, explicou Cavoli a repórteres em Bruxelas, após uma reunião de dois dias de chefes de defesa nacionais.

Os últimos exercícios de dimensão semelhante foram o Reforger, durante a Guerra Fria, em 1988, com 125 mil participantes, e o Trident Juncture, em 2018, com 50 mil participantes, segundo a Otan.

As tropas que participarão nos exercícios, que envolverão simulações de envio de agentes para a Europa e também exercícios no terreno, virão de países da Otan e da Suécia, que espera aderir à aliança em breve.

Os Aliados assinaram os planos regionais na cúpula de Vilnius em 2023, encerrando uma longa era em que a organização não via necessidade de planos de defesa em grande escala, enquanto os países ocidentais travavam guerras menores no Afeganistão e no Iraque e sentiam que a Rússia pós-soviética já não representava uma ameaça existencial.

Durante a segunda parte do exercício Steadfast Defender, será dada atenção especial ao envio da força de reação rápida da Otan para a Polônia, no flanco oriental da aliança.

Outros locais importantes para os exercícios serão os Estados Bálticos, considerados os de maior risco de um potencial ataque russo; a Alemanha, um centro para a chegada de reforços; e países próximos à aliança, como a Noruega e a Romênia.

 

 

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Houthis disparam mísseis contra outro navio americano horas após ataques militares dos EUA

Grupo apoiado pelo Irã no Iêmen alvejaram a embarcação comercial M/V Chem Ranger, marcando o terceiro ataque desse tipo nesta semana.

Os rebeldes Houthi dispararam mísseis contra outro navio comercial de propriedade dos EUA na quinta-feira (18), poucas horas depois de uma nova rodada de ataques militares americanos contra o grupo apoiado pelo Irã no Iêmen.

Os Houthis lançaram dois mísseis balísticos antinavio contra o M/V Chem Ranger, disseram os militares dos EUA, marcando o terceiro ataque desse tipo a um navio de propriedade dos EUA esta semana.

“A tripulação observou o impacto dos mísseis na água perto do navio. Não houve relatos de feridos ou danos ao navio”, disse o Comando Central dos EUA.

O presidente Joe Biden admitiu na quinta-feira que os ataques dos EUA contra os Houthis não estão impedindo os ataques do grupo no Mar Vermelho, que, segundo ele, só vão parar quando Israel terminar a sua guerra na Faixa de Gaza, diz a CNN.

Os comentários de Biden foram feitos depois que os militares dos EUA disseram que o quinto ataque dos EUA aos ativos Houthi em uma semana teve como alvo um pequeno número de mísseis antinavio que estavam sendo preparados para serem lançados contra rotas marítimas internacionais.

Mas a vice-secretária de imprensa do Pentágono, Sabrina Singh, disse que os EUA “conseguiram degradar, perturbar gravemente e destruir um número significativo” de capacidades Houthi.

“Nunca dissemos que os Houthis iriam parar imediatamente”, disse ela. “Isso é algo que eles terão que tomar essa decisão e fazer esse cálculo.”